Consulta Pública 38/2009
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- Gabriela Cabreira das Neves
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1 BAUNILHA Vanillae fructus Vanilla planifolia Andrews - ORCHIDACEAE A droga é constituída pelos frutos imaturos e secos com, no mínimo 12% de extrato hidroacoólico seco. CARACTERES ORGANOLÉPTICOS A droga apresenta odor agradável e floral que lembra a vanilina o qual, no entanto, é bem mais sutil e encorpado que a substância isolada. DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Os frutos são cápsulas derivadas de ovário súpero, tricarpelar, unilocular; plurispérmicos. O formato do fruto em secção transversal é variável, em função do modo de armazenamento; o fruto maduro não comprimido possui contorno triangular em secção transversal. O fruto maduro é castanho escuro; possui estrias longitudinais, é flexível e mede de 20 cm a 25 cm de comprimento e, aproximadamente, 1 cm a 1,5 cm de diâmetro em sua região mediana. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA O pericarpo, de maneira geral, possui exocarpo com uma única camada celular e mesocarpo multicelular, predominantemente, parenquimático, com regiões distintas; endocarpo com uma única camada celular especializada. Em função do armazenamento a forma das células é descaracterizada, sendo dificultada, também a contagem do número de camadas, principalmente da porção interna do mesocarpo. Idioblastos com ráfides orientadas longitudinalmente ao pericarpo são comuns; cristais prismáticos também são observados. O exocarpo possui células alongadas tangencialmente, cujas paredes periclinais externas são espessas e cutinizadas e as paredes periclinais internas também são espessas e pécticas; as células geralmente acumulam compostos fenólicos. O exocarpo é estomatífero e glabro. O mesocarpo externo apresenta duas a quatro camadas similares a um colênquima anguloso, não vascularizado; mesocarpo médio possui células volumosas, com grande acúmulo de compostos fenólicos. Feixes vasculares colaterais em grupos de dois ou três, usualmente mais calibrosos do que os feixes individuais de pequeno calibre; feixes envoltos por uma bainha esclerenquimática com duas a cinco camadas celulares de espessura; o esclerênquima é composto por células volumosas vacuoladas e de paredes lignificadas e pouco espessadas; o mesocarpo interno possui células achatadas, contendo compostos fenólicos. O endocarpo é diferenciado em um estrato densamente piloso, cuja base das células possui arranjo
2 compacto e porção locular projetada para o espaço locular; as células possuem paredes delgadas e pécticas, com citoplasma denso, com aspecto secretor. Em secção transversal é possível distinguir três regiões placentárias, com placenta profusamente ramificada, onde em suas terminações se inserem as sementes. As sementes, de coloração negra ou castanhaescura, anátropas e ligeiramente platispérmicas, apresentam região calazal alargada e região micropilar cônica com ápice obtuso; possuem testa esclerenquimática, sendo classificadas como testais; a testa seminal é composta por uma única camada de braquisclereídes de paredes muito espessas, lignificadas, cujo lume é pouco discernível; as paredes celulares apresentam linea lucida. O tegumento interno, ou tégmen é comprimido e a estrutura de suas células é pouco discernível. O endosperma possui células volumosas com reservas; embriões diferenciados não são observados. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA DO PÓ O pó atende a todas as exigências estabelecidas para a espécie, menos os caracteres macroscópicos. São característicos: apresentação na forma de grumos, pela própria natureza do fruto, levando a uma dificuldade maior na observação de elementos dissociados. Os grumos são compostos por fragmentos amalgamados de diferentes tecidos. Elementos como cristais e esclereides, referidos na descrição microscópica não são facilmente visualizados. São observados apenas os cristais prismáticos, embora não seja possível determinar, com clareza, a natureza do tecido que os abriga. O elemento que se destaca são as sementes, que permanecem praticamente intactas em sua estrutura. As células do exocarpo apresentam evidentes paredes espessadas. As fibras também podem ser facilmente reconhecidas; formam grupos de dois ou três elementos e freqüentemente aparecem apartadas de outros tecidos. Os elementos de vaso do xilema são reconhecidos facilmente graças às características de suas células; os reforços de lignina e as pontoações das paredes destacamse mesmo nos grumos mais densos, onde as células que compõem o tecido mantêm-se juntas, proporcionando a visualização da estrutura do tecido. ENSAIOS DE PUREZA Cinzas sulfatadas (V.2.10): No máximo, 7%. IDENTIFICAÇÃO Colocar sobre vidro de relógio algumas sementes do fruto e adicionar uma gota da solução alcoólica de floroglucinol a 1%, e uma gota de ácido clorídrico. A solução adquire, imediatamente, cor vermelha. DOSEAMENTO
3 Determinar o teor de substâncias extraíveis, através do cálculo do rendimento do extrato hidro-alcoólico. Pesar exatamente cerca de 2 g de baunilha, previamente cortada em pequenos fragmentos ou triturada a pó grosso. Transferir o pó para um frasco de Erlenmeyer, de rolha esmerilhada e adicionar 70 ml etanol diluído (solução preparada com 263 ml de etanol em 250 ml água destilada), arrolhar bem o recipiente e agitar por 2 horas em agitador mecânico, ou deixar em contato, durante uma noite, e agitar freqüentemente, por mais 8 horas. Decantar a camada líquida e filtrar, recolhendo o filtrado em um balão volumétrico de 100 ml. Lavar o frasco e o resíduo, quatro vezes sucessivas, com porções de 8 ml da solução de etanol diluído. Filtrar os líquidos de lavagem, através do mesmo filtro e juntar ao filtrado anteriormente obtido. Com quantidade suficiente de etanol diluído, completar o volume de 100 ml, homogenizar a mistura e evaporar 50 ml, exatamente medidos, em uma cápsula de porcelana tarada, em banho-maria. Dessecar o resíduo em estufa a 105 C por 4 horas. Resfriar a cápsula em dessecador e pesar. O peso do resíduo representa o extrato hidro-alcoólico seco de 1 g da droga. EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO Em recipientes :bem fechados e em lugar fresco. ROTULAGEM Observar a legislação vigente.
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5 Figura 1: Vanilla planifolia Andrews A. representação esquemática da cápsula; B. representação da histologia do pericarpo e sementes; ep: exocarpo; m: mesocarpo; ed: endocarpo; ic: idioblastos cristalíferos com ráfides; fv: feixe vascular; t: tegumento da semente; e: endosperma; pl: tecido placentário; C. representação esquemática da cápsula em seção transversal; f: pericarpo; se: semente; D. semente em vista lateral; E. fragmento de elementos de vaso do xilema; F. fragmento de grupo de fibras da bainha vascular; G. cristais de oxalato de cálcio. As escalas correspondem em: A a 20mm; em B a 5mm; em C a 100µm; em D a 160 µm; em E a 74µm; em F a 9 µm; em G a 37 µm.
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