SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO O TEXTO DAS REDES SOCIAIS VIRTUAIS: MARCAS INTERACIONAIS E PROCESSUAIS
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1 SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO SIGNO O TEXTO DAS REDES SOCIAIS VIRTUAIS: MARCAS INTERACIONAIS E PROCESSUAIS Marlete Sandra Diedrich 1 Patricia da Silva Valério 2 RESUMO O propósito deste texto é, na perspectiva epistemológica da Análise da Conversação, discutir o caráter interacional e processual do texto produzido nas redes sociais virtuais. As redes sociais virtuais representam, portanto, gêneros textuais produzidos por um sujeito que tem como meio de produção a escrita, mas que procura usar estruturas linguísticas que simulem, neste uso, a língua em sua modalidade falada, numa clara tentativa de intensificar o processo interacional com os demais sujeitos envolvidos no ato enunciativo. Palavras-chave: Texto falado. Redes sociais. Interação. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O tema que une os artigos aqui apresentados é Linguagem, tecnologias e mídia. Portanto, parece-nos necessário, inicialmente, justificar a relação que fazemos entre nosso trabalho e tal temática. Sem dúvida, as novas tecnologias de comunicação, destacando-se, entre elas, as redes sociais, constituídas a partir do acesso cada vez mais facilitado à internet, desencadearam o surgimento de novos gêneros textuais. Assim, a produção e o papel social destes gêneros foram responsáveis, pela configuração de novos usos linguísticos, altamente influenciados pelas condições de produção textual destas situações interacionais. Acreditamos que, por esta razão, nosso trabalho congrega com a temática proposta. Com esta visão, apresentamos um texto que, inicialmente, define seu objeto de estudo: a construção do texto falado nas redes sociais, definição esta que mobiliza conceitos de texto, texto falado, fala e escrita; na sequência,
2 161 ocupamo-nos em descrever as características interacionais das redes sociais em foco, no intuito de explicitar a influência exercida por essas características na produção do texto; por fim, apresentamos nossas considerações finais acerca das estratégias de construção deste texto, o qual é visto como processo. Com esta organização, perseguimos o objetivo de refletir acerca da língua em situações de uso, a ponto de conseguirmos descrever como a interação se marca linguisticamente, revelada como resultado de múltiplos fatores, inclusive, daqueles derivados das condições de uma produção caracterizada pela distância espacial e temporal entre os interactantes, o que aponta para a necessidade de recorrência a estruturas linguísticas amenizadoras desta distância e garantidoras do sucesso comunicacional. Movidos por este objetivo, usamos em nossa fundamentação a expressão simulacro conversacional, uma vez que acreditamos no investimento do produtor do texto em criar um texto que dê conta de uma situação real de comunicação, na qual seu ou seus interlocutores estariam online, o que nem sempre ocorre, mas nem por isso ele é demovido de sua intenção. De posse desta intencionalidade, ele é, portanto, levado à mobilização de estratégias de construção bastante específicas, das quais trataremos neste artigo. Esta constatação nos aproxima de princípios advindos dos estudos da Análise da Conversação, a qual se dedica a descrever a construção do texto falado enquanto atividade colaborativa e interacional. Nesta perspectiva, buscamos descrever o caráter interacional e processual na construção do texto falado produzido em interações construídas nas redes sociais virtuais, uma vez que esta construção se dá permeada por condições de produção diferenciadas daquelas ocorridas face a face, em função de o texto construído ser, do ponto de vista medial, escrito. 2 A CONSTRUÇÃO DO TEXTO FALADO Para discutirmos o texto falado e sua construção, sob o viés da Análise da Conversação, faz-se necessário, antes, definirmos alguns termos recorrentes nos estudos que dão conta desta especificidade discursiva.
3 162 Tomemos, de início, o termo língua falada. Encontramos sua definição em Schank e Schitalla (1980, p ), segundo os quais, a língua falada refere o uso da língua na atividade da fala, envolvendo principalmente: formulação ad hoc livre, sem preparação detalhada anterior; fala numa situação face a face; fala em situações naturais. Percebemos dessa forma que a língua falada resulta num discurso extremamente marcado pelo instante da enunciação, uma vez que a ausência de preparação prévia provoca no interior do discurso uma série de eventos decorrentes da simultaneidade do planejamento e da execução, bastante pertinentes em nosso estudo. Outro termo bastante recorrente em nosso estudo é oralidade. A partir da mesma concepção apresentada anteriormente, Marcuschi (2001) define a oralidade como uma prática social e a fala como uma modalidade de uso da língua, da qual resulta uma produção textual discursiva oral. Mas o que há de singular nesta produção discursiva? Sabemos que os falantes deixam marcas no trabalho da produção discursiva específicas da fala, eis aí uma singularidade do discurso falado em relação ao escrito. Se os falantes é que deixam essas marcas, há aí também um eu que se marca. Esse processo está intensamente atrelado ao aqui-agora da produção discursiva. Vejamos: as marcas deixadas pelos falantes recebem o nome genérico de marcadores. Isso porque sinalizam ou anunciam determinada estratégia adotada na sequência da construção conversacional. A fala, a partir do que vimos até aqui, é entendida como resultado de atividades de produção discursiva. E o texto falado é o seu produto. Na concepção do texto falado, dois aspectos merecem destaque: a sua natureza explicitamente interacional e seu caráter essencialmente processual. Na verdade, qualquer texto é produzido por força de uma interação, seja ele escrito ou falado. Contudo, este último, por ser gerado, em princípio, numa situação em que os interlocutores se encontram face a face, tem nesta condição talvez o principal fator de sua identificação. O texto falado se constrói na ação colaborativa de interlocutores, na medida em que vão, na alternância de turnos, abordando tópicos tematicamente centrados. Quanto ao outro aspecto, o texto falado é concebido fundamentalmente como um processo. Segundo Rath (1979, p.20), pode-se verificar que, na língua falada, um texto consiste, em parte, na produção do texto como tal.... Isso porque, do ponto de vista das condições de produção, o texto falado é resultante
4 163 de dois procedimentos simultâneos: o planejamento e a formulação. Na realização da atividade comunicativa, o planejamento não é anterior à formulação. Na verdade, o falante, em geral, toma a palavra e segue falando sem ter muita clareza do destino de sua fala, o que só se definirá na sequência dela, o que permite dizer que o planejamento de uma atividade comunicativa só se completa com a construção do enunciado concluída. A simultaneidade com que se realizam as atividades de planejamento e de formulação provocam no texto uma série de marcas responsáveis pela caracterização específica de sua formulação: reinícios, pausas, alongamentos, reformulações,... São essas marcas reveladoras do status nascendi do texto falado, o que o distingue do texto escrito, no qual, os traços do processo de construção são, em grande parte, apagados. O falante, dessa forma, constrói o seu texto planejando-o e executando-o simultaneamente, a fim de dar forma a uma ideia, a um propósito comunicativo. Por propósito comunicativo, entendemos a influência que, de alguma forma, o falante exerce sobre o seu interlocutor, perseguindo, por meio da produção de sua fala, um objetivo comunicacional. Isso faz com que se conceba o texto falado como uma sequência de atividades linguísticas realizadas, alternadamente, pelos interlocutores. O texto falado, concebido como uma complexa atividade linguísticocomunicativa realizada interacionalmente, pode receber dois enfoques: pode ser descrito como um conjunto estruturado de atos ilocucionais, e a formulação dos enunciados linguísticos pode ser considerada como uma atividade em si. Austin (1962), o fundador da Teoria dos Atos da Fala, juntamente com Searle (1969), define que, por meio da fala, realizam-se atividades. Com o enunciado Procuro você amanhã., por exemplo, diz-se algo. Esse ato de dizer é denominado por Austin de ato locucional. O ato que se realiza na medida em que se diz Procuro você amanhã é denominado ato ilocucional. Assim, com a atividade de dizer Procuro você amanhã, o enunciador pode realizar os atos ilocucionais de advertir, avisar. Motsch e Pasch (1987, p. 22) definem, nos seguintes termos, a noção de atividade linguística: Uma pessoa produz um enunciado lingüístico (e) e quer com ele conseguir (int) que uma outra pessoa mostre uma determinada reação. Para esse fim aquela considera determinadas condições (cond) e avalia
5 164 possíveis conseqüências (cons). Conseguir que uma outra pessoa mostre uma determinada reação é, na verdade, perseguir um objetivo ilocucional. Na perseguição desse objetivo, o falante precisa antes alcançar outros objetivos, entendidos como parciais, a fim de que chegue ao objetivo ilocucional final. O objetivo ilocucional final consiste em conseguir que o ouvinte mostre determinada reação. Segundo os autores, são três as reações básicas correspondentes a três objetivos ilocucionais fundamentais perseguidos pelo falante: que o ouvinte responda a uma pergunta,creia em algo, ou realize uma ação. Para atingir qualquer um desses objetivos, o falante precisa antes atingir um outro, anterior e subordinado àquele: que o enunciatário aceite, que esteja disposto a mostrar a reação pretendida pelo enunciador. E, finalmente, para que essa aceitação ocorra, é necessário atingir um outro objetivo ainda: que o ouvinte reconheça a intenção do falante, isto é, compreenda o objetivo perseguido por este, o que faz com que o sucesso da atividade comunicativa dependa da formulação adequada da enunciação. A atividade ilocucional é definida, portanto, como a realização de uma hierarquia de objetivos. Para atingir tais objetivos, o falante necessita dar determinada forma a sua enunciação, a fim de que ela explicite elementos que permitam, por parte do enunciatário, a identificação de suas intenções. Essas atividades de estruturação formal são, portanto, atividades de formulação textual. Esta análise permite-nos admitir que a produção de um texto corresponde à realização de atividades ilocucionais hierarquicamente organizadas e que as atividades de formulação textual são aquelas atividades realizadas pelos interlocutores para assegurar a intercompreensão dos enunciados por meio dos quais realizam seus propósitos comunicativos. Estando definidos tais conceitos, considerados fundamentais em nosso trabalho, passamos a refletir como esse caráter interacional e processual se revela no texto produzido nas redes sociais virtuais, o qual passaremos a denominar texto falado por escrito.
6 O caráter interacional e processual nas redes sociais virtuais Hilgert, em estudos anteriores, ocupou-se de questão semelhante a esta, nomeando o texto oriundo da interação via web como texto falado por escrito. Sem dúvida, os textos produzidos nas redes sociais virtuais são decorrentes do uso da escrita e não da oralidade, mas isso somente do ponto de vista do meio de produção. Acerca disso, o autor afirma (HILGERT, 2000, p. 19): Um texto conceptualmente falado prototípico se caracterizaria, do ponto de vista das condições de comunicação, por um alto grau de privacidade, de intimidade, de envolvimento referencial, de cooperação, de dialogicidade, de espontaneidade entre os interlocutores e, também, por um destacado grau de dependência situacional e interacional das atividades de comunicação, além de um baixo grau de centração temática. Do ponto de vista das estratégias de formulação, esse mesmo texto falado seria fortemente marcado por fatores não lingüísticos, teria pouco ou nenhum planejamento prévio, fato que lhe daria um caráter essencialmente processual e provisório, apresentaria uma estruturação sintática extensiva, linear e agregativa e uma densidade informacional diluída. O texto escrito apresentaria, então, características em sentido contrário a essas. Hilgert propõe que, sob este enfoque, fala e escrita não mais traduzem dicotomias restritas, mas identificam textos configurados por um conjunto de características que os leva a serem reconhecidos como textos falados ou escritos em maior ou menor grau. Por essa razão, um texto pode ser, do ponto de vista de sua realização, considerado falado, já que se manifesta por meio da realização fonética, mas pode apresentar, do ponto de vista conceptual, características próprias do texto escrito. Uma das características centrais dos gêneros em ambientes virtuais é serem altamente interativos, embora escritos. Serão eles textos escritos ou falados? Sobre esta questão, destacamos os trabalhos realizados no Brasil por Marcuschi (2001) e que em muito influenciam nossa investigação. Se os olharmos do ponto de vista da enunciação, isto é, se considerarmos as escolhas feitas pelo enunciador na enunciação projetadas no enunciado e os consequentes efeitos de sentido que essas escolhas produzem, eles serão falados, embora sejam escritos no que respeita ao meio de sua manifestação. Cremos que aqui se encontra prestigiada grande parte dos textos produzidos nas redes sociais virtuais. Como
7 166 não temos condições de analisar várias delas, tomamos uma delas em especial: o Twitter e trataremos de mostrar por que acreditamos nisso. Justificamos a escolha pelo Twitter em função do aumento de sua popularidade nos últimos meses entre diferentes faixas etárias e grupos sociais. 2.2 O caráter interacional e processual do texto produzido nas redes sociais virtuais Preti (2002, p.45) aborda a interação da seguinte forma: O conceito de interação pode ser entendido em sociedade sob o ponto de vista da reciprocidade do comportamento das pessoas, quando em presença uma das outras, numa escala que vai da cooperação ao conflito. De uma maneira geral, pode-se partir desde uma simples copresença em que dois indivíduos se cruzam na rua e que, mesmo sem se conhecerem, se observam, guardam distância e desviam-se para não se chocarem, o que já demonstra uma ação conjunta e socialmente planejada, até a interação com um único foco de atenção visual e cognitiva, como a conversação, em que os falantes por um momento se concentram um no outro e se ligam, não só pelos conhecimentos que partilham, mas também por outros fatores socioculturais, expressos na maneira como produzem o seu discurso e conduzem o diálogo. Certamente, uma rede social virtual existe em função de interesses comuns. Cada sujeito que se marca linguisticamente em tais redes persegue objetivos comunicacionais, pretende satisfazer determinadas intenções em relação aos demais sujeitos com os quais interage. Assim, o caráter interacional dessas redes se revela no texto produzido por seus usuários. Analisar as marcas linguísticas deixadas neste texto como decorrentes de estratégias de construção mobilizadas por seus produtores será nosso intuito nesta seção. Para tanto, tomemos alguns segmentos extraídos de redes sociais bastante frequentadas, como é o caso do Twitter oficial de Adriane Galisteu: Segmento 1 Buenas!!! amanha 6:30 de pé...bora fotografar... Meu bj em todos Sem dúvida, o caráter interacional deste texto se sustenta na marca linguística reveladora da intenção de abrir o canal de comunicação com o sinal
8 167 fático : Buenas, cumprimento intensificado pela repetição do sinal de pontuação, numa clara tentativa de reforçar a interação propriamente dita. No mesmo segmento, após a saudação inicial, o sujeito revela uma informação nova e dedica-se a fazer seu fechamento com a despedida: Meu bj em todos. Podemos afirmar que com estes recursos o sujeito se marca na língua e põe à sua frente o outro da interação, marcado pelo pronome indefinido todos (Todos os que me seguem? Todos os que leem meu Twitter?). Não importa; importa, sim, o fato de haver um caráter interacional explicitado por meio de estratégias de construção deste texto que levam ao uso de marcadores conversacionais. Este aspecto nos leva a classificar este texto, do ponto de vista conceptual, como falado, embora o meio usado para sua produção seja escrito. Vejamos mais um segmento, agora extraído do Twitter de Mauricio de Sousa: Segmento 2 há algumas horas mencionei o ilustrador andré le blanc como tendo desenhado mandrake. foi engano meu. ele desenhou o fantasma. Este segmento foi produzido, segundo marcação de horário do Twitter, às18h 12min, e faz referência a um outro segmento produzido às 14h 04 min, do mesmo dia, explicitado a seguir: desenhado pelo meu saudoso amigo andré le blanc, que ilustrou monteiro lobato, mandrake, scooby-doo, rex morgan... No segmento 2, encontramos uma estratégia de construção do texto falado; trata-se de uma correção. É muito interessante perceber que o sujeito que produz seu texto aqui opta por marcar esta correção explicitamente em sua construção linguística, ao invés de apagar o conteúdo anterior. Ou seja, como se trata de texto produzido via web, certamente o produtor deste texto teria todas as condições de acessar a informação anterior, a qual, segundo ele, é equivocada, e apagá-la de seu Twitter. Entretanto, como se trata de um texto já publicado na
9 168 rede, provavelmente seu produtor crê que já tenha sido lido por muitos, o que o obriga, na tentativa de satisfazer sua intenção de esclarecimento da informação, realizar uma correção explícita. Certamente, o uso desta estratégia é decorrente das condições de produção do texto das redes sociais, o que aponta para a simultaneidade, já referida neste artigo, do texto falado. Neste caso, do texto falado por escrito. Podemos afirmar, a partir disso, que o caráter processual do texto está marcado em sua construção. Quando o produtor afirma há algumas horas mencionei o ilustrador andré le blanc como tendo desenhado Mandrake resgata o segmento anterior que nos obriga a ver todo o Twitter como um só texto, uma vez que há um investimento na coesão deste texto como um todo. Atentemos também para o fator tempo, marcado linguisticamente e capaz de atestar a quase simultaneidade com que a informação é recebida e circula na rede, pois fala-se de horas. Há também um marcador de correção: foi engano meu. Este marcador anula a informação anterior e aponta para a correção propriamente dita: ele desenhou o fantasma. Este fenômeno linguístico-interacional aponta para um uso completamente novo das ferramentas oferecidas pelo computador. O ato de deletar não atende, portanto, às necessidades comunicacionais dos interactantes destas redes, pelo menos não em casos como o do segmento 2, uma vez que o apagamento de uma informação não anula seu efeito de sentido. Ela já foi lida e já pode ter satisfeito a intenção de seu produtor em sua relação interacional com os demais participantes da rede. Assim, sua existência move o produtor do texto a novas formulações, o que faz com que possamos ver o Twitter em questão como um texto em que partes encontram-se amarradas num explícito processo de construção. Os dois segmentos aqui analisados representam apenas uma amostragem das redes sociais. Pretendemos, com o desenvolvimento de outras análises, confirmar as informações aqui referidas e testar outros princípios. Assim, apresentamos na sequências breves considerações que objetivam fechar, neste artigo, a questão.
10 169 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para apresentarmos nossas considerações finais, ao menos para este artigo, precisamos lembrar que nosso objetivo central nesses escritos foi descrever o caráter interacional e processual na construção do texto falado produzido em interações construídas nas redes sociais virtuais, atentando para o fato de que esta construção ocorre em condições de produção diferenciadas daquelas ocorridas face a face, em função de o texto construído ser, do ponto de vista medial, escrito. Assim, podemos afirmar que: - as condições de produção do texto das redes sociais virtuais acabam por influenciar as escolhas linguísticas dos produtores deste texto, levando-se em conta, principalmente, o fator simultaneidade, o que provoca o aparecimento de marcas reveladoras do processo de construção deste texto, as quais se encarregam de satisfazer intenções bastante pontuais no processo interacional; - na tentativa de minimizar a distância física, a ausência física do interlocutor, há, por parte do produtor do texto, um investimento alto em marcas interacionais compensatórias. Sem dúvida, trata-se de uma análise bastante restrita, sem a pretensão de apresentar um mapeamento do texto das redes sociais, o que seria impossível por ora, tendo em vista as limitações inerentes a um trabalho desta envergadura. Portanto, pretendemos apenas refletir acerca destes novos gêneros, sob a perspectiva da Análise da Conversação e acreditamos que conseguimos expor algumas abordagens possíveis que podem interessar a todos aqueles que se veem tentados a discutir linguagem, tecnologias e mídia. THE TEXT OF VIRTUAL SOCIAL NETWORKS: PROCEDURAL AND INTERACTIONAL MARKERS ABSTRACT The purpose of this text is, from the epistemology perspective of Conversational Analysis, to discuss the interactional and procedural character of the text produced in social networking. Virtual social networks represent text
11 170 genres produced by a person who has the writing as a way of production, but he seeks to use language structures that simulate, in this case, the spoken language, in a clear attempt to enhance the interaction process with the other people involved in the act of speech. Keywords: Oral text. Virtual social networks. Interaction. 1 2 Notas Graduada em Letras pela Universidade de Passo Fundo, com Mestrado em Lingüística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Possui graduação em Letras LP pela Universidade de Passo Fundo (1994), especialização em Leitura (1998). REFERÊNCIAS AUSTIN, John L. How to do Things with words. New York: Oxford University Press, HILGERT, José Gaston. A construção do texto falado por escrito na internet. In: PRETI, Dino (org.). Fala e escrita em questão.são Paulo: Humanitas, FFLCH / USP, MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, MOTSCH, Wolfgang; PASCH, Renate. Illokutive Handlungen. In: MOTSCH, W. (Org.). Satz, Text, Sprachliche Handlung. Berlin: Akademie Verlag, 1987.p PRETI, Dino. Alguns problemas interacionais da conversação. In.:. Interação na fala e na escrita. São Paulo: p RATH, R. Kommunikationspraxis: Analysen zur Textbildung und Textgliederung im gesprochenen Deutsch. Göttingen, Vandenhoeck e Ruprecht, 252 p SACKS, Harvey; SCHEGLOFF, Emanuel; JEFFERSON, Gail. A simplest Systematics for the organization of turn-talking for conversation. Language, 50. p SCHANK, Gerd; SCHWITALLA, Johannes. Gesprochene Sprache und Gesprächsanalyse. In: ALTHAUS, Hans Peter (org.). Lexikon der Germanistischen Linguistik. 2 ed. Rübigen: Niemeyer, p Traduzido por José Gaston Hilgert (mímeo).
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