A CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA

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Nina Lombardi Garrido
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1 ORDEM JURÍDICA ECONÔMICA CONCEITO A INDAGAÇÃO PROPOSTA ENVOLVE O ENTENDIMENTO DE VÁRIOS CONCEITOS INCLUÍDOS NA COMPLEXIDADE DE ORDEM, DE DIREITO E DE ECONOMIA. O CONCEITO DE ORDEM TRAZ-NOS À MENTE IDÉIAS DE ORGANIZAÇÃO, E, POR ISSO MESMO, DE UMA SELEÇÃO DIRECIONADA DOS ELEMENTOS QUE INTEGRAM UM CONJUNTO. DENTRO DESSE QUADRO, ORDEM SIGNIFICA UM CONJUNTO DE ELEMENTOS COMPATÍVEIS ENTRE SI E VOLTADOS PARA O FUTURO. ORDEM E LINGUAGEM O ENTENDIMENTO DO DIREITO COMO ORDEM E COMO SISTEMA SURGE DESSE PRESSUPOSTO DO DIREITO COMO LINGUAGEM. O DIREITO PODE E DEVE SER ENTENDIDO COMO UMA COMUNICAÇÃO DE UMA MENSAGEM PRESCRITIVA. PARA QUE ESTA MENSAGEM POSSA SER CAPTADA E TORNADA EFICAZ, É NECESSÁRIO QUE HAJA UM CÓDIGO NORMATIVO. ESSE CÓDIGO NORMATIVO, ASSENTADO NUM CÓDIGO MORAL, A PARTIR DO MOMENTO EM QUE ADQUIRE AS QUALIDADES DE ESTABILIDADE E DE FIXIDEZ PASSA A APRESENTAR-SE COMO ORDEM OU COMO SISTEMA. A CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA A CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA SE CORPORIFICA PRECISAMENTE NO MODO PELO QUAL O DIREITO PRETENDE RELACIONAR-SE COM A ECONOMIA, A FORMA PELO QUAL O JURÍDICO ENTRA EM INTERAÇÃO COM O ECONÔMICO. AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS, DE 1934 EM DIANTE, SÃO PRÓDIGAS EM ENUMERAR PRINCÍPIOS JURÍDICOS DIRIGENTES DA ATIVIDADE ECONÔMICA DO ESTADO, DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRIVADA E DE SUAS INTER RELAÇÕES.

2 O CONCEITO JURÍDICO DE CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA PRETENDE VER COMO PODE O DIREITO CONDUZIR O FENÔMENO ECONÔMICO. ESTE DEVE SER CONSIDERADO EM SUA SUBSTÂNCIA, PARA QUE SE CONSIGA UMA ADEQUAÇÃO ENTRE A NORMA E O FATO. DEVERÁ, PORTANTO, PARA QUE POSSA SURGIR A NORMA JURÍDICA DIRECIONADORA DO FENÔMENO ECONÔMICO, HAVER A PRÉVIA CONSIDERAÇÃO DA REALIDADE ECONÔMICA, APREENDENDO-SE A SUA NATUREZA ESSENCIALMENTE MÓVEL E MUTÁVEL. É PRECISO QUE O LEGISLADOR COMPREENDA QUE O FATO ECONÔMICO NÃO SE DEIXA COMPREENDER NEM DOMINAR POR COMPLETO PELA NORMA JURÍDICA, QUE ESTA, SE QUISER SE RELACIONAR ADEQUADAMENTE COM AQUELE, DEVE ACEITAR ESSA SUA ESSENCIALIDADE. DA DEFINIÇÃO DE CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA SE PODE EXTRAIR TODOS OS ELEMENTOS QUE LEVAM A CONCEITUAR O PAPEL DO ESTADO NA EDIÇÃO DE NORMAS DESTINADAS A REGER O FENÔMENO ECONÔMICO, BEM COMO, ESPECIFICAMENTE, A SUA FUNÇÃO DE ORDENADOR DOS MECANISMOS DO MERCADO. A CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA OPERA A CONVERSÃO DO REGIME ECONÔMICO EM ORDEM JURÍDICO ECONÔMICA. TEM ESTA POR FINALIDADE ESTABELECER OS PRINCÍPIOS E REGRAS, INFORMADORES DAS NORMAS QUE REGERÃO AS RELAÇÕES ECONÔMICAS. E A REGÊNCIA DESSAS RELAÇÕES SE DÁ SOB DOIS PRIMAS: A ORDEM JURÍDICO-ECONÔMICA ACEITA E ACOLHE O REGIME ECONÔMICO EXISTENTE, ADOTANDO-O COMO BASE DE TODA ORGANIZAÇÃO QUE A NORMA IMPLANTA; A ORDEM JURÍDICO-ECONÔMICA PROCURA CRIAR UM NOVO REGIME ECONÔMICO. DAÍ, O GRANDE NUMERO DE NORMAS PROGRAMÁTICAS EXISTENTES NAS CONSTITUIÇÕES MODERNAS, QUE TEM POR FINALIDADE JUSTAMENTE REFORMULAR, DAR OUTRA FORMA, A ORDEM ADOTADA ANTERIORMENTE. NORMAS PROGRAMÁTICAS COMO ASSINALADO ACIMA, AS CONSTITUIÇÕES MODERNAS APRESENTAM-SE COM GRANDE NUMERO DE NORMAS PROGRAMÁTICAS. O DIRECIONAMENTE DE MUDANÇA DE RUMOS ENTRE O LIBERALISMO E O SOCIALISMO VEM PASSANDO POR DIVERSAS ETAPAS INTERMEDIÁRIAS, EM QUE SE ACENTUA A GRANDE TRANSFORMAÇÃO DO DIREITO E DOS PAPÉIS OU FUNÇÕES

3 DESEMPENHADAS PELO ESTADO. AO LADO DAS NORMAS DE ORGANIZAÇÃO OU ESTRUTURAL, QUE SE CARACTERIZAM POR SEREM PREDOMINANTEMENTE DE FIXAÇÃO DE DIREITOS, SURGEM AS NORMAS QUE TEM ACENTUADO CARATER DINÂMICO. DENTRO DESTE CONTEXTO, AS NORMAS PROGRAMÁTICAS SÃO ASSIM DEFINIDAS PARA O ILUSTRE DOUTRINADOR JOSÉ AFONSO DA SILVA: NORMAS CONSTITUCIONAIS, ATRAVÉS DAS QUAIS O CONSTITUINTE, AO INVÉS DE REGULAR DIRETA E IMEDIATAMENTE DETERMINADOS INTERESSES, LIMITOU-SE A TRAÇAR-LHES OS PRINCÍPIOS PARA SEREM CUMPRIDOS PELOS SEUS ORGÃOS (LEGISLATIVO, EXECUTIVO, JUDICIARIO), COMO PROGRAMA DAS RESPECTIVAS ATIVIDADES, VISANDO A REALIZAÇÃO DOS FINS SOCIAIS. ESSE TIPO DE NORMA ENTROU PARA O CORPO CONSTITUCIONAL COMO UMA FORMA DE PACTO OU COMPROMISSO ENTRE AS FORÇAS LIBERAIS E AS IMPOSIÇÕES E REINVIDICAÇÕES DE ORIGEM SOCIAL. AS NORMAS PROGRAMÁTICAS PASSARAM A TER FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA DENTRO DO TEXTO CONSTITUCIONAL. ATRAVÉS DELAS, O LEGISLADOR MAIOR TRAÇA RUMOS A SEREM SEGUIDOS E METAS A SEREM ALCANÇADAS, FIXANDO PRINCIPIOS BÁSICOS QUE NORTEARÃO A INICIATIVA DO LEGISLADOR ORDINÁRIO. ORDEM JURÍDICO-ECONÔMICA BRASILEIRA O ESTUDO DA RELAÇÃO JURÍDICO-ECONÔMICA BRASILEIRA, SOB O ENFOQUE DO ORDENAMENTO DA ECONOMIA, TEM COMO FINALIDADE DESCOBRIR QUAL A VEDADEIRA RAZÃO JURÍDICA EXISTENTE EM NOSSO TEXTO CONSTITUCIONAL. A CONSTITUICAO DE 1988 O ROMPIMENTO COM O PERÍODO POLITICO ANTERIOR, PROPICIOU A FORMAÇÃO DE UMA IDEOLOGIA MARCADA PELA CONTRAPOSIÇÃO AOS FUNDAMENTOS INFORMADORES DO

4 CONSTITUCIONALISMO ANTERIOR, NOS CAMPOS ECONÔMICO E SOCIAL. PODE-SE AFIRMAR QUE HOUVE ACENTUADA ÊNFASE NO ASPECTO SOCIAL. O TEXTO CONSTITUCIONAL GANHOU UM TÍTULO EM QUE SE DECLARAM OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS QUE INFORMARÃO O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. ESTES PRINCÍPIOS ENCONTRAM-SE ELENCADOS NO ARTIGO 1. DA C.F., SENDO QUE ELES TAMBÉM DEVEM PERMEAR TODO O CONTEÚDO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. DENTRE ELES, VALE SEREM RESSALVADOS O DA SOBERANIA, O DA CIDADANIA, O DA PRESERVAÇÃO E ENGRANDECIMENTO DOS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE CONCORRÊNCIA. TAIS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DEVERÃO ESTAR PRESENTES NA ANÁLISE DE TODOS OS DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS, POIS A CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA NÃO SE RESTRINGE APENAS AOS ARTIGOS CONTIDOS NO TITULO VII DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA. TAMBÉM APRESENTA SEU CONTEÚDO EM DIVERSOS OUTROS TÓPICOS DA CONSTITUIÇÃO. O TITULO VII DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA COMPÕE-SE DE QUATRO CAPÍTULOS: - PRINCIPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA; - POLÍTICA URBANA; - POLIÍICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA; - SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA O CAPÍTULO RELATIVO AOS PRINCÍPIOS GERAIS QUE DEVEM PRESIDIR A ATIVIDADE ECONÔMICA CENTRA-SE SOBRE TRÊS TEMAS BÁSICOS. - DISCRIMINAÇÃO DOS PRINCÍPIOS; - TRATAMENTO PROTECIONISTA AS EMPRESAS DE CAPITAL NACIONAL; - FIXAÇÃO DO PAPEL DO ESTADO DENTRO DA ORDEM ECONÔMICA. O PAPEL DO ESTADO NA ORDEM ECONÔMICA OS ARTIGOS 173 E 174 PROCURAM DEFINIR O PAPEL QUE DEVE PASSAR A SER DESEMPENHADO PELO ESTADO. O ARTIGO 173 REFERE-SE A EXPLORAÇÃO DIRETA DE ATIVIDADE ECONÔMICA PELO ESTADO, LIMITANDO-A. JÁ O ARTIGO 174

5 DELINEIA O PAPEL DO ESTADO COMO AGENTE NORMATIVO E REGULADOR DA ATIVIDADE ECONÔMICA. PRIVATIZAÇÃO O AFASTAMENTO DO ESTADO DENTRE AS CONSIDERAÇÕES SOBRE O NOVO PAPEL DO ESTADO NO ÂMBITO DA ATIVIDADE ECONÔMICA, DEVE-SE FAZER UMA MENÇÃO SOBRE O FENÔMENO PRIVATIZAÇÃO. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE MUDOU FUNDAMENTALMENTE O DIRECIONAMENTO JURÍDICO DA POSIÇÃO DO ESTADO NO CAMPO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. O ARTIGO 170, AO TRAÇAR OS PARÂMETROS DA ORDEM JURÍDICO-ECONÔMICA BRASILEIRA, PRIVILEGIOU O FUNDAMENTO DA LIBERDADE DE INICIATIVA, QUE, PELA SUA PROPRIA CONCEITUAÇÃO DOUTRINÁRIA E LEGAL, LIMITA A INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. VÊ-SE, ASSIM, QUE O CONSTITUINTE MODIFICOU INTEIRAMENTE A SITUAÇÃO ANTERIOR, VIGENTE AO TEMPO DA CONSTITUIÇÃO DE COM O TEXTO CONSTITUCIONAL VIGENTE, A EXPLORAÇÃO DIRETA DE ATIVIDADE ECONOMICA PELO ESTADO SÓ SERÁ PERMITIDA QUANDO NECESSÁRIA AOS IMPERATIVOS DA SEGURANCA NACIONAL OU A RELEVANTE INTERESSE PÚBLICO. PELO CONJUNTO DOS ELEMENTOS SIGNIFICATIVOS UTILIZADOS PELO LEGISLADOR CONSTITUINTE, CONCLUÍ-SE QUE SUA INTENÇÃO É DE PROIBIR A ATIVIDADE DO ESTADO COMO EMPRESÁRIO. A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DE 1.988, AS FUNÇÕES DO ESTADO FICARAM LIMITADAS AS ATIVIDADES DITAS ESSENCIAIS DO ESTADO, AS QUAIS ENCONTRAM-SE ELENCADAS NO TITULO VIII, OU SEJA, A SEGURIDADE SOCIAL, SAÚDE, EDUCAÇÃO E DEMAIS PROBLEMAS CORRELATOS. NO ÂMBITO DA ECONOMIA, O ESTADO ASSUME IMPORTANTE FUNÇÃO, QUAL SEJA A DE ZELAR SUPERIORMENTE E GARANTIR, ATRAVÉS DA FISCALIZAÇÃO, INCENTIVO E PLANEJAMENTO, A EFICÁCIA DOS PRINCÍPIOS TRAÇADOS NO ARTIGO 170 DA C.F.. OUTRAS FUNÇÕES DO ESTADO

6 OS ARTIGOS 175, 176, 177, 178 E 180 DA C.F., CONTEM NORMAS GARANTIDORAS DA ATUAÇÃO DO ESTADO EM DETERMINADOS DOMÍNIOS, COMO O DE PRESTAÇÃO DE SERVICOS PÚBLICOS SOB REGIME DE CONCESSÃO, O DA PROPRIEDADE DAS JAZIDAS, O DO MONOPÓLIO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL, O DO TRANSPORTE AÉREO, MARÍTIMO E TERRESTRE, E AINDA O DO TURISMO. ENTRETANTO, RESSALTA-SE AS ALTERAÇÕES SOFRIDAS NESTES DOMÍNIOS PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 9/95, A QUAL DISPÕE SOBRE A QUEBRA DOS MONOPÓLIOS ESTATAIS, DANDO NOVA REDAÇÃO AOS ARTIGOS 177 E 178 DA C.F..

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