Pesquisa de opinião dos empresários sobre o ajuste fiscal e cortes no orçamento Junho /2015

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Pedro Lobo Pais
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1 Pesquisa de opinião dos empresários sobre o ajuste fiscal e cortes no orçamento Junho /2015

2 Para 75% dos empresários brasileiros, cortes orçamentários e elevação de impostos terão impacto negativo na economia do país O estudo sobre O ajuste fiscal e cortes no orçamento, conduzido pelo SPC Brasil e pela CNDL, pretende estabelecer qual é a opinião dos empresários dos segmentos do comércio e de serviços sobre o ajuste fiscal e os cortes orçamentários realizados recentemente pelo Governo Federal. Os objetivos incluem verificar o grau de conhecimento dos empresários sobre o assunto, bem como investigar de que forma eles imaginam que os ajustes e cortes poderão afetar seus negócios. A pesquisa também investiga a percepção dos empresários sobre os recentes escândalos de corrupção que vêm sendo apurados no Brasil, e de que modo essa situação impactou e ainda poderá impactar no desempenho das empresas. De início, observa-se que 90,5% dos entrevistados pelo menos ouviram falar das medidas que serão adotadas pelo governo federal, envolvendo cortes no orçamento e aumento de impostos. O percentual é maior na região Sudeste (94,5%) e menor nas regiões Centro-Oeste (82,1%) e Nordeste (82,6%). Dois em cada dez empresários (23,1%) afirmam saber muito sobre o tema, sendo que neste caso o menor percentual é o da região Norte (12,9%, contra 25,2% no Sudeste). 75,4% esperam algum impacto negativo na economia do país, seja pequeno, médio ou grande. Praticamente a metade dos empresários ouvidos (49,4%) acredita que as medidas terão grande impacto negativo, com percentuais maiores no Sul (60%) e no Nordeste (48,3%). Medidas do governo são consideradas desnecessárias e trarão retrocesso A opinião da maioria é baseada no fato de que as medidas são consideradas desnecessárias: seis em cada dez empresários (61,4%) acham que os cortes não são necessários e significam retrocesso para o país, aumentando ainda mais os problemas e retardando a volta do crescimento, sobretudo no Centro-oeste (70,6%) e no Nordeste (75,2%) do país. Outros 17,6% afirmam que as áreas de Saúde, Educação, Infraestrutura e Moradia, também afetadas pelos cortes, já são ruins e não há como piorar, enquanto

3 (16,7%) vão em direção contrária, ao dizer que os cortes são necessários e importantes para a retomada do crescimento do país. Quando os empresários são questionados sobre as consequências das medidas na empresa, observa-se que o pessimismo, de modo geral, é um pouco menor. 70,6% acreditam que haverá impacto negativo, com percentuais maiores nas regiões Centro-oeste (83,3%) e Sul (77,9%). A menor concentração de empresários que esperam grande impacto negativo está no Sudeste (27,5%). 75,7% dos entrevistados pelo SPC Brasil e CNDL acreditam que os cortes diminuirão as vendas da empresa, principalmente no Centro-Oeste (86,6%), Sul (80,3%) e Nordeste (80,2%). Oito em cada dez empresários esperam ter queda nos lucros 77,6% dos profissionais ouvidos afirmam que os cortes diminuirão o lucro da empresa, sendo que praticamente quatro em cada dez entrevistados (39,3%) esperam muita diminuição. Como desdobramento deste cenário desanimador, 26% dos empresários ouvidos afirmam que terão que demitir colaboradores/funcionários. Percebe-se que a situação é mais grave no Nordeste do país (39,9%). 67,7% dos empresários ouvidos acreditam que os impostos aumentarão até o final do ano, principalmente na região Centro-Oeste (80,3%). Dentre as consequências deste aumento estarão a diminuição no faturamento (73,6%, aumentando para 91% no Nordeste); retração no consumo e diminuição das vendas (73,1%, aumentando para 88,7% no Centro-Oeste); e a diminuição no crescimento da empresa (54,6%, aumentando para 69,4% no Nordeste). 74,6% dos empresários afirmam que os empréstimos em bancos estão mais caros, com juros mais altos nos últimos três meses (caindo para 55,6% na região Norte). Ao mesmo tempo, a metade da amostra (51,5%) acredita que os empréstimos são importantes, mas é melhor não fazê-los no momento, porque o cenário econômico é pouco favorável.

4 Escândalos de corrupção também afetam os negócios da empresa Em geral, 69,3% dos entrevistados acreditam que os escândalos de corrupção que estão sendo apurados afetam os negócios da empresa. Para 32,8% dos entrevistados os escândalos afetam muito os negócios. Ao mesmo tempo, 67,1% acredita que futuros escândalos poderão afetar os negócios da empresa, e quase um terço dos empresários ouvidos (30,4%) acredita que os negócios serão muito afetados. Conclusão O recente ajuste fiscal e os cortes orçamentários feitos pelo Governo Federal não foram bem recebidos pelos empresários brasileiros. Para 49% dos entrevistados pelo SPC Brasil e CNDL, as medidas terão grande impacto negativo na economia do país. E se forem consideradas as consequências danosas, independente do grau (se pequeno médio ou grande), o percentual de pessimistas salta para 75,4%. Ao justificarem sua opinião 61,4% dos entrevistados argumentam que os cortes não são necessários e significam retrocesso para o país, aumentando ainda mais os problemas e retardando a volta do crescimento (75,2% no Nordeste e 70,6% no Centro-oeste). Ao mesmo tempo, menos de dois em cada dez empresários ouvidos (16,7%) acreditam que os cortes são necessários e importantes para a retomada do crescimento do país. Observa-se, portanto, que a maior parte dos empresários está em desacordo com os rumos adotados pelo Governo, no que diz respeito às recentes medidas econômicas, apostando que este é o caminho errado. O pessimismo é igualmente expressivo quando são investigados os desdobramentos das medidas restritas ao âmbito das empresas: 70,6% acreditam que haverá impacto negativo. 31% acreditam que o impacto negativo será grande, aumentando nas regiões Sul (35,8%) (40,5%) e Centro-oeste (42,4%). A pesquisa indica que os empresários conseguem visualizar, na prática, os resultados do ajuste fiscal e dos cortes no orçamento: três em cada quatro (75,7%) falam em diminuição das vendas, e quase a mesma proporção (77,6%) aposta a diminuição nos lucros das empresas, sendo que essa queda será grande, na opinião de 39,3% da amostra. E para

5 26,0% dos entrevistados, o cenário formado pela queda nas vendas e mais intenso dos lucros resultará em demissões. 67,7% dos empresários ouvidos acreditam que os impostos aumentarão até o final do ano, o que, por sua vez, será o gatilho para diminuição no faturamento (73,6%), da retração no consumo (73,1%), e diminuição no crescimento da empresa (54,6%). A maior parte dos entrevistados (74,6%) também acredita que os empréstimos bancários estão mais caros, com juros mais altos nos últimos três meses. Além disso, o momento econômico é tido como pouco favorável para fazer um empréstimo (51,5%). A pesquisa do SPC Brasil e CNDL mostra ainda que a corrupção preocupa uma parcela significativa dos empresários brasileiros: 69,3% acreditam que os escândalos de corrupção que estão sendo apurados afetam os negócios da empresa. Praticamente a mesma proporção (67,1%) afirma que escândalos futuros afetarão os negócios da empresa. Pode-se concluir que o corte orçamentário e o reajuste fiscal, de modo geral, enfrentam a resistência e a desconfiança do empresariado. Boa parte não espera que as medidas resultem em benefícios, chegando mesmo a piorar a situação econômica do Brasil e de seus negócios. Para o empresário brasileiro, tanto no segmento do comércio quanto nos serviços, as medidas econômicas são equivocadas e poderão trazer graves consequências, minando o consumo, encolhendo os lucros, eliminando postos de trabalho, dificultando o crescimento e prejudicando a capacidade de as empresas tomarem capital. O entendimento dos empresários de que as medidas não são necessárias vai na contramão do que pregam os formuladores da política econômica e boa parte dos economistas. De fato, o aperto fiscal e monetário são potencialmente recessivos no curto prazo, com efeitos sobre as famílias e empresas. Mas, frente ao cenário de desequilíbrio das contas públicas e de aceleração da inflação, as medidas são inadiáveis. O Governo Federal havia escolhido anteriormente uma política de estímulo ao consumo e ao crescimento econômico via aumento de gastos estatais. Mas assim como ocorre no orçamento familiar, após alguns anos de gastos acima do orçamento, é necessário que o governo aperte os cintos e acerte as suas finanças. Equilibrar as contas públicas e eliminar as incertezas são condições necessárias para retomada do crescimento.

6 Metodologia Público alvo: Proprietários ou responsáveis pela gestão financeira de empresas de todos os portes, situadas nos 27 estados brasileiros. Método de coleta: pesquisa realizada via CATI, por telefone. Tamanho amostral da Pesquisa: 822 casos, gerando margem de erro no geral de 3,5 p.p para um intervalo de confiança a 95%. Data de coleta dos dados: 1 a 11 de junho de 2015.

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