Of. 013/2016/PRES/ABRAS São Paulo, 16 de junho de 2016.
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- Ana Laura Lameira Mangueira
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1 Of. 013/2016/PRES/ABRAS São Paulo, 16 de junho de Ilustríssimo Senhor Doutor Jarbas Barbosa da Silva Júnior MD. Presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA SIA Trecho 5, Área Especial 57 Lote 200 Brasília -DF Referente: RESOLUÇÃO RDC Nº 26, DE 02 DE JULHO DE 2015 rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares Aplicabilidade Supermercados. Digno Presidente: A Associação Brasileira de Supermercados ABRAS, Entidade Civil, sem finalidade lucrativa, que congrega todas as Associações Estaduais de Supermercados instaladas no País (27), bem como a integralidade dos estabelecimentos supermercadistas às mesmas afiliados (84,5 mil lojas), representando 5,35% do PIB nacional, empregando 1,847 milhão de trabalhadores diretos e chegando a mais de 5 milhões indiretos, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Senhoria, dizer e requerer o que segue: A RDC 26/15, aplicável de modo complementar a Resolução RDC 259/02, estabelece requisitos para rotulagem dos principais alimentos que causam alergias alimentares. Por expressa disposição da Norma, consoante o artigo 2º, 2, I, as obrigações previstas pela RDC 26/15 não se aplicam a (i) alimentos embalados que sejam preparados ou fracionados em serviços de alimentação e comercializados no próprio estabelecimento, (ii) alimentos embalados nos pontos de venda a pedido do consumidor e (iii) alimentos comercializados sem embalagens. Nesse sentido, pelo disposto da redação do artigo 3º, inciso V, da RDC 26/15, podemos aferir que, para efeito de aplicação da Resolução tem-se por definição de serviço de alimentação o estabelecimento institucional ou comercial onde o alimento é manipulado, preparado, armazenado e exposto à venda, podendo ou não ser consumido no local (...). (g.n.) 1
2 A partir desta definição, e a título exemplificativo, o supra referido artigo 3º, V da RDC 26/15 cita estabelecimentos como restaurantes, lanchonetes, bares, padarias, escolas e creches.(g.n.) Ocorre que, não obstante a definição trazida pela Norma estar diretamente atrelada a diversas seções que compõem a atividade supermercadista enquanto estabelecimento comercial que manipula, prepara e expõe a venda produtos para consumo, consultando o texto do arquivo Perguntas e Respostas disponibilizado por esta D. ANVISA (3ª edição - Janeiro de 2016), fomos surpreendidos com o entendimento de que os supermercados não seriam serviços de alimentação, modo pelo qual os produtos que industrializam, fracionam e comercializam nas gôndolas teriam a obrigatoriedade de conter em sua rotulagem as informações referentes a alergênicos. Não obstante a ausência de força vinculante deste documento Perguntas e Respostas, certo é que exprime a interpretação desta digna Agência em relação a RDC 26/15, modo pelo qual, guardado o devido respeito, essa interpretação gera grande prejuízo e insegurança jurídica ao setor, pois não coaduna com os conceitos e preceitos expressos na Norma, propiciando um tratamento desigual e discriminatório entre atividades cujas características e impacto ao público são idênticas. Os supermercados e hipermercados são estabelecimentos comerciais que, por sua natureza, comercializam produtos do gênero alimentício. Independentemente da nomenclatura, fato é que, para o exercício de sua atividade, os supermercados e hipermercados possuem diversas seções em seu interior, dentre elas Padaria, Rotisserie/Snack, Peixaria, Açougue, Frios, Laticínios/Suínos/Salgados Secos e FLV, cujo escopo se confunde com outras atividades varejistas análogas isoladamente enquadradas. Desta forma não podemos compreender que outros estabelecimentos varejistas que comercializam produtos congêneres e de mesma natureza, dentro de uma mesma sistemática que os supermercados, possam ser enquadrados como Serviços de Alimentação (e desta forma, não obrigados ao atendimento à RDC 26), enquanto os supermercados, no desenvolvimento destas mesmas atividades estão vinculados a observância da Norma, ilustramos: 2
3 (Exemplo 1) Inconsistências sobre atendimento RDC 26 para Serviços de Alimentação e Seções de mesma natureza no Varejo. (Exemplo 2) Inconsistências sobre atendimento RDC 26 para produtos de mesma natureza, comercializados no Varejo. (Exemplo 3) Inconsistência de atendimento para produtos de mesma natureza comercializados em Serviços de Alimentação. 3
4 Considerando que a premissa do Programa de Controle de Alergênicos, previsto na RDC 26/15 visa identificar ao Consumidor e controlar os principais alimentos que causam alergias alimentares, não é concebível que uma padaria esteja isenta do cumprimento da Norma e outra padaria, só por estar dentro de um supermercado, esteja obrigada a cumprir a Norma. Além do mais, as inconsistências da exigência do cumprimento da Norma aos supermercados não param por ai pois, segundo as diretrizes da RDC 26/15, produtos industrializados, processados/manipulados, embalados e dispostos prontos para aquisição, devem atender aos requisitos de rotulagem, exceto aqueles que embalados à pedido e na presença do Consumidor (autosserviço). Ora, nas unidades varejistas, tanto os alimentos embalados na ausência ou presença do Consumidor, são elaborados sob as mesmas condições nas respectivas seções - açougue, peixaria, rotisserie, padaria, etc. (equipamentos, matéria-prima, embalagens, áreas de preparo, etc.), desta forma não podemos compreender, além da distinção e não enquadramento de seções como Serviços de Alimentação x Estabelecimentos Comerciais, a tratativa/aplicação distinta para produtos de mesma origem de processo. Ademais, identificamos que a própria Norma não foi estruturada de forma a possibilitar aos supermercados estabelecer um Programa de Controle de Alergênicos pois, ao se considerar cada loja como um estabelecimento distinto, no qual há grande variação de processos, produtos e matérias primas, os supermercados, apesar de seguirem as regras de boas práticas, não operam de maneira constante e uniforme como a indústria, modo pelo qual é inaceitável que os supermercados estejam submetidos a um Programa de Controle de Alergênicos elaborado para que a indústria possa prover aos consumidores a informação de rotulagem devidamente gerenciada (alergênicos presentes no produto x contaminação cruzada). Tanto é que o Programa de Controle de Alergênicos elaborado pela Norma não leva em conta que no setor supermercadista a composição do número de lojas para muitos varejistas é superior (ou algumas vezes muito superior) a 5 unidades, com cerca de 7 grandes seções cada (Padaria, Rotisserie/Snack, Peixaria, Açougue, Frios, Laticínios/Suínos/Salgados Secos e FLV) onde alimentos podem ser manipulados, elaborados e embalados em cada seção, utilizando matérias-primas distintas e proveniente de centenas de fornecedores. Por tudo isso, podemos constatar que a RDC 26/15 foi construída e estruturada para cumprimento pela indústria, tanto que seu texto busca expressamente excluir os serviços de alimentação (num rol não taxativo) voltados ao comércio de alimentos, onde conceitualmente estão inseridos, por sua natureza, os supermercados. 4
5 Tanto é que na medida em que a ANVISA enuncia de modo contrário no documento Perguntas e Respostas, excluindo os supermercados do conceito de serviço de alimentação cria uma celeuma, lançando todo o setor numa situação sui generis dentro da estrutura de aplicação da Norma, não havendo, como visto, sequer houve a previsão de um modelo adequado a atividade que lhe permita implementar um sistema de gestão dos alergênicos. Consequentemente, essa situação anômala e injusta, na qual inserida os supermercados, significa dizer que poderá haver o consumo de produtos não adequados a um grupo específico de Consumidores quando adquiridos em uma padaria de rua, por exemplo, e uma restrição de consumo deste mesmo produto, quando adquirido em um supermercado, o que implica em cenário completamente contrário à proposta da r. Norma. Isto posto, requer respeitosamente a Vossa Senhoria, a revisão do entendimento expresso pela douta ANVISA no documento Perguntas e Respostas, de forma que esclareçam que os setores que produzem, manipulam ou fracionam alimentos nas redes de supermercados, para serem comercializados no próprio estabelecimento, sejam considerados para todos os fins da RDC 26/15 como serviço de alimentação, assim como as padarias, rotisserias e congêneres dada a similitude em suas atividades, modo pelo qual também estejam dispensados de atender ao disposto na referida RDC 26/15. Finalmente, requer a Associação Brasileira de Supermercados-ABRAS, seja oportunizado a esta Entidade representativa, mais colaborar com elementos de convicção e dados técnicos do Setor representado. Renovando protestos de respeito e distinguida consideração. Atenciosamente, Fernando Teruó Yamada Presidente 5
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