AMOSTRAGEM SEQÜENCIAL NA CONDUÇÃO DO TESTE DO RAIOS X EM SEMENTES DE MAMONA (RICINUS COMMUNIS)
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- Stefany Fartaria Barateiro
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1 AMOSTRAGEM SEQÜENCIAL NA CONDUÇÃO DO TESTE DO RAIOS X EM SEMENTES DE MAMONA (RICINUS COMMUNIS) Verônica Yumi Kataoa, Débora Gabriela Silva, Maria Laene Moreira Carvalho, Marcelo Silva de Oliveira, Adriana Lopes Gouveia. ¹Universidade Federal de Lavras, veronicayumi@terra.com.br, debora-gabi@hotmail.com, mlaenemc@ufla.br, marcelo.oliveira@ufla.br, drigouveabr@yahoo.com.br Resumo - Objetivou-se com este trabalho verificar a possibilidade de estabelecer um limite de porcentagem de sementes com danos que não afetasse a germinação para comercialização de sementes de mamona. Por conseguinte determinar o tamanho da amostra necessária no teste de raios X para avaliar a qualidade do lote por meio de um plano de amostragem seqüencial truncado. As sementes provenientes das bicas e 4, da mesa densimétrica, foram dispostas em placas de isopor com 00 sementes e radiografadas. Formaram-se posteriormente sub-lotes com diferentes porcentagens de danos leves, severos e sementes vazias, sendo submetidas ao teste de germinação. Após o estabelecimento de um limite para a porcentagem de sementes com danos e a germinação para comercialização, foram avaliados novamente os resultados do teste de raios X por meio de um plano de amostragem seqüencial truncada, sendo estabelecido o valor de p0 = 5% e de p = 20%. Para cada bica, os resultados dos testes seqüenciais individuais e o teste global com as médias foram coincidentes. Conclui-se que, lotes com alta porcentagem de danos (acima de 5%), tem sua germinação afetada negativamente e que amostras de 25 sementes são suficientes para a detecção de até 5% de danos. Palavras chave: análise de Imagem, danos interno, tamanho de amostra. INTRODUÇÃO A cultura da mamoneira (Ricinus communis) é importante por seus vários produtos e coprodutos, destacando-se o óleo e a torta de mamona. Um dos grandes desafios para a produção do óleo de mamona para o suprimento da demanda de combustíveis alternativos ao petróleo é a produção de sementes em quantidade e qualidade suficientes. Na avaliação da qualidade de sementes de mamona é tradicionalmente utilizado o teste de germinação que apresenta limitação pela sua característica destrutiva e por demandar em torno de 5 dias para sua realização, segundo Brasil (992). O teste de raios X vem se destacando como uma alternativa viável na avaliação da qualidade por sua simplicidade, rapidez e eficiência na detecção de danos internos nas sementes (CARVALHO; OLIVEIRA, 2006)
2 No controle da qualidade de sementes os testes são realizados em amostras dos lotes, sendo a representatividade das amostras e a viabilidade operacional fatores fundamentais para a utilização de procedimento de amostragem e inferência estatística neste controle. Neste contexto, a amostragem seqüencial tem um papel de destaque, pois, este tipo de plano amostral vem sendo desenvolvido na tentativa de se conseguir amostras que expressem a sua real qualidade e que ao mesmo tempo possibilite a redução do tamanho da amostra do teste, o que se traduz em eficiência de uso das sementes, confiança nos dados obtidos e igualdade dos riscos na tomada de decisões, ou seja, controla simultaneamente os erros tipo I e tipo II (WALD, 947). Porém, deve se observar que em algumas situações, como por exemplo, em lotes com qualidades fisiológicas medianas, o procedimento seqüencial apresenta como fator limitante à possibilidade de se necessitar de amostras relativamente grandes, ou pelo menos não vantajosa em relação à amostragem tradicional de tamanho fixo. Uma solução para este problema seria limitar o número de sementes ensaiadas em um valor n-máximo; desta forma, construindo-se um teste seqüencial truncado (SANTANA, 994). Objetivou-se com este trabalho verificar a possibilidade de estabelecer um limite para a porcentagem de sementes com danos que não afetasse a germinação para comercialização de sementes de mamona. Por conseguinte determinar o tamanho da amostra necessária no teste de raios X para avaliar a qualidade do lote por meio de um plano de amostragem seqüencial truncado. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Sementes da Universidade Federal de Lavras. Foi utilizado um lote de sementes da cultivar Guarani, produzida e comercializada no estado de Minas Gerais. As sementes foram beneficiadas por meio de mesa densimétrica e classificadas em sementes provenientes das bicas, 2, 3 e 4. Em uma primeira fase, as sementes provenientes das bicas e 4 foram dispostas em placas de isopor com 00 sementes (4 repetições de 25), e radiografadas em equipamento HP faxitron modelo 43855A com intensidade de 30Kv por minuto. De acordo com a morfologia interna visualizada nas radiografias, foi efetuada a classificação em: a) sementes cheias: aquelas que contêm todos os tecidos essenciais para a germinação; b) sementes com danos leves: aquelas que contêm menos que 40% de tecido danificado, c) sementes com danos severos: aquelas que contêm mais de 40% de tecido danificado; d) sementes vazias: sementes sem embrião. Formaram-se posteriormente sub-lotes com 0%, 5%, 0%, 5%, 20% e 25% de danos leves, severos e sementes vazias, proporcionais aos resultados obtidos na avaliação do perfil dos lotes. As sementes desses sub-lotes foram submetidas ao teste de germinação, segundo Brasil (992), e
3 avaliados estatisticamente por meio da Análise de Variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Scott- Knott, com nível de significância de 5%. Após o estabelecimento de um limite para a porcentagem de sementes com danos e a germinação para comercialização de sementes de mamona, foram avaliados novamente os resultados do teste de raios X por meio de um plano de amostragem seqüencial truncada. A intenção era verificar qual seria o tamanho de amostra necessária para se tomar uma decisão sobre a qualidade fisiológica dos sub-lotes de sementes (bicas e 4) quanto a porcentagem de danos (p); sendo testada a hipótese H0: p=p0 contra H: p = p. O desenvolvimento do teste seqüencial da razão de probabilidade (TSRP) truncado para esta situação determinou que em cada grupo amostrado (tamanho m) deveria ser contado o número de sementes com dano (X para o primeiro grupo, X2 para o segundo, etc) e comparado com os limites de decisão L0, limite inferior e L, limite superior. Se para um dado tamanho n de amostra, proveniente de grupos de m sementes, isto é, n = m, o total acumulado i de sementes com dano era igual ou menor do que L0, então tomava-se a decisão de não rejeitar H0, considerando então que o lote deveria ser aceito. Se i era igual ou maior que L, rejeitava-se H0 considerando o lote como rejeitado quanto a porcentagem de sementes com danos. Se L0 < i < L continuava-se amostrando. Para a determinação dos valores de Lo, e L foram utilizados os modelos matemáticos apresentados em Wald (947). Cada placa de isopor contendo as sementes radiografadas foi dividida em 4 quadrantes, dessa forma o tamanho dos grupos de sementes ensaiados sequencialmente foi fixado em 25 (m), formandose 8 () grupos, utilizando-se 2 placas para cada teste seqüencial, totalizando 200 sementes. Como, por exemplo, para a bica tinha-se a disposição placas (00 sementes), então foram feitos arranjos de 2 placas, perfazendo um total de 0 testes possíveis. Para bica 4, com 4 placas foram realizados 82 testes. Além dos testes individuais foi realizado um teste global para cada bica a partir da média dos valores do i de sementes com dano para cada grupo de todos os testes. Vale salientar que este procedimento foi possível porque cada placa foi considerada como um ensaio independente, ou seja, a formação de um teste com a placa e placa 2 nesta ordem, foi considerada diferente do teste das placa 2 e.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para comparação das médias de germinação (%) de acordo com as 5 proporções de sementes foi realizado o teste de Scott-Knott com nível nominal de significância de 5%. Com os resultados podese verificar que para as amostras com 0% a 5% de danos às médias de germinação (89,00 a 76,00) foram consideradas estatisticamente iguais. De posse dessa informação foi possível estabelecer o limite de 5% para a porcentagem de danos críticos que não afetasse a germinação para comercialização de sementes de mamona, sendo então determinado o valor de p0 para o TSRP truncado com este valor, e de p = 20%, que indica que o lote pode ser descartado sem a necessidade da realização do teste de germinação. Para o sub-lote da bica os resultados da avaliação dos 0 testes seqüenciais indicaram que, em 67,57% dos casos, 25 sementes avaliadas seriam suficientes para que o lote fosse considerado dentro do padrão de germinação, baseado no percentual de danos; e em apenas 3,64% dos testes deveria se continuar amostrando. Já para o sub-lote da bica 4 em 7,98% dos 82 testes mostraram que o lote poderia ser rejeitado com base no percentual de danos com a avaliação de 25 a 75 sementes, reduzindo drasticamente a quantidade, tempo e os custos necessários numa amostragem convencional de tamanho fixo igual a 200 sementes. Para os resultados do TSRP truncado para as médias de todos os testes foram esboçados os gráficos para as bicas e 4 (Figura ) com as linhas de decisão e os valores do 8 i. Com os resultados apresentados na Figura para a bica a recomendação seria a análise de amostras de 25 sementes para que o lote fosse considerado dentro do padrão de germinação, baseado no percentual de danos, e para a bica 4 seria rejeitar o lote com 50 sementes, o que coincide com os resultados dos testes individuais e com a qualidade fisiológica observada nos lotes. Esses resultados já eram esperados uma vez que o percentual de danos detectados no sublote da bica foi de 0,55%, abaixo do valor de p0, enquanto da bica 4 foi de 36,93%.
5 CONCLUSÃO Lotes de sementes de mamona com alta porcentagem de danos (acima de 5%), visualizados por meio do teste de Raios X, têm sua germinação afetada negativamente. O tamanho da amostra necessária para a detecção de danos internos em sementes de mamona é variável em função da qualidade fisiológica do lote, sendo que amostras de 25 sementes são suficientes para a detecção de até 5% de danos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de Sementes. Brasília: CLAV/DNDV; SNAD/MA, p. CARVALHO, M. L. M; OLIVEIRA, L. M. Raios X na avaliação da qualidade de sementes. Informativo ABRATES, v. 6, n.,2,3, p SANTANA, D. Adaptação do teste do ph do exsudato e viabilidade do uso da amostragem seqüencial na rápida definição sobre o destino de lotes de sementes de milho (Zea mays L.) p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fitotecnia) Universidade Federal de Lavras, Lavras. WALD, A. Sequential Analysis. New Yor: John Wiley, p. Número de sementes com dano Rejeita o lote Não rejeita o lote Número de sementes com dano Rejeita o lote Não rejeita o lote Tamanho da amostra (n) Tamanho da amostra (n) (a) Figura. Resultado do TSRP truncado para as médias de todos os testes das bicas (a) e 4 (b). (b)
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