Cultura e espaço. (CLAVAL, 2001, p.

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2 09) Cultura e espaço (CLAVAL, 2001, p. A diversidade estende-se ao sotaque e à melodia das línguas e das músicas variadas. Ela é sentida no odor ácido ou condimentado das cozinhas. Torna-se inquietante, quando se trata de um abismo que separa as populações desprovidas e esfomeadas de certos países, e os lugares transbordantes de riquezas.

3 Ratzel, em 1875, defende sua tese sobre a imigração chinesa na Califórnia (A geografia cultural dos Estados Unidos da América do Norte com a ênfase nas suas condições econômicas) Antropogeografia ( ): 1) descreve as áreas onde vivem os homens e as mapeia; 2) procura estabelecer as causas geográficas da repartição dos homens na superfície da Terra; 3) propõe-se a definir a influência da natureza sobre os corpos e os espíritos dos homens. Determinismo? A cultura na Geografia Clássica alemã

4 A cultura na Geografia Clássica alemã Antropogeografia: a mobilidade perpétua é inerente [] à natureza dos povos. Ela se realiza no espaço e encontra seus limites no espaço. Tanto como a capacidade de movimento, o preenchimento do espaço pelos homens tem seus limites. O tamanho e a tarefa histórica dos povos são então duplamente dependentes do espaço que a história lhes atribui. (RATZEL, 1882, p. 438)

5 A cultura na Geografia Clássica francesa La Blache: sua ambição é de explicar os lugares, e não de se concentrar sobre os homens. Gêneros de vida: para valorizar os bosques, as pastagens ou os campos que os rodeiam e sobre os quais tem direitos, os grupos foram levados a estruturar seu emprego de tempo, a adotar certas maneiras de fazer e a praticá-las em tal ou qual momento do ano em função do ritmo das estações. (CLAVAL, 2001, p. 33) Possibilismo?

6 Determinismo de Ratzel versus Possibilismo de La Blache Reagindo contra o determinismo de Ratzel, que concebia a terra como um suporte rígido, regulando os destinos dos povos com uma cega brutalidade, Vidal de La Blache orientou a Geografia Humana num sentido de melhor análise e maior prudência, ao encarar as influências mútuas entre o homem e o meio, []. (Josué de Castro, Documentário do Nordeste, 1957). Os homens das regiões temperadas e frias são, forçosamente, mais ativos. Já os que vivem nas regiões muito quentes são, por sua vez, vítimas de uma certa indolência que só o clima pode explicar. Mais alegres e joviais são os povos das regiões temperadas; são melancólicos os que moram nas zonas equatoriais. (Aroldo de Azevedo, Geografia Geral, 1943)

7 Determinismo de Ratzel versus Possibilismo de La Blache Ratzel foi um crítico do determinismo simplista, o qual em sua opinião prestou um desserviço à geografia ao tentar explicar de imediato e por uma via especulativa, sem base empírica a complexa questão das influências das condições naturais sobre a humanidade. Ele chegou a tecer críticas contundentes à ideia obscura de ser o homem um produto do meio. [] A sua visão do condicionamento dos elementos ambientais sobre o homem e a sociedade é bem mais rica e mediatizada. (Antonio Carlos Robert Moraes, Geografia, 1990).

8 A geografia cultural americana: a escola de Berkeley (Califórnia) Carl Sauer: Nossa seção ingenuamente selecionada da realidade, a paisagem, submete-se a múltiplas alterações. Este contato do homem e de seu domicílio, mutante, tal como se exprime através da paisagem cultural, é nosso campo de estudo. Concerne a nós a importância que tem o sítio para o homem, e também as transformações que este impõe ao sítio. Em síntese, tratamos das interrelações do grupo, ou das culturas, com o sítio, tal como se exprime através das diversas paisagens da Terra. (The morfology of landscape, 1925, p. 349)

9 A geografia cultural americana: a escola de Berkeley (Califórnia) Como seus contemporâneos, Sauer vê a cultura, primeiramente, como o conjunto de instrumentos e artefatos que permite ao homem agir sobre o mundo exterior, mas vai mais longe que eles: a cultura é também composta de associações de plantas e de animais que as sociedades aprenderam a utilizar para modificar o ambiente natural e torná-los mais produtivo (CLAVAL, 2001, p. 31)

10 Viradas científicas contemporâneas Virada linguística: o pesquisador sempre trabalhou sobre palavras e imagens, e não diretamente sobre a realidade; Virada espacial da sociologia: as sociedades não existem numa esfera conceitual e abstrata, mas num espaço e em lugares precisos; Virada cultural da geografia humana: os processos sociais, econômicos ou políticos dependem das culturas onde eles atuam.

11 O desenvolvimento da abordagem cultural na Geografia Anos 1950: a economia e suas representações Kevin Lynch: Os mapas mentais (A imagem da cidade, 1959) Anos 1960: Piaget e a organização dos currículos escolares de geografia. As fases e as representações. Anos 1970: Fenomenologia; das representações às imaginações atenção ao indivíduo.

12 Referências bibliográficas CAMPOS, Rui Ribeiro de. Visão de Vidal de La Blache a respeito de Friedrich Ratzel. In: Revista Soc. & Nat., Uberlândia, 26 (3): CLAVAL, Paul. A Geografia Cultural. Florianópolis: Ed.UFSC, Apresentação. In: KOZEL, Salete; SILVA, Josué C.; GIL FILHO, Sylvio F. Da percepção e cognição à representação: reconstruções teóricas da Geografia Cultural e Humanista. São Paulo: Terceira Margem, Curitiba: NEER, Uma, ou algumas, abordagem(ns) cultural(is) na geografia humana? In: SERPA, Angelo. Espaços Culturais: vivências, imaginações e representações. Salvador: EDUFBA, 2008.