O Poder Militar como instrumento da Política Externa brasileira: do Império aos dias atuais
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- Heitor Fernandes Barreto
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1 XII Congresso acadêmico de defesa nacional Academia da Força Aérea - AFA O Poder Militar como instrumento da Política Externa brasileira: do Império aos dias atuais Pirassununga, 14/09/2015 GÜNTHER RICHTER MROS PROFESSOR DO CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA UFSM
2 Poder Militar no Brasil: os rastros de uma história 2 Coerção Cooperação Dissuasão Engajamento do país em missões de paz e humanitárias, em busca de uma colocação permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
3 O controle do Prata (CERVO&BUENO) Tentativa de cooperação e entendimento para defesa das independências ( ). José Bonifácio e o americanismo brasileiro. Guerra da Cisplatina ( ). Política de neutralidade ( ). Segundo movimento americanista, desta vez contra os tratados desiguais. Da neutralidade à intervenção ( ). Mito da Ilha- Brasil (1854, Varnhagen). Presença brasileira ativa ( ). Retorno à política intervencionista ( ). Retraimento vigilante ( ). 3Prof. Günther Mros UFSM
4 Coerção 4 Conceito: ato de induzir, pressionar ou compelir alguém a fazer algo pela força, intimidação ou ameaça. Ocupações da Banda Oriental no período Joanino (1811 e 1815) Guerra da Cisplatina (1825) Luta contra Manuel Rosas (1852)
5 Coerção O Paraguai aprisionou o vapor brasileiro Marquês de Olinda, que tinha a bordo o governador matogrossense. López declara guerra ao Império Brasileiro. Início da Guerra do Paraguai (Guerra da Tríplice Aliança). (GARCIA, 2000, p. 64) Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias
6 6 Com a Guerra do Paraguai ocorreu a ascensão do Exército. O maior conflito bélico das Américas fortaleceu a instituição e alçou nomes a posições de destaque na vida política nacional. Primordial a partir de 1870 é a participação de militares na vida política, uma vez que seus quadros oferecem pessoal qualificado para composição de uma elite do Estado que se forma e consolida, fortalecendo o poder central, afirmado no modelo westfaliano. No século XX os militares incorporam junto do Estado como um todo a burocracia weberiana.
7 Conceitos de cooperação Ajuste deliberado e coordenado de políticas por parte dos Estados que tentam resolver um problema mútuo ou alcançar ganhos mútuos. (Helen Milner) Cooperação compreende processos iterativos, que continuam para além dos acordos iniciais e resultam em ações de governança complexas e duradouras, com potencial para mudanças sociais. (Ernst Haas)
8 Cooperação 8 Barão do Rio Branco: não foi a erudição em matéria histórica e geográfica, mas a manipulação do poder o que destacou Juca Paranhos em matéria de fronteiras (ALSINA JR, 20014, p. 378) Reaparelhamento naval ( ) Entrada do Brasil na I Guerra Mundial (1917) Cooperação militar com os EUA iniciou-se em Missão militar francesa esteve no Brasil de 1920 a Entrada do Brasil na II Guerra Mundial TIAR 1947 Comissão Mista Brasil-EUA sobre desenvolvimento econômico, 1950 (extinta em 1953) / Tratado de Assistência Militar Brasil-EUA 1952 (durou até 1977) Acordo de cooperação nuclear Brasil Alemanha Ocdental (1975)
9 Dissuasão 9 Conceito: quando o país tem defesas suficientes para tornar muito custosa para um agressor a iniciativa de ataque. As reformas de aparelhamento das Forças Armadas buscam dissuadir potenciais agressões. A dissuasão está relacionada com o tema de Defesa. Exemplo: anos 1930.
10 Segurança e Defesa 10 Para efeito da Política de Defesa Nacional (Brasil), são adotados os seguintes conceitos: I - Segurança é a condição que permite ao País a preservação da soberania e da integridade territorial, a realização dos seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza, e a garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e deveres constitucionais; II - Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase na expressão militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderantemente externas, potenciais ou manifestas. Fonte:
11 Engajamento do país em missões de paz e humanitárias, em busca de uma colocação permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. 11 Desde 1948 o Brasil se envolveu em mais de 30 operações de manutenção da paz; Interesses internos: cumprir os princípios da CF, art. 4º e treinar tropas; Cooperar: fortalecer o multilateralismo e a solução pacífica de conflitos; Dissuadir: demonstrar capacidade de mobilização; Legitimar candidatura brasileira a vaga de membro permanente do CSNU.
12 Artigo 4º da Constituição Federal 12 A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados;
13 VI - defesa da paz; 13 VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latinoamericana de nações.
14 Inquietações 14
15 De que outras formas o Poder Militar brasileiro contribuiu e vem contribuindo para colocar o país em posição de vantagem no cenário internacional? Ao final da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais o Brasil, pelo fato de ter participado dos conflitos, tomou parte nas negociações das ordens internacionais que se formaram na sequencia. 15
16 As missões de paz das quais o Brasil participa reforçam a candidatura brasileira não só ao CSNU, mas também ao papel de protagonista na busca da reforma da atual ordem internacional. Os conceitos de não indiferença e de responsabilidade ao proteger (RwP) são exemplos da capilaridade entre política externa e política de defesa. 16
17 Atualmente existe tendência de alinhamento das ações envolvendo Política Externa e Política de Defesa? Os documentos elaborados sobre defesa nacional a Política de Defesa Nacional (PDN), a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa Nacional trazem em si a compreensão de que política externa e política de defesa são indissociáveis. A política de defesa nacional é uma das dimensões da política externa brasileira. A autonomia de um país como o Brasil na elaboração de sua política exterior passa pelas esferas do poder duro e do poder brando. Ou seja, o poder militar aplicado na dissuasão e o poder econômico na garantia necessária para a independência do Brasil em suas escolhas estratégicas são tão importantes quanto a diplomacia cultural que projeta os símbolos e valores brasileiros junto a países parceiros. A linha entre o poder brando e o poder duro, tradicional, é tênue. 17
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19 O almejado fortalecimento do Poder Militar brasileiro seria bem visto pelo Itamaraty? 19 O Itamaraty tem saído de seu insulamento institucional em que mantinha monopólio pela execução da política externa brasileira. O papel da Casa de Rio Branco na descentralização da política exterior brasileira, assim como a configuração da mesma enquanto política pública, tem sido de coordenador dessas transformações. Nesse sentido, as políticas de defesa e externa novamente se cruzam. Ambas se adaptam a uma sociedade civil mais organizada e participativa. Exemplo: Congresso Acadêmico de Defesa Nacional e Curso de Extensão em Defesa Nacional, ambos organizados pelo Ministério da Defesa e com ampla participação de estudantes de relações internacionais entre outros cursos.
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21 Bibliografia 21 ALSINA JR, João Paulo. A esfinge e o tridente: Rio-Branco, grande estratégia e o programa de reaparelhamento naval ( ) na Primeira República. Tese de doutorado Tese (doutorado) Instituto de Relações Internacionais, Universidade de Brasília, Brasília. ALSINA JR, João Paulo. O poder militar como instrumento da política externa brasileira contemporânea. RBPI. Brasília, 52 (2): [2009]. CERVO, Amado Luiz; BUENO, Clodoaldo. História da política exterior do Brasil. 4ª Edição. Brasília: UnB, CERVO, Amado Luiz. Inserção Internacional: formação dos conceitos brasileiros. São Paulo: Saraiva, DOARATIOTO, Francisco. Maldita guerra: nova história da guerra do Paraguai. Cia das Letras, GARCIA, Eugenio Vargas. Cronologia das relações internacionais do Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega, MROS, Günther Richter. Origens do paradigma desenvolvimentista: as contribuições de Oswaldo Aranha e dos militares ( ) f. Dissertação (mestrado) Instituto de Relações Internacionais, Universidade de Brasília, Brasília.
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