PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS GABINETE DA PRESIDÊNCIA

Transcrição

1 fls. 23 Juiz 2 - JMRU PRESIDENTE / SECRETARIA JUDICIÁRIA RECURSO EXTRAORDINÁRIO N.º RECORRENTE: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO AMAZONAS RECORRIDO : ASSOCIAÇÃO DOS DELEGADOS DE POLÍCIA DO ESTADO DO AMAZONAS - ADEPOL D E S P A C H O Intime-se o recorrido para apresentar contrarrazões ao presente Recurso Extraordinário no prazo legal. Após, devolvam-se os autos conclusos a esta Presidência para o juízo de admissibilidade recursal. Desembargadora MARIA DAS GRAÇAS PESSÔA FIGUEIREDO Presidente do TJ/AM End.: Av. André Araújo, S/N, Ed. Arnoldo Peres 10º andar - Aleixo / Manaus-AM CEP: / Fone: (92) /6652 Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Maria das Gracas Pessoa Figueiredo, liberado nos autos em 06/10/2014 às 15:15. Para conferir o original, acesse o site informe o processo e código 2A067D.

2 fls. 32 PRESIDÊNCIA/SECRETARIA JUDICIÁRIA RECURSO EXTRAORDINÁRIO N.º RECORRENTE: Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas RECORRIDO: Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Amazonas - Adepol Relatório. D E C I S Ã O Trata-se de Recurso Extraordinário interposto por Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas com fundamento no art. 102, III, alínea "b", da Constituição Federal contra Acórdão lavrado em julgamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Tribunal Pleno (fls. 265/292 dos autos de n ), cuja ordem pleiteada houve por julgada procedente. ementa: O Acórdão paradigma do recurso possui a seguinte EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL Nº DE 08 DE JUNHO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO INCISO VII DO ART. 3º, MATÉRIA JÁ DECLARADA PELO TRIBUNAL PLENO. INCONSTITUCIONALIDADE DO INCISO VIII DO ART. 3º 1º DO ART. 8º E ART. 13, TODOS DA LEI VICIADA. IMPOSSIBILIDADE DE FISCALIZAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL PELA POLÍCIA MILITAR. SITUAÇÃO DECIDIDA PELO TRIBUNAL PLENO. CONFECÇÃO DE TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA PELA POLÍCIA MILITAR. IMPOSSIBILIDADE. INVASÃO 1

3 fls. 33 DE COMPETÊNCIA. SITUAÇÃO TAMBÉM JÁ DECIDIDA. QUESTIONAMENTO ACERCA DO FORO PRIVILEGIADO DO COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR, DO SUBCOMANDANTE E DO CHEFE DO ESTADO MAIOR GERAL PELA ADEPOL. IMPOSSIBILIDADE. O dispositivo legal que atribui à Policia Militar competência para confeccionar termo circunstanciado de ocorrência, nos termos do art. 69 da Lei n.º 9.099/1995, invade a competência da Polícia Civil, prevista no art. 115 da Constituição do Estado do Amazonas. Ação Direta de Inconstitucionalidade procedente. Em sede de Recurso Extraordinário, alicerça suas razões de reforma na repercussão geral que a lide contém, dada a própria natureza do controle concentrado e abstrado de normas que se volta para regras legais em tese e cujas possibilidades de aplicação a casos concretos são insondáveis e capazes de transcender os interesse subjetivos da causa. Assevera ainda que o Acórdão recorrido merece reforma, na medida em que o art. 3.º, inciso VII, da Lei Estadual n.º 3.514/2010 houve por não violar o princípio da autonomia dos municípios, materializado no art. 118 da Constituição do Estado do Amazonas que reproduz, neste ponto, o conteúdo jurídico da norma constante do art. 18 da Constituição Federal. Por fim, requer seja conhecido e provido o recurso, com o fito de que o Acórdão vergastado seja reformado, reconhecendo-se a ocorrência do instituto da repercussão geral para se assentar a constitucionalidade do inciso VII, do art. 3.º, da Lei Estadual n.º 2

4 fls /2010 em face dos arts. 18 e 125, 1.º, da Constituição Federal, reproduzidos pela Constituição do Amazonas. Devidamente intimada, a parte recorrida não apresentou contrarrazões, deixando transcorrer o prazo in albis, conforme certidão de fls. 29. Fundamentação. Relatados no essencial, decido. Inicialmente, vislumbro que o recurso em testilha ultrapassa a antecâmara do conhecimento, uma vez que preenche os requisitos gerais de admissibilidade: é remédio processual prima facie cabível; foi interposto a tempo e modo, formalizado por escrito e endereçado ao Presidente do Tribunal com a correta identificação das partes; o recorrente é parte legítima da relação processual, interessado em recorrer; inexistem fatos impeditivos ou extintivos do direito ao recurso e; por fim, dispensa-se o preparo. Todavia, é sabido que à admissão dos recursos excepcionais (especial e extraordinário), não basta o preenchimento dos requisitos gerais de admissibilidade, senão também dos seus chamados "requisitos específicos". Passando-se à análise dos requisitos intrínsecos, vez que os extrínsecos encontram-se observados, devemos analisá-los sob dois ângulos: a recorribilidade do ato e a propriedade do recurso (ASSIS, 3

5 fls. 35 Araken. Manual de Recursos. 3ª ed. São Paulo: RT, 2011, p. 140). O Recurso Extraordinário possui suas hipóteses de cabimento vinculadas ao que se encontra regulado no art. 102, III, da Constituição Federal, bem como exige ocorra a demonstração da repercussão geral da questão constitucional discutida (art. 102, 3.º da Constituição Federal). Observando o comando constitucional, verifico que o principal tema do recurso interposto trata do art. 3.º, inciso VII, da Lei Estadual n.º 3.514/2010, que segundo o Recorrente houve por não violar o princípio da autonomia dos municípios, materializado no art. 118 da Constituição do Estado do Amazonas que reproduz, neste ponto, o conteúdo jurídico da norma constante do art. 18 da Constituição Federal. Quanto ao prequestionamento, este também é exigido para a admissibilidade do Recurso Extraordinário, Súmula 282 do STF - É INADMISSÍVEL O RECURSO EXTRAORDINÁRIO, QUANDO NÃO VENTILADA, NA DECISÃO RECORRIDA, A QUESTÃO FEDERAL SUSCITADA. Súmula 356 do STF - O PONTO OMISSO DA DECISÃO, SOBRE O QUAL NÃO FORAM OPOSTOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS, NÃO PODE SER OBJETO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO, POR FALTAR O REQUISITO DO PREQUESTIONAMENTO. 4

6 fls. 36 Amparando-me no Enunciado Sumular n.º 356 do Supremo Tribunal Federal, vislumbro que ocorre o prequestionamento das matérias indicadas no Recurso Extraordinário, pois que mesmo não havendo por devidamente apreciada em sede de Aclaratórios, foi por prequestionada. A legitimidade do recorrente é patente diante da sucumbência proveniente da decisão atacada, nos termos do artigo 996, caput, do Código de Processo Civil. Decisão. Sobre o interesse recursal, manifesta-se a doutrina: Tem interesse em recorrer aquele que não obteve do processo tudo o que poderia ter obtido. Deve demonstrar necessidade + utilidade em interpor o recurso, como o único meio para obter, naquele processo, algum proveito do ponto de vista prático. Se a parte puder obter o benefício por outro meio que não o recurso, não terá interesse em recorrer. (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante. 11ª ed. São Paulo: RT, 2010, p. 861). Diante do exposto, no exercício da competência atribuída a esta Presidência pelo art , caput, do CPC c/c o art. 70, inciso XXXI, da Lei de Organização Judiciária do Estado (Lei complementar nº. 17), ADMITO o Recurso Extraordinário em exame. 5

7 fls. 37 Justiça. cautelas de praxe. Sejam promovidas as intimações de estilo. Após, encaminhem-se os autos ao Superior Tribunal de À Secretaria para as providências cabíveis, com as Manaus, 27 de abril de Assinado digitalmente Desembargadora MARIA DAS GRAÇAS PESSÔA FIGUEIREDO Presidente do TJ/AM 6