SUPLEMENTAÇÃO DE BICARBONATO DE SÓDIO NA DIETA DE FRANGOS DE CORTE DURANTE O VERÃO 1
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1 ARS VETERINARIA, 15(1):67-73, SUPLEMENTAÇÃO DE BICARBONATO DE SÓDIO NA DIETA DE FRANGOS DE CORTE DURANTE O VERÃO 1 ( SODIUM BICARBONATE SUPPLEMENTATION IN BROILERS DIETS RAISED IN SUMMER ) S. A. BORGES 2, J. ARIKI 3, V. M. B. DE MORAES 4, C. L. MARTINS 5, D. SALVADOR 6, A. A. PEDROSO 7 RESUMO O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos da suplementação de bicarbonato de sódio ( ) na ração de frangos de corte sobre o desempenho produtivo, rendimento de carcaça, consumo de água e umidade da cama. Foram utilizados 1400 pintos machos da linhagem Ross com 21 dias de idade e criados até 49 dias. As aves receberam rações à base de milho e farelo de soja, com consumo à vontade, contendo 20% de proteína bruta e kcal EM/kg. Foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso em esquema fatorial 2x3+1 (idades: 21 e 35 dias X níveis de : 0,5, 1,0 e 1,5% + testemunha) com 5 repetições. Não houve efeito dos tratamentos (P>0,05) sobre o ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar, mortalidade, rendimento carcaça, peito, coxa + sobrecoxa, asa, pé + cabeça e gordura abdominal porém, ocorreu uma diminuição (P<0,05) no rendimento de dorso. Com o aumento dos níveis de houve maior (P<0,05) consumo de água, umidade de cama e relação água/ração. Os resultados não permitem apontar o como uma alternativa para minimizar os efeitos do calor sobre frangos de corte. PALAVRAS-CHAVE: bicarbonato de sódio, carcaça, estresse calórico, frango de corte. SUMMARY A trial was carried out to study the effects of sodium bicarbonate supplementation in broilers diets on performance, carcass yield, water consuption and litter moist. One thousand and four hundred males chicks Ross from 21 to 49 days old were reared in summer. The diets contained corn and soybean meal with 20% crude protein and 3,200 kcal ME/kg, fed ad libitum. A factorial 2x3+1 (age 21 and 35 day old x level of : 0.5, 1.0 and 1.5% + control) design with 5 replications was adopted. The treatments did not differ (P>0.05) on weight gain, feed intake, feed conversion, mortality, carcass yield, main carcass parts and abdominal fat, however a decrease (P<0.05) in the back yield was observed. When levels increased water intake, litter moisture and water/feed rate increased. The results did not support the indication of as an alternative to minimize the effects of heat stress in broiler chickens. KEY-WORDS: broiler, carcass, heat stress, sodium bicarbonate. 1 Parte da Dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada a FCAV/UNESP - Jaboticabal. 2, 7 Pós-Graduando FCAVJ/UNESP - Jaboticabal. 3, 4 Professores do Departamento de Zootecnia FCAVJ/UNESP - Rodovia Carlos Tonnani, km 05, Jaboticabal SP. 5 Pós-Graduando UNESP - Botucatu. 6 Pós-Graduando USP - Pirassununga.
2 68 ARS VETERINARIA, 15(1):67-73, INTRODUÇÃO Os efeitos deletérios da combinação da temperatura ambiente e umidade relativa elevadas nos meses quentes do ano sobre a taxa de crescimento, sobrevivência e conversão alimentar em frangos de corte há muito tem sido discutido. Do ponto de vista do balanço ácido-base, sob condições de temperatura e umidade relativa elevadas, a taxa respiratória e a temperatura do corpo aumentam (RAUP & BOTTJE, 1990), enquanto o gás carbônico do sangue diminui (BOTTJE & HARRISON, 1985). A queda no CO 2 sangüíneo resulta em uma alteração no balanço ácido-base denominada alcalose respiratória (MACARI et al., 1994). O bicarbonato de sódio ( ) tem sido usado pela indústria avícola na tentativa de minimizar as perdas por estresse calórico, particularmente durante o verão. Resultados favoráveis foram relatados por BALNAVE & GORMAN (1993), Souza e Silva (1995) citados por ROSTAGNO (1995), enquanto que BOTTJE & HARRISON (1985) e FISCHER DA SILVA et al. (1994) não encontraram efeito da suplementação de sobre o desempenho de frangos estressados pelo calor. Entretanto, o consumo de água foi significativamente aumentado pela suplementação de (BRANTON et al., 1986; WHITING et al., 1991). Esta ingestão de água é fundamental na manutenção do balanço hídrico das aves, visto que a ave tem a capacidade de igualar, por meio da ingestão, o volume de água perdido no estresse calórico (BELAY & TEETER, 1993; AIT-BOULAHSEN et al., 1995). A consequência imediata da maior ingestão de água é o aumento na umidade da cama (ALMEIDA, 1986; MACARI, 1996). Poucos estudos têm sido realizados para avaliar os efeitos da suplementação de sais de sódio e potássio sobre o rendimento de carcaça de frangos de corte submetidos ao estresse calórico. No entanto, trabalhos conduzidos por WHITING et al. (1991) revelaram que, nestas condições, a suplementação destes sais não tem efeito sobre a carcaça de frangos. Todavia, SMITH (1993) observou que aves criadas em temperaturas elevadas apresentaram menor rendimento de carcaça do que aquelas criadas em regime termoneutro. O presente trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos da inclusão de em rações de frangos de corte durante o verão, a partir de duas idades diferentes, sobre o desempenho produtivo, características de carcaça, consumo de água e umidade da cama. MATERIAL E MÉTODOS da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-UNESP- Campus de Jaboticabal e teve duração de 28 dias. Foram utilizados 1400 pintos machos da linhagem Ross que receberam rações semelhantes até 21 dias de idade, quando o experimento teve início. As aves foram distribuídas em boxes experimentais com 1,50 x 3,50m de dimensão, com 40 aves por unidade experimental. As rações, à base de milho e farelo de soja com consumo à vontade, foram formuladas para atender às exigências de proteína e energia metabolizável sugeridas para a linhagem, e ao NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC, 1994) para os demais nutrientes (Tabela 1). A composição dos alimentos seguiu as recomendações de ROSTAGNO et al. (1994). O arraçoamento foi dividido em três fases: 0 a 3 semanas, 3 a 6 semanas e 6 a 7 semanas de idade das aves, correspondendo respectivamente às rações inicial, crescimento e final. O foi adicionado em substituição à areia lavada. O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema fatorial 2x3+1 (idades de início de suplementação: 21 e 35 dias X níveis de : 0,5, 1,0 e 1,5% mais controle), com cinco repetições. A temperatura e a umidade relativa foram coletadas diariamente utilizando-se termômetro de bulbo seco e termohigrógrafo. A temperatura e o ph da água foi monitorado semanalmente, sendo feitas duas medidas por dia, correspondendo à hora mais quente (12:00-14:00 horas) e mais fresca do dia (6:00-7:00 horas). O ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar, consumo de água, relação água/ração, mortalidade e umidade da cama foram avaliados no período de 21 a 49 dias. A umidade da cama foi avaliada no final do experimento, sendo coletadas três amostras de aproximadamente 500 g por repetição, em pontos aleatórios, obedecendo distâncias simétricas com posterior homogeneização e quarteamento para composição de uma única amostra (250 g) por parcela. A determinação da matéria seca foi obtida pelo método da secagem em estufa com ventilação forçada e a avaliação, por diferença de peso. No 49 o dia de idade, as aves foram submetidas a um período de seis horas de jejum, pesadas duas por parcela, sacrificadas por sangria da jugular, depenadas, evisceradas e pesadas, sendo realizados cortes para avaliação de rendimento de peito, coxa + sobrecoxa, asa, dorso, pé + cabeça e gordura abdominal. Considerou-se como gordura abdominal a gordura depositada na região próxima à bursa de Fabrícius e a gordura aderida à moela e proventrículo. Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística, segundo BANZATTO & KRONKA (1995), e as médias comparadas pelo teste de Tukey (5%). O trabalho foi conduzido no aviário experimental
3 ARS VETERINARIA, 15(1):67-73, RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a Tabela 2, não houve efeito do (P>0,05) sobre o ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar, corroborando com BOTTJE & HARRISON (1985), quando suplementaram 1,0% de na dieta, e FONSECA (1997), embora este tenha usado níveis de suplementação de bicarbonato de sódio inferiores. Todavia Souza & Silva (1995), citados por ROSTAGNO (1995), constataram que as aves alimentadas com níveis crescentes (0; 0,6; 1,2 e 1,8%) de apresentaram melhora linear no ganho de peso e na conversão alimentar. Entretanto, FISCHER DA SILVA et al. (1994), fornecendo para frangos de corte, observaram uma tendência a melhores índices de ganho de peso e conversão alimentar, porém não comprovados estatisticamente. Esta tendência foi confirmada no presente trabalho, sendo que as aves suplementadas com 1,0% de apresentaram ganho de peso e conversão alimentar respectivamente, 4,5 e 2,63% melhores, quando comparadas ao grupo controle. Não houve influência da adição de na dieta sobre a mortalidade, muito embora o valor médio tenha sido 30% inferior para as aves suplementadas. Estes resultados não corroboram aqueles encontrados por BALNAVE & GORMAN (1993) que, utilizando 0,63% de na ração e 6,3g/l de na água, respectivamente, concluíram que a mortalidade foi significativamente diminuída durante o estresse, em função do aumento no consumo de água provocado pelo bicarbonato de sódio. Os dados de temperatura média (máxima 33,14 o C, mínima 21,61 o C), e umidade relativa (máxima 98%, mínima 50%) revelam valores acima da zona de termoneutralidade durante o período experimental, sugerindo que as aves sofreram estresse calórico crônico. Portanto, a possível ação do estaria na dependência da intensidade do estresse, da linhagem e/ou da combinação desses fatores visto que BORGES et al. (1996) encontraram respostas favoráveis à suplementação de cloreto de potássio (KCl), nas mesmas condições ambientais. Embora pouco se tenha trabalhado com a qualidade da água para aves, a literatura recomenda que a água deva ser fornecida a uma temperatura entre 20 e 24 o C com ph variando de 6 a 9 (MACARI, 1996). As avaliações feitas revelaram um valor médio da temperatura da água nos bebedouros de 27,5 o C, consideravelmente superior daquela descrita pelo autor citado anteriormente, podendo ter um efeito negativo sobre a temperatura corporal da ave. Entretanto, BEKER & TEETER (1994) observaram que o consumo de alimento e o ganho de peso melhoraram significativamente quando a temperatura da água foi mantida abaixo de 26,7 o C, valor este, muito próximo daquele encontrado no presente estudo. O ph médio da água obtido através das medidas nos bebedouros foi de 7,64, estando, portanto, dentro do limite normal. Considerando as avaliações sobre as condições da água de bebida das aves, não se pode atribuir à qualidade desta um efeito deletério sobre o desempenho das aves. O consumo de água (Tabela 3) foi influenciado tanto pelo nível quanto pela idade de início da suplementação (P<0,05). Aves que receberam 0,5% de a partir de 21 dias apresentaram maior consumo de água (P<0,05), comparado com as que receberam a mesma quantidade de a partir de 35 dias. Da mesma forma, a suplementação com 1,5% a partir de 21 dias foi efetiva em aumentar o consumo de água (P<0,05) quando comparada com 35 dias. Quando comparados os diferentes níveis de suplementação dentro da mesma idade, observou-se que apartir de 21 dias o nível de 1,5% provocou maior consumo de água (P<0,05), em relação a 0,5 e 1,0%, os quais não diferiram entre si. A partir de 35 dias, aves recebendo 1,0% de consumiram (P<0,05) mais água que aves com 0,5%, porém não diferindo de 1,5%. Estes resultados corroboram com aqueles apresentados por BRANTON et al. (1986), WHITING et al. (1991) e BALNAVE & GORMAN (1993) que observaram um aumento significativo no consumo de água quando adicionaram na água de bebida das aves. Este aumento pode estar relacionado à variação osmótica promovida por este sal (MACARI, 1996). De acordo com WHITING et al. (1991) e MACARI (1996), o consumo de água em altas temperaturas é significativamente maior que o consumo de água em condições de termoneutralidade. Do mesmo modo, em temperaturas elevadas há uma maior perda de água corporal (MACARI, 1996). Vários estudos mostram que a ave tem capacidade de igualar, através da ingestão, a água perdida no estresse calórico (BELAY & TEETER, 1993; AIT- BOULAHSEN et al., 1995). O aumento na ingestão de água é seguido por aumento no volume urinário porém, a relação urina excretada/água ingerida é praticamente inalterada (BELAY & TEETER, 1993), mantendo a homeostase aquosa (MACARI, 1996). Outras respostas indicam que o consumo de água fria tem a capacidade de diminuir a temperatura retal quando a capacidade de dissipação de calor é limitada devido ao estresse calórico (WIERNUSZ & TEETER, 1993), e que a perda de calor evaporativo aumenta com o consumo de água (BELAY & TEETER, 1993). Assim, durante o estresse calórico a água ganha importância fundamental nos mecanismos refrigeradores envolvidos na termorregulação da ave. Logo, a ave deve ingerir água de boa qualidade e com temperatura ideal para que a perda de calor por processos evaporativos seja eficaz. A tendência apresentada no presente trabalho em se obter melhor desempenho com a adição de pode estar ligado
4 70 ARS VETERINARIA, 15(1):67-73, TABELA 1 - Composições percentual e calculada das rações experimentais Ingredientes Rações (%) Inicial (1-21 dias) Crescimento (22-42 dias) Final (43-49 dias) Milho 53,18 55,11 55,35 Óleo de soja 4,42 6,27 6,19 Farelo de soja 38,32 33,58 33,53 Fosfato bicálcico 1,96 1,41 1,41 Calcário calcítico 1,11 1,21 1,21 Sal iodado 0,30 0,30 0,30 DL-M etionina (99% ) 0,09 0,00 0,04 Suplemento M ineral/vitamínico 1 0,60 0,60 0,45 Antioxidante (BHT) 0,02 0,02 0,02 Areia lavada 2 0,00 1,50 1,50 Total 100,00 100,00 100,00 Calculado Proteína Bruta, % 22,00 20,00 20,00 Energia Metabolizável, kcal/kg Cálcio, % 1,00 0,90 0,90 Fósforo disponível, % 0,45 0,35 0,35 M etionina, % 0,46 0,42 0,39 M etionina + Cistina, % 0,90 0,72 0,72 Lisina, % 1,10 1,00 1,00 1 Suplemento Mineral e Vitamínico: Nutricorte, Minermix (Nutremix-Premix e Rações Ltda., Monte Alto SP) 2 O bicarbonato de sódio foi adicionado nos níveis de 0,0, 0,5 1,0 e 1,5% em substituição à areia lavada TABELA 2 - Ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar, mortalidade, relação água:ração e umidade da cama em frangos de corte suplementados com Parâmetros Ganho de peso (kg) Cons. ração (kg) Conv. alimentar Mortalidade (%) 2 Agua:ração Umid. cama (%) (litro :k g) Controle 2,00* 3,78 1,90 7,50 2,62 35,60 Fatorial 2,05 3,79 1,85 5,25 2,73 39,99 Idades 21 dias 2,06 3,81 1,85 4,33 2,81A 1 41,54 35 dias 2,05 3,77 1,85 6,17 2,65B 38,45 Níveis de 0,5 2,02 3,77 1,87 6,00 2,60c 33,11b 1,0 2,09 3,85 1,85 4,25 2,73b 42,02a 1,5 2,05 3,77 1,84 5,50 2,87a 44,85a C.V. (%) 3,82 2,89 2,52 41,90 4,21 14,10 *Controle vs Níveis de. 1: Letras diferentes na mesma coluna indicam diferenças significativas entre as médias ao nível de 5% pelo teste de Tukey. 2: % de mortalidade transformada em Arc sen ν(x+1)/100 antes da análise de variância.
5 ARS VETERINARIA, 15(1):67-73, TABELA 3 - Efeito dos níveis de e idades de suplementação sobre o consumo de água por ave dia (l) em frango de corte de 21 a 49 dias de idade. Idades (dias) 0,0 0,5 1,0 1,5 Médias 21-0,36bA 1 0,37bA 0,41aA 0, ,33bB 0,38aA 0,36abB 0,36 Médias 0,35* 0,35 0,37 0,39 0,37 * Controle vs Níveis de : P>0,05 Níveis de (N): P<0,01 Idades(I): P<0,01 N x I: P<0,05 CV(%):5,24 1: Em cada linha(coluna), médias seguidas de letras minúsculas(maiúsculas) desiguais, diferem pelo teste de Tukey. TABELA 4 - Rendimento de carcaça, cortes e gordura abdominal em frangos de corte suplementados com Rendimento (%) Parâmetros Carcaça 2 Peito Coxa+Sobrecoxa Asa Dorso Pé + Cabeça Gordura abdominal Controle 81,20* 18,97 23,04 8,47 21,75 6,79 2,21 Fatorial 81,12 19,17 22,60 8,33 22,06 6,88 2,09 Idades 21 dias 81,16 19,19 22,72 8,35 22,16 6,94 2,00 35 dias 81,09 19,14 22,48 8,31 21,95 6,82 2,18 Níveis de 0,5 81,58 18,95 22,75 8,36 22,70A 1 6,69 2,13 1,0 80,66 19,15 22,33 8,20 21,94AB 6,93 2,12 1,5 81,13 19,40 22,74 8,44 21,53B 7,01 2,01 CV (%) 1,63 4,25 3,82 4,61, 4,00 4,49 16,35 *Controle vs Níveis de. 1: Letras diferentes na mesma coluna indicam diferenças significativas entre as médias ao nível de 5% pelo teste de Tukey. 2: Carcaça eviscerada sem penas e sangue. ao maior consumo de água. A umidade da cama foi afetada (P<0,01) pelo nível de inclusão de na dieta (Tabela 2). Estes resultados estão estritamente relacionados com o aumento da ingestão de água (Tabela 3) e conseqüente aumento da umidade das excreções, concordando com BALNAVE & GORMAN (1993), Souza & Silva (1995) citados por ROSTAGNO (1995) e MACARI (1996). Os valores de umidade de cama encontrados no presente estudo para aves suplementadas a partir de 21 dias e naquelas que receberam 1,0 e 1,5% de bicarbonato foram, respectivamente 41,54, 42,02 e 44,85%, extrapolando àqueles relacionados por ALMEIDA (1986) e MACARI (1996), que recomendam cama com umidade variando entre 20-30% e 10-40%, respectivamente. A umidade elevada dificultou o manejo das aves, particularmente na última semana de criação (42 a 49 dias). Outro aspecto a se considerar é a relação consumo de água:consumo de ração. Elevando-se a temperatura ambiente, houve um aumento na ingestão de água e redução no consumo de alimento, resultando em elevada relação água:ração e queda de desempenho (LEESON et al., 1976). A relação água:ração em aves aumenta de aproximadamente 2:1 em temperaturas moderadas para aproximadamente 5:1 a 35 o C (Balnave, 1989 citado por DAGHIR, 1991; ALMEIDA, 1986). A relação consumo de água:consumo de ração foi influenciada (P<0,01) tanto pelo nível quanto pela idade de início de suplementação. Aves suplementadas a partir de 21 dias e com 1,5% de apresentaram maior relação água:ração. Estes resultados mostram que o em quantidades elevadas e por períodos prolongados pode aumentar o consumo de água em frangos de corte durante o verão. Isto é importante pois, o estímulo à ingestão de água em temperaturas elevadas pode aumentar o consumo de ração, e estes fatores estão intimamente relacionados (LEESON et al., 1976; MACARI, 1996). A eficiência do em aumentar a relação água:ração, sem alterar o consumo de ração (Tabela 2), revela que o aumento no consumo de água tem efeito favorável em períodos quentes, podendo resultar em minimização dos problemas causados pelo estresse calórico.
6 72 ARS VETERINARIA, 15(1):67-73, A dissipação de calor e a eficiência na perda de calor evaporativo aumentam com o consumo de água (BELAY & TEETER, 1993) e, o potencial de perda de calor, via água de bebida, foi positivamente correlacionado com taxa de crescimento, consumo de ração e eficiência alimentar (BEKER & TEETER, 1994). Isso mostra que o equilíbrio hídrico é bem regulado durante o calor, desde que o frango tenha água disponível, pois, qualquer excesso é prontamente excretado. Portanto, durante temperaturas elevadas a ingestão de água tem importante papel nos mecanismos de perda de calor e na manutenção da homeostase. A provável ação do está condicionada ao fato de que os animais, recebendo este sal, aumentem o consumo de água, reduzindo os efeitos nocivos do calor (BALNAVE & GORMAN, 1993; AIT- BOULAHSEN et al., 1995; Souza & Silva, 1995 citados por ROSTAGNO, 1995). É pouco provável que exista outra ação do bicarbonato de sódio, uma vez que este sal pode estimular a liberação do íon carbonato, agravando o quadro de alcalose respiratória. Não houve efeito do (P>0,05) sobre o rendimento de carcaça, gordura abdominal, peito, coxa+sobrecoxa, asa e pé+cabeça (Tabela 4), corroborando com os resultados obtidos por WHITING et al. (1991). Todavia, com o aumento dos níveis de ocorreu uma diminuição (P<0,05) no percentual de dorso das aves, o que parece ser um resultado sem significado biológico. A falta de resposta sobre o rendimento de carcaça pode estar ligado ao fato de que a temperatura não tenha efeito sobre a deposição de gordura abdominal e rendimento de carcaça (BERTECHINI et al., 1991) e que, portanto, possíveis efeitos benéficos da suplementação de não teriam como se manifestar. Entretanto, SMITH (1993) e MACARI et al. (1994) relataram que as variações na temperatura ambiente podem causar alterações nas características de carcaça dos frangos de corte CONCLUSÕES De acordo com os resultados apresentados, a suplementação de na dieta de frangos de corte não interfere no desempenho, rendimentos de carcaça e partes e na deposição de gordura abdominal. A suplementação de promove maior consumo de água, resultando em aumento na relação consumo de água:consumo de ração e na umidade da cama. Estas respostas são dependentes da quantidade suplementada, bem como do tempo de suplementação de. Os resultados obtidos não permitem apontar o como uma alternativa para minimizar os efeitos do calor sobre frangos de corte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIT-BOULAHSEN, A., GARLICH, J. D., EDENS, F. W. Potassium chloride improves the thermotolerance of chickens exposed to acute heat stress. Poultry Science, v. 74, p , ALMEIDA, M. A. C. Fatores que afetam a umidade da cama. Avicultura Industrial, v. 76, p. 16-8, BALNAVE, D., GORMAN, I. A role for sodium bicarbonate supplements for growing broilers at high temperatures. World s Poultry Science Journal, v. 49, p , BANZATTO, D. A., KRONKA, S. N. Experimentação Agrícola. 3. ed., Jaboticabal: FUNEP/UNESP, p. BEKER, A. TEETER, R. G. Drinking water temperature and potassium chloride supplementation effects on broiler body temperature and performance during heat stress. Journal Applied Poultry Research, v. 3, p , BELAY, T., TEETER, R. G. Broiler water balance and thermobalance during thermoneutral and high ambient temperature exposure. Poultry Science, v. 72, p , BERTECHINI, A. G., ROSTAGNO, H. S., SILVA, M. A., OLIVEIRA, A. L. G. Efeitos da temperatura ambiente e nível de energia da ração sobre o desempenho e a carcaça de frangos de corte. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v. 20, p , BORGES, S. A., ARIKI, J., SALVADOR, D., PEDROSO, A. A. Suplementação de altos níveis de cloreto de potássio em rações de frangos de corte criados durante o verão. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIAS AVÍCOLAS, Curitiba. Anais... p.62. BOTTJE, W. G., HARRISON, P. C. Effects of carbonated water on growth performance of cockerels subjected to constant and cyclic heat stress temperatures. Poultry Science, v. 64, p , BRANTON, S. L., REECE, F. N., DEANTON, J. W. Use of ammonium chloride and sodium bicarbonate in acute heat exposure of broilers. Poultry Science, v. 65, p , DAGHIR, N. J. Broiler feeding and management in hot climates. Zootecnia Internacional, n. 10, p. 32-7, FISCHER DA SILVA, A. V., FLEMMING, J. S., FRANCO, S. G. Utilização de diferentes sais na prevenção do estresse calórico de frangos de corte criados em clima quente. Revista do Setor de Ciências Agrárias, v. 13, p , FONSECA, L. E. C. Controle do estresse térmico em frangos de corte através de aclimatação térmica aguda e da suplementação de bicarbonato de sódio e de cloreto de amônia em associação à restrição alimentar. Jaboticabal, 1997, 129p. Tese (Doutorado) - Faculdade
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