Administração Pública I. Virgílio Oliveira FACC UFJF

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Caio Camelo
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3 A dominação patrimonial fundamenta-se em relações de piedade pessoal Piedade é um termo que comporta duplo sentido: Devoção e respeito por pessoa ou coisa digna de veneração Compaixão, dó ou pena

4 A dominação patrimonial fundamenta-se em relações de piedade pessoal Piedade sugere respeito filial, dirigido ao chefe de uma comunidade (patriarca) ou ao soberano A dominação patrimonial representa, portanto, uma forma específica de dominação tradicional

5 Nas palavras de Weber: (...) a este caso especial da estrutura de dominação patriarcal: o poder doméstico descentralizado mediante a cessão de terras e eventualmente de utensílios a filhos ou outros dependentes da comunidade doméstica, queremos chamar de dominação patrimonial (Weber, 1999, p. 238)

6 Na dominação patrimonial, a reverência a um senhor garante a legitimidade das regras instituídas por ele Além disso, os dominados acreditam que a autoridade do senhor não é limitada por estatutos ou forças concorrentes Este fato possibilita o exercício pessoal do poder (personalismo)

7 O personalismo está na base de outros ismos Clientelismo Nepotismo Favoritismo Populismo

8 Mas qual a relação dessa prática com a (eminente) gestão pública? A relação deve-se ao fato de que o controle patrimonial assegurava ao soberano a autoridade sobre vastos complexos políticos, em territórios próximos ou distantes

9 Mas qual a relação dessa prática com a (eminente) gestão pública? No passado, a manutenção do poder pessoal sobre territórios extensos era comprometida pela precariedade dos instrumentos de controle Para resguardá-lo, o soberano (detentor de poder absoluto e arbitrário) delegava-o (junto com bens coletivos) a súditos fiéis

10 O soberano: detentor de poder absoluto e arbitrário Luís XIV Rei da França L'État, c'est moi

11 Mas qual a relação dessa prática com a (eminente) gestão pública? Tais súditos, dispunham do cargo patrimonial como um direito individual Tornavam-se, portanto, déspotas (tiranos) menores, de conduta igualmente arbitrária Resultado: múltiplos centros decisórios e relação tensa entre soberano e súditos (investidos de poder) [O absolutismo, 1966]

12 Mas qual a relação dessa prática com a (eminente) gestão pública? Dispor de cargos, terras, utensílios como um direito individual Indistinção entre o público e o privado Tornar-se um déspota menor, de conduta arbitrária Imprevisibilidade da esfera oficial (estatal)

13 O que constitui um exemplo da lógica patrimonial na história do Brasil?

14 O que constitui um exemplo da lógica patrimonial na história do Brasil?

15 Em síntese, o patrimonialismo caracterizava-se pelo caráter personalista do poder, pela lógica subjetiva e casuística do sistema jurídico, pela irracionalidade fiscal e pela tendência à corrupção do quadro administrativo Todos esses fatores tornavam impossível a eficiência governamental e a previsibilidade estatal

16 Atualmente, o termo patrimonialismo é empregado para caracterizar: a gestão personalista, que ignora leis e estatutos a apropriação de recursos estatais por funcionários públicos, grupos políticos ou segmentos particulares a indistinção entre o público e o privado

17 De modo assistemático, mas progressivo, regras impessoais e universais foram sendo criadas Governo das leis em detrimento ao governo dos homens

18 Seu objetivo seria sustentar a ordem capitalista emergente que exigiria segurança, objetividade e previsibilidade da esfera oficial Nasce, assim, uma forma racional e impessoal de gestão: a administração burocrática

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