Departamento Acadêmico
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- Marco Lancastre Sequeira
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1 Departamento Acadêmico Quinto Boletim de Física e Espiritualidade (Com Decálogo do Médico Espírita)
2 Decálogo do Médico-Espírita No dia 12/10/1968 Dra. Marlene Nobre recebeu uma mensagem psicografada, o DECÁLOGO DO MÉDICO ESPÍRITA, que bem exemplifica os nobres ideais que devem ser lembrados sempre pelos membros da Associação. O trecho é transcrito a seguir: I Defender a doutrina de Kardec; II Colocar, acima de tudo, o interesse de Cristo na vida diária; III Buscar, através das próprias ações, viver a Medicina do Espírito; IV Levar à Sociedade Médica atual o alto contingente de espiritualidade; V Ampliar, sempre que possível, os conhecimentos médicos; VI Colaborar em Instituições Espíritas; VII Valorizar os minutos preciosos da existência; VIII Combater, através do exemplo e da palavra, a perversão dos costumes; IX Defender o fraco e o oprimido; amparar o intoxicado intelectual; X Acima de tudo, exercer a Medicina tendo em vista os desígnios divinos, reconhecendo-se como filho do Altíssimo, dispenseiro do Criador e, portanto, como humilde servo da SOBERANA VERDADE.
3 BOLETIM 05 FÍSICA E ESPIRITUALIDADE Prof. MARCUS VINÍCIUS AMEABC produpar1022@uol.com.br Fevereiro/2012 Meus queridos irmãos, encontramo-nos aqui mais uma vez para dar prosseguimento a uma tarefa importante de nossa evolução: estudar. No boletim passado, vimos que a instrução é uma atividade fundamental do espírito e somente a praticando com afinco é que seremos merecedores de estar em contato mais íntimo com nossos amigos espirituais, servindo de intermediários para a chegada de novos conhecimentos condizentes com nosso estado moral. No boletim deste mês, estudaremos mais um pouco de Física. Em dezembro, terminamos com alguns conceitos de Ondulatória extremamente importantes. Hoje, daremos um passo além, estudando alguns tópicos de Física Moderna. Por ora, veremos um pouco do contexto histórico-filosófico que fincou as raízes necessárias para que a "bombástica" Física Moderna viesse alterar, de uma vez por todas, nossa compreensão da natureza. Bons estudos! 1. INTRODUÇÃO Muito se tem falado, nos dias atuais, principalmente em meios espiritualistas, da influência da Física Quântica (nos meios acadêmicos é bastante corrente a terminologia Mecânica Quântica). Mas o que ela? O que estuda? É a Física Quântica mais uma das muitas áreas da Física, como é a Mecânica, a Termologia ou a Eletricidade, entre outras? A resposta é não! Entender de Mecânica Quântica é muito mais que entender conceitos de física e matemática, há uma série de pressupostos da ciência clássica que simplesmente caem por terra quando pisamos nesse terreno arenoso chamado mundo quântico. Trataremos de alguns detalhes mais a frente, mas é preciso dizer que faremos um brevíssimo apanhado, que se apresenta por duas dificuldades: primeiro, a Mecânica Quântica requer um tratamento físico-matemático que está muito além de nossas possibilidades (pelo menos nesse momento) e segundo, dado o caráter desse trabalho, de apenas apresentar uma noção das leis que regem esse mundo, pretende-se apenas enfocar alguns conceitos que se fazem vitais para o entendimento dos processos espirituais que desejamos compreender. Começaremos por um pouco de história das ideias: quais foram os desdobramentos no fim do século XIX que culminaram com o nascimento da Mecânica Quântica e a Teoria da Relatividade.
4 1 HISTÓRIA E FILOSOFIA NO SÉCULO XIX Antes de abordarmos mais precisamente alguns acontecimentos do século XIX, voltemos um pouco no tempo, mais precisamente dois séculos, quando do estabelecimento da ciência newtoniana. Isaac Newton ( ) publicou, em 1687, sua obra mais famosa, Princípios Matemáticos da Filosofia Natural. Trata-se de um belo estudo, sob o ponto de vista matemático e centrada nos postulados da geometria de Euclides. Newton, usando de uma precisa manipulação matemática, extrai leis que, quando submetidas aos dados empíricos, formulam uma bela descrição da estrutura do mundo, tendo, como principal capacidade, a de promover uma unificação ímpar na história do conhecimento: com sua Lei da Gravitação Universal, Newton mostra que céu e terra são constituídos pelas mesmas leis. Deve-se lembrar que, nessa época, acreditava-se numa estrutura de Universo herdada pelo paradigma aristotélicoptolomaico: havia um mundo sublunar, situado entre a Terra e a Lua, constituído de quatro elementos, água, ar, terra e fogo. É o mundo da mutabilidade e todas as mudanças ocorriam a partir da combinação desses quatro elementos básicos. Acima da Lua e até o limite do céu das estrelas fixas (fim do Universo e onde as estrelas estavam localizadas) ficavam todos os planetas conhecidos até então. Era o mundo supralunar, constituído de um elemento diferente, o éter, e na qual a mudança não ocorria. Como se vê, temos dois mundos distintos e que se comportavam de maneira completamente diferente. Com o advento da Lei da Gravitação Universal, o universo passa a ser regido por leis únicas, independente da localização dos corpos que o compõe. Isso é um grande avanço em termos de concepção. Figura 1: Estrutura do mundo aristotélico (blog.educastur.es/filohelp/2009)
5 Após a publicação de seus trabalhos, um debate intenso se estabeleceu. Na época, era muito comum a troca de cartas, em que as ideias de um filósofo (o termo cientista ainda não existia) era amplamente discutida com vários pensadores. Um exemplo disso, com relação às ideias newtonianas, é a Correspondência Leibniz-Clarke, em que Clarke, um discípulo de Newton, discute com Leibniz, outro importante filósofo da época, vários temas contidos na obra newtoniana e também de outras questões que permeavam a filosofia da época. Com isso, a mecânica newtoniana se fortalece progressivamente, visto efetuar, com grande precisão, descrições do comportamento de movimentos planetários, do efeito das Lua sobre as marés e até mesmo o cálculo da curvatura do planeta em função de sua rotação. 1 Saltemos para o século XIX: após dois séculos de estudos e discussões, a doutrina newtoniana se encontra fortemente estabelecida. O universo aristotélico fora completamente substituído por uma descrição de mundo newtonianagalileana e as leis de Newton não cessavam de produzir resultados destacáveis. Algumas questões ainda eram amplamente debatidas, como, por exemplo, a questão da ação à distância (gravidade), dentre outras. A crença na capacidade preditiva era tamanha que, no fim do século XVIII, um planeta do Sistema Solar, desconhecido até então, foi encontrado a partir de perturbações produzidas no movimento de outros planetas do Sistema Solar. A localização desse planeta, além de outros dados de suas características, foi determinada a partir de um estudo minuciosamente conduzido a partir das leis do movimento de Newton. A questão que se coloca é: como duvidar de um corpo de conhecimento que é capaz de auxiliar na descoberta de um planeta? A doutrina newtoniana se encontra em "pleno vapor como paradigma de descrição da realidade. Apesar dessa força, alternativas à compreensão das leis da natureza eram realizadas. James Clerk Maxwell ( ) e Michael Faraday ( ) realizam importantes estudos acerca da natureza da Eletricidade, culminando com a publicação da obra Tratado sobre a Eletricidade e o Magnetismo (1873), em que Maxwell apresenta uma magnífica compilação matemática, as quatro leis de Maxwell do Eletromagnetismo. Figura 2: As equações de Maxwell (dinosaulo.blogspot.com/2008) Obviamente não cabe agora fazer um estudo mais pormenorizado dessas equações, mas estudando-as com detalhe, elas apresentam algumas considerações muito importantes. Uma delas é que Maxwell chegou à expressão: 1 Esse constitui um dos mais célebres problemas da História da Física, o problema do espaço absoluto.
6 (1) Nesta equação, Maxwell mostra que a luz (c é a velocidade da luz) é composta de uma parte magnética e outra elétrica, donde surge nossa concepção de luz atual, a de que é uma onda eletromagnética. Mais do que isso, Maxwell produz uma unificação impressionante: com suas quatro equações, Termodinâmica, Eletricidade, Magnetismo e Óptica se fundem, mostrando-se faces de uma mesma realidade. Com o sucesso da Física Newtoniana e do Eletromagnetismo de Maxwell e Faraday, a ciência do fim do século XIX passa por um daqueles períodos que costumam ser desastrosos para as concepções dos cientistas (no fim do século XIX o termo já existe): há uma sensação generalizada de que falta muito pouco a ser desvendado e que a estrutura da natureza se encontra em vias de ser desvendada. Alguns mais afoitos chegam a afirmar que falta muito pouco para se conseguir ler a mente de Deus. No entanto, alguns problemas ainda se encontram pendentes para serem resolvidos, e dois se destacam: um deles é o problema do éter. Quando Maxwell formulou sua teoria eletromagnética, mostrou que uma carga elétrica era uma espécie de descontinuidade do éter mecânico, sendo a corrente elétrica um movimento desse éter descontínuo. 2 A detecção desse éter era, portanto, fundamental. Outro fator é que a luz, uma onda eletromagnética, deveria requerer, como se acreditava na época, de um meio para se propagar. Michelson e Morley, em 1887, realizaram um experimento que indicava a não-existência desse éter (essa é uma questão bastante controversa nos meios filosóficos e não faremos uma descrição mais aprofundada). Desdobramentos desses estudos conduziram às bases da Teoria da Relatividade de Einstein, publicada em Figura 3: Resultados da Teoria da Relatividade Restrita de Einstein (igreja.essencial.nom.br) 2 Pouco tempo depois, Thomson descobriria a existência do elétron, a quem atribuímos hoje o nome dessa descontinuidade do éter.
7 O outro problema é o do Espectro da Radiação do Corpo Negro. Trataremos dele no próximo boletim, mas aqui vale mencionar que os desdobramentos da solução desse problema conduzirão ao surgimento das bases do que se convencionou chamar de "velha Mecânica Quântica". Com os dois problemas mencionados, a Física vira a página de sua história, mostrando aos homens que a prentensa ideia de que faltava muito pouco para ler a mente de Deus, dado os avanços da Física da ápoca, era um ledo engano. Um mundo de problemas novos apareceria e físicos têm se deparado com eles desde então. CONCLUSÃO Uma mudança se faz progressivamente e nenhum conceito surge "do nada". Sob o trabalho atento dos amigos espirituais, espíritos encarnam e trazem as bases dos conhecimentos que servirão de fundamento para as "novas verdades". Por isso enfocamos nesse boletim alguns pontos do século XIX: um estudo mais pormenorizado do pensamento dos filósofos desse período nos permite encontrar proto-ideias do que, pouco tempo depois, constituiriam os fundamentos centrais da Física Moderna, rompendo definitivamente com muitos pressupostos clássicos. A Mecânica Quântica sequer tem um século de idade e pesquisadores e filósofos do mundo inteiro ainda se debruçam sobre suas ideias. Compreendêlas será importante, pois o mundo espiritual se comporta de forma estritamente quântica, requerendo conhecimentos mínimos para sua compreensão. No próximo boletim, falaremos um pouco do acima mencionado problema do Espectro da radiação do corpo negro, que culminou com o "nascimento" do conceito de fóton, ente central para o estudo dos fenômenos espirituais. Até o próximo boletim! Bibliografia Luiz, André. Mecanismos da Mediunidade: a vida no mundo espiritual. 26ª edição. Rio de Janeiro: FEB, Ferreira, Paulo Antonio. Universo dual: a estrutura da matéria segundo os espíritos. Apostila psicografada. Eisberg, R. & Resnick, R. Física Quântica. 14a Edição. Rio de Janeiro: Campus Editora, 1979
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