Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 14ª Junta de Recursos

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 14ª Junta de Recursos Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CASA BRANCA Benefício: 21/ Espécie: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA Recorrente: APARECIDA DOS SANTOS NEILEN Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Trata-se no presente de protocolo de pedido de pensão feito em 19/03/2014 e indeferido por falta de qualidade de dependente para tutelado, enteado, pais e irmãos (evento 1 proc. conc.). Consta dos autos cópia da certidão de óbito do segurado falecido ocorrido em 27/10/2013, dos documentos pessoais do segurado, da certidão de nascimento do segurado, da Carteira de Trabalho nº /396 emitida em 31/01/2012 do segurado, documentos pessoais da requerente e da certidão de casamento da requerente, mãe do segurado falecido (evento 1 proc. conc. 1). Visando a comprovação da dependência econômica em relação ao segurado, a requerente apresentou os seguintes documentos: - Cédula de Credito Bancário em nome do pai do segurado, datada de 15/04/2012; - comprovante de residência em nome do segurado datado de 01/2012; - comprovante de endereço em nome do pai do segurado no Assentamento Cocais, s/n, zona rural Casa Branca SP, datado de agosto de 2013; - Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho e Termo de Homologação de Rescisão de Contrato de Trabalho do segurado constando o endereço de Rua Capitão Horta, 254 Casa Branca; - Declaração firmada pelo Sr. Celestino dos Santos Pantaleão de que o endereço correto do segurado falecido era Assentamento Cocais, s/n, zona rural Casa Branca - SP; - Declaração da Drogaria Total firmada em 17/02/2014, afirmando que o segurado residia Assentamento Cocais, s/n, zona rural Casa Branca SP e que o mesmo comprava os medicamentos para sua mãe e também para o seu pai, por meio de cartão de crédito Convênios Card; Em 25/03/2014, a Agência da Previdência Social APS emitiu Carta de Exigências, solicitando apresentar CPF, NIT ou CTPS, três documentos que comprove a dependência econômica e declaração esclarecendo divergência de endereço (evento 1 proc. conc. 1); A exigência foi cumprida parcialmente, somente com a apresentação da Declaração da divergência do endereço, firmada pelo pai do segurado e comprovante de residência em nome do pai do requerente. A Agência da Previdência Social APS indeferiu em 28/04/2014, o protocolo do benefício pleiteado, conforme Comunicação de Decisão e relatório da APS (evento 1 proc. conc. 1). Consta ciência em 06/06/2014 do indeferimento do benefício, conforme aviso de recebimento AR (evento 2 AR). Inconformada com o indeferimento do benefício, a requerente interpôs recurso a esta Junta de Recursos em 04/07/2014, alegando que o filho era solteiro, não deixou dependentes da primeira classe, tendo deixando como dependentes seus pais. Argumentou que a ajuda que o seu filho prestava correspondia a grande parte da mantença do lar e na compra de medicamentos aos pais. Referiu privações por não mais poder contar com a ajuda financeira do seu filho. Requereu o processamento de Justificação Administrativa J. A. e o reconhecimento da dependência econômica entre a recorrente e seu filho falecido (evento 1 recurso 2). Juntamente com o recurso, apresentou declaração que não possui ação judicial mesmo objeto do administrativo,

2 Requerimento de Justificação Administrativa, Declaração do Ideal Supermercado, cópia dos documentos pessoais e comprovantes de endereços das testemunhas (evento 1 recurso 2). Feita consulta aos sites dos Tribunais Federal e Estadual. Não constam ações judiciais com mesmo objeto do processo administrativo (evento 3). A Agência da Previdência Social APS apresentou suas contra razões, mantendo o parecer de que a recorrente não apresentou provas de dependência econômica e nem elementos novos com emissão anterior ao óbito do segurado. Manteve sua decisão pelo indeferimento do benefício e na forma regulamentar encaminhou os autos à apreciação nesta Junta de Recursos (evento 4 - contra INSS 1 ). É o relatório. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 13/11/2014 para sessão nº 0098/2014, de 14/11/2014. Voto FUNDAMENTAÇÃO EMENTA: INDEFERIMENTO. RECURSO ORDINÁRIO. FALTA DE QUALIDADE DE DEPENDENTE. NÃO COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. NOVOS ELEMENTOS NO RECURSO, INSUFICIENTES PARA A PROVA DESEJA. NÃO INÍCIO DE PROVA MATERIAL PARA JA. FALTA DE AMPARO LEGAL PARA ALTERAR A DECISÃO DA APS. NÃO TEM DIREITO AO BENEFÍCIO PLEITEADO. MANTIDO INDEFERIMENTO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL: ARTIGOS 22, 23 E 24 DO DECRETO 3.048/99 RECURSO CONHECIDO E NEGADO Preliminarmente observo legitimidade e tempestividade do recurso. Da análise dos autos verifica-se que a requerente é mãe do segurado falecido em 27/10/2013. Embora o segurado fosse solteiro, o mesmo era maior de idade e portanto desvinculado no núcleo familiar, embora residisse no mesmo domicílio da requerente. A legislação previdenciária prevê que os pais não são dependentes preferenciais dos seus filhos, devendo comprovar a dependência econômica para fazer jus ao recebimento do benefício de pensão. Vejamos como está disciplinado no Decreto 3.048/99 o tema em questão: Decreto 3.048/99 Art.16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido; II - os pais; ou III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido. 7º A dependência econômica das pessoas de que trata o inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada. Art. 22. Considera-se inscrição de dependente, para os efeitos da previdência social, o ato pelo qual o segurado o qualifica perante ela e decorre da apresentação de: II - pais - certidão de nascimento do segurado e documentos de identidade dos mesmos; e 1º A inscrição dos dependentes de que trata a alínea a do inciso I do caput será efetuada na empresa se o segurado for empregado, no sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra, se trabalhador avulso, e no Instituto Nacional do Seguro Social, nos demais casos. 2º Incumbe ao segurado a inscrição do dependente, que deve ser feita, quando possível, no ato da inscrição do segurado. 3º Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, podem ser apresentados os seguintes documentos, observado o disposto nos 7º e 8º: I - certidão de nascimento de filho havido em comum; II - certidão de casamento religioso; III - declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente; IV - disposições testamentárias; V - anotação constante na Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social, feita pelo órgão competente;

3 VI - declaração especial feita perante tabelião; VII - prova de mesmo domicílio; VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil; IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada; X - conta bancária conjunta; XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado; XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária; XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável; XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente; XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar. Art. 23. Ocorrendo o falecimento do segurado, sem que tenha sido feita a inscrição do dependente, cabe a este promovê-la, observados os seguintes critérios: Art.24. Os pais ou irmãos deverão, para fins de concessão de benefícios, comprovar a inexistência de dependentes preferenciais, mediante declaração firmada perante o Instituto Nacional do Seguro Social. Ao interpor o presente recurso, a recorrente além de alegar necessidade financeira, argumentou o filho era solteiro, não deixou dependentes da primeira classe, tendo deixando como dependentes seus pais. Entretanto a legislação acima demonstra no parágrafo 7º do artigo 16, que a dependência econômica somente poderá ser presumida para os beneficiários do Inciso I e para os demais deverá ser comprovada. O parágrafo 3º do artigo 22 do mesmo Decreto e acima transcrito, relaciona de forma exemplificativa documentos que podem fazer prova de dependência econômica. Entretanto qualquer outro documento poderá ser aceito, desde que leve à convicção da alegação da dependência econômica. Cabe o esclarecimento de que documentos emitidos após o fato gerador, ou seja após o óbito do segurado, não tem o valor probatório necessário à comprovação da dependência econômica exigida no caso. Portanto as declarações firmadas por terceiros não podem ser utilizadas nem mesmo como início de prova para o processamento da Justificação Administrativa. Informações do sistema de benefícios demonstram que a mãe do segurado é aposentada por invalidez como segurada especial desde 18/01/2008 e o pai do segurado é aposentado por idade como segurado especial desde 15/05/2003. Embora não se trate de mesmo objeto, pois trata se ação na Justiça do Trabalho, considero oportuno registrar parte da sentença da ação interposta pelos pais do segurado, na Justiça do Trabalho. VARA DO TRABALHO DE MOCOCA Justiça do Trabalho Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região Vara do Trabalho de Mococa PROCESSO Nº RECLAMANTE: FLAVIO ROBERTO NEILEN e APARECIDA DOS SANTOS NEILEN. RECLAMADA: LATICÍNIOS TREVO DE CASA BRANCA LTDA. Ciência das partes pelo DEJT. SENTENÇA I Relatório Os autores ajuizaram ação de reparação por danos materiais e morais em face da reclamada, diante de acidente do trabalho que resultou no óbito de seu filho, empregado da empresa. Juntaram procuração, declaração de pobreza e documentos. Devidamente notificada, a reclamada compareceu à audiência, apresentando defesa e documentos.... As alegações da defesa a respeito da dependência econômica dos pais em relação ao filho remetem ao mérito, e com este serão analisadas. Rejeito. Falsidade documental

4 Na contestação, a reclamada suscitou incidente de falsidade documental em relação à declaração de ID , sob o fundamento de que o de cujus jamais adquiriu medicamentos por meio do cartão fornecido pela empresa. Contudo, nota-se que a arguição da defesa não diz respeito à falsidade material do documento, mas da declaração nele contida (possível falsidade ideológica). Assim, não cabe, no presente caso, a determinação de perícia para verificação da falsidade do documento, com base no art. 392 do CPC. A veracidade do teor da declaração é matéria a ser examinada no mérito. Rejeito.... De todo modo, cabe frisar que os autores não demonstraram a alegada dependência econômica em relação ao falecido. Em seu depoimento, o autor Flavio Roberto Neilen afirmou que ele e sua esposa recebem aposentadorias. Além disso, os documentos de ID a34914e comprovam que o autor é produtor de leite, ou seja, detém outra fonte de renda além da aposentadoria. Ademais, em que pese o teor da declaração de ID (segundo a qual o falecido adquiria remédios para seus pais com o cartão fornecido pela ré), o extrato de ID 3d74e17 e as fichas financeiras do falecido, carreadas com a defesa, em confronto com as fichas de outro empregado de ID 193df2d, demonstram que, na verdade, o de cujus não utilizava o cartão relativo ao convênio farmácia fornecido pela ré para adquirir medicamentos em benefício de seus genitores. Desse modo, não demonstrada a dependência econômica dos pais, eventual condenação ficaria limitada aos danos morais suportados pela perda do filho. Contudo, ausente o nexo causal entre o trabalho e o óbito, não há falar em condenação da reclamada a qualquer título. Indefiro os pedidos. Justiça gratuita Ante a declaração de pobreza firmada pelos autores, concedo-lhes os benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 790, 3º, da CLT. Honorários advocatícios Improcedentes os pedidos, não há falar em condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios. Indefiro. Litigância de má-fé Conforme fundamentos expostos acima, no intuito de comprovar dependência econômica em relação ao falecido, os autores apresentaram a declaração de ID Contudo, a prova oral e os documentos trazidos pela empresa (extrato do cartão referente ao convênio farmácia, holerites do de cujus e de outro empregado) comprovam que o falecido não utilizava, efetivamente, o cartão fornecido pela empresa para a aquisição de medicamentos. Assim, ante a apresentação de documento que não corresponde à realidade e a tentativa de alterar a verdade dos fatos, condeno os autores ao pagamento de multa por litigância de má-fé, no percentual de 0,2% sobre o valor da causa. III Dispositivo Por todo o exposto, julgo IMPROCEDENTES os pedidos formulados por FLAVIO ROBERTO NEILEN e APARECIDA DOS SANTOS NEILEN em face de LATICÍNIOS TREVO DE CASA BRANCA LTDA, nos termos da fundamentação. Concedo aos autores os benefícios da justiça gratuita, na forma do artigo 790, 3º da Consolidação das Leis do Trabalho. Condeno os autores ao pagamento de multa por litigância de má-fé, no percentual de 0,2% sobre o valor da causa. Custas calculadas sobre o valor da causa, no montante de R$ ,70, pelos autores, isentos do recolhimento. Expeça-se ofício ao Ministério Público Federal, para fins de apuração de eventual crime de falsidade ideológica. Nada mais. Intimem-se as partes pelo DEJT. Mococa, 05 de setembro de Mila Malucelli Araujo Juíza do Trabalho " Friso que a sentença no processo trabalhista, não serviu de base à decisão desta relatoria, mas sem dúvida reforça o entendimento da Agência da Previdência Social APS e desta relatoria de que inexistem documentos hábeis à comprovação da dependência alegada assim como da ausência de início de prova material para o processamento da

5 Justificação Administrativa. Não resta dúvida de que a recorrente para fazer jus à pensão por morte do seu filho, deverá fazer prova, nos autos administrativos, de dependência econômica em relação ao segurado na data do óbito do mesmo. A Legislação acima transcrita evidencia que agiu corretamente a Agência da Previdência Social APS que ao indeferir o benefício, objeto deste recurso, o fez em cumprimento às normas legais vigentes. Me cabe ratificar sua decisão. Não há portanto, como atender o pleito da recorrente manifesto no presente recurso. Finalmente, cumpre informar, que desta decisão cabe recurso às Câmaras de Julgamento, na forma do artigo 16 da Portaria MPS nº 548/2011. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). MARISA BENEDITA PONTE Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). JOYCE ANGELI DE OLIVEIRA MATOZO Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Presidente concorda com voto do relator(a). JOSE HENRIQUE PEREIRA DE SOUZA Presidente Decisório Nº Acórdão: 2313 / 2014 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Composição Adjunta da 14ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros MARISA BENEDITA PONTE e JOYCE ANGELI DE OLIVEIRA MATOZO. Relator(a) JOSE HENRIQUE PEREIRA DE SOUZA Presidente