Concessões florestais como vetores de expropriação de povos e comunidades tradicionais: o caso da Flona de Saracá-Taquera

Transcrição

1 Procuradoria da República no Município de Santarém Convergências entre a garantia de direitos fundamentais e a conservação ambiental Concessões florestais como vetores de expropriação de povos e comunidades tradicionais: o caso da Flona de Saracá-Taquera Fabiana Keylla Schneider Procuradora da República oficio02prmstm@prpa.mpf.gov.br

2 NOME DO EVENTO NOME DO EVENTO NOME DO EVENTO NOME DO EVENTO Concessões florestais como vetores de expropriação de povos e comunidades tradicionais: o caso da Flona de Saracá-Taquera Fabiana Keylla Schneider Procuradora da República oficio02prmstm@prpa.mpf.gov.br Procuradoria da República no Município de Santarém

3 Flona Saracá-Taquera

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6 Plano de Manejo da Flona (2001) omite a existência das comunidades tradicionais ribeirinhas Casas, roçados, cemitérios e outras pequenas alterações da vegetação nos territórios tradicionalmente ocupados foram definidos como Zona de Recuperação. Zona de Mineração Zoneamento atual Zona de Produção Florestal

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8 Territórios tradicionalmente ocupados são leiloados e concedidos a madeireiras por 40 anos.

9 A divisa da concessão expropria porções vitais à sobrevivência das comunidades. Ocupações

10 A divisa da concessão expropria porções vitais à sobrevivência das comunidades.

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12 Além do esbulho territorial, a extração madeireira em escala industrial permite que se retirem espécies das quais o grupo depende muito, como o caso do Uxi.

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14 Itaúba para o casco Caniço de cuinha Boiete de molongó A sobrevivência material e simbólica das comunidades tradicionais da região dependente Cipós ambé e titica para paneiro, vassoura e outros artefatos do que lhes oferece a floresta. De cipós, cascas, madeiras, raízes são feitos os mais diversos tipos de utensílios e ferramentas, como, por exemplo: A Preciosa, para chás medicinais Zagaia de abiurana Breu para calefação

15 DEPOIS

16 Essa é a região de igapó destruída.

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18 A concessão sobreposta aos territórios tradicionalmente ocupados contraria a própria Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei /06), em especial, no seu Art. 6 : Antes da realização das concessões florestais, as florestas públicas ocupadas ou utilizadas por comunidades locais serão identificadas para a destinação, pelos órgãos competentes [...]

19 Em decorrência da ACP (instaurada pela Procuradoria em Santarém), houve negociações entre quilombos e SFB e o órgão afastou em 23 km as concessões das comunidades quilombos. Entretanto, em relação às comunidades tradicionais ribeirinhas, a concessão chega a ficar a menos de 300 metros das residências e solapa áreas usadas para caça, coleta e até roçados. Durante o período de tentativas de negociação que antecedeu o ajuizamento, pelo MPF, da ACP, o SBF, por não querer aguardar os trâmites do RTID, reduziu a área a ser licitada para minimizar a sobreposição prévia entre a área de concessão florestal e as áreas de demanda para titulação de território quilombola (p. 01). O órgão ainda ressaltou que, caso o RTID apontasse sobreposição do território quilombola à área licitada, a área sobreposta seria excluída da concessão. Porém, NADA FOI ALTERADO EM RELAÇÃO AOS RIBEIRINHOS. (ACP, Documento 9. Ata de reunião entre SBF e Incra, em 21 e 22 de outubro de 2008).

20 17 janeiro de 2014 Comunidades da Flona assinam uma representação direcionada ao MPF contra a concessão florestal da Flona de Saracá-Taquera e o MPF instaura o ICP n / );

21 30 de junho de 2014 A procuradora da República Fabiana Schneider visita a comunidade do Acari, na Flona de Saracá-Taquera e ouve a comunidade; É a primeira vez que um procurador da República vai a uma comunidade tradicional não indígena ou não quilombola na região.

22 13 de outubro de 2014 O MPF emite Recomendação ao ICMBio, Servivço Florestal Brasileiro e Imaflora (instituição que concedeu à madeireira concessionária o selo FSC, mesmo com todos os conflitos sociais decorrentes da atividade);

23 Ao Imaflora, o MPF recomenda que audite a certificação FSC; Ao Serviço Florestal Brasileiro, recomenda que suspenda a Concessão Florestal em territórios tradicionalmente ocupados e; Ao ICMBio, recomenda que submeta à apreciação da comunidade tradicional ribeirinha o conteúdo da revisão do Plano de Manejo em curso.

24 27 de fevereiro de 2015 O Imaflora reconhece o impacto da concessão à comunidades tradicionais ribeirinhas e SUSPENDE A CERTIFICAÇÃO FSC Entretanto, ICMBio e Serviço Florestal Brasileiro não acatam a Recomendação.

25 Situação hoje: Imaflora atendeu o que o MPF recomendou; ICMBio e SFB não atenderam; atenderam MPF estuda a judicialização da questão. CPT, STTRO e Paróquia manifestam-se no processo em favor das comunidades do Sapucuá.