O QUE HÁ DE ÁFRICA EM NÓS
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- Martín Álvaro Wagner
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1 O QUE HÁ DE ÁFRICA EM NÓS Wlamyra Albuquerque e Walter Fraga SUPLEMENTO DE ATIVIDADES ELABORAÇÃO: Maria Clara Wasserman Mestre em História, especialista em História da Arte e pesquisadora.
2 OS AUTORES Walter Fraga É professor adjunto da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Doutor em História Social na Unicamp. É autor de Mendigos, moleques e vadios na Bahia do século XIX (Hucitec/Edufba, 1996) e Encruzilhadas da liberdade: histórias de escravos e libertos na Bahia, (Editora da Unicamp, 2006). Coautor de Uma história do negro no Brasil (Fundação Palmares/CEAO, 2001). Em 2010, em parceria com Wlamyra Albuquerque, foi premiado com o Prêmio Jabuti, na categoria didático e paradidático, com Uma história da cultura afro-brasileira. Wlamyra Albuquerque É mestre em História pela Universidade Federal da Bahia (1997) e doutora em História Social da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (2004). É professora da Universidade Federal da Bahia. Desenvolve e orienta pesquisas sobre emancipação, abolição e pós-abolição no Brasil. É professora adjunta da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia. Em 2010, em parceria com Walter Fraga, foi premiada com o Prêmio Jabuti, na categoria didático e paradidático, com Uma história da cultura afro-brasileira. A OBRA O livro O que há de África entre nós, elaborado para alunos das primeiras séries do Ensino Fundamental, traz uma história literária com linguagem acessível e dinâmica, fazendo com que o aluno se sinta envolvido com os personagens de forma a se tornar coparticipante das investigações feitas pelas crianças em busca das origens africanas no Brasil. Desde o momento em que começam a ouvir histórias mitológicas da criação do mundo até o entendimento de que há muito da cultura africana no Brasil, são revelados 500 anos da história brasileira, em que as permanências culturais vão sendo mostradas ao aluno, de forma que ele perceba que já conhece boa parte do que está no livro, mas, até então, não teve essa consciência despertada. POR QUE TRABALHAR COM ESTE LIVRO? O suplemento de atividades tem por objetivo auxiliar o professor a desenvolver uma série de atividades dinâmicas em que os alunos poderão multiplicar suas descobertas sobre a história da cultura africana, com familiares e amigos. Independentemente da região em que vive, das crenças, da ascendência ou condição financeira, o aluno poderá descobrir sinais da identidade nacional por meio de símbolos até então entendidos como genuinamente brasileiros, como capoeira, samba, vocabulário, costumes e muito mais. Metodologicamente, o livro permite que o professor tenha a possibilidade de realizar uma série de projetos interdisciplinares e iniciar a leitura por qualquer disciplina, seja pela literatura, pela história política ou cultural do Brasil, pelas artes, pela geografia, educação física etc. Quanto mais disciplinas envolvidas, quanto mais multidisciplinares forem as abordagens, com mais facilidade os alunos perceberão que na cultura brasileira há muito da África entre nós. 2
3 SUGESTÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO VAMOS CONHECER A ÁFRICA ATIVIDADE PARA ANTES DA LEITURA Antes de começar a leitura do livro, é importante que o professor converse sobre o tema com os alunos e explique que vão iniciar em conjunto a leitura de um livro no qual conhecerão personagens e histórias sobre a África. Dependendo do número de alunos, coloque um mapa- -múndi no chão e mostre a eles o continente africano. Outra possibilidade é o uso do data-show. 1. Peça aos alunos que localizem alguns países da África; explique a diferença entre país e continente; comente sobre os idiomas falados e alguns aspectos culturais, salientando que tudo isso será visto e mais bem entendido no decorrer da leitura do livro. 2. A seguir, coloque para ouvirem uma música de origem africana, com elementos típicos, como atabaques, tambores e demais instrumentos de percussão. Sugerimos um samba de raiz, um samba de roda ou um jongo. 3. Após ouvirem, pergunte sobre o ritmo e os instrumentos que conseguiram identificar. Comente que o ritmo é familiar aos nossos ouvidos, mas tem suas origens no continente africano. É com essa sensibilização que os alunos serão convidados a viajar com os personagens do livro rumo à descoberta do quanto há de África na cultura brasileira. 4. Para iniciar a leitura, fale dos personagens, da escola, da família e de como eles vão ajudá-los a descobrir coisas que até então desconheciam. Se achar necessário uma preparação maior para que os alunos se sintam comprometidos com o livro, peça que desenhem os personagens, depois faça um painel com os trabalhos que realizaram. ATIVIDADES PARA DURANTE A LEITURA 1. Comece a leitura apresentando os capítulos do livro: peça que digam o que entenderam e coloque no quadro as impressões dos alunos. CAPÍTULO 1. Desde quando o mundo é mundo? 2. O que há do outro lado do oceano Atlântico? 3. Da África para o Brasil a travessia do Atlântico 4. Os afri canos e seus descendentes na vida cultural do Brasil 5. Invenções afro-brasileiras 6. Quem entra na roda da cultura afro-brasileira? 7. A música afro-brasileira é feita de muitos sons! 8. Fim da viagem? IMPRESSÕES DOS ALUNOS À medida que for desenvolvendo a leitura com eles, volte ao quadro e diga se estavam ou não corretos em suas primeiras impressões, mas sempre com caráter lúdico, e não para testá-los. 2. A seguir, continue a leitura até o momento da lenda de Olodumaré. Peça que fiquem atentos e converse sobre histórias parecidas que conheçam, tomando cuidado para não entrar em peculiaridades sobre a religiosidade de cada um e reforçando a ideia que o livro traz sobre mitologia. Peça que recriem a lenda com suas próprias palavras ou, dependendo da série, 3
4 desenvolvam uma história em quadrinhos, individualmente ou em grupo. 3. A ideia da próxima atividade é que os alunos entendam o trabalho do arqueólogo, profissional formado em Arqueologia. Peça que observem as imagens presentes nas páginas 14 e 15. Se puder, mostre também outros livros ou materiais disponíveis na internet, como objetos, ossadas e até múmias. Com a figura escolhida, tente fazer com que recriem a história da pessoa ou sociedade por meio dos objetos que estão vendo. Peça que sejam imaginativos e bem investigativos. A seguir, para facilitar o entendimento, sugira outra atividade lúdica. Peça aos alunos que tragam de casa um objeto de seu uso: pente, cinto, escova de dentes, brinquedo, caderno etc. Atenção para que não seja nenhum objeto de valor. Diga para não mostrarem o que trouxeram aos colegas. Em um espaço de mais ou menos 2 m², faça um quadrado com giz ou fita-crepe e jogue os objetos dentro dele. Peça aos alunos que se sentem em torno e comentem sobre as peças, tentando identificar a quem pertencem, como são usadas e com que finalidade etc. Após a brincadeira, explique que os sítios arqueológicos funcionam mais ou menos assim, só que estão lá há muitos anos e o arqueólogo é um profissional que, por meio de muito estudo, tenta decifrar como viviam aqueles povos. 4. À medida que a leitura continua, volte ao mapa da África e peça que localizem a Angola e o Congo. Leia também, junto com os alunos, sobre as características geográficas do continente africano: estepes e savanas, o deserto do Saara, os mares etc. 5. O livro segue abordando a história do tráfico dos negros para o Brasil e sua escravização. Inicie a discussão mostrando imagens de escravos. Uma boa opção é mostrar quadros do artista Debret, que retratava o cotidiano dos escravos no Brasil no início do século XIX. 6. Para que os alunos entendam bem o tráfico de escravos, volte novamente ao mapa e trace junto com eles a rota desse comércio para o Brasil. A seguir, leia com eles um trecho do poema de Castro Alves, Navio Negreiro: Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob as tendas d amplidão! Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar... A seguir, com o auxílio do dicionário, trabalhe o significado de algumas palavras e explique que essa estrofe fala justamente da caça ao escravo e das condições a que eram submetidos ao serem trazidos para o Brasil. 7. A próxima atividade é sobre o rei Nzinga e Diogo Cão. Peça que leiam em grupos e contem como se deu a história da conquista do Congo por meio desses dois personagens. 8. Angola é um dos países mais citados no livro. Se tiver possibilidade, coloque para os alunos ouvirem a canção Morena de Angola, de Chico Buarque, e observe com os alunos como aparecem muitas palavras e expressões diferentes. Localize com eles e explique o sentido de tais pa- 4
5 lavras e expressões. Explique que a canção tem por intenção prestar uma homenagem ao país africano. 9. Após passar com os alunos pela história da escravidão e abolição, inicie o capítulo sobre os africanos e seus descendentes na vida cultural do Brasil. Nesse capítulo estarão presentes vários elementos culturais africanos, como a escultura, a música, a culinária e a religião. Enfoque cada um desses aspectos, se possível, com imagens do próprio livro ou outras que você poderá levar para a classe. Faça também a atividade de forma dialogada, em que cada aluno possa contribuir com os seus conhecimentos. 10. O capítulo sobre as invenções afro- -brasileiras irá trazer também vários elementos que são utilizados em nosso cotidiano. Importante ressaltar que não se dê o tratamento com base no exótico, e sim em uma cultura hoje já absolutamente incorporada à nossa. Esse capítulo reforça bem a questão por meio das palavras africanas que utilizamos. Volte ao boxe da atividade 1 e faça uma brincadeira com os alunos sobre a sonoridade dessas palavras e seus significados. 11. Na abordagem sobre artistas e intelectuais, escolha alguns para explicar melhor sua importância para a história brasileira e diga que vão ainda ouvir falar muito, por exemplo, de Machado de Assis. 12. Capoeira, carnaval e samba. Leia com os alunos sobre esses três elementos, frisando que não são exatamente africanos, mas que tiveram suas raízes na África e foram adaptados para as condições brasileiras. Busque no livro a raiz de cada uma dessas expressões populares e proponha a atividade a seguir. Divida a sala em grupos e peça que cada equipe faça uma apresentação com um dos seguintes temas: capoeira, samba, jongo, rap ou carnaval, utilizando o livro e trazendo outros elementos, como instrumentos, música gravada e o que mais conseguirem. Peça que apresentem em forma de dança, canto, leitura ou dramatização. ATIVIDADES PARA DEPOIS DA LEITURA Tal como no livro, termine o projeto envolvendo os alunos em uma feira de artes, tendo a África como tema. Utilize um painel com os desenhos e as fotos que os alunos apresentaram nas atividades que aconteceram durante a leitura: mostra de danças, instrumentos, mapas e tudo o que foi desenvolvido e apresentado no decorrer desse trabalho. Se possível, faça também uma mostra sobre a culinária de origem africana. Como atividade extra, ainda para a feira, divida a classe em equipes temáticas e peça a cada grupo que busque um elemento pesquisado e discutido durante as atividades realizadas sobre o livro. Faça uma construção coletiva e monte uma peça de teatro com os personagens do livro, contando o que aprenderam sobre a África e o que de sua cultura permanece entre nós. BIBLIOGRAFIA E SITES SUGERIDOS HERNANDEZ, Leila. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2008, 2. ed. JOVINO, Ione. Literatura Infantojuvenil com personagens negros no Bra- 5
6 sil. In: SOUZA, Florentina; LIMA, Maria Nazaré. (Orgs.). Literatura Afro-brasileira. Salvador: Centro de Estudos Afro- -orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, OLIVEIRA, Maria Anória de Jesus. Literatura afro-brasileira infantojuvenil: enredando inovação em face à tessitura dos personagens negros. São Paulo: Portal do Professor África, com atividades pedagógicas para diversas séries. com/sugestoes-de-aulas/ (último acesso em: 6 jun. 2013). Revista Escola: Influências culturais da África br/educacao-infantil/4-a-6-anos/influencias-culturais-africa shtml (último acesso em: 6 jun. 2013).
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