Revista A MARgem v14, N1, fev-jul ISSN Revista Eletrônica de Ciências Humanas, Letras e Artes. Universidade Federal de Uberlândia

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1 Revista A MARgem v14, N1, fev-jul ISSN Revista Eletrônica de Ciências Humanas, Letras e Artes Universidade Federal de Uberlândia

2 Universidade Federal de Uberlândia Reitor: Valder Steffen Júnior Vice-reitor: Orlando César Mantese Instituto de Letras e Linguística (ILEEL) Diretor: Ariel Novodvorski Programa de Educação Tutorial dos Cursos de Letras da UFU (PET Letras/UFU) Tutor: José Sueli de Magalhães Revista Eletrônica de Ciências Humanas, Letras e Artes - A MARgem Disponível em: ISSN Comissão editorial: Bianca Fernandes Santos Bruno Drighetti Camila Severino Gildo Antonio Moura Junior José Sueli de Magalhães (coordenador) Contato: Av. João Naves de Ávila, Santa Mônica, Uberlândia - MG, Bloco 1G - Sala 1G212 (34) revistaamargem@gmail.com Publicação: V.14, N.1, fev-jul. 2018, Uberlândia - MG. 337p. Capa: RODRIGUES, D. O pescador fotografia, 20,09 cm x 14,19 cm. Todos os trabalhos são de responsabilidade dos autores, não cabendo qualquer responsabilidade legal sobre seu conteúdo à Revista A MARgem.

3 SUMÁRIO Apresentação V.14, N.1 Revista A MARgem 3 A construção das narrativas dos veículos mediáticos da oficialidade católica referente a ascensão de Adolf Hitler: uma análise dos posicionamentos do jornal O Apóstolo entre os anos de em Santa Catarina 11 Das memórias do Korovai à identidade de um povo - Ivaí, PR: O ícone medieval do Cristo Pantocrator no Triângulo Mineiro: análise iconográfica do trabalho do artista sacro Cláudio Pastro na catedral municipal de Uberlândia MG 57 E-lixo Uberlândia: uma proposta de Educação ambiental para tratar o lixo eletrônico desenvolvida na Escola Estadual José Ignacio de Sousa em Uberlândia MG 82 Museu de Tudo: uma leitura sobre o espaço em João Cabral 93 João do Rio e a alma da Primeira República 106 A representação do índio e a concepção de identidade nacional brasileira sob a ótica de Pero Vaz de Caminha, José de Alencar e Antônio Torres 122 Educação e relações étnico-raciais no Brasil: a Literatura negro-brasileira, um caminho 139 A importância da literatura lobatina no processo de leitura do ensino fundamental 164 Com e contra o passado: Memória e Esquecimento em Beloved 185 Fatalidade, de Guimarães Rosa: violência, amor e perseguição no sertão 216 As práticas de (i)moralidade em O Ateneu 227 Interpretando a morte de Glaura sob os olhares de Candido 240 Inteligências Múltiplas e o planejamento do PIBID Letras/Espanhol de Lagoa Vermelha: a união entre a teoria e prática no ensino de línguas estrangeiras 247 Os gêneros discursivos na escola: muito além da língua portuguesa 261 Pequenos movimentos de mudança: vozes docentes sobre suas experiências profissionais e a escola como ambiente multicultural 273 A carta do leitor como objeto de ensino/aprendizagem da língua portuguesa 296 As diferenças no processo de construção referencial de contraventores ricos e pobres em notícias policiais 306 Poesias contemporâneas 318 Os peixes no aquário 320 É pra refrescar?! Nós em NÓS 327

4 3 APRESENTAÇÃO V.14, N.1 REVISTA A MARgem A Revista A MARgem é organizada, sob a coordenação do Professor e Tutor do PET Letras UFU José Magalhães e por membros do PET Letras UFU. A rotatividade dos estudantes de graduação que compõem a comissão editorial - todos petianos - ocorre conforme a trajetória acadêmica de cada um. Desse modo, os movimentos de ingresso e/ou saída da equipe d A MARgem possuem inúmeras motivações, sendo inerentes ao funcionamento da revista. Durante a 14º edição da Revista A MARgem, produzida entre os meses de fevereiro e julho de 2018, a comissão editorial sofreu algumas mudanças importantes em sua composição: antes do início do processo editorial, tivemos a saída dos membros Renan Willian de Santana, que contribuía para A MARgem desde 2016, e de Rafaela Cristina de Souza Silva, que permaneceu conosco durante o desenvolvimento do 13º volume. Ao final da 14º edição, despedimo-nos ainda de Bianca Fernandes Santos, também parte da equipe desde 2016, e de Bruno Drighetti, nosso colega de trabalho desde A todos e todas mencionados, gostaríamos de agradecer pela dedicada atuação e desejar uma vida de muito sucesso pessoal, acadêmico e profissional. Ainda durante a 14º edição, Gildo Antonio Moura Junior ingressou para a comissão editorial. A partir da 15º edição, damos boas-vindas à Iasmin Walchan e comunicamos também a entrada de novo(s) membro(s), a ser decidida em reunião ordinária do PET Letras no início do segundo semestre letivo (conforme calendário da UFU). Desde já, felicitamos os ingressantes e desejamos um estágio de trabalho prazeroso e próspero em nossa revista. Também dedicamos agradecimentos ao nosso corpo de pareceristas, sejam os membros permanentes ou os avaliadores ad hoc. Avaliar um texto não demanda apenas um olhar meramente corretivo, mas a compreensão das condições de pesquisa dos sujeitos

5 4 graduandos, das nuances da escrita acadêmica e das possibilidades e oportunidades de adotar, processualmente, um texto para cuidar, orientar. Escrever, na academia, comumente se subordina à lógica de produtividade acadêmica, por vezes automatizada, e acreditamos que ser parecerista (em especial de uma revista de graduandos) permite recuperar o olhar sobre a escrita em seu estado desobrigado e em formação. Avaliar é contribuir para a escrita do outro, sua forma de expressão e seu gesto de interpretação é, portanto, uma via de conexão fraterna com o outro. Em tempo, gostaríamos de elucidar nossos critérios de escolha dos pareceristas efetivos, modalidade com a qual trabalhamos desde o primeiro semestre de Conforme se verifica em nosso site, dentre nossos avaliadores ad hoc, elegemos um corpo de pareceristas permanentes. Utilizamos, basicamente, critérios de titulação (preferencialmente doutores), atuação (aqueles que contribuem periodicamente para a revista) e qualidade do parecer prestado. Buscamos selecionar profissionais de diferentes instituições e formações (dentro das Ciências humanas, Letras e Artes) a fim de garantir o intercâmbio entre a UFU e as demais universidades bem como abranger o máximo de especialidades possível. Informamos aos novos pareceristas cadastrados em nosso site a possibilidade de ingresso no corpo de pareceristas eleito, conforme o cumprimento dos critérios de seleção e necessidades da revista. Também comunicamos a possibilidade de remoção dos avaliadores permanentes que, porventura, solicitarem desligamento da revista ou ausentarem-se de sua função sem comunicar a comissão editorial. Com isso, esperamos ser justos e valorizar ainda mais aqueles que contribuem para o processo avaliativo d A MARgem. Agradecemos também a Daniel Alves Rodrigues, graduando do curso de Filosofia da UFU, pela capa desta edição. A fotografia, denominada O pescador, foi tirada numa praia do estado do Rio Grande do Norte e, segundo ele, remete à imensidão do céu e do mar e à pequenez solitária de um pescador diante de tamanha vastidão. Por fim, agora apresentamos os 21 textos que compõem a 14º edição, sendo 18 da seção Estudos e 03 da seção Verbare. Dentre as instituições de origem dos(as) autores(as), encontramos a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade da Beira Interior (UBI), Universidade da Região de Joinville (Univille), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade Federal do Pará (UFPa), Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV), Escola Superior de Artes Célia Helena (ESCH), Universidade Estadual do Centro-

6 5 Oeste (UNICENTRO), Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Universidade Estadual do Amapá (UEAP) e Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Agradecemos imensamente a todos e todas pelo interesse e confiança em publicar na Revista A MARgem. É muito gratificante e enriquecedor para nós ter a oportunidade de conhecer o trabalho de vocês, sejam as pesquisas sejam os textos de natureza literária. Em troca, esperamos ter oferecido um trabalho transparente e de qualidade. Colocamo-nos à disposição para a continuidade dessa parceria àqueles(as) que permanecem na graduação e desejamos prosperidade pessoal e acadêmica e/ou artística para todos(as). Para abrir a seção Estudos, Gustavo Henrique Shigunov e Victor Assumpção Navarrete (UFSC), no texto A construção das narrativas dos veículos mediáticos da oficialidade católica referente a ascensão de Adolf Hitler: uma análise dos posicionamentos do jornal O Apóstolo entre os anos de em Santa Catarina abordam as publicações do jornal católico O Apóstolo, analisando o modo como o jornal publicava suas matérias, bem como suas opiniões, frente aos eventos ocorridos na Alemanha durante o regime nazista. As publicações analisadas são do período de 1932 a 1939 e demonstram a inconstância do posicionamento desse periódico conforme os interesses católicos da época. Em Das memórias do Korovai à identidade de um povo - Ivaí, PR: , Cibeli Grochoski e a orientadora Ana Maria Rufino Gillies (UNICENTRO) se propõem a investigar a cultura do povo de Ivaí (PR) e as influências da cultura ucraniana trazida pelos imigrantes. O foco da pesquisa é um prato típico de origem ucraniana chamado Korovai, usado tradicionalmente em festividades, principalmente em casamentos. A partir desse prato e das manifestações culturais contemporâneas em torno dele, as autoras buscam discutir de que forma o Korovai se presentifica na manutenção da cultura ucraniana em Ivaí (PR) e contribui para preservar uma identidade étnico-cultural. Claudio Pastro, artista brasileiro contemporâneo, tem sua arte sacra apresentada e analisada por Amanda Patrícia Tagliaro (UFU). No escrito O ícone medieval do Cristo Pantocrator no Triângulo Mineiro: análise iconográfica do trabalho do artista sacro Cláudio Pastro na catedral municipal de Uberlândia MG, o leitor pode conhecer o trabalho de Pastro e perceber a expressão medieval bizantina referenciada em sua obra. A escolha do objeto, o Cristo Pantocrator, dentre outros motivos, justifica-se pelo interesse da

7 6 autora em compreender e valorizar o patrimônio histórico, artístico e cultural da cidade de Uberlândia (MG). A valorização e preservação dos espaços também constitui preocupação para os estudiosos Francisco Ferreira Silva e William Cesar Borges (UFU). Ao longo da graduação em Geografia, eles desenvolveram o E-lixo Uberlândia, projeto que buscou debater a gestão do lixo eletrônico (e-lixo) em Uberlândia (MG) e fomentar práticas adequadas de descarte. O projeto, realizado em uma escola pública, é apresentado no artigo E-lixo uberlândia: uma proposta de Educação ambiental para tratar o lixo eletrônico desenvolvida na Escola Estadual José Ignacio de Sousa em Uberlândia MG. Abordando agora o espaço na Literatura, Larissa Emanuele da Silva Rodrigues de Oliveira (UFMA), por meio da análise da obra Museu de Tudo ( ), realiza uma leitura sobre o espaço em João Cabral ( ). No texto Museu de Tudo: uma leitura sobre o espaço em João Cabral, a autora demonstra a construção da relação do poeta com o espaço e exemplifica, com poesias, o surgimento de uma nova espacialidade metafórica, o museu, que caracterizará o fazer poético de João Cabral. O próximo trabalho também pesquisa a obra literária de um João, dessa vez, do escritor João do Rio ( ). Em João do Rio e A Alma da Primeira República, Airton da Silveira Filho (UFSC) nos apresenta, a partir da obra A alma Encantadora das Ruas (1910/2013), alguns dos meios pelos quais a Literatura e a História se interceptam. Para isso, o autor analisa o livro buscando relacioná-lo com seu contexto de produção e, a partir disso, identifica traços que demonstram o posicionamento de João do Rio com relação às correntes positivistas e cientificistas, predominantes no momento da produção da obra. No texto A representação do índio e a concepção de identidade nacional brasileira sob a ótica de Pero Vaz de Caminha, José de Alencar e Antônio Torres, Luciano Santos Xavier (UNEB) se propõe a analisar formas como os três autores em questão representam a imagem do índio em obras selecionadas, observando os aspectos sacralizadores e dessacralizadores em cada escritor. Seu objetivo, com isso, não é eleger uma representação como a mais correta ou adequada, mas refletir sobre tais representações, problematizando seu papel na construção da identidade nacional brasileira. Sua fundamentação teórica apoia-se em obras de Helena (2002), Ricoeur (2003), Hutcheon (1991), Coutinho (2002), Barthes (1977), dentre outros. A reflexão sobre a identidade nacional brasileira perpassa o tópico da pluralidade cultural característica de nosso país, abordada no artigo Educação e relações étnico-raciais

8 7 no Brasil: a Literatura negro-brasileira, um caminho. Nele, a estudiosa Daniele Teixeira (UNIFEV) busca evidenciar as contribuições de negros e indígenas para a formação da sociedade nacional a fim de contestar a precariedade da abordagem dos temas étnico-raciais dentro de salas de aula e apresentar uma proposta de ensino que aborde as relações étnicoraciais africana e afro-brasileira por meio da Literatura. Literatura e ensino escolar também constituem o domínio interdisciplinar do estudo desenvolvido por Amélia Maria Tenório Calado, Inaê Tenório Melquiades e Nilena Cláudia Ratis Cavalcanti da Cunha (UPE) e orientado por Fernando Augusto de Lima Oliveira. A importância da literatura lobatina no processo de leitura do ensino fundamental veicula uma discussão acerca da contribuição das obras de Monteiro Lobato para a formação de leitores. Além disso, o texto também apresenta uma problematização da abordagem da literatura lobatina pelos professores do 3º e 4º anos do ensino fundamental I de uma escola municipal de Terezina (PE). Sara Martins Ramos (UFRJ), em Com e contra o passado: Memória e Esquecimento em Beloved, aborda os conceitos de Memória e Esquecimento, por meio do romance Beloved (1987) e suas personagens negras. Para tal, se apoia em autores como Henri Bergson, Nietzsche, Achile Mbembe, Frantz Fanon, entre outros, discutindo também a colonização e traumas, a raça, diferença e a narração do passado, além dos efeitos e aspectos da violência colonial. Hanna Line Silva de Lima (UNIFAP) e Fabrício Lemos da Costa (UEAP), em seu artigo intitulado Fatalidade, de Guimarães Rosa: violência, amor e perseguição no Sertão, discutem a temática da violência dentro do conto roseano Fatalidade, que pode ser observada sobretudo por meio das relações entre os sertanejos. De modo a fundamentar a análise, baseiam-se em teorias de Viggiano (1974) e Nunes (2013), dentre outros autores, bem como na filosofia da ética kantiana. As práticas de (i)moralidade em O Ateneu, escrito por Fabiana Alencar da Silva (UFRJ), trata-se de um ensaio que busca discutir a dinâmica entre atos moralizadores e as práticas imorais tematizados na obra de Raul Pompeia O Ateneu, publicado pela primeira vez em Para tanto, a autora explora a linguagem de Pompeia, as personagens e alguns episódios cruciais para a compreensão da construção do substrato moral na obra. Para fechar a apresentação dos estudos que abordam Literatura, não poderíamos deixar de homenagear o centenário de Antonio Candido ( ). Os escritos desse grande crítico literário e professor brasileiro sobre Manuel Inácio da Silva Alvarenga e o Arcadismo

9 8 são utilizados, no texto Interpretando a morte de Glaura sob os olhares de Candido, para fundamentar a análise de um poema de Alvarenga contido na obra Glaura: poemas eróticos, de A autora Marcilene Goes Ferreira (UFU) apresenta no artigo as contribuições teóricas e pessoais do mestre Candido para a literatura árcade luso-brasileira. Para dar início às apresentações dos estudos em Linguística e Linguística Aplicada, convocamos o artigo de Francismar Furlanetto (UFP) intitulado Inteligências Múltiplas e o planejamento do PIBID Letras/Espanhol de Lagoa Vermelha: a união entre a teoria e prática no ensino de línguas estrangeiras. Nesse escrito, o estudioso discute os planejamentos de um PIBID à luz das múltiplas inteligências de Gardner, do sociointeracionismo de Vygotsky e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a fim de defender a interação como componente fundamental para a aprendizagem. Em Os gêneros discursivos na escola: muito além da língua portuguesa, a partir de entrevistas com professores de uma escola pública, os autores Evelin de Freitas Costa, Felipe de Moraes Poffo e Thiago Túlio Pereira (Univille), sob a orientação de Rosana Mara Koener, analisam de que forma os gêneros discursivos são compreendidos e produzidos nas disciplinas do ensino básico. Além disso, investigam se a interação entre as áreas do conhecimento e seus gêneros discursivos se dá de forma inter, -trans ou multidisciplinar. Seguindo o viés de pesquisas em escolas públicas, Andrei Ferreira de Carvalhaes Pinheiro, Beatriz dos Santos Rodrigues, Eduardo da Silva Pimentel, Letícia Pimentel Garcia de Souza, Hannah Christina Fernandes Koebcke, Roberta Silva de Lima (UFRJ), no artigo Pequenos movimentos de mudança: vozes docentes sobre suas experiências profissionais e a escola como ambiente multicultural, também a partir de entrevistas, se propõe a investigar a escola como espaço de crescimento, integração e manifestação de práticas culturais diversas. Para isso, os autores lançam mão de teorias e reflexões a respeito da docência e o papel do professor nesse espaço multicultural, bem como suas vivencias, formações e tempo de atuação e de que forma tudo isso reflete nas questões levantadas no trabalho. Em A carta do Leitor como Objeto de Ensino/Aprendizagem da Língua Portuguesa, Marilúcia dos Santos Domingues Striquer (orientadora), Sara Nicacia de Souza e Renatta Isabelly Maldonado (UENP), abordam o gênero discursivo/textual carta do leitor, buscando analisar quais os elementos sociais, linguísticos e discursivos que constituem esse gênero, para que depois eles possam ser utilizados como objeto de ensino e aprendizagem.

10 9 Esse tema é abordado, visto que o gênero carta do leitor contribui com o processo de aprimoramento da habilidade de argumentação e de expressão do sujeito. Amanda Gabriella Lima Leal e Ana Karolina de Melo Pessoa Oliveira (UFPI), no artigo As diferenças no processo de construção referencial de contraventores ricos e pobres em notícias policiais, analisam notícias retiradas do jornal online G1 com o objetivo de contrastar os modos com os quais infratores ricos e pobres são tratados. Assim, em seu trabalho, partem da hipótese de que os métodos de construção dos objetos de discurso, no caso, contraventores sociais, estão relacionados com a classe social a qual esses objetos pertencem. Seu estudo, dessa maneira, explicita as relações entre língua e ideologia, bem como o papel desse recurso nas notícias para a manutenção das crenças pejorativas com relação às classes baixas e na promoção dos valores das classes mais abastadas. Inaugurando a seção Verbare, apresentamos as Poesias contemporâneas de Maya Pires (UFU). A poeta apresenta três poemas de distintas temáticas: no primeiro, deparamo-nos com a sugestão de uma cena erótica feminina construída por meio da evocação da carne e da nudez e de figuras da mitologia clássica remetidas ao erotismo; no segundo, transportamo-nos para um cenário de violência de cunho socioeconômico descrito em tom de crítica social; no terceiro, encontramos um eu lírico entrelaçado na ternura de um sentimento amoroso. Por meio dos textos, Pires demonstra sua habilidade em transitar entre diferentes temáticas sustentando sempre um olhar e um fazer poético caracteristicamente contemporâneos. No conto Os peixes no aquário, Renan Willian de Santana (UFU/UBI) explora a trajetória psicológica de passageiros em um voo prestes a explodir no céu. Diante da possibilidade de morte simbolizada pela inconstância da turbulência e do funcionamento do pressurizador do avião, as personagens têm a oportunidade de encarar fatos e memórias de uma perspectiva diferente, engendrando-se em processos de autodescobertas. O aquário, enquanto metáfora para o mundo de ilusões, constitui-se por peixes com consciência da finitude da vida e peixes que vivem iludidos pela tranquilidade das máscaras de oxigênio e alienados do risco constante da despressurização. É pra refrescar?! Nós em NÓS. Amanda Quintero, Thiago Richter e Raíra Rosenkjar (ESCH), sob orientação de Yonara Dantas, aventuram-se na escrita coletiva da experiência dos autores enquanto expectadores da peça "Nós" (2016) do Grupo Galpão, fundado em O leitura do texto permite uma incursão nas impressões estéticas dos escritores uma vez que a escrita possui uma fluência mimética ao estado emocional dos expectadores. O texto

11 10 impressiona pela proposta e a estruturação criativa, além de estabelecer uma sintonia crítica em relação à peça teatral. Apresentados todos os textos, desejamos excelentes leituras! Bianca Fernandes Santos Bruno Drighetti Camila Severino Gildo Antonio Moura Junior Prof. Dr. José Magalhães Uberlândia, agosto de 2018.