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1 1 A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE EM BUSCA DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL SILVA, Alexssandro Crivelli (G/FACINAN) 1 SONNI, Indianara Pavessi Pini (D/FACINAN) 2 RESUMO: O direito de propriedade vem sofrendo diversas modificações com o passar dos anos. Deixou de ser visualizado como um preceito absoluto e individualizado, passando a ser visto como um direito relativo. Hodiernamente, se existe algo de absoluto na propriedade é justamente a sua função social. Assim sendo, a propriedade deverá estar voltada não somente para atender as necessidades de seu proprietário, mas também para o bem geral de toda a sociedade e do ambiente. A função social é consideradacomo um instrumento de grande importância para a conservação do meio ambiente urbano e rural, principalmente, para a proteção de bens jurídicos ambientais como: a água, a fauna, a flora, dentre outros. O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado foi elevado à categoria de direito fundamental da pessoa humana, essencial à qualidade de vida. Ao atribuir ao bem ambiental natureza difusa, dizendo-o pertencente à coletividade, a tutela dos interesses coletivos, consequentemente, passou a prevalecer quando em confronto com interesses privados, entre estes o direito de propriedade. Seguindo essa linha de raciocínio, ilegítima a utilização da propriedade e descumprida estará sua função social quando, ao invés de promover a defesa do meio ambiente, o proprietário lesálo, em detrimento da coletividade, verdadeiros titulares do bem jurídico ambiental. O respeito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, e que deve ser conservado para as presentes e futuras gerações, constitui premissa básica para o atendimento da função social da propriedade. Palavras chave: Função Social; Propriedade; Meio Ambiente. 1 SILVA, Alexssandro Crivelli. Acadêmico de Direito da Instituição de Ensino Superior de Nova Andradina FACINAN. 2 SONNI, Indianara Pavesi Pini. Mestre em direito processual civil pela Universidade Estadual de Londrina, especialista em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de Londrina, advogada e consultora jurídica no escritório José Anunciato Sonni e Advogados Associados e professora de Direito Ambiental na ASSECS (Associação Educacional do Cone Sul).

2 2 SUMÁRIO:1. Introdução; 2. Função social da propriedade; 3. A proteção ambiental constitucional; 3.1. O princípio do direito humano fundamental; 3.2. Princípio da supremacia do interesse público na proteção do meio ambiente em relação aos interesses privados; 3.3. Princípio da defesa do meio ambiente; 4. Função social da propriedade: reestruturação do conceito e sua compatibilização com a exigência constitucional de proteção ambiental; 5. Conclusão; 6. Referências bibliográficas. 1. Introdução O direito de propriedade é expressamente consagrado pela Constituição Federal, no Capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais, (art. 5º, XXII, CF/88) que, ao mesmo tempo dispõe a propriedade atenderá a sua função social (Art. 5º, XXIII, CF/88), princípio este da ordem econômica (Art. 170, III, CF/88), assim como o de defesa do meio ambiente (Art. 170, VI, CF/88). Ademais, a própria Lei Maior estabelece que a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (Art. 182, 2º, CF/88)ao passo que, a propriedade rural observa tal preceito,quando efetua, entre outros requisitos, a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente (art. 86, III, CF/88). Deve-se ressaltar, ainda, a garantiaprevista pela Carta Magna de que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, definindo-o como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, e impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput). Pois bem, a Constituição Federal, como é cediço, é a norma hierarquicamente superior, da qual as demais buscam os respectivos fundamentos de validade. Da supremacia da Constituição resulta que nenhuma outra norma que com ela seja incompatível possa subsistir validamente. Face à indiscutível

3 3 supremaciada Carta Magna, as normas infraconstitucionais devem guardar obediência àquela, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. Como leciona Michel Temer (1989, p. 39): Com o advento de nova Constituição, a ordem normativa anterior, comum, perde seu antigo fundamento de validade para, em face da recepção, ganhar novo suporte. A nova ordem constitucional recepciona os instrumentos normativos anteriores, dando-lhes novo fundamento de validade e, muitas vezes, nova roupagem. Imperioso efetuar uma análise da função social da propriedade, para que se possa reavaliar o seu sentido e alcance, diante dos princípios constitucionais da proteção ambiental, do direito humano fundamental, do preceito da supremacia do interesse público na proteção do meio ambiente em relação aos interesses privados e, por fim, do primado da defesa do meio ambiente. O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado foi elevado à categoria de direito fundamental da pessoa humana, essencial à qualidade de vida. Ao atribuir ao bem ambiental natureza difusa, dizendo-o pertencente à coletividade, a tutela dos interesses coletivos, consequentemente, passou a prevalecer quando em confronto com interesses privados, entre estes o direito de propriedade. O princípio da defesa do espaço ecológico indica que, a Constituição da República, ao assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social, condiciona a atividade produtiva e o atendimento à função social da propriedade ao respeito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Diante disso, a única utilização válida da propriedade e a que cumpre a função social, é aquela que tem por base o desenvolvimento sustentável, 3 com a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente. 3 O desenvolvimento sustentável é o que procura conciliar a proteção do meio ambiente com o desenvolvimento econômico para satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.

4 4 2. Função social da propriedade Não se contentando em dispor que a propriedade em geral atenderá a sua função social (Art. 5º, XXIII, CF/88), a Constituição, como bem ensina José Afonso da Silva (1992, p. 254), reafirmou a instituição da propriedade privada e sua função social como princípios da ordem econômica (Art. 170, II e III, CF/88), relativizando, assim, seu significado. Conforme leciona Costa (1991, p ): O primeiro princípio de direito urbanístico extraível do ordenamento jurídico é o da função social da propriedade. O proprietário deve utilizar-sede sua propriedade conjugando, ao seu interesse particular, o interesse social. Destarte, podemos afirmar a função social da propriedade foi inserida no alicerce estrutural, no núcleo do conceito de propriedade, qualificando-o e modificando sua natureza, de forma que não deve ser compreendida somente no sentido individual, mas, também, no sentido coletivo, público e social. A Constituição da República, ao estabelecer que a propriedade atenderá a sua função social,não estava simplesmente impondo limitações, obrigações à propriedade privada, mas adotando um princípio de transformação de tal direito, um preceito que condiciona a propriedade como um todo, não apenas em seu exercício, mas aos modos de aquisição em geral. Nesse sentido, a lição de Eros Robertos Grau (1991, p. 251): (...) Por função social importa não apenas o rompimento da concepção, tradicional, de que a sua garantia reside em um direito natural, mas também a conclusão de que, mais do que meros direitos residuais, são verdadeiras propriedades-função social e não apenas, simplesmente propriedades. O princípio da função social da propriedade, desta sorte, passa a integrar o conceito jurídico-positivo de propriedade (destas propriedades), de modo a determinar profundas alterações estruturais em sua interioridade.

5 5 O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, nos autos de apelação cível nº 7007, processo nº , que teve como Relator Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, reconheceu, em 06 de abril de 2010, a sujeição da propriedade ao cumprimento da função social: (...) Cumpre referir que o direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto. Assim, descumprida a função social que lhe é inerente, destacada no artigo 5º, inciso XXIII, da Constituição Federal, legitima-se a intervenção estatal na esfera dominial privada, observados, contudo, os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria Carta Constitucional.Nesta seara, é de se dizer que o acesso à terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem elementos de realização da função social da propriedade. (...)Dessa forma, é a função social princípio que se manifesta na estrutura do direito de propriedade, sendo que as interferências causadas no próprio domínio por esse princípio são diversas dos seus limites externos, pois são "limitações" que surgem com o próprio direito, sendo-lhes intrínsecas. Assim sendo, pode-se se concluir que o direito de propriedade é traçado pela Constituição Federal vigente, que inseriu em sua estrutura tal preceito, de sorte que a propriedade deverá ser utilizada com vistas ao atendimento de sua função social, ou seja, vinculada ao interesse da coletividade. 3. A proteção ambiental constitucional A Constituição Federal de 1988 consagrou a tutela ao meio ambiente, dedicando-lhe um capítulo especial(capítulo VI do Título XVIII), um dos mais importantes dalei Maior de 1988, dada a relevância do tema. Conforme ensinamento de Paulo de Bessa Antunes (1996, p. 22): Os princípios ambientais insculpidos na Lei Maior estão voltados para a finalidade básica de proteger a vida, em qualquer forma que esta se apresente, e garantir um padrão de existência digno para os

6 6 seres humanos desta e das futuras gerações, bem como de conciliar os dois elementos anteriores com o desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável. Importante, assim, analisar os princípios que interferem diretamente na função social da propriedade O princípio do direito fundamental O art. 225 da Constituição Federal consagra que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um interesse essencial, fundamental, vinculado a proteção da vida. Nessa esteira, Silva (1994, p. 36 e 44): Proteção ambiental, abrangendo a preservação da natureza em todos os seus elementos essenciais à vida humana e à manutenção do equilíbrio ecológico, visa tutelar a qualidade do meio ambiente em função da qualidade de vida, como uma forma de direito fundamental da pessoa humana. Trata-se da formação de um novo direito fundamental, cujo caminho foi aberto pela Declaração do Meio Ambiente de Estocolmo, adotada pela Conferência das Nações Unidas em 1972, verdadeiro prolongamento da Declaração dos Direitos do Homem. A Declaração de Estocolmo abriu caminho para as constituições supervenientes reconhecessem o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental entre os direitos sociais do homem, com sua característica de direitos a serem realizados e direitos a não serem perturbados.

7 7 O princípio mais importante do Direito Ambiental encontra-se insculpido no art. 225 da Constituição Federal de 1988, preceito este com influência direta na função social da propriedade Princípio da supremacia do interesse público na proteção do meio ambiente, em relação aos interesses privados No campo do direito ambiental, pelo fato do meio ambiente ser caracterizado como um macro bem, pertencente, indistintamente, a coletividade, vigora o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. A Carta Magna, em seu art. 225, caput, qualifica o meio ambiente como bem de uso comum do povo. Assim, sobrepõe-se à natureza jurídica pública ou privada que um bem possa ter. Os titulares da posse ou propriedade do bem ambiental devem ser,concomitantemente, o Poder Público e a sociedade indistintamente considerada. Pode-se afirmar que o bem ambiental se situa numa faixa intermediária entre o bem público e o bem privado, denominando-se bem difuso, 4 cujo titular não há como identificar. Trata-se de um bem insuscetível de apropriação, e o seu objeto é indivisível. Sendo o bem ambiental de natureza difusa, a tutela de seus interesses deve prevalecer quando em confronto com a dos interesses privados e a dos interesses públicos. Como diz Álvaro Luiz Valery Mirra(1996, p. 54): Já se reconhece hoje em dia que a preservação do meio ambiente se tornou essencial para a própria existência da vida em sociedade e, consequentemente, para a manutenção e o exercício pleno dos direitos individuais dos particulares. 4 São bens difusos aqueles cujos titulares são indeterminados e indetermináveis e o seu objeto é indivisível. Tais titularesestão ligados entre si por circunstâncias de fato.

8 8 Diante desse princípio e do processo de publicização pelo qual passou o direito de propriedade, evidente que a legitimação de seu exercício depende, necessariamente, do atendimento aos interesses sociais e de ordem pública, mormente quando setratar de proteção do bem jurídico ambiental, o qualpertence à coletividade Princípio da defesa do meio ambiente Qualquer atividade econômica que implique na exploração de recursos naturais, os quais se destinam a assegurar a todos existência digna, deve sempre observar alguns princípios materializados no art. 170 da CF/88, destacando aí o de defesa do meio ambiente, previsto no inciso VI do aludido dispositivo. A própria Constituição Federal, com o intuito de assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social, elevou a defesa do meio ambiente ao nível de princípio da ordem econômica, o que tem, conforme ensina Américo Luís Martins da Silva (1996, p. 71), o efeito de condicionar a atividade produtiva ao respeito ao meio ambiente e possibilitar o Poder Público interferir drasticamente, se necessário, para que a exploração econômica preserve a ecologia. O progresso econômico só se realizará validamente se em compatibilidade com o princípio da defesa do meio ecológico. O desenvolvimento válido será aquele chamado de desenvolvimento sustentável, que consiste na exploração equilibrada dos recursos naturais, visando à preservação do meio ambiente para as futuras gerações. Seguindo essa linha de raciocínio, ilegítima a utilização da propriedade e descumprida estará sua função social quando, ao invés de promover a defesa do meio ambiente, o proprietário lesá-lo, em detrimento da coletividade, verdadeiros titulares do bem jurídico ambiental.

9 9 4. Função social da propriedade: reestruturação do conceito e sua compatibilização com a exigência constitucional de proteção ambiental A Constituição da República determina que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado se faça presente como princípio a ser respeitado pela ordem econômica. Como assevera Eros Grau (1994, RT 702/251) inexiste proteção constitucional à ordem econômica que sacrifique o meio ambiente. Não se pode pensar em desenvolvimento econômico sem o uso adequado e sustentável dos recursos naturais, já que aquele depende deste. A Constituição Federal alberga dois valores, como aponta José Afonso da Silva (1994, p. 07) a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. Resta claro que a propriedade, diante da Constituição, teve radicalmente alterada sua estrutura. Além de incorporar a função social, uniu-se com a tutela do meio ambiente, pois, na esfera dessa função social e em seu conteúdo, estão contidos os princípios constitucionais de proteção ao espaço ecológico. O respeito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, e que deve ser conservado para as presentes e futuras gerações, constitui premissa básica para o atendimento da função social da propriedade. Interessante ressaltar o posicionamento do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, nos autos de Agravo de Instrumento nº /001(1), que teve como relator Moreira Diniz, no qual decidiu, em 12 de março de 2009, que a propriedade possui uma função socioambiental, vejamos: (...) A exigência de destinação de reserva legal gera constrição ao direito de propriedade, reduzindo, no imóvel rural, a área de produção agrícola. Contudo, o que se deve preconizar, na análise da matéria, e a função socioambiental da propriedade, fazendo-se uma releitura da Lei nº 4.771/64 à luz da CR/88, devendo-se interpretar as normas de proteção ao meio ambiente da forma mais abrangente possível, não restringindo onde o legislador não o fez expressamente. Não há se falar em destinação da reserva legal apenas em imóveis rurais nos quais ainda haja floresta ou vegetação nativa, visto que, a instituição da reserva legal busca ampliar as

10 10 áreas de uso sustentável dos recursos naturais, a conservação e reabilitação dos processos ecológicos, a conservação da biodiversidade e a proteção da fauna e flora nativas, pouco importando se há, na área, vegetação original ou não. O direito de propriedade e meio ambiente são institutos interligados; a tutela do meio ambiente requer a interferência, atuação do Poder Público, com o escopo de efetivar todos os direitos e interesses que dependem e se relacionam com o meio ecológico. A função social da propriedade é um típico exemplo dessa intervenção. Em síntese, com a nova realidade reinante no ordenamento jurídico pátrio, com a inovação proclamada pela Constituição hodierna, no que tange ao aspecto coletivo, seria um verdadeiro absurdo e retrocesso pretender que somente o direito de propriedade ficasse imune às transformações trazidas pelo despertar ambiental. A vinculação estabelecida no art. 186, II, da CF/88, ampliando o conceito de função social da propriedade, inseriu a função ambiental como elemento dela constitutivo, tratamento que operou uma reciclagem da noção de função social, alargando o seu conteúdo. Embora somente em face da propriedade rural, há previsão constitucional expressa de que a função social deverá atender os requisitos de utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, não paira dúvida que a função social da propriedade urbana igualmente deverá atendêlos. Os princípios de proteção ambiental e o primado da função social da propriedade permitem o balanceamento de valores e interesses, podendo ser objeto de ponderação e de harmonização, que deve sempre buscar o alcance da máxima efetividade do texto constitucional. Na lição de José Afonso da Silva (1992, Cit., p. 719): A máxima efetividade do texto constitucional somente será alcançada se a função social da propriedade for interpretada e gizada pelos princípios de proteção ambiental. As normas constitucionais assumiram a consciência de que o direito à vida, como matriz de

11 11 todos os demais direitos fundamentais do homem é que há de orientar todas as formas de atuação no campo de tutela do meio ambiente. Compreendeu-se que ele é um valor preponderante, que há de estar acima de quaisquer considerações como as de desenvolvimento, como as de respeito ao direito de propriedade, como as de iniciativa privada. Também estes são garantidos no texto constitucional, mas, à toda evidência, não podem primar sobre o direito fundamental à vida, que está em jogo quando se discute a tutela da qualidade do meio ambiente, o que se protege é um valor maior: a qualidade da vida humana. Para Celso Antonio Bandeira de Mello (1980, p. 230): Os princípios constitucionais de proteção ambiental constituem mandamentos nucleares, verdadeiros alicerces, da função social da propriedade, que se irradiam sobre ela, e a estruturam, compondo lhe o espirito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definirem a lógica e a racionalidade do sistema normativo, sumamente voltadas para a preservação da vida humana. Deste modo, considerando que tais princípios devem ser interpretados harmonicamente, a fim de atingir a máxima efetividade dos valores constitucionais, a proteção ambiental, intimamente ligada ao direito fundamental da vida, que daquela depende, tem importância decisiva na interpretação e integração do texto constitucional, e deve preponderar no conceito de função social da propriedade, integrando-o. 5. Considerações finais A Constituição Federal reconhece expressamente o direito subjetivo de propriedade entre os Direitos e Garantias Fundamentais (Art. 5º, XXII, CF/88), e como princípio genérico da ordem econômica, conferindo-lhe, no entanto, nova estruturação ao exigir que a propriedade atenderá a sua função social, princípio este igualmente previsto entre os Direitos e Garantias Fundamentais (Art. 5º, XXIII, CF/88) e entre os princípios gerais da ordem econômica (Art. 170, III, CF/88).

12 12 Assim, pode-se afirmar que a função social, tendo sido inserida na estrutura, no núcleo, no conceito do instituto da propriedade, qualificou-o juridicamente e modificou sua natureza, de forma que a legitimidade para usar, gozar e dispor é respaldada não mais por interesse individual, mas por interesse social. De outro lado, a Carta Magna consagrou a tutela ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, prevista no art. 225, caput, da CF/88, que se faz presente como princípio a ser respeitado pela atividade econômica, concluindo, dessa forma, que só há proteção à ordem econômica que não sacrifique o meio ambiente. A função social da propriedade tem em seu conteúdo os princípios de proteção ambiental. O respeito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, constitucionalmente protegido, constitui premissa básica para o atendimento da função social da propriedade, seja ela urbana ou rural, principalmente quando diretamente relacionada com a proteção da vida humana. Em sendo a defesa do meio ambiente e a função social da propriedade princípios informadores da constituição econômica e voltados à finalidade de assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, necessário se faz harmonizá-los, para alcançar a máxima efetividade do texto constitucional e dos valores nele dispostos. As normas constitucionais assumiram a inviolabilidade do direito à vida como matriz de todos os demais Direitos Fundamentais do Homem (art. 5º, caput, CF/88), e que a qualidade da vida humana depende da proteção ambiental, já que não existe vida humana sem um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Pelo exposto, assevera-se que os princípios constitucionais de proteção ao meio ecológico integram a função social da propriedade, estruturando-a, conferindolhe nova roupagem e novo fundamento de validade, que devem ser compreendidos e cumpridos,para que assim, seja respeitado o interesse coletivo e concretizada a preservação ambiental, em prol das presentes e futuras gerações.

13 13 6. Referências bibliográficas ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio: Lumen Juris, FREITAS, Vladimir Passos de. Direito Administrativo e Meio Ambiente. Curitiba: Juruá, GOMES, Orlando. Direitos Reais. 12. ed. Rio: Forense, GRAU, Eros. A Ordem Econômica na Constituição de ed. São Paulo: RT, GRAU, Eros. Proteção do Meio Ambiente (caso do parque do povo), Revista dos Tribunais nº 702/251. São Paulo: RT, MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Elementos de Direito Administrativo. 1. ed. São Paulo: RT, MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Princípios Fundamentais do Direito Ambiental. Revista de Direito Ambiental nº 2. São Paulo: RT, SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 9. ed. São Paulo: Malheiros, TEMER, Michel, Elementos de Direito Constitucional. São Paulo: RT, SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 9. ed. Revista atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2011.

14 14 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 19. ed. Revista atualizada e ampliada. São Paulo: Malheiros Editores, WWW. jusbrasil.com.br/jurisprudência. Acesso em 10/08/2011.

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