Meio Ambiente discute soluções para lixo
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- Fernando Fartaria Santiago
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1 NIQUELÂNDIA Meio Ambiente discute soluções para lixo Euclides Oliveira A correta deposição do lixo produzido diariamente pelos moradores de Niquelândia, a operação adequada do aterro sanitário que dará lugar ao antigo lixão às margens da BR-414 e a reciclagem de materiais passíveis de serem reaproveitados foram os principais temas discutidos na manhã de quinta-feira (30), na audiência Gestão de Recursos Sólidos, promovida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente,. Por quase duas horas, a engenheira sanitária Lívia Maria Dias, superintendente de Saneamento da Secretaria Estadual de Cidades, discorreu sobre a atual situação dos municípios goianos na questão do lixo. Ela apresentou um mapa de Goiás demarcado por uma extensa área laranja, atestando que os lixões (locais onde o lixo é colocado sem qualquer cuidado ambiental) ainda predominam no Estado. Niquelândia, na exposição da engenheira, apareceu no rol de cidades demarcadas por minúsculas faixas com a cor verde (pulverizadas em várias regiões do Estado) onde a situação do lixo está sob controle ou menos caótica (seja com
2 aterros sanitários em funcionamento ou em fase final de implantação). Segundo Lívia, o Estado regrediu muito nos cuidados com o lixo produzido pelos goianos. Entre 1997 e 1999, foram implantados 115 aterros controlados, entre os 246 municípios. Porém, em 2005, a então Agência Goiana do Meio Ambiente (atual Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos/SEMARH) constatou que 86 dos aterros feitos na década anterior (75% do total) deixaram de receber qualquer controle sanitário e se tornaram verdadeiros lixões. São locais expostos e abertos, em que há acesso de qualquer pessoa, sem qualquer controle ou impedimento. Saneamento, no Brasil, ainda é filho sem pai, disse a engenheira. No dia anterior, antes da palestra propriamente dita, Lívia Dias visitou vários locais de Niquelândia e encontrou problemas bastante pontuais, que a secretária de Meio Ambiente da cidade, Belcholina Elias da Silva, reconheceu e prometeu empenho para resolvê-los. Uma necessidade, segundo a engenheira sanitária, seria a aquisição de um caminhão específico para o recolhimento dos materiais recicláveis, o que ainda não existe em Niquelândia. RECICLAGEM É FUNDAMENTAL Boa parte desse lixo, como vidros e plásticos que não tem mais serventia às pessoas, não são lixo, de fato. Portanto, não deveriam ir para o aterro. Minha sugestão é que
3 se faça uma separação desses recicláveis, com uma logística diferente da coleta do lixo orgânico, disse a engenheira. Fora isso, Lívia notou que o niquelandense coloca o lixo irregularmente em pontos isolados da cidade, ocupando calçadas e terrenos baldios com resíduos de materiais de construção e galhos de árvores que foram podadas, obrigando que o cidadão ande pela rua (e não pelas calçadas) em várias ocasiões. CONTAINERS Uma alternativa seria a colocação de containers para essa coleta. Isso demonstra que ainda falta em Niquelândia uma política mais ampla do gerenciamento do lixo como um todo. Trata-se de uma questão de saúde pública, uma vez que o lixo jogado de qualquer forma facilita a proliferação de ratos e baratas, por exemplo. Mas, em linhas gerais, percebi que a cidade está limpa e bem cuidada e que existe uma preocupação da prefeitura em manter esse trabalho, completou a superintendente estadual de saneamento. ATERRO EM FASE FINAL Segundo a secretária Belcholina Elias da Silva, a pasta sob seu comando trabalha de forma integrada com a Secretaria Municipal de Urbanismo. Nesse sentido, a secretária de Meio Ambiente prevê que o aterro sanitário de Niquelândia na BR-414 deve ser inaugurado ainda no mês de maio. No total, incluindo-se a adequação do terreno e os
4 equipamentos necessários à correta operação, a Votorantim Metais investiu R$ 1,1 milhão na viabilização do aterro, por meio de uma empreiteira. A realização da obra foi uma exigência do Ministério Público (MP) e da SEMARH em 2007, como contrapartida da multinacional para a implantação do Projeto Ferro-Níquel (atualmente paralisado por força da crise econômica internacional). Enquanto não houver a entrega oficial, nós não podemos operar o aterro. Atualmente, nós ainda trabalhamos com uma vala antiga, aberta há muito tempo, onde estamos colocando e compactando o lixo. A prefeitura está com uma licitação em andamento, com oito empresas interessadas, para que uma delas faça o gerenciamento terceirzado desse aterro. Depois, a antiga vala será isolada e passará por um processo de reurbanização. Como a própria Lívia disse, muitos municípios que tinham aterro voltaram a ter lixões. E nós, da secretaria, não queremos isso novamente para Niquelândia, explicou a secretária de Meio Ambiente. O aterro, informou Belcholina, deve receber as 35 toneladas de lixo produzidas diariamente pelos niquelandenses por um prazo máximo de três anos, mas a superintendente estadual de Saneamento alertou na audiência que o prazo de utilização da área pode variar (para mais ou menos tempo) de acordo com as técnicas que forem aplicadas no manejo da área.
5 Por isso é que buscamos essa parceria com a Secretaria Estadual de Cidades, no sentido de minimizar a quantidade de lixo a ser encaminhada para o aterro. Se os reciclados forem retirados antes (pelos moradores, através da coleta seletiva), a vida útil do aterro poderá ser aumentada, completou a secretária. COLETA FOI DISCIPLINADA No que diz respeito à coleta de lixo na Avenida Brasil (principal corredor comercial da cidade) Belcholina informou que, além das campanhas de conscientização nas rádios locais, uma gari foi designada e treinada pela Secretaria de Urbanismo para sensibilizar os comerciantes a não mais depositarem seu lixo no canteiro central da avenida e também fora dos horários pré-estabelecidos para a coleta. CATADORES SERÃO AMPARADOS A questão dos chamados catadores de lixo também foi debatida na audiência. A primeira-dama e Secretaria Municipal de Assistência Social, Gracilene Batista, disse que fará um cadastramento das famílias que hoje sobrevivem do lixo em Niquelândia. Ela quer garantir uma alternativa de renda para as pessoas que antes perambulavam pelo antigo lixão (o que vai acabar em definitivo com a implantação do aterro). Fora isso, muita gente ainda circula nas ruas centrais de Niquelândia à procura de materiais recicláveis, sem qualquer
6 garantia de que vão conseguir revender aquilo que coletaram, com muito esforço e sacrifício.
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