ESTAÇÃO DE MONTA: UMA FERRAMENTA PARA MAXIMIZAR A EFICIÊNCIA REPRODUTIVA E O MELHORAMENTO GENÉTICO DOS REBANHOS
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1 ESTAÇÃO DE MONTA: UMA FERRAMENTA PARA MAXIMIZAR A EFICIÊNCIA REPRODUTIVA E O MELHORAMENTO GENÉTICO DOS REBANHOS ANTONIO DE LISBOA RIBEIRO FILHO Prof. Adjunto Departamento de Patologia e Clínicas EMV UFBA D.V.M. M. Sc. Dr. Sc. Reprodução Animal alisboa@ufba.br INTRODUÇÃO O sistema de monta mais primitivo é aquele em que o touro permanece no rebanho durante todo o ano. Como conseqüência, os nascimentos se distribuem por vários meses, dificultando o manejo das matrizes e das respectivas crias. Com a ocorrência de nascimentos em épocas inadequadas, o desenvolvimento dos bezerros é prejudicado e a fertilidade das matrizes pode ser reduzida substancialmente devido ao aumento do intervalo parto-primeiro serviço, induzido pela restrição alimentar. No entanto, a maior desvantagem está relacionada com a dificuldade nos controles zootécnico e sanitário do rebanho, causados, principalmente, pela falta de uniformidade das crias. As práticas mais comuns do manejo nutricional e sanitário não resultam em grandes benefícios, pois não podem ser aplicadas nas épocas corretas e idades recomendadas, prejudicando a seleção dos animais de maior potencial reprodutivo. O resultado final é a baixa produtividade do sistema que, associada ao custo do capital investido, inviabiliza a sua exploração econômica. No sistema de criação extensiva, a fertilidade do rebanho apresenta variações vinculadas às condições climáticas. Por isso, o estabelecimento de um período ou de uma estação de monta de curta duração é uma das decisões mais importantes do manejo reprodutivo e de maior impacto na fertilidade do rebanho. Além de disciplinar as demais atividades de manejo, sua implantação permite que o período de maior exigência nutricional coincida com o de maior disponibilidade de forrageiras de melhor qualidade, de modo a eliminar ou a reduzir a necessidade de alguma forma de suplementação alimentar. DEFINIÇÃO Por Estação de Monta (EM) entende-se a permanência dos reprodutores em acasalamento com as matrizes em determinado período de tempo. Os três pontos fundamentais para o sucesso de um sistema de produção de gado de corte associados à EM são: (1) divisão de pastagens - perda energética por deslocamento animal; (2) suporte adequado - disponibilidade de matéria seca, (3) suplementação mineral adequada
2 complementação das deficiências das pastagens consumidas e (4) sistema de identificação individual e escrituração eficiente. Pelo menos no momento é impraticável conseguir que todas as matrizes enxertem e fiquem prenhes em um único dia do ano. Para se aproximar disto, propõe-se fazer uma EM, a menor possível. VANTAGENS Muito se tem a respeito das vantagens da E.M., como principais pode-se destacar: (1) estabelecimento de uma estação de nascimentos; (2) estabelecimento de uma estação de desmama (E.D.); (3) formação de lotes uniformes; (4) melhoria do manejo, pela concentração de certas tarefas em determinadas épocas, liberando mão-de-obra para outras tarefas; (5) Após 45 dias após o término da E.M. já se sabe quais animais estão com prenhez positiva permitindo, assim, uma maior pressão de seleção no rebanho e (6) possibilidade de um descarte programado. DETERMINAÇÃO DA ÉPOCA DA ESTAÇÃO DE MONTA Para se implantar pela primeira vez uma EM é de grande importância a análise dos índices pluviométricos e da distribuição anual dos partos na propriedade. A EM deve ser realizada em um período compatível com a disponibilidade de alimentos e correlacionada com as exigências nutricionais e fisiológicas das matrizes e suas crias. Desta forma, alcança-se melhores resultados no aproveitamento dos alimentos e conseqüentemente uma melhoria na fertilidade do rebanho. Sendo assim, baseando-se na curva normal de produção de forragens nos trópicos será sugerida inicialmente uma EM de quatro meses, correspondente ao período de janeiro, fevereiro, março e abril, com possível diminuição das EM seguintes, segunda estação de 90 dias e se possível, terceira estação de 60 dias. O encurtamento da EM esta diretamente relacionada com: (1) capacidade da assessoria técnica; (2) estrutura física da propriedade; (3) capacidade de assimilação do produtor em relação ao suporte adequado para a propriedade e (4) adequada nutrição do rebanho. As novilhas serão submetidas a uma EM que começará 30 dias antes das primíparas e vacas adultas, terminando também 30 dias mais cedo. O peso das novilhas para entrarem em reprodução deverá ser de 60 a 75% do peso das vacas adultas. Alguns técnicos preconizam uma EM menor para as novilhas (90 dias) do que para as matrizes de primeira cria em diante (120 dias). Neste caso, a EM deverá iniciar-se no mesmo dia para todas as categorias animais, e deverá terminar sempre 30 dias antes para as novilhas do que para as vacas. Entretanto, ao se trabalhar com uma EM menor ou igual a 60 dias de duração, a duração da mesma é igual tanto para novilhas como para vacas. Adotando este manejo será exercida uma maior pressão de seleção sobre as futuras matrizes do rebanho. Além disso, as novilhas em relação às matrizes de primeira cria em diante, terão na próxima EM, 30 dias a mais de oportunidade para se condicionarem fisicamente, pois a - 2 -
3 estação de parição dessas terminará 30 dias mais cedo, isto é, o último parto que ocorrer nas novilhas terá uma diferença de 30 dias para o último parto das vacas. Com esta estratégia reprodutiva, as novilhas terão no segundo e terceiro ano de EM, em relação ao último parto, em torno de três meses para ciclarem e ficarem gestantes, enquanto que as outras matrizes em relação ao seu último parto terão em torno de dois meses. Este manejo deve ser adotado, pois as novilhas por estarem em lactação e ainda em fase de crescimento precisam de melhor alimentação e/ou mais tempo para se recuperarem fisiologicamente em relação às outras matrizes. Pelo fato de normalmente o meio não proporcionar qualitativamente alimento para atender a todas as necessidades de uma primípara nessa condição fisiológica se faz necessário este manejo. Associado a isto têm-se que trabalhar com o (s) lote (s) de novilhas separadamente durante a época de cobrição, durante a gestação e,principalmente, após o primeiro parto, quando teremos que ter uma atenção especial para a qualidade e quantidade de forragens oferecidas, que deve ser a melhor da época. ESTAÇÃO DE NASCIMENTO O nascimento dos bezerros na primeira e segunda EM ocorrerá, respectivamente, nos seguintes períodos do ano, 12/10 a 12/02 e 12/10 a 12/01. Época essa que favorecerá os bezerros, pois as matrizes terão condição de produzir maior quantidade de leite e além disso, os bezerros terão um capim tenro para iniciarem o consumo e conseqüentemente desenvolverem sua flora ruminal. Com isto, terão um peso médio ao desmame superior aos bezerros oriundos da monta contínua. Os bezerros provenientes de EM serão desmamados na época seca, aos quais reservaremos as melhores pastagens, podendo ainda serem suplementados à pasto caso haja viabilidade econômica, para que tenham continuidade no crescimento e assim alcançarem mais rapidamente a idade de abate ou de reprodução. Com a adoção desse cronograma de funcionamento as atividades de monta ou inseminação artificial, nascimento, desmama, seleção, manejo sanitário e comercialização, serão concentradas em determinadas épocas do ano, tornando a atividade pecuária muito mais racional. DESCARTE PÓS ESTAÇÃO DE MONTA Após a EM, desde que haja número suficiente para não comprometer o efetivo do rebanho, deve-se eliminar toda fêmea que se apresentar vazia após o diagnóstico de gestação, juntamente com toda fêmea com histórico de baixa produtividade. Caso haja impossibilidade de eliminação de todas as fêmeas vazias, as que permanecerem no rebanho, devem ser identificadas para que na próxima EM lhe seja permitido apenas um período de 30 dias para que fiquem gestantes, caso isto não ocorra essas deverão ser eliminadas
4 Além disso, nestes casos deve ser adotado um esquema de eliminação gradativa: (1) eliminação das novilhas que se apresentarem vazias após sua primeira EM (2) descarte das fêmeas que ficarem vazias por dois anos consecutivos; (3) descarte das fêmeas que se apresentarem vazias pela segunda vez em anos não consecutivos; (4) retirada das vacas com idade avançada e/ou que apresentem defeitos fenotípicos; (5) descarte das fêmeas com baixa habilidade materna e (6) eliminação das fêmeas com defeitos no sistema genital. Outra alternativa é o descarte por ordem de prioridade: (1) estéreis; (2) subférteis; (3) velhas; (4) as que desmamam bezerros leves; (5) as muito pequenas ou muito grandes; (6) as com defeitos físicos; (7) as que parem tarde na estação de parição e (8) as que parem na segunda metade da estação. Esta ordem pode ser praticada com um ou mais itens a cada ano, de acordo com o tempo planejado para implantação da estação de monta. Devem ser consideradas também as possibilidades técnica/econômica para a realização destes descartes. CUIDADOS NO MOMENTO DO DESCARTE: Deve ser realizado um exame minucioso das fêmeas que ficaram vazias ao final da EM, evitando assim o descarte de fêmeas com alto potencial reprodutivo e que ficaram vazias em função de falhas do manejo ou na avaliação da capacidade reprodutiva dos reprodutores utilizados. Só após esta detalhada avaliação deve-se definir a permanência ou eliminação dessas fêmeas do rebanho. Quanto maior a taxa de fertilidade registrada menor será o número de novilhas necessário para a reposição. Entretanto, mesmo nos rebanhos com alta fertilidade, é conveniente a substituição de um número de vacas equivalente a no mínimo 70% das bezerras à desmama. Maior pressão de seleção deve ser imposta às fêmeas primíparas, principalmente no momento da desmama de suas crias, visto que nesta época têm se acesso a informações mais seguras sobre a fertilidade e a habilidade materna desses animais. Neste ponto deve-se eliminar animais que perderam suas crias, fêmeas que desmamaram bezerros leves, etc... Antes deste momento, ou seja, na desmama ou no início da idade reprodutiva não é possível prever com segurança o futuro desempenho reprodutivo destas fêmeas, visto que nesta época, a correlação entre a estimativa do atual e do futuro desempenho reprodutivo destes animais é praticamente zero. No momento dos descartes atenção especial deve ser dada à manutenção de um adequado percentual para cada grupo etário. Como exemplo pode-se citar que, ao se eliminar todas as vacas que não venha a parir um segundo bezerro, provavelmente se eliminará totalmente do rebanho um grupamento etário, o que não é aconselhável. Desta forma, deve-se manter, na medida do possível, grupos de idades mais ou menos constantes. Ao se adotar uma idade máxima de 10 anos, a composição do rebanho baseada na faixa etária seria de: 2 (30%), 3 (18%), 4 (17%), 5 (10%), 6 (8%), 7 (7%), 8 (6%), 9 (5%) e 10 (3%)
5 SELEÇÃO DAS FÊMEAS PARA REPOSIÇÃO Os procedimentos gerais para seleção das fêmeas devem iniciar na desmama e prosseguir até que as fêmeas selecionadas neste momento tenham o primeiro parto. Na desmama deve-se descartar apenas aqueles animais que apresentem problemas de conformação ou de desenvolvimento, ou seja fêmeas fenotipicamente incapacitadas para a reprodução. A taxa de seleção imposta ao rebanho de bezerras desmamadas irá variar de acordo com a taxa de fertilidade do rebanho base. Rebanhos com fertilidade alta devem reter no mínimo 70%das novilhas, ao passo que, rebanhos com baixa fertilidade devem incorporar 90% das bezerras desmamadas. Essas fêmeas serão incorporadas ao rebanho de reprodução somente ao atingirem peso e idade compatíveis ao exercício das funções reprodutivas. Como já foi citada anteriormente, uma maior pressão de seleção será imposta a essas fêmeas no momento da desmama de suas primeiras crias - 5 -
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