IMPACTO DO USO DE CONTRACEPTIVOS HORMONAIS ORAIS DE BAIXA DOSAGEM SOBRE A DENSIDADE MINERAL ÓSSEA DE ADOLESCENTES
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- Rosângela Dias Castilho
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1 IMPACTO DO USO DE CONTRACEPTIVOS HORMONAIS ORAIS DE BAIXA DOSAGEM SOBRE A DENSIDADE MINERAL ÓSSEA DE ADOLESCENTES Residente: Letícia Santos da Silva Chagas Orientadora: Profa. Tamara Beres Lederer Goldberg
2 INTRODUÇÃO A adolescência constitui a fase da vida na qual ocorre uma elevada aquisição da massa óssea. Aproximadamente 90% da densidade mineral óssea total é atingida ao final deste período e no início da idade adulta. 1 Hormônios gonadais, sobretudo o estrogênio, exercem um importante efeito sobre o crescimento e maturação óssea, a partir da puberdade. 2 Neste contexto, o uso de contraceptivos hormonais durante a adolescência merece atenção, uma vez que contêm em sua composição estrogênios e progestagênios. 3
3 INTRODUÇÃO Inúmeros estudos defendem a hipótese de que o uso de contraceptivos hormonais combinados neste período da vida poderia interferir na aquisição do pico de massa óssea, 4 induzir perda da densidade mineral óssea e a longo prazo aumentar o risco de fraturas. 5 Apesar do crescente interesse sobre esse tema nos últimos anos, ainda existem algumas lacunas na literatura que precisam ser preenchidas, a fim de que possamos saber as reais implicações do uso de COC sobre a densidade mineral óssea durante a adolescência e a segurança do emprego dessas drogas nessa fase crucial para a aquisição do pico de massa óssea, que pode ser um fator protetor para o não desenvolvimento da osteopenia/osteoporose no futuro.
4 OBJETIVOS Desenvolver um artigo de revisão, buscando na literatura evidências dos efeitos do uso de contraceptivos hormonais orais combinados de baixa dosagem sobre a densidade mineral óssea durante a adolescência e potenciais desdobramentos na vida adulta.
5 MÉTODOS A pesquisa será implementada, através do acesso as principais bases de dados existentes: Medline, Lilacs, Ibecs, Scielo e Cochrane Library, utilizando os seguintes descritores: Densidade óssea, adolescentes, doença metabólica óssea, pico de massa óssea, contraceptivos orais, osteopenia
6 MÉTODOS Serão critérios de inclusão, artigos de revisão, estudos longitudinais retrospectivos ou prospectivos, estudos transversais publicados entre 1995 e 2015 que abordem o uso de contraceptivos hormonais orais de baixa dosagem e seus efeitos sobre a densidade óssea em adolescentes Serão considerados critérios de exclusão, artigos com baixa evidência científica e que não englobem a faixa etária alvo do estudo
7 RESULTADOS Na revisão sistemática realizada por Agostino et al. (2010) os autores concluíram que uma dose de 20 µg de etinilestradiol (EE) poderia ser insuficiente para promover o ganho adequado de massa óssea durante a adolescência. Sugerem que o uso de um COC com pelo menos 30µg de EE, nesta fase, asseguraria um desenvolvimento ósseo adequado, além de atuar como um fator protetor de possíveis consequências osteoporóticas a longo prazo 6 Estudo publicado em 2015, por Biason et. al, concluiu que o uso de COC de baixa dosagem contendo 20 µg de EE e 150 µg de desogestrel, quando utilizado na adolescência, por um período de um ano, é capaz de interferir negativamente sobre o incremento ósseo, esperado nesta faixa etária. 7
8 RESULTADOS No ensaio clínico de Cibula et al. (2012) do qual fizeram parte 56 jovens entre 15 e 19,5 anos, os autores concluíram que aquisição fisiológica de DMO na coluna lombar durante a adolescência pode ser prejudicada pelo uso de COC, especialmente os com baixa dosagem de EE. 4 Estudo prospectivo desenvolvido por Rome et. al (2004) concluiu que o turnover e reabsorção óssea, podem estar suprimidos em adolescentes em uso de contraceptivos hormonais. No entanto, tais achados se confundem com a diminuição do metabolismo ósseo que ocorre em meninas após a menarca. 8
9 RESULTADOS Ensaio clínico realizado no hospital das clínicas da UNESP de Botucatu, do qual fizeram parte adolescentes do sexo feminino, com idade entre anos, concluiu que o uso de COC (EE 20 µg/desogestrel 150µg) interfere negativamente sobre as concentrações séricas do marcador de formação óssea, osteocalcina. 9 Warholm et al.(2012) publicaram revisão sistemática, composta por quatro estudos, que evidenciaram um maior incremento de massa óssea, avaliada por meio de densitometria óssea, nas adolescentes não usuárias de COC quando comparado ao de usuárias. 10
10 RESULTADOS Na revisão sistemática de Nappi et al. de 2012 não houve diferença significativa na DMO da coluna (p=0,54), quadril (p=0,15) e colo do fêmur (p=0,43) das usuárias de COC entre 30 e 40μg de EE quando comparadas ao grupo controle. Houve diminuição da DMO da coluna (p=0,004) nas usuárias de COC com dose inferior a 30μg de EE. Os autores concluíram, portanto, que baixas dosagens de EE podem ser insuficientes para o estabelecimento de um pico adequado de massa óssea durante a adolescência. Doses superiores a 30μg parecem não ter impacto negativo sobre a DMO. 11
11 CONCLUSÃO A presente revisão encontra-se na fase de busca de artigos na literatura médica disponível, que se enquadrem nos critérios propostos. As principais limitações são referentes a escassez de artigos que contemplem a faixa etária da adolescência isoladamente, visto que, os estudos presentes na literatura científica consultada incluem adolescentes e adultas jovens, sem distinção de idade e em momentos maturacionais diversos, a utilização de contraceptivos contendo diferentes dosagens de estrogênios e progestagênios, além de não analisarem fatores tais como o tabagismo, índice de massa corporal e ingestão de cálcio, que sabidamente podem influenciar na formação da massa óssea.
12 CONCLUSÃO As evidências disponíveis sugerem que COC de baixa dosagem (inferior a 30μg de EE) apresenta um impacto negativo na DMO de adolescentes e que a utilização de COC com pelo menos 30 μg de EE parece ser suficiente para a aquisição adequada de massa óssea. As evidências, entretanto, não permitem conclusões definitivas no que diz respeito às doses de EE recomendadas para a faixa etária da adolescência Novos estudos controlados e randomizados são necessários para melhor definição das doses de EE para esta fase do desenvolvimento, bem como para elucidação dos possíveis efeitos de seu uso a longo prazo.
13 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1) Pitts SA, et al. Bone Mineral Density, Fracture, and Vitamin D in Adolescents and Young Women Using Depot Medroxyprogesterone Acetate. J Pediatr Adolesc Gynecol Feb;25(1): ) Scholes D, et al. Oral Contraceptive Use and Bone Density Change in Adolescent and Young Adult Women: A Prospective Study of Age, Hormone Dose, and Discontinuation. J Clin Endocrinol Metab Sep;96(9): ) Wei S, et al. Oral Contraceptive Use and Bone. Curr Osteoporos Rep (2011) 9:6 11 4) Cibula D, et al. Low-dose estrogen combined oral contraceptives may negatively influence physiological bone mineral density acquisition during adolescence.eur J Endocrinol Jun;166(6): ) Isley M M, Kaunitz MA. Update on hormonal contraception and bone density. 6) Agostino H, Di Meglio G. Low-dose oral contraceptives in adolescents: how low can you go? J Pediatr Adolesc Gynecol. 2010;23(4): ) Biason, P. T. et al. Low dose combined oral contraceptives use is associated with lower bone mineral content variation in adolescents over a 1-year period. BMC Endocrine Disorders. 2015; 15 (15) 8) Rome et al. Bone Biochemical Markers in Adolescent Girls Using Either Depot Medroxyprogesterone Acetate or an Oral Contraceptive. J Pediatr Adolesc Gynecol : ) Martins S H S, et al,avaliação prospectiva da Osteocalcina em adolescentes usuárias de anticoncepcional oral de baixa dosagem: um ano de acompanhamento 10) Warholm, L.;Petersen, K.R. e Ravn, P. The European Society of Contraception and Reproductive Health, 2012, 17, ) Nappi C, et al. Hormonal contraception and bone metabolism: asystematic review. Contraception Dec;86(6):60621.
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