PARECER ÙNICO DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL NCA/DPB Nº 003 /2009

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1 PARECER ÙNICO DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL NCA/DPB Nº 003 / CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO Empreendedor: MINERAÇÃO DF II LTDA Empreendimento: Lavra de diamante e ouro Processos COPAM: 00138/1988/003/2004; 00138/1988/004/2004 e 00138/1988/005/2004 Classe: 03 Atividade: Lavra em aluvião, exceto areia e cascalho CNPJ: / Endereço: Av. Juscelino Kubitschek, Centro - Gouveia - MG Localização: Campo - Zona Rural - Distrito de Costa Sena Município: Gouveia, Conceição do Mato Dentro e Datas Referência: LICENÇA DE INSTALAÇÃO - LI Validade: 04 anos Valor de referencia do empreendimento: R$ ,00 (três milhões e duzentos mil reais), conforme informações repassadas pela Valor do GI 0,4450% Valor da Compensação ambiental R$ R$14.507,00 (quatorze mil quinhentos e sete reais) 2 ANÁLISE TECNICA O empreendimento refere-se à uma lavra de diamante e ouro como subproduto, em planicie aluvionar e terraços, localizados, segundo os Pareceres DINME 144,145 e 146/2006, fora da faixa de preservação permanente do rio Paraúna, sendo a projeção de lavra no leito do rio negada nesta fase do licenciamento. Localiza-se numa região de transição entre os biomas do cerrado e da Mata Atlântica, caracterizada por expressivas áreas de campo rupestres, que vem sofrendo fortes impactos ambientais pela.exploração mineraria, cata de minério e atividades agropecuárias, nos municípios de Gouveia, Conceição do Mato Dentro e Data (Figura 1). O empreendedor informou em 13/10/2009 que o tempo de vida útil do empreendimento é de 12 anos. Optou-se por analisar neste parecer os três processos -COPAM nº 138/88/03/04 (DNPM /83), 138/88/04/04 (DNPM /83) e 138/88/05/04 (DNPM /83) por serem localizados próximos, buscando a contextualização do efeito das tres lavras nesta região, que historicamente, vem sofrendo impactos signficativos por tais atividades.

2 Embora a lavra prevista seja de 91,9 hectares e sua área diretamente impactada, de aproximadamente 127,16 ha, a concessão de lavra abrange 1.000ha., uma extensão considerável, quando se trata de uma área de campo rupestre - um ecossistema especialmente protegido, pela Lei Esta mineração, foi primeiramente licenciada pela Câmara de Mineração e Bacias Hidrográficas do COPAM, em 15/02/90, que concedeu a Licença de Instalação - LI - à empresa Hanna do Brasil Ltda, detentora, à época, dos direitos de lavras conforme DNPMs acima citadas. Posteriormente, em janeiro de 2004, a FEAM reuniu-se com representantes da Mineração DF II, atual detentora destes DNPMs e acordaram pela formalização de um novo processo de licenciamento através de LI, o que ocorreu em 18/08/2004, com a apresentação do RCA/PCA. Segundo os Pareceres DINME o método de lavra prevê a lavra nas planícies aluvionares e terraços, com remoção do estéril e cascalho. A lavra será dividida em faixas paralelas, através de cavas sucessivas, com utilização de dragline (draga de arraste) e retro escavadeira. O método de recuperação das cavas lavradas propõe a sua realização a partir da abertura da terceira cava e foi analisado e considerado satisfatório, visto a extensão das mesmas. Citam, ainda, que a empresa informa que a lavra a seco será toda desenvolvida fora da APP. Para o beneficiamento foi proposta uma planta gravimétrica móvel, que quando instalada em planície aluvionar, será alimentada com uso de correia transportadora, o que diminui o impacto ambiental em relação ao transporte por caminhões basculantes. Deverá ainda, ser objeto de quatro locações no decorrer do projeto, estando estas alterações compreendidas nas áreas dos processos em tela. Quando a lavra for desenvolvida em terraços, deverá ser feito uso de caminhões basculantes em função do aumento na relação estéril/minério. Figura 1 Localização, aproximada, das atividades de lavra da DF II na região de Datas, Gouveia e Conceição do Mato Dentro e das Unidades de Conservação (SIAM).

3 Segundo os Pareceres Técnicos DINME 144,145 e 146/2006 os estudos apresentados no RCA/PCA permitiram identificar os seguintes impactos causados pela mineração alteração no solo; emissão de efluentes atmosféricos; remoção de vegetação rasteira; alteração na qualidade das águas; carreamento de material particulado; afugentamento da avefauna, mastofauna, entomofauna e herpetofauna; descaracterização de vegetação; surgimento de processos erosivos e impacto visual; além dos impactos gerados pela intervenção no leito do rio. Os pareceres citam que o empreendedor apresentou as seguintes medidas de controle ambiental: uso de metodologia adequada na lavra; a disposição controlada de rejeito e estéril; o emprego de bacias de decantação; a recuperação das áreas lavradas; o monitoramento ambiental; a disposição adequada dos resíduos líquidos e sólidos; e a implantação de programa de educação ambiental, medidas como a recomposição de área proporcional à área impactada; o controle das voçorocas e como proposta alternativa, a implantação de ponte para pedestres na localidade de Tombadouro. 3 - HISTÓRICO PROCESSUAL Em 15/02/90 a Câmara de Mineração e Bacias Hidrográficas do COPAM, em reunião no dia, concedeu a Licença de Instalação - LI - através do Processo Administrativo COPAM/SMA/PA/No 138/88/02/89, à empresa Hanna do Brasil Ltda que era a detentora das áreas do DNPMs analisadas nesteparecer, Em 08/01/04 em reunião, a gerência da DINME, a PRO e representantes da empresa, acordou-se a formalização de novo processo de licenciamento, a ser iniciado pela LI Em 18/08/2004 a empresa formalizou um novo processo de licenciamento através de LI, com a apresentação do RCA/PCA. Em 22/02/2007 foram concedidas, pela Câmara de Mineração do COPAM, as licenças de instalação para as atividades de lavra referente aos processos FEAM 00138/1988/003/2004; 00138/1988/004/2004 e 00138/1988/005/2004; Em 27/11/2007 deu entrada no NCA oficio (s/n e data) da Mineração DFII solicitando os procedimentos para o cumprimento da compensação ambental; Em 21/01/2008, o NCA em reunião o Sr. João Antonio Lisardo Dias, da FEAM, repassounos alguns dados sobre o empreendimento Em 21/01/2008 o NCA encaminhou ao empreededor solicitando dados complementares Em 22/01/2008 o Sr Mauro Ruiz Alves, reuniu-se informações solicitadas; com o NCA e apresentou as Em 23/01/2007 foi repasssado ao empreendedor o valor apurado da compensação ambiental, a forma e modos de quitação do mesmo.

4 Em 24/01/2008 o empreendedor encaminhou , com sua concordância com relação aos modos e formas de quitação da compensação ambiental. Em 09/10/2009 o empreendedor encaminhou a planilha de valor de referência do empreendimento. Em 13/10/2009 o NCA encaminhou ao empreendedor as considerações finais deste parecer e o quadro 1- recebendo no mesmo dia o de acordo do empreendedor quanto ao valor apurado e forma e modos de cumprimento da compensação ambiental devida, exceto no que diz respeito ao tempo de vida útil do empreendimento é de 12 anos e não superior a 20anos como havíamos lhe computado. 4 - CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA APLICAÇÃO DOS RECURSOS O Parecer Técnico DINME 146/2006 cita que a Mineração DF II adquiriu lavras em análise da empresa Hanna do Brasil Ltda, que em 15/02/90, havia recebido LI pela Câmara de Mineração e Bacias Hidrográficas do COPAM. Em 08/01/2004 em reunião, técnicos da gerência da DINME, da PRO/FEAM e representantes da empresa, acordaram que o emprrendedor deveria formalizar de novo processo de licenciamento, a ser iniciado pela LI, o que ocorreu em 18/08/2004. Conforme discutido com técnico da FEAM João Antonio Lisardo Dias deve-se considerar, que embora as áreas núcleo da mineração encontram-se descaracterizadas, não se pode proceder uma análise pontual, deve-se contextualizar o empreendimento na região, que, historicamente, vem sofrendo impactos signficativos pelas atividades da exploração mineral, em especial lavras de diamante e ouro, como neste processo. É notório que toda e qualquer atividade mineraria causa impacto significativo sobre o meio ambiente, conforme identificado nos Pareceres Técnicos DINME 144/2006; 145/2006 e 146/2006, supra citados. Tomando-se como base os pontos georreferenciados das lavras, não foi identificado nenhuma unidade de conservação de proteção integral na faixa de 10Km do empreendimento. Embora identificada nesta proximidade, a A APA Municipal Barão e Capivara, no minicipio de Gouvêa o empreendimento não está inserida na mesma e nem a impacta diretamente (Figura 1), razão pela qual não foi indicada como beneficiária do recurso. Pelo Mapa Biodiversidade de Minas Gerias Um Atlas para sua Conservação as atividades de lavra estão inseridas em área considerada de importância extremamente alta para conservação da biodiversidade. Os Pareceres da DINME não citam para a área nenhum espécie da flora e da fauna constantes das listas oficiais de espécies raras, endêmicas, vulneráveis ou ameaçadas de extinção. Embora sabe-se que os campos rupestres são detendores de espécies de alto grau de endemismo., não há citação destas nos Pareceres analisados, razão pela qual não pontuamos este quesito.

5 O empreendedor informou que empreendimento não interfere nos aqüíferos da região e que o tempo de vida útil do empreendimento é de 12 anos, conforme pontuamos na Tabela 1. Considerando-se: - O GI apurado com base nos impactos listados nos pareceres DINME e na Tabela 1 é de 0,4450% - o valor de referencia do empreendimento - R$ ,00 (três milhões e duzentos e sessenta mil reais) O valor devido da compensação ambiental é de R$14.507,00 (quatorze mil quinhentos e sete reais). Como o empreendimento não impacta diretamente nenhuma UC, sugerimos que os recursos sejam aplicados da seguinte forma: R$ ,90 (70% )para regularização fundiária das UCs conforme o POA-2007 R$3.626,75 (25%) para bens e serviços R$725,35 (5%) para oportunidades. Os recursos deverão ser repassados ao IEF em 4 parcelas iguais e consecutivas, conforme acordado com o empreendedor, sendo que o planejamento desta ação, em caráter executivo deverá constar do Termo de Compromisso a ser assinado entre o empreendedor e o IEF. 5 - ANÁLISE JURÍDICA Apesar de este empreendimento ter um licenciamento atípico, em função da sucessão de empreendedores na exploração da referida lavra de diamante e ouro, o fato de ter sido concedida licença de instalação ao empreendimento, com estabelecimento de condicionante relativa à compensação ambiental, na vigência da Lei do SNUC autoriza sob o aspecto temporal a exigência da referida medida compensatória. Os impactos ambientais causados pelo empreendimento foram considerados significativos, de modo que está presente o requisito fundamental para a legalidade da exigência da compensação ambiental. Quanto ao valor da compensação ambiental do empreendimento, é importante esclarecer que, por força da decisão do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº 3378, a forma de cálculo da compensação ambiental foi declarada inconstitucional, de modo que a DN COPAM Nº 94/06 não pode mais ser aplicada. Nesse sentido, com a superveniente entrada em vigor do Decreto Nº /09, os dispositivos nele previstos passaram a reger o cálculo da compensação ambiental. Assim, verificando-se que a composição do valor de referência apresentado pelo empreendedor, bem como o cálculo do grau de impacto, limitado a 0,5%, atendem ao formato do Decreto Nº /09, fica o empreendedor obrigado ao pagamento de R$14.507,00 (quatorze mil quinhentos e sete reais) a título de compensação ambiental,

6 correspondentes à 0,4450% de R$ ,00 (três milhões e duzentos e sessenta mil reais). Sob o aspecto jurídico, não há nenhuma inconformidade na proposta de aplicação dos recursos constante deste parecer, uma vez que a mesma está de acordo com o disposto no Decreto nº 4.340/02 e no Plano Operativo Anual aprovado pela CPB/COPAM. Importa esclarecer que o empreendimento não afeta nenhuma unidade de conservação, razão pela qual não incide a obrigação imposta pelo 3º do art. 36 da Lei do SNUC. 6 - CONCLUSÃO Ressalta-se, ainda, que o cumprimento da compensação ambiental não exclui a obrigação de atender às condicionantes definidas nos processos de licenciamento e demais exigências legais e normativas. Nesses termos, somos pela aprovação do cumprimento da medida compensatória, como exposto. Este é o parecer smj Belo Horizonte,13 de outubro de de 2009 Original assinado Maria do Carmo Brandão Teixeira Bióloga CRBio 00381/4-D NCA/IEF Marina Brandão Póvoa OAB-MG Consultor Jurídico do Núcleo Compensação Ambiental - IEF/MG

7 Quadro 1 Calculo do grau de impacto e do valor correspondente da compensação ambiental Empreendimento - Mineração DF II Processo COPAM :0130/1988/003/2004 Valoração Fatores de Relevância (%) Valoração Ocorrência de espécies ameaçadas de extinção, raras, endêmicas, novas e vulneráveis e/ou interferencia em áreas de e reprodução, de pousio ou distúrbios de rotas migratórias 0,0750 Introdução ou facilitação de espécies alóctones (invasoras) 0,0100 Interferencia /supressão de vegetação, acarretando ecossistemas especialmente protegidos (Lei ) 0,0500 0,0500 fragmentação outros biomas 0,0450 0,0450 Interferencia em cavernas, abrigos ou fenômenos cársticos e sítios paleontológicos 0,0250 Interferência em UCs de proteção integral, seu entorno (10km) ou zona de amortecimento 0,1000 Interferência em áreas Importância Biológica Especial 0,0500 prioritárias para a Importância Biológica Extrema conservação, conforme Biodiversidade em Minas Gerais Um Atlas para sua Importância Biológica Muito Alta Conservação Importância Biológica Alta Alteração da qualidade físico-química da água, do solo ou do ar 0,0250 0,0250 Rebaixamento ou soerguimento de aqüíferos ou águas superficiais 0,0250 Transformação ambiente lótico em lêntico 0,0450 Interferência em paisagens notáveis 0,0300 0,0300 Emissão de gases que contribuem efeito estufa 0,0250 0,0250 Aumento da erodibilidade do solo 0,0300 0,0300 Emissão de sons e ruídos residuais 0,0100 0,0100 Somatório Relevância 0,2150 Indicadores Ambientais Fator de temporalidade (vida útil do empreendimento) Duração Imediata 0 a 5 anos 0,0500 Duração Curta - > 5 a 10 anos 0,0650 Duração Média - >10 a 20 anos 0,0850 0,0850 Duração Longa - >20 anos 0,1000 Total indice de temporalidade 0,3000 0,0850 Fator de Abrangencia Área de Interferência Direta do empreendimento 0,0300 0,0300 Área de Interferência Indireta do empreendimento 0,0500 Total índice de Abrangencia 0,0300 Somatório FR+(FT+FA) 0,4450 Grau do Impacto 0,4450 Valor de referencia do empreendimento R$ ,00 Valor da compensação ambiental R$14.507,00