GESTÃO DE CUSTOS NO MEIO RURAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA PROPRIEDADE RURAL DE MÉDIO PORTE
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1 Anais do II SIGEPRO - Simpósio Gaúcho de Engenharia de Produção ISBN: GESTÃO DE CUSTOS NO MEIO RURAL: UM ESTUDO DE CASO EM UMA PROPRIEDADE RURAL DE MÉDIO PORTE Resumo Andrei Balsan andreibalsan@hotmail.com Augusto De Lima Fabbrin augustofabbrin@hotmail.com Marluci Casalini Wildner marluciw@gmail.com Nas indústrias o gestor procura tomar decisões visando maximizar o lucro e minimizar os custos, o mesmo ocorre no setor agrícola onde o próprio agricultor busca tomar as melhores decisões para elevar lucratividade e reduzir os custos no ano agrícola. O presente estudo tem como objetivo aplicar as técnicas de gestão de custos em uma propriedade rural, nas culturas de soja, milho e painço, localizada no interior do estado do Rio Grande do Sul. Com as contribuições da gestão de custos, procura-se neste artigo identificar os subsídios que podem ampliar a maximização dos lucros e minimização dos custos na propriedade analisada. A pesquisa é caracterizada como um estudo de caso, com dados de teor quantitativo e qualitativo. A coleta de dados foi realizada no período de julho de 2015 a fevereiro de 2016, as informações qualitativas foram obtidas através de uma entrevista com o gestor da propriedade e por observação direta. Para análise dos custos foram aplicados os métodos de custeio variável e o custeio por absorção. Com a aplicação das técnicas de gestão de custos percebeu-se que o método de custeio por absorção proporciona uma análise completa dos custos da propriedade, rateando os custos diretos e indiretos. Palavras Chave: Gestão de custos. Gestão de propriedade rural. Métodos de custeio
2 1. Introdução Contabilizar os custos é uma atividade que traz benefícios quando o objetivo é economizar ou aumentar o lucro, auxilia o gestor na tomada de decisões, diminuindo a probabilidade de obter prejuízo em seu negócio. Não é uma atividade voltada somente as indústrias, mas como, pode ser utilizada em outros ramos, por exemplo, na agricultura onde o tomador de decisões é o próprio agricultor. No setor agrícola, o agricultor almeja aumentar seus lucros e busca otimização com o que tem a sua disponibilidade, por meio da gestão de custos é possível controlar os custos, avaliar resultados, estabelecer planos, traçar metas, então determinar quais culturas teriam maior probabilidade de lucro, de acordo com objetivo do agricultor. Propriedades rurais onde não ocorre o controle de custos tem mais probabilidade à geração de dívidas, pois o agricultor não sabe ao certo seus resultados, frequentemente ocasionando investimentos desnecessários, o que para corrigi-los é necessária a reestruturação da gestão da propriedade. Para iniciar a reestruturação da gestão inicialmente deve-se definir e apurar os custos da produção conforme suas terminologias. Diante desse contexto, a questão de pesquisa proposta é: De que forma cada um dos métodos de Custeio por Absorção e Custeio Variável pode auxiliar nas necessidades do produtor rural quanto à mensuração dos custos no cultivo de soja, milho e painço? Devem ser determinados os seguintes fatores, gasto, investimento, custo, despesa, desembolso e perda. Posteriormente deve-se definir o método de custeio voltado a atividade envolvida. No presente caso de estudo, estudo de caso desta propriedade rural, evidencia-se o sistema de custeio por absorção e custeio variável. O método de custeio por absorção consiste na alocação de todos os custos de produção aos produtos elaborados, direta ou indiretamente. Os custos fixos de produção, são rateados entre os produtos e os custos variáveis são atribuídos diretamente aos produtos. Já o método de custeio variável ou direto, incide em apurar somente os custos variáveis aos produtos e serviços, não rateia os custos fixos, esses são lançados na conta de resultado como despesas. Portanto, o presente estudo tem por objetivo, aplicar a gestão de custos em uma propriedade rural de médio porte, voltada à produção de soja, milho e painço vermelho. Primeiramente são apresentados os aspectos introdutórios nesta seção, em seguida o referencial teórico, após é exposta a metodologia juntamente com as técnicas de estudo utilizadas, posteriormente expõem-se são apresentados os resultados da aplicação dos métodos de custeio por absorção e
3 custeio variável com a exploração das conclusões dos pesquisadores. Por fim, apresentam-se as referências utilizadas na pesquisa. 2. Revisão bibliográfica 2.1. Contabilidade de custos aplicada a agricultura A Contabilidade de Custos de acordo com Crepaldi (2002, p. 13) contabilidade de custos é uma técnica utilizada para identificar, mensurar e informar os custos dos produtos e/ou serviços. Ela tem a função de gerar informações precisas e rápidas para a administração, para tomada de decisões. Com isso o administrador rural utilizando as informações dadas pela contabilidade, tem condições de não somente controlar os custos e avaliar o resultado, mas acima de tudo, estabelecer planos e traçar metas para aumentar a eficiência da produção. Mediante a observação das especificidades de cada tipo de cultura, do mercado e da tecnologia mais adequada para a atividade, isto é, auxilia o produtor rural na tomada de decisão (OLIVEIRA, 2011). A gestão dos custos em propriedades rurais, tem significativa relevância para o agricultor, o gestor rural, a gestão de custo, visa determinar o desempenho e a rentabilidade das atividades desenvolvidas na propriedade. De acordo com Marion e Santos (1996, p. 13) o planejamento de custos é importante no sentido de alertar os empresários quanto às mudanças na economia, no hábito dos consumidores, na tecnologia, no comportamento climático, nos custos, nas ofertas dos produtos, na demanda e outras alterações. Segundo Callado e Callado (2017), a várias finalidades para a determinação do custo dentro de uma propriedade rural, seguindo critérios gerenciais que buscam informações relevantes sobre seus diversos produtos, serviços ou atividades operacionais, o gestor rural pode utilizar esta informação como elemento auxiliar de sua administração, para escolher as práticas agrícolas que deverão ser adotadas nos próximos períodos agrícolas. A atividade agrícola apresenta algumas características peculiares, segundo Araújo (2005) dificulta a tomada de decisão do administrador e que distingue dos demais setores da economia. Os fatores que independem do produtor rural são: a dependência do clima, as condições biológicas, tempo de produção, qualidade da terra, política agrícola, entre outros. 2.2 Sistemas de custeio A escolha do método de custo mais adequado ao processo produtivo, depende da demanda de informação de custos (PINZAN, 2013). Para Crepaldi (2011), uma série de fatores como, por
4 exemplo, o processo de fabricação, o tipo de produto fabricado, o nível de detalhamento da informação necessário para a gestão da produção, a cultura da empresa e os departamentos ou centros de custos envolvidos no processo devem ser analisados para escolha da metodologia de cálculo dos custos. A seguir é apresentado os conceitos e métricas adotados nesta pesquisa Custeio por Absorção O método de custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos de produção aos produtos elaborados, de maneira direta ou indireta. Nesta forma de custeio os custos fixos de produção são rateados entre os produtos. Já os custos variáveis são alocados diretamente aos produtos. Lopes de Sá (1990, p. 109), trata o custeio por absorção como sendo o processo de apuração de custos que se baseia em dividir ou ratear todos os elementos do custo de modo que cada centro ou núcleo absorva ou receba aquilo que lhe cabe por cálculo ou atribuição. O custeio de absorção foi utilizado por Kirst (2012) para a alocação de custos das culturas de linhaça, soja e trigo em uma propriedade rural. A autora utilizou além do método de custeio de absorção o método de custeio variável e assim conseguir chegar ao custo de produção de cada cultura Custeio Direto ou Variável Este método tem por objetivo apurar somente os custos variáveis aos produtos e serviços, não rateando e distribuindo os custos fixos aos produtos e serviços, sendo os custos fixos, lançados na conta de resultado, como despesas. Lopes de Sá (1990, p. 108) define custeio direto como sendo o processo de apuração de custo que exclui os custos fixos, apenas os custos variáveis serão atribuídos aos produtos elaborados. Alguns autores também o chamam de custeio variável em razão da exclusão dos custos fixos. Schwert, et Al. (2013) aplicou o custeio variável para a construção de uma sistemática de custeio própria em uma propriedade rural que se considera todas as atividades desenvolvidas na propriedade que são o cultivo de uvas, melão, melancia e mandioca; atividade pecuária, como a criação de ovinos; e a agroindustrial, com a produção de vinho e suco da uva Margem de contribuição A utilização da margem de contribuição, auxilia o gestor na tomada de decisões, trata-se da diferença entre receita e a soma dos custos e despesas variáveis. Tal ferramenta agrega valores e informações contábeis que proporcionam tornar mais organizado e visível o potencial de cada produto, para determinar se o mesmo cobre os gastos fixos e contribui com o lucro desejado
5 Determina-se a viabilidade de um produto, sendo um lançamento ou a manutenção do produto no mercado (MARTINS, 2010). Para Souza (2012) a margem de contribuição é basicamente a diferença entre preço de venda e o custo variável do produto, o que possibilita a mensuração do lucro, auxilia gestores a identificar quanto deve-se dispor para cobrir os custo fixos e gerar lucro para a empresa Ponto de equilíbrio Ponto de equilíbrio significa que não haverá lucro ou prejuízo, mas sim, o resultado será neutro, ou zero e determinado volume de produção. No nível de produção considerado equilibrado, indica quanto a empresa deve produzir ou vender para pagar todos os custos e despesas fixas. É o ponto determinante da quantidade mínima que deve ser produzida ou vendida para cobrir todos os custos das atividades da organização (MARTINS, 2010). Já para Machado e Fernandes (2010) o ponto de equilíbrio é o fator que determina a receita necessária para que a empresa iguale seus gastos totais a mesma, caso o volume de receita ou vendas estiver acima do ponto de equilíbrio, significa lucro para a empresa, caso estiver abaixo do ponto de equilíbrio significa prejuízo. Machado e Fernandes (2010) complementa que quanto menor o ponto de equilíbrio maior será a chance de o negócio dar certo, quanto maior o ponto de equilíbrio, mais chances do negócio dar errado, pois exigirá um volume maior de vendas o que muitas vezes não é fácil de atingir. 3. Métodos e técnicas de pesquisa O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de caso, Gil (2008) defini o estudo de caso como estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade [...]. Além disso, a pesquisa é caracterizada como quantitativa e qualitativa, sendo que além de informações de caráter numérico inclui informações expressas de forma textual, resultando em um estudo quali-quanti. O estudo de caso foi realizado em uma propriedade rural de médio porte, localizada no município de Tucunduva, interior do estado do Rio Grande do Sul. Os dados coletados sobre os custos da propriedade foram levantados no período de julho de 2015 a fevereiro de Também foi realizada a observação direta da atividade agrícola na propriedade alvo do estudo como entrevistas com o sócio proprietário e agrônomo responsável. Para o cálculo do custo e aplicação dos métodos de custeio foi utilizado o software Excel. 4. Análise e discussão dos resultados 4.1. Estudo de caso
6 Este trabalho foi realizado com base em informações de uma propriedade rural, situada no município de Tucunduva Rio Grande do Sul, com área total cultivada de 146 hectares. Na propriedade é realizado o plantio de soja e milho, e a semeadura do painço. O milho e o painço como cultura de inverno e a soja como cultura de verão, considerando um ano agrícola. A mão de obra é familiar, onde os trabalhos são executados pelo proprietário e sua família, a propriedade também dispõe de uma área de 11 hectares distribuídos entre campo e mata nativa, onde ocorre o manejo de gado de corte e gado leiteiro para a comercialização, atividades estas que não se aplicam neste estudo Custos diretos de produção Para o levantamento dos custos diretos da cultura da soja, milho e painço vermelho, estes foram coletados separadamente. As informações foram coletadas junto ao proprietário mediante as notas fiscais de compra de insumos para plantio. O Quadro 1, apresenta os dados de produção de milho por hectare. Quadro 1 Custo de produção do milho Milho Fonte: Elaboração dos autores Observa-se que o custo mais significativo para plantio de milho é o da semente, representando um total de 684,00 por hectare cultivado. O Quadro 2, é exposto o levantamento dos custos de produção de painço por hectare. 65 Hectares Produto Dose/há Unidade Quant. Total Valor unit. Valor/há Valor total Roundup Wg Herbicida 2 kg ,00 46, ,00 Aureo oleo Vegetal 0,5 L 33 14,00 7,00 455,00 Panther 120 EC (5LT) 0,8 L 52 52,50 42, ,00 Semente DKB240PRO3 1,2 Sc ,00 684, ,00 Fertilizante Sc ,00 468, ,00 Uréia 5 Sc ,00 380, ,00 Herbicida trazina 4 L ,00 48, ,00 Herbicida soberam 0,23 kg ,00 73, ,00 TOTAL 1.748, ,00 Quadro 2 Custo de produção do painço vermelho
7 Painço vermelho No plantio do painço vermelho, o fertilizante teve o custo mais significativo, com um total de 312,00 por hectare cultivado e o custo total para a cultura do painço é de 864,70. O Quadro 3, apresenta os dados de produção da soja por hectares. Quadro 3 Custo de produção da soja O custo mais significativo para a produção da soja é a semente, representando 540,75 por hectare cultivado Custos indiretos 70 Hectares Produto Dose/há Unidade Quant. Total Valor unit. Valor/há Valor total Roundup Wg Herbicida 2 kg ,00 46, ,00 Aureo oleo Vegetal 0,5 L 35 14,00 7,00 490,00 Panther 120 EC (5LT) 0,8 L 56 52,50 42, ,00 Semente 1,2 SC 84 96,00 115, ,00 Fertilizante Sc ,00 312, ,00 Uréia 4 Sc ,00 304, ,00 Abacus hc 0,5 L 35 30,00 15, ,00 Inseticida Belt 0,05 ml 4 470,00 23, ,00 TOTAL 864, ,00 Soja 135 Hectares Produto Dose/há Unidade Quant. Total Valor unit. Valor/há Valor total Roundup Wg Herbicida 2 kg ,00 46, ,00 Fertilizante Mineral Aller 0,05 Ml 7 79,00 3,95 533,25 Panther 120 EC (5LT) 0,8 L ,50 42, ,00 Semente 1,75 kg ,00 540, ,25 Fertilizante Sc ,00 390, ,00 Roundup Wg Herbicida 2 kg ,00 46, ,00 Carbendazim 0,5 LT 68 25,00 12, ,50 Fungicida Fox 0,4 LT ,00 72, ,00 Fungicida Fox 0,4 LT ,00 72, ,00 Fungicida Fox 0,4 LT ,00 72, ,00 Inseticida Conect 0,5 Lt 68 27,00 13, ,50 Inseticida Conect 0,5 Lt 68 27,00 13, ,50 Inseticida Belt 0,05 Ml 7 470,00 23, ,50 TOTAL 1.347, ,50 Para a mensuração dos custos indiretos, foi realizado um levantamento separadamente dos custos indiretos fixos e dos Custos Indiretos Variáveis, conforme apresenta o Quadro
8 Quadro 4 custos indiretos CUSTOS INDIRETOS Descrição Fixo Variáveis Combustíveis e lubrificantes 4.999,00 Manutenção de máquinas e equipamentos Manutenção de benfeitorias Energia elétrica 412,00 Água 400,00 Telefone 1.200,00 ITR 260,00 Contribuição sindical 460,00 Depreciação ,00 Juros passivos e acessórios TOTAL , ,00 TOTAL DE CUSTOS INDIRETOS ,00 Pelo fato de não estarem diretamente identificados com os produtos, os custos indiretos necessitam de critérios de rateio para a sua alocação junto ao custo do produto. Neste caso, para a distribuição dos custos indiretos utilizou-se a área total, a área utilizada para cada cultura e o valor total dos custos indiretos. A equação utilizada está representada a seguir. CIT CI por Hectares = Área Total Cultivada Área utilizada para cada cultura Primeiramente dividiu-se os custos indiretos totais pela área total cultivada, após multiplicou-se o resultado da divisão com a área utilizada para cada cultura, os resultados obtidos estão apresentados no Quadro
9 Quadro 5 - Rateio dos custos indiretos por cultura RATEIO POR ÁREA CUSTO CULTURA (há) INDIRETO CIF CIV Milho , , ,04 Painço vermelho , , ,46 Soja , , ,50 TOTAL , , ,00 Conforme o Quadro 5, o milho possui custo indireto de ,96, painço vermelho obteve custo indireto de ,54 e a soja um custo indireto de ,50, obtendo assim um custo indireto total de ,00 na propriedade. 4.4 Apuração do custo pelo método do custeio de absorção O custeio por envolve todos os custos de produção, o Quadro 6 apresenta a composição do custo total pelo método de custeio por absorção. Quadro 6 Custo total (absorção) Cultura CD CIF CIV Custo total Milho , , , ,96 Painço vermelho , , , ,54 Soja , , , ,00 TOTAL , , , ,50 No Quadro 6, são apresentados todos os custos, sendo estes compostos pelos valores dos custos diretos, custos indiretos fixos e custo indiretos variáveis. Lembrando que a propriedade possui mão de obra familiar, não contabilizando esse item como custo para gestor rural. Para a cultura do milho o custo total foi de ,96, para o painço ,54 e para a soja ,00 somando valor total de ,50. O Quadro 7, apresenta o custo por saca produzida para cada cultura
10 Quadro 7 - Custo por sacas para cada cultura (absorção) Cultur a Áre a Custo há Produção (kg) Produção (Scs) Média sacas/há Custo saca Milho 65 Painço 70 Soja , , , , , ,68 Para realizar o custo por saca produzida, foi considerado o custo total dividindo-o pela produção total de cada cultura. Desta maneira, obteve-se para a cultura do milho o custo de 13,09 por saca considerando a produção total de sacas. Para a cultura do painço o custo por saca é de 46,52 para uma produção total de sacas. Já para a soja o custo da saca produzida é de 25,68, está com uma produção total de sacas, considerando ano agrícola de 2015/2016 para todas as culturas Apuração do custo pelo método de custeio variável Ressalta-se, que o referido método considera somente os custos variáveis para a determinação dos custos de produção. O Quadro 8, apresenta a composição do custo total pelo método de custeio variável. Quadro 8 Custo total (variável) Cultura CD CIV Custo total Milho , , ,04 Painço , , ,46 Soja , , ,00 TOTAL , , ,
11 No Quadro 8, são apresentados os custos diretos (CD) e os custos indiretos variáveis (CIV). Para a cultura do milho o custo total foi de ,04, para o painço ,46 e para a soja ,00 somando valor total de ,50. O Quadro 9, apresenta o custo por saca produzida para cada cultura pelo método de custeio variável. Quadro 9 - Custo por sacas para cada cultura (variável) Cultura Área Custo há Produção (kg) Produção (Scs) Média Scs/há Custo por saca Milho , ,05 Painço , ,28 Soja , ,02 Para realizar o custo por saca produzida foi considerado o custo total dividindo-o pela produção total de cada cultura. Desta maneira obteve-se para a cultura do milho o custo de 11,05 por saca considerando a produção total de sacas. Para a cultura do painço o custo por saca é de 35,28 para uma produção total de sacas. Já para a soja o custo da saca produzida é de 21,02, está com uma produção total de sacas Margem de Contribuição A margem de contribuição é um método de apuração de resultado direto ou variável. Possibilita alocar os custos e despesas variáveis na atividade deduzindo-os da receita bruta. A margem de contribuição foi realizada em cima do método de custeio variável. No Quadro 10, verifica-se a margem de contribuição unitária e total para cada cultura. Quadro 10 - Margem de contribuição Quantidade PV médio Custo Despesa Produzida Cultura Mercado (Sc) FUNRURAL Variável MCU (Sc) MCT Milho 25,00 11,05 2,3% 0,58 13, ,96 Painço 96,00 35,28 2,3% 2,21 58, ,54 Soja 70,00 21,02 2,3% 1,61 47, ,25 Para calcular a margem de contribuição, foi considerado o preço de venda bruto praticado no mercado para cada cultura, o custo por saca produzida e a despesa variável, sendo esta
12 considerada apenas a despesa de FUNRURAL que equivale a 2,3% sobre o preço bruto comercializado. Desta maneira, obteve-se a margem de contribuição unitária, que para o milho representa 13,37 por saca produzida, para o painço 58,52 por saca e para a soja 47,37 por saca. Para o cálculo da margem de contribuição total foi multiplicado o valor da margem de contribuição unitária pela quantidade produzida em sacas para cada cultura Ponto De Equilíbrio O ponto de equilíbrio é o ponto onde as receitas totais e os custos totais permanecem equilibrados num mesmo nível, sem somar lucro e nem prejuízo. É a quantia de produto equivalente aos custos, considerando-se o preço médio de venda no mercado. No Quadro 11 apresenta-se o ponto de equilíbrio. Quadro 11 Ponto de equilíbrio pelo método de custeio por absorção Valor em por Produto CIF MCU PE sc Sc PE Milho ,11 12, ,88 Painço ,89 51, ,93 Soja ,00 44, ,62 Para calcular o ponto de equilíbrio em sacas, foi considerado o custo indireto fixo e variável por cultura, dividindo-se pela margem de contribuição unitária. Para obter o ponto de equilíbrio em reais, multiplicou-se o PE/sc pelo valor em por sacos. De acordo com o Quadro 11, o ponto de equilíbrio para a cultura do milho é de 1062 sacas, para o painço obteve-se o volume de 231 sacas e para a soja o ponto de equilíbrio em volume é de 558 sacas. O ponto de equilíbrio em valor para o milho é de ,88, para o painço é de ,93 e para a soja ,62. Para melhor compreensão do ponto de equilíbrio elaborou-se um gráfico (Figura 1) demostrando a quantidade produzida de grãos na propriedade comparando com o ponto de equilíbrio. Figura 1 - Ponto de equilíbrio
13 Ponto de equilíbrio Milho Painço Soja Quantidade produzida Ponto de equilíbrio Fonte: Elaboração dos autores O ponto de equilíbrio indica quando a produção está em equilíbrio, se a produção está acima do ponto de equilíbrio o produtor está com lucro. Caso a produção está abaixo do ponto de equilíbrio o produtor terá prejuízo. Com apresentado na figura 1 o produtor está com a produção em alta, mostrando que o mesmo terá lucros. 5. Considerações finais A competitividade entre empresas aumenta gradativamente, as mesmas devem adequar-se utilizando ferramentas de planejamento estratégico com o objetivo de apresentar um diferencial a concorrência. O mesmo ocorre na agricultura, o que proporciona melhor visualização dos resultados, facilita a tomada de decisões, auxilia o gestor a tomar as melhores decisões de acordo com o objetivo almejado. O presente estudo possibilitou entender e esclarecer que o método de custeio por absorção é caracterizado pela atribuição de todos os custos de fabricação, sendo eles diretos ou indiretos, variáveis ou fixos. Já no método de custeio variável, são apurados todos os custos diretos ou indiretos, os custos fixos são excluídos. Com análise dos métodos de custeios, o custeio por absorção obteve maior custo de produção, devido alocar os custos fixos com os custos variáveis. E o método de custo variável teve menor custo de produção, por apresentar apenas os custos variáveis. Com a utilização desses métodos observou-se que o produtor está com os custos em dia, mas a produção está bem dimensionada, obtendo lucro em todas as culturas produzidas na propriedade
14 Portanto, a gestão de custos possibilita ao agricultor uma visão ampla de seu negócio, podendo analisar os dados obtidos em outros anos ou safras. Aprimora seus métodos de controle de despesas e custos, identifica e contribui para futuras melhorias. Possibilita ainda, ampliar seus investimentos em fatores rentáveis e aumentar sua capacidade produtiva sem que ocorra um aumento exagerado de seus custos. É importante esclarecer que este estudo não buscou esgotar por completo esse assunto. Sendo assim, fica em aberto caminhos para novas pesquisas, utilizando outras metodologias de custos para a apuração dos custos dos produtos agrícolas. 6. Referências ARAUJO, L. C. D. O administrador rural nas suas tomadas de decisões. Agronline, Disponível em: < >. Acesso em: 12 outubro CALLADO, Antônio A. C.; CALLADO, Aldo L. Gestão De Custos Para Empresas Rurais. Universidade Federal da Paraíba, Brasil. Disponível em: < ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/BD3A59BD37FC63F BBC4F/$File/NT pdf >. Acesso em: 07 de março de 2017.CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 2ª. ed. São Paulo: Atlas, CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 6ª. ed. São Paulo: Atlas, GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social KIRST, Cecilia Crespan Scherer Aplicação de um sistema de custos em uma propriedade rural: produção de trigo, linhaça e soja. Unijuí. Disponível em: < bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/.../cecilia%20-%20tcc.pdf >. Acesso em: 12 de outubro de LOPES DE SÁ, A. Dicionário da contabilidade. 8ª. ed. São Paulo: Atlas, MACHADO, P. P.; FERNANDES, L. A. Análise do ponto de equilíbrio de uma rede de supermercados. VII SEGeT Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. [S.l.]: [s.n.] p. 15. Disponível em:< io.pdf >. Acesso em: 12 de outubro de MARION, J. C.; SANTOS, G. J. D. Administração de custos na agropecuária. 2ª. ed. São Paulo: Atlas,
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