Será que eu terei? Emilene Silva de Jesus

Transcrição

1 Será que eu terei? Emilene Silva de Jesus

2 Queixas sexuais no período pós-parto: Será que eu terei? Emilene Silva de Jesus

3 Meu desejo para nós! Que em cada amanhecer, nós possamos nos conhecer e nos (re) conhecer viajando para dentro de nós mesmas. Que saibamos identificar em cada humor, em cada gesto, em cada desejo e em cada silêncio o que necessitamos para cada HOJE e AGORA. Que nós tenhamos cada vez mais a sabedoria de sermos gentis com nossos passos. Uma conquista aqui e outra acolá. Que saibamos a importância de dizer NÃO quando necessário e da LIBERTAÇÃO de podermos ser quem realmente somos. Emilene Silva de Jesus

4 Dedicatória Dedico este e-book a todas as mulheres que buscam a si mesmas e que merecem resgatar sua autoestima, autoamor, autocuidado e a força curadora que existe no ventre de cada uma. Você é o seu próprio lar!

5 Sumário Introdução...p.06 O que é disfunção sexual feminina...p.07 Fases da função sexual...p.08 Aqui vai uma pequena observação...p.09 Queixas sexuais no pós-parto...p.11 Por que essas queixas surgem?...p.15 Vamos aplaudir a musculatura do assoalho pélvico...p.17 E é nesse momento que entra a fisioterapia pélvica...p.19 Um pouco mais sobre fisioterapia pélvica...p.21 Treinar o músculo é uma excelente ideia!...p.24 Dica bônus no 1...p.26 Dica bônus no 2...p.29 Dica bônus no 3...p.33 Bom...então é isso!...p.39 Um pouco sobre mim...p.40 Onde me encontrar...p.41 Referências...p.43

6 Introdução Queixas e disfunções sexuais sexuais fazem parte de algum momento das fases e/ou do ciclo feminino. Saber identificá-las e que existe tratamento, bem como possibilidade de uma melhor qualidade de vida são fundamentais para o nosso bem-estar. Este e-book tem como objetivo despertar as mulheres para a existência dessas queixas no período pós-parto, bem como incentivá-las ao autocuidado, autoamor e autorrespeito. Seja qual for o motivo que te limita a cuidar melhor de si, gostaria de dizer que estamos juntas e que é possível olhar para dentro e dar o nosso melhor a cada dia. De pouquinho em pouquinho, vamos aprendendo a nos amar mais. Afinal...o seu corpo é SEU! E você é o seu bem mais precioso. De maneira simples e de boa intenção, desejo que este material possa instruí-la de alguma maneira! Um abraço carinhoso, minha gratidão, desde já, por estar aqui comigo e boa leitura! 6

7 O que é disfunção sexual feminina? A disfunção sexual é o resultado de fatores psicológicos, biológicos, sócio-culturais e que podem interferir bloqueando, parcialmente ou totalmente, a função ou resposta sexual do indivíduo. A prevalência de disfunção sexual nas mulheres é de 20 a 73%! Isso mesmo! 1,2 Embora ter boa qualidade de vida sexual faça parte do bem estar da mulher, pouquíssimas mulheres relatam, em consultório, suas queixas sexuais ou buscam por ajuda profissional, permitindo de certa forma que isso interfira negativamente na sua autoestima e relação social.

8 Fases da função sexual A resposta sexual compreende quatro fases: Desejo, Excitação, Orgasmo e Resolução. Na mulher, existe uma série de fatores que contribuem para que a resposta não aconteça necessariamente nesta ordem e as ALTERAÇÕES ocorridas ao longo dessas etapas, bem como a DIFICULDADE para concretizar o ato e a não satisfação com o mesmo constituem a disfunção sexual. 3,4,5 8

9 Aqui vai uma pequena observação!

10 O período GESTAÇÃO, PARTO e PÓS-PARTO promove intensas modificações no organismo da mulher. É uma fase que requer ATENÇÃO e CUIDADOS especiais pois a intimidade do casal (para as gestantes que se encontram em relação conjugal) sofre interferências causadas pela demanda de todas as alterações que esse momentinho especial pede, além de todo o contexto social que DESSEXUALIZA a mulher gestante interferindo na imagem corporal e na busca pelo prazer feminino. 10

11 Queixas sexuais no pós-parto

12 No período pós-parto é comum as mulheres apresentarem as seguintes queixas: Diminuição do desejo sexual Dor durante a relação sexual Secura vaginal Dificuldade para atingir o orgasmo 12

13 Quando se trata de desejo sexual diminuído e dor durante a penetração (chamada na literatura de dispareunia), as queixas são apresentadas independente do tipo de parto. A diminuição do desejo pode estar relacionada à amamentação por conta do aumento de prolactina no sangue. Já a dispareunia pode estar relacionada à episiotomia (corte feito na região perineal para aumentar o diâmetro do canal vaginal na hora do parto) ou quaisquer outros traumas no canal vaginal e períneo ocorridos durante o parto, bem como ressecamento vaginal. 13

14 Atenção! Quando reproduzo a afirmação de que é comum, não estou afirmando que as mulheres devem aceitar ou permanecer com a queixa. Apenas devem saber que muitas mulheres apresentam muitos desconfortos em comum E que PODEM mudar o cenário tendo uma melhor QUALIDADE DE VIDA! 14

15 Por que essas queixas surgem? 15

16 Alguns fatores físicos são apresentados como condições para que as mulheres apresentem tais queixas. São eles: Falta de preparo da musculatura para a gestação e parto vaginal Ausência de consciência corporal e da musculatura responsável pela função sexual Fraqueza muscular Incontinência urinária Possível trauma perineal causado no parto vaginal Episiotomia Dor pélvica Desconfortos na região perineal, dentre muitos outros. 16

17 Vamos aplaudir a musculatura do assoalho pélvico! É importantíssimo fortalecer a musculatura do assoalho pélvico para manter uma qualidade de vida sexual satisfatória no pós-parto. Esses músculos valem ouro! Os músculos do assoalho pélvico suportam os órgãos da pelve e mantém a continência de urina, fezes e gases e tem extrema importância na função sexual da mulher, bem como no parto vaginal. 6 17

18 Esses músculos são os responsáveis pela atividade de contração voluntária e involuntária durante o orgasmo, pela percepção e sensibilidade locais, bem como intensificação da excitação durante a relação sexual, quando estão devidamente fortalecidos. 7,8 18

19 E é nesse momento que entra a Fisioterapia Pélvica! 19

20 Esta especialidade da fisioterapia atua no tratamento conservador das disfunções urológicas, genitais, anorretais e sexuais em mulheres. Atua também durante a gestação preparando a pelve para o parto e na prevenção de disfunções causadas pelo período gestacional. Dentre essas disfunções estão: disfunção sexual feminina, incontinência urinária, distopias genitais (queda de órgãos como bexiga, útero, uretra e reto) e incontinência fecal/gases com ou sem indicação cirúrgica. 20

21 Um pouco mais sobre a Fisioterapia Pélvica... 21

22 A fisioterapia dispõe de técnicas e recursos que restabelecem ou melhoram o controle da bexiga e as qualidades da musculatura do assoalho pélvico (musculatura que representa o chão da pelve). Dentre essas técnicas se encontram: reeducação através da terapia manual; terapia comportamental; exercícios perineais; cones vaginais; eletroestimulação; treino para esforço e reintegração às atividades de vida diária. É apontada como procedimento de primeira escolha no tratamento destas disfunções, visto que há possibilidade desta intervenção evitar ou postergar o processo cirúrgico ou, até mesmo, preparar a paciente para este procedimento melhorando a recuperação pós-operatória. 9 22

23 É comum escutarmos das puérperas que realizaram um programa de exercícios perineais durante a gestação relatos positivos. Dentre esses relatos podemos citar: aumento do controle do tônus muscular vaginal, melhor controle sobre os músculos do assoalho pélvico, aumento do tempo entre uma micção e outra, aumento do desejo, bem como satisfação sexuais. 23

24 Treinar o músculo é uma excelente ideia!

25 É imprescindível a realização de um programa fisioterapêutico durante a gestação para que haja pouca ou nenhuma queixa voltada para as disfunções sexuais que mais acometem o período pós-parto. O treinamento da musculatura do assoalho pélvico é indicado principalmente como prática preventiva de disfunções musculares durante a gestação como também após o parto. 25

26 Dica Bônus n o 1: 26

27 Aqui vai uma valiosa DICA BÔNUS de Ginecologia emocional! Fique atenta aos seus padrões emocionais! Observe seu ciclo menstrual e conheça você mesma em cada fase do seu ciclo. Se perceba, se aceite, se acolha e se valorize como você é! Você é única! Tente descobrir o que pode estar afetando sua saúde sexual, o que te impede de ser livre para você mesma e para o outro. Do que seu corpo reclama? Por que ele pede atenção para essas questões? O que ele guarda como memória que te limita para seguir adiante? Escute as queixas do seu corpo. Seu corpo fala! Com amorosidade, paciência e dedicação a comunicação flui e tudo entra em harmonia. 27

28 Anote sobre suas sensações físicas e emocionais diariamente ou sempre que possível! Adote hábitos de gentileza com você mesma! Respeite o seu momento! Tente alimentar o que te faz bem! Seja gentil com você e paciente com o seu processo! 28

30 E que tal uma dica da Ginecologia Natural? Vamos lá! Antes de praticar a dica, se desejar saber um pouco mais sobre esse universo encantado sugiro a leitura do texto Conversando sobre Ginecologia Natural, mas para este momento do nosso papo eu vou sugerir banhos de assento com ervas como Damiana, Malva branca, Lavanda, Calêndula, Barbatimão ou Camomila. Se não houver queixa de secura vaginal: barbatimão ou calêndula também podem ser usadas! Se houver queixa de secura, as demais ervas citadas são melhor indicadas, pois não ressecam o canal vaginal. Lembrando que antes de realizar o banho de assento verifique com sua médica ou seu médico se já está liberada para a posição, certinho?! 30

31 O que as ervas vão proporcionar: Melhora da circulação sanguínea na região favorecendo o estímulo à lubrificação Aceleração do processo de cicatrização caso haja lesão tecidual Relaxamento da musculatura de possíveis tensões e traumas Nutrição da pele e dos tecidos tornando-os mais saudáveis, dentre outros. Energeticamente falando, ou seja, aproveitando o poder fluídico e curativo das ervas, elas vão te auxiliar melhorando o bem-estar físico e emocional, ajudando a limpar a região pélvica de possíveis congestões energéticas e muito mais. 31

32 Coloque o chá da erva que foi preparado por infusão dentro da bacia numa temperatura que esteja entre morna e a temperatura ambiente e numa quantidade que seja o suficiente para cobrir a região pélvica. Permaneça sentada dentro da bacia com os pés para fora apoiados no chão por 20 min. Se o tempo estiver frio mantenha os pés aquecidos com meias durante e após o banho de assento. Repita esse banho de 3x a 5 x/ por semana.

34 Ahaaa! Como não poderia faltar exercício como BRINDE, aqui vai outra valiosa DICA BÔNUS! Ou melhor: 2 dicas! As dicas da Fisioterapia! Primeiramente eu gostaria de alertar que os alongamentos da pelve são muito bem-vindos. Mantenha o hábito de fazer alongamentos. Eles previnem lesões, aliviam dores e melhoram a flexibilidade. Recomendo ainda que realize alongamentos antes de qualquer fortalecimento muscular. Você pode se manter na posição de alongamento por 30 segundos ou 20 segundos e repetir por 2x. Sugiro alongamento da cadeia posterior dos membros inferiores (a parte de trás das pernas e coxas), alongamento de adutores ( a parte interna das coxas), alongamento da cadeia anterior da coxa (parte da frente da coxa) e os músculos da região da coluna lombar. Atenção e muito cuidado com as posturas que você pode praticar e respiração, certinho? 34 Agora vamos às dicas!

35 Eis aqui dois exercícios pra você que quer sentir que existe um assoalho pélvico em você! 35

36 Deite-se confortavelmente encostada em uma superfície, flexione os joelhos e apoie os pés. Descanse as mãos sobre o abdomen e contraia a região vaginal e a região anal juntas como se estivesse impedindo os gases de sair. Aperte e solte, aperte e solte, aperte e solte...faça isso até atingir 30 contrações, 1 a 3 vezes por dia. ATENÇÃO! No momento dessa contração os músculos do abdomen, da parte interna da coxa e glúteos (o bumbum) não participam, ok? Se não conseguir as 30 contrações de primeira, NÃO DESANIME! Vá tentando e respeitando o seu limite e, cada vez que tentar, vai perceber que irá conseguir um pouco mais. Vamos ao segundo exercício!

37 Ainda na posição anterior contraia a musculatura do períneo (sinta que contrai vagina e ânus ao mesmo tempo) durante 3 segundos e relaxe por 6 segundos. Repita 20 contrações. ATENÇÃO! Lembre-se que no momento dessa contração os músculos do abdomen, da parte interna da coxa e glúteos (o bumbum) não participam! Se não conseguir as 20 contrações vá tentando e respeitando o seu limite e, cada vez que tentar, vai perceber que irá conseguir um pouco mais. Esse segundo exercício pode ser substituído por uma contração de tempo maior. Porém fique atenta ao tempo de repouso. Se o músculo não descansar adequadamente, a contração não será de qualidade e isso pode interferir no ganho de força muscular e consciência corporal. 37

38 Exercício 1: Contrair e relaxar por 30 vezes. Exercício 2: Contrair por 3 segundos, relaxar por 6 segundos e repetir 20vezes. A partir de 10 segundos de contração mantenha o mesmo tempo de relaxamento. Ex.: Se contrair por 10 segundos, descansa por 10 segundos. Se contrair por 20 segundos, descansa por 20 segundos. Atenção! 30 segundos é o tempo máximo ideal de contração! Não ultrapasse esse limite! Lembre-se de todos os benefícios citados e alimente sua motivação! 38

39 Bom...então é isso! As alterações na região perineal decorrentes do parto e/ou gestação são amenizadas ou extintas quando as mulheres são submetidas a um programa de exercícios fisioterapêuticos e acompanhamento. É uma fase especial e delicada que merece investimentos para a conquista de uma melhor qualidade de vida sexual. Embora existam fatores como religião, jornada de trabalho, vida conjugal, tipo de parto, situação financeira e outras demandas da vida, É POSSÍVEL diminuir a prevalência de disfunções sexuais no pós-parto havendo principalmente informação e, se possível, acompanhamento por profissionais da área. Deixo aqui minha gratidão por adquirir este e-book. Você é o seu bem maior! Cuide-se! 39

40 Um pouco sobre mim: Sou fisioterapeuta e especializada na Saúde da Mulher. Possuo formação em fisioterapia uroginecológica, ortopédica, preparo para o parto e em ginecologia natural. Adquiri outras formações no campo das terapias holísticas e medicina complementar, como Reiki, Uso de plantas medicinais e fitoterápicos, bem como Aromaterapia. Sou estudiosa de ervas e como a terapia holística pode nos favorecer a cura de corpo e alma. Entre trocas de experiências e afetos vou facilitando rodas de mulheres e workshops voltados para a fisioterapia pélvica e ginecologia natural na eterna, complexa e linda busca de mim mesma diante deste maravilindo Universo!

41 Onde me encontrar: Acesse o Blog Emilene Silva e leia mais sobre este e outros assuntos que favorecem a sua saúde! emilene.sj@gmail.com Site: emilenesilva.com.br Facebook: Veja também: Conversando sobre Fisioterapia Pélvica Conversando sobre Ginecologia Natural Chega de sofrer com TPM! Cones Vaginais 25 maneiras de abandonar suas crenças limitantes e ampliar seus horizontes Disfunção sexual feminina no pós-parto! O que é isso? 41

42 Autora: Emilene Silva de Jesus Revisão: Nara Paixão (71) Fonte das Ilustrações: Apoio: Lumi, Conectcom, Grupo Invista e João Rafael: Agradecimentos: A todas as mulheres que me inspiraram na produção deste material!

43 Referências 1-Vettorazzi J, Marques F, Hentschel H, Ramos JGL, Martins-Costa SH, Badalotti M. [Sexuality and the postpartum period: a literature review]. Rev HCPA. 2012; 32(4): Prado DS, Mota VP, Lima TI. [Prevalence of sexual dysfunction in two women groups of different socioeconomic status]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2010; 32(3): Lima AC, Dotto LMG, Mamede MV. Prevalência de disfunção sexual em primigestas, no Município de Rio Branco, Acre, Brasil. Cad. Saúde Pública. 2013; 29(8): Lara LAS, Silva ACJS,Romao APMS, Junqueira FRR. Abordagem das disfunções sexuais femininas. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2008; 30(6): Ribeiro B; Magalhaes ATM. Disfunção sexual feminina em idade reprodutiva: prevalência e fatores associados. Rev Port Med Geral Fam. 2013;29(1): Yiou R, Costa P, Haab F, Delmas V. Anatomiefonctionnelle du plancherpelvien. Prog Urol. 2009;19(13): Lowenstein L, Gruenwald H, Gartman I, Vardi Y. Can stronger pelvic muscle floor improve sexual function? IntUrogynecol J. 2010;21: Berman JR, Berman LA, Kanaly KA. Female sexual dysfunction: new perspectives on anatomy, physiology, evaluation and treatment. EAU Updat Ser. 2003;1: JESUS, Emilene S. Conversando sobre Fisioterapia Pélvica acesso em:01/05/2018.