Natimortalidade e Mortalidade até 21 Dias de Idade em Leitões da Raça Large White 1
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- Débora Anjos Ávila
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1 Rev. bras. zootec., 29(6): , 2000 (Suplemento 2) Natimortalidade e Mortalidade até 21 Dias de Idade em Leitões da Raça Large White 1 Mônica Calixto Ribeiro de Holanda 2, Severino Benone Paes Barbosa 2, Marcílio de Azevedo 2, Ivan Barbosa Machado Sampaio 3 RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar a natimortalidade e a mortalidade até 21 dias de idade em leitões da raça Large White. Foram utilizados dados de 3259 leitões provenientes de 335 leitegadas, nascidos no período de junho/85 a junho/96. Estudaram-se os efeitos de estação de parto, a idade da matriz ao parto, o tamanho da leitegada, o peso médio dos leitões ao nascer e o percentual de machos na leitegada sobre natimortalidade e mortalidade. A avaliação foi feita por análise de regressão múltipla, usando-se SAS (1996). Com exceção do percentual de machos na leitegada, as outras variáveis apresentaram efeito significativo sobre a mortalidade, que foi de 13,98%. Maiores porcentagens de mortalidade ocorreram nos meses de março a agosto (período das chuvas). Porcas com 3,12 anos de idade proporcionaram maiores estimativas de mortalidade. O tamanho da leitegada ao nascer determinou efeito linear sobre a mortalidade. O único efeito significativo constatado para natimortalidade foi o percentual de machos na leitegada, apresentando correlação linear inversa. A taxa de natimortalidade observada foi de 5,03%. Palavras-chave: estação de parto, idade da porca, leitegada, percentual de machos, peso médio da leitegada Stillborn and Mortality until 21 Days of Age in Large White Piglets ABSTRACT - The objective of this was to evaluate the stillborn and mortality rates until 21 days of age in Large White piglets raised in a commercial farm. A total of 3259 piglets from 335 litter was used. Litters were born from June/85 until June/96. The effects of some independent variables were studied, including birth season, age of sow at birth, litter size, average birth weight of piglets at birth and percentage of males in the litter. Evaluation was performed using the multiple regression analysis procedure from SAS, (1996). With the exception percentage of males in the litter, all other variables examined presented significant effects upon of mortality, which was 13.98%. Higher mortality ocurred during March through August (rainy period). Age of sow showed a quadratic response. Higher mortality were observed in females of 3.12 years of age. The size of the litter at birth determined a linear effect on the mortality. In relation to stillborn, the only significance effect observed was the percentage of males in the litter, with an inverse linear correlation. The stillborn observed was 5.03%. Key Words: age of sow at birth, average weight of piglets, birth season, litter, litter size, percentage of males Introdução A suinocultura, por ser uma produção em larga escala, trabalha com limites estreitos de lucros e resultados. Para que o retorno financeiro seja positivo, faz-se necessário reduzir os custos de produção, em que a nutrição é a principal responsável. Além da nutrição, o manejo também pode contribuir para ampliar a margem de rendimento. O tamanho da leitegada, o número de partos/porca/ano, o número de leitões desmamados, assim como a mortalidade prédesmame e a natimortalidade, são características que provocam forte impacto econômico na suinocultura. A mortalidade na espécie suína pode atingir altos índices do nascimento à desmama, de 15 a 18%. Dentro desses índices, 2,4 a 10,0% dos leitões morrem durante o parto (LISBOA, 1996), mantendo-se em patamares altos até a primeira semana de vida do leitão. Portanto, está na primeira fase da criação de suínos grande parte do sucesso da produção. Se a mortalidade pré-desmame for reduzida em 1 ou 2%, já haverá maior retorno econômico (SOUSA E BENEVIDES FILHO, 1981), além de o número de leitões desmamados refletir o nível tecnológico da exploração. A mortalidade é, portanto, considerada a maior responsável pela baixa taxa de desfrute nacional (GOMES et al.,1992). A estação de parto pode influir significativamente na natimortalidade (UPNMOOR, 1984, LISBOA, 1996, FIREMAN et al., 1997) e na mortalidade 1 Dissertação apresentada pela primeira autora para obtenção do título de Mestre em Produção Animal. 2 Professor do Departamento de Zootecnia da UFRPE. R. D. Manoel de Medeiros, S/N - Dois Irmãos - Recife/PE. E.mail: monicacalixto@bol.com.br; benone@nelore.npde.ufrpe 3 Professor do Departamento de Zootecnia da UFMG.
2 (PETROCELLI et al., 1994, FIREMAN et al., 1997). Entretanto, FAHMY e BERNARD (1971), MILAGRES et al. (1981) e FONSECA et al. (1988) foram unânimes quando afirmaram não haver efeito desta variável sobre a mortalidade embrionária e a mortalidade de leitões do nascimento até o desmame. Existem evidências de que a natimortalidade e a mortalidade, também estão associadas à idade da matriz, à medida que aumenta a ordem de parição. RANDALL (1972) e CAVALCANTI et al. (1979) observaram efeito linear significativo a partir da sexta ordem de parição sobre a natimortalidade, o que implica no fato de que a natimortalidade se eleva com o aumento da prolificidade da fêmea. Segundo NO- GUEIRA (1986) e MUNARI (1991), o tamanho da leitegada interfere na duração do parto e, conseqüentemente, na viabilidade dos leitões, assim como na taxa de natimortos, embora MARCATTI NETO e BARBOSA (1988) não tenham observado efeito significativo dessa variável sobre a natimortalidade. De maneira semelhante, MUNARI (1991), MORES (1993) e PETROCELLI et al. (1994) afirmaram que a maior prolificidade apresentada pelas porcas com o avanço da idade determina o nascimento de leitões com menores pesos individuais e, portanto, com menores chances de sobrevivência do nascimento ao desmame. IRGANG e NICOLAIEWISKY (1977), FEDALTO (1979) e MILAGRES et al. (1981) não verificaram efeito da idade da matriz ao parto sobre a mortalidade. Há poucos relatos na literatura sobre a influência do percentual de machos na leitegada sobre a natimortalidade e mortalidade pré-desmame, mas, de modo geral, o sexo implica na possibilidade de que haja diferenças de resposta no desempenho dos animais. O dimorfismo sexual sobre a natimortalidade foi observado por BERESKIN et al. (1973) e FAHMY et al. (1978), que encontraram diferença significativa, verificando que a mortalidade de machos foi superior à de fêmeas, atribuindo esta diferença a maior peso ao nascer dos machos; fato que não foi constatado por POMEROY (1960), o qual, mesmo tendo um número de machos significativamente maior em relação ao de fêmeas, não verificou diferença estatística entre a mortalidade para os dois sexos. O tamanho da leitegada é também importante causa de variação sobre a natimortalidade e a mortalidade até o desmame. MARCATTI NETO e BARBOSA (1988), FONSECA et al. (1988) e LISBOA (1996) verificaram que o aumento do percentual de natimortos estava associado ao número HOLANDA et al de leitões ao nascimento, enquanto POMEROY (1960), FAHMY e BERNARD (1971), TYLLER et al. (1990) e MORES (1993) constataram esse efeito sobre a mortalidade de leitões do nascimento ao desmame. Outra informação importante e necessária para a avaliação do desempenho de uma exploração suinícola são o peso médio dos leitões ao nascer, o tamanho da leitegada e o peso médio dos leitões, que podem afetar a natimortalidade e a sobrevivência dos leitões, do nascimento até os 21 dias de idade. Com o objetivo de avaliar estas variáveis, foram usados dados de leitegadas de um plantel da raça Large White, criado na Zona da Mata do Estado de Pernambuco. Material e Métodos Foram utilizadas informações de 3259 leitões provenientes de 335 leitegadas da raça Large White, nascidos no período de junho de 1985 a junho de 1996, de uma granja comercial localizada no município de São Lourenço da Mata, PE. Do total dos 335 partos analisados, 54,63% ocorreram na época seca e 45,37%, na época chuvosa. Os dados das ocorrências meteorológicas, coletados na Estação do Curado, foram obtidos no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET- 3 o Distrito) e mostraram haver distribuição bem definida da precipitação pluviométrica no local do estudo. Assim, trabalhou-se com duas épocas de parição denominadas: seca, compreendida entre os meses de setembro e fevereiro, com precipitação mensal média de 83,6 mm 3, temperatura ambiental média compensada de 26,1ºC e umidade relativa do ar média de 74,7%, e chuvosa, entre os meses de março e agosto, com precipitação pluviométrica mensal média de 327,2 mm 3, temperatura ambiental média compensada de 25,7ºC e umidade relativa do ar média de 83%. As matrizes do plantel ficavam alojadas em baias coletivas de até cinco fêmeas, até a confirmação da prenhez. Ao final dos 28 a 30 dias, após a cobertura, as fêmeas foram novamente expostas ao reprodutor para confirmação da prenhez. Após a confirmação, foram transferidas para o galpão de gestação e mantidas em gaiolas individuais. Neste galpão as fêmeas prenhes receberam, diariamente, uma média de 2 kg de ração de reprodução e água ad libitum. De 10 a 14 dias antes do parto, as matrizes foram vermifugadas, lavadas e conduzidas à maternidade. A maternidade, antes do recebimento das matrizes, foi lavada e desinfetada e, depois de seca, a instalação foi caiada. As matrizes foram então, alojadas em
3 2278 Rev. bras. zootec. celas parideiras individuais, com gaiolas de contenção, as quais não possuíam bebedouro nem escamoteador para os leitões, deixando-os expostos aos efeitos da época de nascimento. Na maternidade, as fêmeas permaneceram até os 21 dias após o parto nas celas parideiras, sendo a partir desta data remanejadas dentro da própria instalação, para baias coletivas, mantendo-se duas fêmeas por baia, com suas respectivas leitegadas, até o dia do desmame (30 dias pós-parto). Ao desmame, os leitões foram colocados em creche coletiva com gaiolas suspensas. Os leitões nascidos receberam, já no primeiro dia, a mossa (sistema australiano de marcação) e tiveram os dentes cortados. Ao terceiro dia, receberam, via intramuscular, administração de ferro dextrano. Após o parto, todos os dados da leitegada (número total de leitões nascidos, número de nativivos e natimortos, peso total da leitegada ao nascer, data do parto, sexo e número de tetos) foram anotados na ficha da matriz e transferidos para formulário-padrão. Os dados foram analisados por regressão múltipla, usando-se o programa SAS (1996). As variáveis causais incluídas, consideradas como possíveis determinantes nas taxas de natimortalidade e mortalidade dos leitões, foram: época de parto, idade da matriz ao parto, tamanho da leitegada (vivos e mortos), peso médio do leitão ao nascer e percentual de machos na leitegada. Os dados percentuais de natimortalidade e mortalidade foram submetidos à transformação angular (arcoseno % ), expressos em radianos. Os efeitos para a natimortalidade foram quantificados com o uso do modelo de regressão múltipla: Y i = a + b 1 X 1 + b 2 X 2 + b 3 X 3 + b 4 X 4 em que Y i é i-ésimo valor observado da variável resposta (transformado em radianos); a, o intercepto; b 1, b 2, b 3 e b 4, coeficientes de regressão parcial de X sobre Y; X 1, efeito da época de parto (sendo 1 de set. a fev. e 2 de mar. a ago.); X 2, efeito da idade da matriz, em anos (0,84 a 6,25); X 3, efeito do tamanho da leitegada ao nascer (2 a 17); e X 4, efeito do percentual de machos na leitegada (0 a 90%). Para a mortalidade pré-desmame, o modelo usado foi: Y i = a + b 1 X 1 + b 2 X 2 + b 3 X 3 + b 4 X 4 + b 5 X 5 + b 6 X 6 em que Y 1 é i-ésimo valor observado da variável resposta (transformado em radianos); a, o intercepto; b 1, b 2, b 3, b 4, b 5 e b 6, coeficientes de regressão parcial de X sobre Y; X 1, efeito da época de parto (sendo 1 de set. a fev. e 2 de mar. a ago.); X 2, efeito da idade da matriz em anos (0,84 a 6,25); X 3, efeito quadrático da idade da matriz; X 4, efeito do tamanho da leitegada ao nascer (2 a 15); X 5, efeito do peso médio do leitão ao nascer, em kg (0,52 a 2,04); e X 6, efeito do percentual de machos na leitegada (0 a 90%). Resultados e Discussão A taxa média de natimortalidade observada foi de 5,03%. Este resultado está de acordo com os valores verificados por FAHMY e BERNARD (1971), CAVALCANTI et al. (1977), MILAGRES et al.(1981) e SIMPLÍCIO et al. (1990), que observaram variação de 4,76 a 7,02% na taxa de natimortalidade dos leitões nas raças Landrace, Large White e Duroc. Observou-se que a única fonte de variação que determinou mudanças significativas na taxa de natimortalidade foi o percentual de machos na leitegada (P<0,01), tendo-se verificado que, quanto maior a quantidade de machos, menor a natimortalidade. De acordo com STANTON e CARROLL (1974), isto é explicado pelo maior peso e vigor apresentado pelos leitões machos, conferindo-lhes, provavelmente, maior resistência e, portanto, maiores condições de enfrentar a transição da vida intra-uterina para a extra-uterina, por serem morfologicamente menos imaturos. Este resultado contraria, porém, os obtidos por FAHMY et al. (1978), os quais afirmaram que leitões mais pesados correm maior risco no momento do parto, em função da dificuldade de expulsão, aumentando, dessa maneira, a taxa de natimortalidade. A época de parto não apresentou efeito significativo sobre a natimortalidade, possivelmente pelo fato de a temperatura média do ambiente, tanto na época chuvosa (25,7 o C) quanto na época seca (26,1 o C), ter permanecido dentro da faixa de termoneutralidade para fêmeas em gestação, que é de 16 a 27 o C (MORES, 1993). Associada à temperatura, a umidade relativa do ar, mesmo tendo sofrido aumento de 8,3% da época seca para a chuvosa, também se encontrou no intervalo de 60 a 90%, sugerido como aceitável por SOBESTIANSKY (1989). Assim, estes dois elementos climáticos não foram capazes, provavelmente, de causar transtornos fisiológicos às matrizes prenhes, não alterando a taxa de natimortalidade. Com relação ao efeito da idade da matriz ao parto, o resultado obtido contraria as observações feitas por FONSECA et al. (1988), que relataram o efeito linear significativo, da idade da matriz ao parto sobre a
4 HOLANDA et al natimortalidade. Há evidências de que a Foi determinada, por meio de derivação matemática, a idade da porca que maximiza esse efeito, cujo natimortalidade está associada à idade da porca com o aumento da ordem de parição (MARCATTI NETO valor foi de 3,12 anos. e BARBOSA, 1988), tendo o tamanho da leitegada, Da mesma forma que os efeitos da época de parto conseqüentemente, influência sobre a duração do e da idade da fêmea ao parto, o tamanho da leitegada parto, determinando efeito sobre a natimortalidade não mostrou significância sobre a natimortalidade, (MUNARI, 1991). Se b 2 = 0,014 (Tabela 1), para encontrando-se, porém, próximo do nível significativo cada ano a mais de idade da matriz, a natimortalidade P = 0,0567, o que sugere o alto grau de importância aumentaria de 1,4 (sob codificação). desse efeito sobre a natimortalidade. O tamanho da Se a variação da idade da matriz ao parto fosse leitegada variou de 2 a 17 leitões nascidos e para cada grande, a natimortalidade poderia aumentar muito, o 10 leitões a natimortalidade já corresponde a 0,005%, que não deve ter ocorrido no plantel pelo número quando descodificado. restrito de fêmeas em determinadas faixas etárias, Este resultado não-significativo do tamanho da pois, do total de 335 partos, 233 ocorreram até a leitegada sobre a natimortalidade pode ser explicado quarta ordem de parição, o que corresponde aproximadamente a 2,33 anos de idade (Tabela 2). leitões nascidos por fêmea (abaixo da média nacional pelo fato de o plantel ter apresentado média de 9,72 Portanto, se a natimortalidade tem relação direta para a raça Large White). Os resultados obtidos para com a prolificidade e 69,55% das fêmeas que compunham o plantel ainda não tinham atingido sua produ- CAVALCANTI et al. (1977), MILAGRES et al. esta fonte de variação discordam dos descritos por tividade máxima, que é da quinta à sexta ordem de (1981), MARCATTI NETO (1986) e FONSECA et parto (FREITAS et al., 1992), deduz-se que a idade al. (1988), que verificaram associação significativa média das matrizes ao parto (2,07 anos), provavelmente, não determinou efeito significativo sobre a leitegada ao nascimento. entre o percentual de natimortos e o tamanho da natimortalidade, corroborando os resultados A taxa média de mortalidade dos leitões até os 21 encontrados por MILAGRES et al. (1981) e dias de idade, foi de 13,98%. Este resultado foi FONSECA et al. (1988). superior aos 5,5% encontrados por GARDNER et al. A idade da matriz ao parto variou de 0,84 a 6,25 (1989), porém semelhante aos índices observados por anos (10 a 75 meses de idade), o que corresponde até SIMPLÍCIO et al. (1990) e STEIN (1990), que encontraram valores de 13,41 e 14,5%, a décima ordem de parição, aproximadamente. respectivamente. Tabela 1 - Resumo das análises de regressão para natimortalidade e mortalidade até 21 dias de idade Table 1 - Summary of the regression analysis to stillborn and mortality until 21 days of age Variável Natimortalidade Mortalidade Variable Stillborn Mortality b b Intercepto 0, , Intecept Época de parto -0, ns 0, * Birth season Idade da porca (linear) 0, ns 0, ** Age of sow at birth (linear response) Idade da porca (quadrático) - -0, ** Age of sow at birth (quadratic response) Tamanho da leitegada 0, ns 0, * Litter size Peso médio ao nascer - -0, ** Average weight of piglets Percentual de machos -0, ** 0, ns Percentage of males b - coeficiente de regressão (b - coefficient of regression). ns - não-significativo P(>0,05) (ns - not significant [P>.05]). * - P<0,05; ** - P<0,01.
5 2280 Rev. bras. zootec. Tabela 2 - Distribuição dos partos das matrizes da raça Large White por classe de idade, em anos, e por época de parição Table 2 - Distribution of parturitions the Large White sows by classes of age, in years, and by season partition Classes de idade Número de partos % Classes of age Number of parturitions 0,84 a 1, ,66 1,34 a 1, ,28 1,84 a 2, ,61 2,34 a 2, ,24 2,84 a 3, ,37 3,34 a 3, ,58 3,84 a 4, ,28 4,34 a 4,83 6 1,79 4,84 a 5,33 7 2,10 5,34 a 5,83 4 1,19 5,84 a 6,25 3 0,90 Total ,00 Ao contrário do que aconteceu com a natimortalidade, o percentual de machos na leitegada foi a única característica que não afetou significativamente a taxa de mortalidade. Maior mortalidade ocorreu no período das chuvas (março a agosto), em que as condições climáticas foram inadequadas para o bom desenvolvimento e sobrevivência dos leitões, com temperatura média mensal de 25,7 o C aliada à variação na umidade relativa do ar média de 83%, corroborando os resultados obtidos por FIREMAN et al. (1997). Neste período, a temperatura média mensal esteve abaixo da faixa de conforto térmico, que varia de 32 a 34 o C para leitões recém nascidos, e de 29 a 31 o C para leitões até o desmame (PERDOMO, 1987). Segundo este mesmo autor, a interação do frio ambiental com a umidade e o manejo podem provocar perdas de 50 a 100% da leitegada pela redução da ingestão de colostro, concorrendo para maior sensibilidade dos leitões às doenças de origem bacteriana e virótica. A idade da matriz ao parto determinou efeito quadrático (P<0,01) sobre a mortalidade; maiores taxas foram observadas em porcas com 3,12 anos de idade, com mortalidade estimada em 9,13%. A idade da porca exerce efeito direto sobre o tamanho da leitegada ao nascer e a maior prolificidade, alcançada por volta da quinta ou sexta ordem de parto e, conforme MILAGRES et al. (1981) e SIMPLÍCIO et al. (1990), tem influência indireta sobre o peso individual dos leitões, que já nascem mais leves, à medida que aumenta o tamanho da leitegada, elevando os riscos por esmagamento e/ou inanição. Portanto, à medida que aumentou o tamanho da leitegada, ocorreu maior mortalidade pré-desmame. Além do tamanho da leitegada, a situação é agravada com a competitividade pelo leite materno e, às vezes, pela insuficiência de tetos funcionais para atender toda a leitegada (TYLLER et al., 1990). O peso médio do leitão ao nascer (1,35 kg) foi a variável que mais contribuiu para determinar diferentes porcentagens de mortalidade. À medida que aumenta o peso médio do leitão ao nascer, aumentam suas chances de sobrevivência. No presente estudo, as taxas estimadas de mortalidade foram superiores a 20% para leitões com peso médio abaixo de 0,9 kg, enquanto em leitões mais pesados, com mais de 1,7 kg ao nascer, a mortalidade foi praticamente nula. Este resultado significativo do peso ao nascer sobre a mortalidade pré-desmame foi semelhante ao descrito por MÜLLER-HAYE et al. (1978), FAHMY et al. (1978), BRITT (1986), TYLLER et al. (1990), MUNARI (1991) e NEAL e IRVIN (1991). Mesmo variando de 0 a 90%, o percentual de machos na leitegada não provocou efeito significativo sobre a taxa de mortalidade, confirmando o resultado obtido por POMEROY (1960), em que o sexo não interferiu na mortalidade pré-desmame. Este fato mostra que, após o nascimento, o fator sexo é pouco relevante como causa da mortalidade dos leitões. Provavelmente, o desempenho dos animais é uma característica intrínseca ao indivíduo (habilidade), e não ao fato de ser macho ou fêmea, discordando dos resultados obtidos por FIREMAN (1994), verificando que a mortalidade dos machos foi 4,2% maior que a das fêmeas. O resumo da estatística simplificada das variáveis independentes estudadas são encontradas na Tabela 3.
6 HOLANDA et al. Tabela 3 - Estatística simples das variáveis estudadas em leitegadas Large White Table 3 - Single statistics of variables studied in Large White piglets 2281 Variável n Média Desvio-padrão Soma Mínimo Máximo Variable n Mean Standard deviation Sum Minimum Maximum Época de parto 335 1,4537 0, ,00 1,00 2,00 Birth season TL 335 9,7283 2, ,00 2,00 17,00 Litter size Idade da fêmea 335 2,0781 1, ,19 0,84 6,25 (efeito linear) Age of sow (Linear effect) Idade da fêmea 335 5,5793 6, ,07 0,70 39,06 (efeito quadrático) Age of sow (quadratic effect) % de machos , , ,00 0,00 90,00 % of males Peso médio ao nascer 335 1,3500 0, ,25 0,52 2,04 Mean weight at birth Peso médio 21 dias 335 5,0395 1,0034-0,00 7,86 Mean weight at 21 days Natimortalidade 335 0,1130 0, ,88 0,00 0,91 Stillborn Mortalidade 335 0,2786 0, ,33 0,00 1,57 Mortality Conclusões A estação de parto, a idade da matriz ao parto, o tamanho da leitegada e o peso médio do leitão ao nascer são fontes de variação que devem ser consideradas para avaliação da mortalidade dos leitões até 21 dias de idade. Maiores taxas de mortalidade foram observadas na época das chuvas (março a agosto), o que pode ser solucionado adotando-se manejos adequados para as porcas e, principalmente, suas leitegadas, com o fornecimento de uma fonte aquecedora para os leitões. Na avaliação da natimortalidade, deve-se considerar o percentual de machos na leitegada. Agradecimento Ao produtor rural Aluísio José Maranhão Dias, pela cessão dos dados produtivos da raça Large White, e ao Instituto Nacional de Meteorologia - INMET (3 o Distrito - Recife), pelo fornecimento dos dados meteorológicos que deram suporte ao estudo. Referências Bibliográficas CAVALCANTI, S.S., BARBOSA, A. S., SAMPAIO, I.B.M. et al Estudo da Natimortalidade em suínos. R. Bras. Reprod. Anim., 1(13):9-19. CAVALCANTI, S.S., SAMPAIO, I.B.M., BARBOSA, A.S Efeito da duração do parto na incidência de leitões natimortos. Arquivos da Escola Veterinária da UFMG, 31(1): BERESKIN, B., SHELBY, C.E., COX, D.F Some factors affecting pig survival J. Anim. Sci., 36(5): BRITT, J.H Improving sow productivity through management during gestation, lactation and after weaning. J. Anim. Sci., 63(4): FAHMY, M.H., BERNARD, C Causes of mortality in Yorkshire pigs from birth to 20 weeks of age. Can. J. Anim. Sci., 51: FAHMY, M.H., HOLTMAN, W.B., MACINTYRE, T.M. et al Evaluation of piglets mortality in 28 two-breed crosses among eight breeds of pigs. Anim. Prod., 26: FEDALTO, L.M. Fontes de variação de tamanhos e pesos de leitegada, do nascimento aos 21 dias de idade, nas raças Duroc, Landrace e Large White. Viçosa, MG: UFV, p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, FIREMAN, F.A.T., SIEWERDT, F., FIREMAN, A.K.B.A Efeito da sazonalidade sobre a natimortalidade e mortalidade de leitões até 21 dias de idade. Ciência Rural, 27(3):
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