1. DOS ERROS NA APRESENTAÇÃO DO RECURSO HIPÓTESE DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA Ref. Processo nº /2015 Concorrência nº 06/2015 ÚNICA PLANEJAMENTO EM COMUNICAÇÃO LTDA., pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o nº / , sediada na Rua Frederico Simões, nº 125, Edf. Liz Empresarial, sala 1501, Caminho das Árvores CEP: , Salvador/BA, neste ato representada por seus sócios Sr. MARCELO EDUARDO PEREIRA DE AZEVEDO e Sr. BRUNO CALMON REIS MENDES, vem à presença de V. Exª, tempestivamente, apresentar CONTRARRAZÕES ao recurso ofertado pela PROPEG COMUNICAÇÃO S.A., nos moldes a seguir apontados. 1. DOS ERROS NA APRESENTAÇÃO DO RECURSO HIPÓTESE DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO Primeiramente, cabe ressaltar que o recurso interposto pela PROPEG COMUNICAÇÃO S.A. não pode ser conhecido tendo em vista que viola os dispositivos nº 23.4 e 23.5 que disciplinam as regras de interposição de impugnação e recurso. 1

2 Em verdade, os citados dispositivos exigem o reconhecimento da firma do subscritor e cópia do documento de identidade do mesmo, além de procuração comprobatória dos poderes de representação, vejamos: 23.4 Na forma do art. 202 da Lei Estadual nº 9.433/05, caberá RECURSO, com suas razões apresentadas por escrito; com firma reconhecida do subescritor e cópia do documento de identificação do mesmo; subscrito por representante habilitado legalmente com procuração comprobatória com poderes para tanto, sendo devidamente protocolados no Protocolo Geral Protocolo Geral do Ministério Público do Estado da Bahia, cujo endereço consta no item XII do Edital, até às 18:00 horas do quinto dia útil da decisão, a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata Não serão conhecidas impugnações e recursos: apresentados fora do prazo legal; subscritos por representante não habilitado legalmente para responder pelo proponente; sem firma reconhecida do subescritor Não houve reconhecimento de firma na assinatura posta nas razões recursais da PROPEG COMUNICAÇÃO S.A., o que, por si só, já impossibilita o conhecimento deste recurso por erro grosseiro em sua formalidade. Ademais, não há protocolo na peça, o que impossibilita a análise do local onde foi protocolado, dia e horário. Frise- se que o edital exige que o recurso seja entregue no Protocolo Geral do Ministério Público do Estado da Bahia até às 18:00 horas do quinto dia útil da decisão. 2

3 Tratando- se a tempestividade de pressuposto de admissibilidade e sendo impossível, no caso em tela, precisar local, dia e horário do protocolo das razões recursais da PROPEG COMUNICAÇÃO S.A., o recurso não pode ser conhecido, sob pena de violar gravemente o edital. Assim, diante dos flagrantes vícios formais existentes, requer não seja admitido o apelo da PROPEG COMUNICAÇÃO S.A. 2. DA CORRETA DESCLASSIFICAÇÃO DA PARTE RECORRENTE OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO Na remota hipótese de ser conhecido o recurso da PROPEG COMUNICAÇÃO SA, no que não acredita a ora Recorrida, e aplicando- se o princípio da eventualidade, necessário se faz demonstrar a ausência de erro por parte desta respeitável Comissão ao desclassificar a empresa Recorrente. Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a PROPEG COMUNICAÇÃO S.A. foi desclassificada por vício de forma presente em seu Envelope nº 01, tendo em vista que a licitante apresentou a proposta do Envelope B em desacordo com o item , alínea e, do Edital, deixando de observar o correto espaçamento entre as linhas exigido, conforme trecho adiante transcrito: O Plano de Comunicação Publicitária via não identificada deverá ser confeccionado e apresentado respeitando a seguinte forma: [...] e) com espaçamento simples entre as linhas; 3

4 A Recorrente inicia requerendo a nulidade de todo processo licitatório, pois, no seu entendimento, esta Comissão violou o instrumento convocatório ao publicar as notas dos concorrentes desclassificados antes do término do prazo recursal. Em verdade, a atitude da Comissão, sem desrespeitar as regras presentes no Edital, atendeu o Princípio Constitucional da Publicidade previsto no art. 37 da Carta Magna. É sabido que a Administração Pública tem o dever de manifestar e divulgar todos os atos que praticar, salvo se houver expressa determinação legal que determine sigilo. O Princípio da Publicidade gera maior transparência ao processo, sendo, portanto, mais do que um elemento de formalidade, um requisito de eficácia e moralidade dos atos. Cabe ressaltar que a Comissão, ao divulgar a nota dos participantes, ponderou exaustivamente que sua conduta estava pautada na transparência de todos os seus atos com o intuito de dar maior lisura à sua atuação. Frise- se que todos os concorrentes estavam presentes e concordaram com a divulgação das notas. De dizer- se, ainda, que a divulgação das notas possibilitou o amplo conhecimento da avaliação a cada um dos participantes e, consequentemente, contribuiu até mesmo para a interposição dos recursos, tendo em vista que cada um soube exatamente a avaliação dos seus projetos e o preenchimento de cada um dos requisitos estabelecidos no Edital. Não há, portanto, qualquer nulidade no presente processo licitatório, uma vez que a Comissão tem agido sempre pautada nas regras do Edital da 4

5 Concorrência Pública nº 06/2015 e nos princípios que regem os atos administrativos, enfatizando- se o Princípio da Publicidade. Ademais, aduz a Recorrente que houve violação ao Princípio da Isonomia, pois, segundo ela, a Comissão não teria agido com o mesmo rigor com a ÚNICA PLANEJAMENTO EM COMUNICAÇÃO LTDA e com a SLA PROPAGANDA LTDA. Ocorre que ambas as concorrentes citadas não infringiram o Edital nos moldes alegados nas razões recursais da PROPEG COMUNICAÇÃO S.A. Com relação à ÚNICA, cabe pontuar que sua proposta foi produzida dentro de todas as determinações presentes no Edital. A Recorrente alega que houve desrespeito ao espaçamento nas margens e à centralização do título, ocorre que, as páginas impugnadas são meramente páginas utilizadas para separar os capítulos da proposta. As citadas páginas não compõem a proposta em si e nem sequer são somadas à quantidade de páginas, tendo, na verdade, o único intuito de organizar melhor a proposta e deixá- la visualmente mais apresentável e clara. Em outras palavras, as páginas impugnadas não trazem qualquer espécie de conteúdo, apenas demonstram que um capítulo foi finalizado e destacam o título do capítulo que irá se iniciar na página seguinte. Com relação a elas, cabe ressaltar, não existe no Edital regra específica, pontuando o item a simplicidade de sua utilização, vejamos: 5

6 Podem ser utilizadas páginas isoladas com a finalidade de separar o Plano de Comunicação Publicitária via não identificada e separar e identificar os seus subquesitos: Raciocínio Básico, Estratégia de Comunicação Publicitária, Ideia Criativa e Estratégia de Mídia e Não Mídia Não há necessidade de lançar nessas páginas os subitens deste edital a que correspondem o quesito e seus subquesitos nem os textos expressos nesses subitens Essas páginas devem seguir as especificações do subitem , no que couber e não serão computadas no limite previsto no item Observa- se, primeiramente, que a utilização não é obrigatória, podendo o licitante optar por colocar estas páginas isoladas ou não. Em segundo lugar, da interpretação da essência do Edital observa- se a simplicidade atribuída a essas páginas, já que expressamente determina que não serão computadas no limite previsto no item e isenta o participante de lançar os subitens a que correspondem o quesito, seus subquesitos e os textos expressos nesses subitens. Por fim, em terceiro lugar, o Edital estabelece que as especificações do subitem só devem ser aplicadas no que couber e não de forma abrangente. Assim, não há que se falar em qualquer causa de anulabilidade da concorrência, porque, conforme demonstrado, a ÚNICA não transgrediu qualquer regra, estando, pois, perfeita a apresentação de sua proposta. Em sede de última argumentação, aduz a Recorrente que houve violação aos princípios da proporcionalidade, da ampla competitividade, da busca da 6

7 proposta mais vantajosa e do formalismo moderado, pois acredita que houve formalismo exacerbado na atuação da Comissão. Razão não lhe assiste, uma vez que a formalidade exigida se trata da obrigatória vinculação ao Edital. É evidente que as propostas apresentadas em uma licitação, rigorosamente, precisam atender a todos os requisitos previstos no Edital, razão pela qual não possui qualquer suporte de juridicidade a pretensão recursal da PROPEG. Destaque- se que um dos princípios da Licitação é o da vinculação ao instrumento convocatório, que, segundo Celso Antônio Bandeira de Mello,...obriga a Administração a respeitar estritamente as regras que haja previamente estabelecido para disciplinar o certame, como, aliás, está consignado no art. 41 da Lei (in Curso de Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Malheiros, p. 13) Complementando tal conceito, José dos Santos Carvalho Filho ensina que o princípio da vinculação tem extrema importância. Por ele, evita- se a alteração de critérios de julgamento, além de dar a certeza aos interessados do que pretende a Administração. E se evita, finalmente, qualquer brecha que provoque violação à moralidade administrativa, à impessoalidade e à probidade administrativa. (in Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, p. 248) Ora, a leitura do Edital em foco revela que o texto da proposta deve ser elaborado com espaçamento simples, o que reforça a total impertinência do apelo apresentado, o qual deve ser veementemente rechaçado, por violar os princípios licitatórios aqui invocados. 7

8 Nos termos do art. 41 da Lei , "A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada". Conclui- se do dispositivo legal acima que o legislador impôs a atuação administrativa restritiva ao Edital de modo a resguardar a legalidade da licitação. Frise- se que a lei utiliza a palavra "estritamente" justamente para afastar qualquer possibilidade de "moderação" nas regras formais previstas em Edital. Marçal Justen Filho, de forma clara, assevera que "Ao submeter a Administração ao princípio da vinculação ao ato convocatório, a Lei nº impõe o dever de exaustão da discricionariedade por ocasião de sua elaboração. Não teria cabimento determinar a estrita vinculação ao edital e, simultaneamente, autorizar a atribuição de competência discricionária para a Comissão indicar, por ocasião do julgamento de alguma das fases, os critérios de julgamento. Todos os critérios e todas as exigências deverão constar, de modo expresso e exaustivo, no corpo do edital." (in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, Editora Dialética, 9ª Edição, pág. 385) A desclassificação da Recorrente é ato vinculado não havendo qualquer resquício de discricionariedade capaz de gerar interpretação mais benéfica ao presente caso tendo em vista a existência de expressa disposição na lei e no Edital. 8

9 De dizer- se, ainda, que a exigência do cumprimento das formalidades desrespeitadas pela Recorrente tem o intuito de impossibilitar a identificação do participante. É que a regra de espaçamento não foi respeitada pela PROPEG no texto de sua proposta não identificável, ou seja, o intuito do formalismo aqui nunca poderia ser interpretado como excessivo ou exacerbado tendo em vista que protege o sigilo da autoria da proposta de cada licitante no Envelope nº 01 e afasta a possibilidade de existência de fraude à licitação. Em outras palavras, caso houvesse a possibilidade de moderação no formalismo na suposta busca da proposta mais vantajosa para o interesse público, estaríamos diante de uma lacuna que daria enormes brechas para a realização de fraudes, o que, de forma alguma, pode ser tolerado por esta respeitável Comissão, já que o Poder Discricionário da Administração esgota- se com a elaboração do Edital de Licitação. Após sua publicação, portanto, a Administração Pública vincula- se "estritamente" a ele. Corolário do princípio da vinculação ao edital é o postulado do julgamento objetivo, que prevê que os critérios e fatores seletivos previstos no edital devem ser adotados inafastavelmente para o julgamento, evitando- se, assim, qualquer surpresa para os participantes da competição. 7. CONCLUSÃO Por tudo o quanto aqui exposto, requer a ÚNICA PLANEJAMENTO EM COMUNICAÇÃO LTDA. não seja conhecido o recurso da PROPEG COMUNICAÇÃO SA, ou, caso superada a preliminar acima arguida, que não seja dado provimento ao recurso pelas razões de fato e de direito expostas. 9

10 Nestes termos, Pede deferimento. Salvador, 17 de setembro de MARCELO EDUARDO PEREIRA DE AZEVEDO BRUNO CALMON REIS MENDES 10