Populações Afrobrasileiras, Políticas Públicas e Territorialidade
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1 PROEX Assessoria de Ações Inclusivas Encontro dos NEABIs: por um IFRS Inclusivo 07 a 09 de novembro de 2012 Bento Gonçalves Populações Afrobrasileiras, Políticas Públicas e Territorialidade Ieda Cristina Alves Ramos Quilombo Morro Alto / Instituto Acotirene Cientista Social, Mestre e Doutoranda em Desenvolvimento Rural LAE/ UFRGS
2 Áreas de atuação Atuação na área de mediação e políticas públicas para o mundo rural; Estudo, pesquisa e consultoria com a temática de Comunidades Remenescentes de Quilombo; Doutorado em Desenvolvimento Rural Quilombo Morro Alto como universo da pesquisa.
3 A presença negra no RS No final do séc. XIX a região era marcada por Sesmarias que constituiam grandes fazendas que utilizavam mão-deobra escrava para o desenvolvimento de atividades de agricultura, criação de animais e serviços domésticos. Os quilombos se constituiram de diversas formas: herança por doação dos antigos senhores, realização de serviço recebendo como pagamento pequenas áreas, compra, áreas de fundo de campo como ponteiros ou como espaços de fuga do sistema escravista.
4 Em 1850 é elaborada a Lei de Terras que institui a necessidade de regularizar a posse de área através do registro das terras. Para realizar o registro era preciso pagar para fazer a medição da área. Para os ex-escravos (libertos ou fugitivos) o acesso a essa medição foi dificultado por diversas formas: falta de condições financeiras para pagar pelo serviço; os ex-escravistas dominavam o setor de registro o que fazia, muitas das vezes, essas áreas serem registradas em nome de outras pessoas.
5 Oliveira Silveira ( ) foi um dos fundadores do Grupo No início dos anos de 1970, um grupo de jovens militantes do movimento negro de Porto Alegre, reunidos sob o nome de Grupo Palmares, propõe o dia 20 de novembro como um contraponto ao dia 13 de maio de 1888.
6 20 de Novembro Dia Nacional da Consciência Negra 20 de novembro de 1695, dia em que foi morto Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, símbolo de resitência à escravidão e busca da liberdade.
7 Início das ações reparatórias O Artigo 68: A palavra kilombo com o significado de agrupamento militar de jovens guerreiros é originária da língua banto da África Ocidental. No Brasil colonial significava o local de refúgio de africanos escravizados. A partir do Artigo 68 da Constituição Federal, primeiro dispositivo jurídico que reconheceu algum direito aos descendentes dos escravos, as comunidades remanescentes de quilombos passaram a ter garantida a propriedade sobre as terras que ocupavam.
8 A partir do Artigo 68 da Constituição Federal, primeiro dispositivo jurídico que reconheceu algum direito aos descendentes dos escravos, as comunidades remanescentes de quilombos passaram a ter garantida a propriedade sobre as terras que ocupavam.
9 Remanescente de Quilombo O antigo quilombo obteve um novo significado, como comunidade quilombola ou remanescente de quilombo, que aglutinou negros do campo e da cidade em torno de um mesmo processo de mobilização pelo direito aos seus territórios.
10 O Decreto 4.887/2003 define essas comunidades como: grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida (art. 2º).
11 As Leis /03 e /08: simbolicamente essa é uma correção do estado brasileiro pelo débito histórico em políticas públicas em especiais para a população negra e indígena. Art. 26-A Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
12 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
13 Lei /03 e os conteúdos: O conteúdo programático: História da África e dos Africanos. A luta dos negros no Brasil. A cultura negra. O negro na formação da cultura nacional. Sua contribuição na área social, econômica e política na História do Brasil. Realidades regionais (Município e Estado)
14 O Decreto 6040/2007: Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. Art. 3o Para os fins deste Decreto e do seu Anexo compreende-se por: I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição;
15 II - Territórios Tradicionais: os espaços necessários a reprodução cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e quilombolas, respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e demais regulamentações; e III - Desenvolvimento Sustentável: o uso equilibrado dos recursos naturais, voltado para a melhoria da qualidade de vida da presente geração, garantindo as mesmas possibilidades para as gerações futuras.
16 Objetivo Geral Art. 2o A PNPCT tem como principal objetivo promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas
17 Comunidades Remanescentes de Quilombos CRQ no Estado CRQ Municipios Comunidades Nº de Famílias Identificadas Certificadas Total
18 O debate no campo jurídico-político O Brasil, após o amplo debate pré-constituinte inaugura um novo campo o das teorias do pluralismo jurídico, para as quais o direito produzido pelo Estado não é mais único.
19 Art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal de 1988, que diz, aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras, é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. (BRASIL, 1988)
20 A suposição da instauração de um Estado Pluriétnico de fato e na prática não se confirma. Estado não lhes tem assegurado o recurso básico essencial, isto é, a territorialidade que garante a sua reprodução física e cultural. (ALMEIDA, 2005, p. 44)
21 O debate no campo da academia O debate sobre desenvolvimento rural que Schneider (2010) propõe salienta que o Estado no estabelecimento de políticas para o meio rural pode ser influenciado por um misto entre as pressões dos agricultores e as inspirações captadas a partir dos mediadores. Considera que nos últimos 15 anos são os pesquisadores e os mediadores que têm exercido essa influência decisiva na formulação de políticas e programas do Estado. (p. 518)
22 As política públicas e seus reflexos A adequação de programas e políticas de combate a pobreza para o mundo rural de caráter universalista, sendo adaptadas para um público etnicamente reconhecido e diferenciado.
23 Existe um distanciamento, uma inadequação do profissional formulador e executor de programas e políticas que nem ao menos são despertados para enxergar a diversidade social e cultural da população do meio rural. Falha da formação disciplinar, hegemônica e conservadora dos nossos cursos.
24 Comunidades rurais em condições de vulnerabilidade social, política, econômica e jurídica, em muitos casos, como resultado e reflexo da inadequação de políticas públicas para o atendimento de suas especifidades.
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