CULTURAS AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS EM SALA DE AULA: SABERES PARA OS PROFESSORES, FAZERES PARA OS ALUNOS
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1 CULTURAS AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS EM SALA DE AULA: SABERES PARA OS PROFESSORES, FAZERES PARA OS ALUNOS Beatriz Sawaris Tasso 1 Cleusa Molinari Battisti 2 Resumo A obra traz um resumo com produção de material e conteúdos de vários textos de vários autores com temas relativos às culturas africanas e afro-brasileiras com o objetivo de auxiliar o professor a trabalhar em sala de aula após a lei /2003. Palavras-chave: Cultura africanas. Culturas afro-brasileiras. História. Faze-te artista (e) apóstolo do ensino, (...) o estudo é o melhor entretenimento e o livro melhor amigo. Luiza Goma (Primeira poeta afro-brasileira) A Lei /2003 obriga a inclusão de conteúdos da história e da cultura afrobrasileira nas disciplinas de História, Língua Portuguesa e Artes na escola. Fazendo assim, necessário a produção de material referente as artes, religiões, músicas e outros traços da cultura africana voltados para o pensamento e a tradição. 1 Beatriz Sawaris Tasso - Professora de Geografia e história na E.E.E.F José André Acadroli. Graduada em Geografia na Universidade de Passo Fundo-RS. Especialização em Psicopedagogia na Universidade Castelo Branco-RJ. 2 Cleusa Molinari Battisti - Professora Coordenadora do Programa Mais Educação na E.E. E.F José André Acadroli Graduação em Educação Física na universidade de Passo Fundo-RS. Mestre em Educação nas Ciências na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul-RS. 45
2 A obra Culturas africanas e afro-brasileiras em sala de aula: Saberes para os professores, fazeres para os alunos, é uma produção que trata com profundidade a teoria da abordagem da arte afro-brasileira e sugere propostas metodológicas para sala de aula. Este livro dividido em vários textos de vários autores possibilita o acesso ao passado da história negra no Brasil e o conhecimento dos artistas negros e de suas produções artísticas visuais desde o período colonial até a contemporaneidade. Cada tema abordado é apresentado de forma clara e didática, inclui exemplos, significados sem estereótipos e traz propostas de atividades a serem realizadas. Afinal, o que são as religiões afro-brasileiras? Apesar das diversidades os povos africanos que desembarcaram no Brasil conseguiram manter suas tradições culturais, como a religiosidade, mesmo incorporando alguns elementos católicos, espíritas e indígenas. O Candomblé como a Umbanda se encontram presente em diferentes âmbitos da cultura nacional, como nas artes plásticas, culinária, literatura, cinema, música popular brasileira e blocos afro-carnavalescos. Os deuses afro-brasileiros tem origem na África, mas foram abrasileirados com o passar do tempo. Os dezesseis Orixás do Candomblé são venerados por seus adeptos, cada orixá representa uma infinidade de mitos com características particulares, reúnem atributo, personalidades, comportamentos, sentimentos, paixões humanas e forças da natureza. Distinguem-se das cores, vestimentas e emblemas rituais; são sincretizados com santos católicos podendo variar conforme a região geográfica e em todos os meses do ano costuma-se fazer os festejos correspondente a ele, assim como as coreografias ficam a cargo dos adeptos especialmente preparados para receber orixás. O primeiro templo umbandista no Brasil, surgiu no século XX e teria sido fundado pelo comerciante Zélio Fernandino de Morais ( ), em Niterói, Rio de Janeiro, dia 15 de novembro de Assim nasceu a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Piedade. Seus praticantes de umbanda cultuam orixás, santos católicos, guias, espíritos ou entidades, acreditando que incorporam em médiuns para orientar e guiar os conhecimentos mágicocurativos. A umbanda é definida como uma religião afro-brasileira formada por uma seleção de doutrinas e rituais proveniente dos Pajés, do Candomblé, do catolicismo, do espiritismo 46
3 kardencista, da maçonaria a da Teosofia. As cerimônias umbandistas são realizadas semanalmente, chefiadas por líderes espirituais acompanhados por sacerdotes auxiliares. As crenças afro-brasileiras foram reprimidas durante o período colonial, só eram mantidas como divertimento útil para manter a paz nas senzalas, posteriormente os templos foram alvos de desqualificações e perseguições. Somente a partir da Constituição Brasileira de 1988, que determinou o princípio de igualdade, essas religiões começaram a ser valorizadas como cultura étnica-racial e social, porém apesar das mudanças da últimas décadas, mesmo hoje é possível se deparar com o preconceito que põem em risco a seriedade das religiões afro-brasileiras. As religiões afro-brasileiras asseguram a permanência da ancestralidade africana preservada e relembrada. Amparados pela Lei Federal , sancionada em 2008, que obriga o ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira nas escolas públicas e privadas, cabe, sobretudo, aos educadores, mas não apenas a eles, discutir a importância dessas religiões na formação da cultura e da sociedade brasileira. O Brasil atual culturalmente rico deve-se as músicas e festas decorrentes dos processos de expressão afro-europeus, bem como os instrumentos musicais que foram essencialmente meios de comunicação comunitária. Exemplos de festas africanas são os sambas oriundos, dos sambas angolanos danças de umbigados congolesas, o uso de barris, colheres e pedaços de madeira que se adaptavam, como instrumentos à produção musical africana e os tambores que produzem a fala das mais diversas etnias. Na musicalidade afro-brasileira destaca-se o uso do copo como instrumento, como nos maracatus, jongo, moçambiques, congados ou capoeiras e o emprego da voz como ligação do sagrado e do mundano nas energias ancestrais. As festividades afro-brasileiras assumem um aspecto religioso que assimila culturas africanas e européias, como o catolicismo. A Celebração da Festa do Divino, folia dos reis, maracatus, festas do boi e outras que envolve toda a comunidade na preparação das vestimentas, alimentação e instrumentos, mantendo assim as tradições que ocorrem durante um ano inteiro, mostrando uma vaga idéia de como festejar em ciclos. As contribuições africanas na cultura do Continente Americano se manifesta de Norte a Sul, através dos ritmos e das danças. Nos EUA se destaca o Jazz e o Gospel, na América Central o Reggae, o Calipsso, o nambo, a salsa, a rumba, o Ska e o Nayabinghy são os mais conhecidos, entre outros ritmos, na América do Sul, o Brasil se destaca pelo maior número de 47
4 africanos recebidos durante a escravidão, que influenciam o ritmo nacional, o samba e outros regionais como do coco, do baião e o maracatu. A música se afirma como bem simbólico e histórico da interação do homem com a sociedade e com o meio ambiente. A musicalidade bantu está presente nos ritmos, nos instrumentos e nas danças tradicionais do Nordeste, Norte e Sudeste brasileiro. Podemos destacar também o uso das palavras no vocabulário brasileiro que de origem do grupo bantu, como por exemplo: cafuné, cafundó, cochichar, caçula, samba, serelepe, senzala e outros, mas a influência mais visível do grupo bantu é o samba, que é denominado uma dança e ritmo típico do Brasil, patrimônio do país e, recentemente da humanidade. Em diversas esferas a cultura africana se faz presente no Brasil, que foram formas de resistência, afirmação de identidade e preservação da história africana durante o período de escravização. A abordagem feita pelo autor é sobre a dança, os instrumentos e suas denominações nesse texto. Pela proximidade às comemorações programadas em todo o país do Centenário da abolição- marco para a militância negra, em que nesse momento intensificaram-se as discussões acerca da questão racial e a partir da constituinte as expectativas aumentaram mobilizando a intelectualidade negra em busca de produção artística e em ações reivindicatórias garantindo uma posição mais igualitária no Brasil pós-ditadura. Nesse contexto surgiram inúmeras associações, como os Coletivos de Mulheres Negras para combater a discriminação de gênero dentro do movimento negro e da busca pelça compreensão do movimento feminista quanto à complexidade que envolve ser mulher negra. Luíza Mahin surge como símbolo das conquistas dos afro-brasileiros em contraposição ao passado escravista e a imagem ainda muito comum nos livros didáticos do negro submisso, vitimizado. O negro durante a sociedade escravocrata no Brasil foi manipulado como peça comercial, teve seu corpo vendido, alugado, emprestado e violentado manejado de acordo com os interesses e vontades de seu dono. A situação vivida pelo negro constrói um olhar distorcido em relação a seu grupo étnico-racial, o que possibilita a introjeção do racismo. Neste texto a autora expõe principalmente a questão da mulher negra que é o sentimento de insatisfação com o corpo e faz a análise da mulher em que consegue modificar a sua representação social a partir da manipulação do seu corpo, evidencia-se várias questões que ficam subentendidos na identidade negra. Contudo, a sociedade brasileira tenta construir 48
5 um país multicultural, entendendo e representando as diversidades étnicas-raciais aqui existentes. Apesar das restrições impostas aos povos vindos da África, destacam-se nas artes com saberes e habilidades nos trabalhos e esculturas de metalúrgica, esse conhecimento trazido e perpetuado por parte da população negra que aqui chegava, passou a ser considerada tão importante, que era rigorosamente controlada pelo Império, sob a ameaça de severas punições. No período de descoberta de ouro em Minas Gerais, nos finais do século XVII e início do século XVIII, desenvolveu-se o Barroco mineiro, destacando-se as obras de Aleijadinho, que era mestiço, filho de arquiteto português com uma de suas cativas africanas, ele é considerado por muitos o principal artista do período rococó do século XVIII e o mais importante da América Latina. Trabalhou como escultor e arquiteto e fazia parte de Irmandade de São José, dedicado aos marceneiros. Boa parte das expressões artísticas Barroca foi produzida por mestiços negros e, apesar de ser reprimida, não deixou de ser um grande marco na arte brasileira. Um artista importante que representa o negro no Brasil, foi o mineiro Manuel da Costa Ataíde ( ) nascido em Mariana, que pintou o forro da nave da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto e possui trabalhos em cerca de 18 igrejas em Minas Gerais. A arte barroca se formou como tipicamente brasileira, destacando a produção negra e mestiça, como influência européia. No século XIX diversos artistas negros estivem presentes no quadro da Academia de Belas Artes no Rio de Janeiro. Estevão Roberto da Silva ( ) foi considerado um dos melhores da modalidade de natureza-morta realizada com perícia e considerada o ponto alto do gênero, com linhas bem definidas e cores fortes, de influência neoclássica, técnica dominada por Estevão. Apesar do destaque nas artes, na sociedade e na cultura, para a ideologia da época, os negros africanos e seus descendentes não tinham os mesmos direitos que os brancos, a sociedade continuava estratificada, hierarquizada em brancos e não-brancos. Porém muitos são os artistas negros que contribuíram com a pintura. Os primeiros artistas brasileiros tinham várias habilidades, eram arquitetos, pintores, escultores e decoradores. 49
6 Como artistas renascentistas, destacam-se: Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho ( ); Valentim da Fonseca e Silva, Mestre Valentim ( ); Estevão Roberto da Silva ( ). BIBLIOGRAFIA FELINTO, Renata (org). Culturas africanas e afro-brasileiras em sala de aula: saberes para os professores, fazeres para os alunos. Belo Horizonte: Fino Traço Editora Ltda,
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