ÁREA TEMÁTICA: PRÁTICAS INTEGRATIVAS NA SAÚDE ANGIOPLASTIA CORONARIANA TRANSLUMINAL PERCUTÂNEA COMPLICADA COM TAMPONAMENTO CARDÍACO: UM ESTUDO DE CASO
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- Marcelo Cortês Cavalheiro
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1 ÁREA TEMÁTICA: PRÁTICAS INTEGRATIVAS NA SAÚDE ANGIOPLASTIA CORONARIANA TRANSLUMINAL PERCUTÂNEA COMPLICADA COM TAMPONAMENTO CARDÍACO: UM ESTUDO DE CASO FLORES, Natiele de Almeida 1 VISSOTTO, Carolina Teixeira ² MACHADO, Janine Pereira³ 1. Introdução No Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte dentre a população, sendo o processo de industrialização e a urbanização os principais agravantes para a piora desse quadro epidemiológico por aumentarem a exposição da população aos fatores de risco para o desenvolvimento e agravo dessas doenças. As cardiopatias apresentam caráter crônico e podem ser tratadas de forma clínica e/ou cirúrgica. (CHAGAS ET AL, 2009 APUD DUARTE, 2012). Existem inúmeros procedimentos que podem ser realizados para obter uma melhora do quadro clínico e da qualidade de vida do paciente, um deles é a Angioplastia Coronariana Transluminal Percutânea (ACTP). A intervenção coronariana percutânea é um método estabelecido e utilizado para reduzir o índice de mortalidade de doenças cardíacas avançadas relacionadas ao comprometimento severo da perfusão do miocárdio. A ACTP consiste em um procedimento invasivo que é muito eficiente no tratamento da doença aterosclerótica coronariana (DAC), o que possibilitou que se tornasse uma das intervenções coronárias mais frequentes a serem utilizadas, de forma isolada ou em associação a outros dispositivos. (HUDAK ET AL, 2005 APUD SOUZA, 2012). A intervenção utiliza-se de um cateter balão que faz a compressão das placas de ateroma, 1 Autor: Acadêmica do curso de Enfermagem da Faculdade Integrada de Santa Maria, 5º semestre. n.carpe.diem@hotmail.com ²Co-autor: Acadêmica do curso de Enfermagem da Faculdade Integrada de Santa Maria, 5º semestre. cvissotto@gmail.com ³ Orientador: Enfermeira. Especialista em Terapia Intensiva. Mestranda em Ciências da Saúde e da Vida. janinepereiramachado@gmail.com
2 resultando na reperfusão da artéria estenosada. (CARPENIT- MOYET ET AL, 2005 APUD SOUZA, 2012). Segundo Santos (2007), A assistência e o plano de cuidados de enfermagem ao paciente submetido a esse tipo de intervenção é indispensável, pois o profissional deve ser capaz de prevenir, detectar e tratar complicações que possam ser expressas pelo paciente, antes, durante e após a angioplastia. 2. Metodologia: Discorre acerca de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, no qual foi utilizado o método de análise de caso único, de natureza representativa, onde o objetivo é capturar e analisar as circunstâncias e condições de uma situação do dia-a-dia. (SOUZA, 2012 APUD YIN, 2010). O cenário do estudo foi a unidade de internação de um hospital particular da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. A paciente é uma idosa de 71 anos, aposentada, ex-tabagista, com diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Doença Aterosclerótica Coronariana (DAC), alérgica a penicilina e utiliza medicações para a cardiopatia. Foi realizada no dia 06/06/17, no bloco cirúrgico, uma ACTP Transluminal com stent farmacológico em ADA Dg1, com acesso arterial femoral, complicada com tamponamento cardíaco. O diagnóstico de enfermagem é de Risco de Infecção e a conduta é de observação de sinais e sintomas de infecção. Os dados foram obtidos através do prontuário da paciente, evolução médica, evolução da enfermagem, entrevista não estruturada e de observações da paciente. A análise dos dados foi realizada através de artigos acadêmicos que abordam a temática. 3. Análise e Discussão: As cardiopatias isquêmicas estão dentre as principais responsáveis por morte no mundo e a causa, em 90% dos casos, são as obstruções ateroscleróticas. Para o tratamento destas obstruções podem ser adotados procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos, dentre os não cirúrgicos estão: os agentes trombolíticos, a ACTP por balão, a angioplastia a laser e aterotomia associados ou não a colocação do stent. (BRASILEIRO FILHO, 2012 APUD SANTOS, 2017). A Angioplastia Coronária Transluminal Percutânea (ACTP) é um método de tratamento não cirúrgico que foi apresentado por Andreas Gruentzig em 1977 com objetivo de reduzir o índice de mortalidade das doenças cardíacas avançadas. Esse procedimento é utilizado, com frequência, na revascularização do músculo cardíaco em portadores da doença aterosclerótica coronariana, por meio de um cateter balão que é introduzido em uma artéria periférica e instalado no local da lesão, onde é insuflado para comprimir a placa de ateroma e retirado logo em seguida. (FELICIANO 2007 APUD SANTOS, 2017). A introdução de stents à angioplastia iniciou em 1996,
3 desde então, existe a possibilidade da implantação de stents coronarianos e farmacológicos; nestes casos o balão está envolto por uma pequena mola de metal em aço inoxidável, quando este for insuflado, a mola será pressionada contra a parede da artéria possibilitando a desobstrução do lúmen do vaso, o stent farmacológico, além disso, apresenta liberação de medicação de forma lenta, o que diminui o processo de cicatrização e a possibilidade de reestenose, o que, do ponto de vista clínico, apresenta melhores resultados a curto e longo prazo se comparado à angioplastia convencional. (FELICIANO, 2007 APUD SOUZA, 2012). O acesso arterial mais utilizado para esse procedimento é o da artéria femoral, por ser de fácil localização, grande calibre e poder ser realizado várias vezes, no entanto é necessário maior período de restrição ao leito o que provoca desconforto e exige uma maior permanência desse indivíduo no hospital. As indicações para angioplastia incluem a DAC, pacientes com oclusão mínima de 70% da luz da maior artéria coronária cujas condições não respondem a tratamentos clínicos, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e podem aliviar a angina do peito. (IGNÁCIO, 2004 APUD SANTOS, 2017). Ainda que a ACTP seja um método minimamente invasivo e consequentemente menos traumático para o paciente existe a possibilidade de complicações relacionadas ao procedimento, podendo ocorrer: reestenose, sangramento no lugar da inserção, hemorragia retroperineal, hematoma, pseudoaneurisma, fístula arteriovenosa, trombose arterial, embolização distal, coágulos sanguíneos, tamponamento cardíaco, infecção, alteração do ritmo cardíaco e ataque cardíaco. Esses eventos adversos são baixos e ocorrem em cerca de 5% das pessoas submetidas ao processo, sendo estes os principais limitantes da técnica, que variam de eventos adversos leves e transitórios até eventos mais intensos e preocupantes. (CARPENITO- MOYET, 2008; TIMERMAN, 2013 APUD SANTOS, 2017). A presença ou insistência da dor pode ser um sinal de complicações do exame, que poderão ter como consequência a obstrução da artéria coronária e o IAM, tais incidências devem ser tratadas de forma rápida e precisa o que torna necessária a permanência do paciente em unidades de terapia intensiva, como também muita atenção aos relatos de dor desse tipo de paciente. (SOUZA et all, 2012). O tamponamento cardíaco é umas das possíveis complicações da ACTP, sendo definido pela presença de sintomas como: hipotensão sistêmica (PAS < 90mmHg) com evidência de pulso paradoxal pela avaliação clínica ou por método invasivo, presença de derrame do pericárdio à angiografia, evidência de grande variação respiratória de velocidade transmitral ao Eco Doppler cardíaco, dilatação da veia cava inferior com falência ao colapsar à inspiração e/ou colapso
4 diastólico da parede livre do ventrículo direito. (AL-LAMEE, 2011 APUD SILVA, 2012). A equipe de enfermagem possui um papel importante no que diz respeito à orientação, observação, cuidado e avaliação no pré, trans e pós-exame; no preparo do ambiente e do material que será utilizado e no monitoramento do paciente, particularmente nas primeiras 6 a 12 horas pós-angioplastia, pois neste período o indivíduo terá que ficar em repouso, restrito ao leito devido à punção da artéria femoral e por esse motivo deve ser orientado concomitante aos seus acompanhantes e familiares. (LIMA, 2006 APUD SANTOS, 2017). Por possuir um número maior de pessoas e em tempo integral, a equipe de enfermagem presta assistência direta e ininterrupta ao paciente, o que permite realizar observações, bem com identificar possíveis alterações na homeostase e traçar os diagnósticos de enfermagem para construir um plano de cuidados individual e personalizado. (HORTA, 1968 APUD DUARTE, 2012). Nestes casos, a enfermagem tem como intuito minimizar possíveis complicações ou alterações no paciente, tais como mudança nível no pressórico, arritmia, isquemias, além de monitorar e manter o alívio da dor e do desconforto. (DUARTE et all, 2012). Um ambiente terapêutico silencioso e iluminado também é favorável para a melhora deste paciente, podendo contribuir para o alívio da dor, assim como o posicionamento adequado no leito e a administração de medicamentos analgésicos e sedativos conforme a prescrição médica, objetivando o conforto e bem estar desse paciente. (LEOPARDI, 2006 APUD DUARTE, 2012). A promoção dessas condutas faz com que o enfermeiro assuma um papel diferencial dentro da equipe, ofertando além do cuidado técnico, a manutenção do conforto, um apoio psicológico, promovendo e/ou devolvendo a autoestima e a confiança além do reconhecimento de suas competências, ou seja, percebendo o seu paciente no conceito holístico do homem, como um ser indivisível e não a soma de suas partes. (HORTA, 1979 APUD DUARTE, 2012). Conclusão Parcial: Com o avanço tecnológico das últimas décadas foi possível criação de medidas que proporcionam maior conforto e melhora na vida de pacientes com insuficiência coronariana, a Angioplastia Coronariana Transluminal Percutânea é um método com grandes vantagens por ser menos invasiva, menos traumática, por oferecer alívio rápido da angina, por ser de baixo risco e possuir baixo custo, sendo de primeira escolha a pacientes com DAC. Se comparado à cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM), a ACTP tem menor custo tanto no período de internação hospitalar quanto na evolução ao longo do primeiro ano, havendo uma diminuição progressiva da diferença no
5 decorrer dos próximos anos. (STERNBERG, 2015 APUD SANTOS, 2017). A desvantagem do procedimento de angioplastia, segundo Almeida 2005, é o número elevado de reintervenções se comparado ao da CRM, sendo que os custos que, primeiramente eram menores na ACTP se equivalem ao passar dos anos. É necessário que haja uma orientação permanente e educação em saúde por meio da equipe médica e de enfermagem para que esse sujeito possa modificar os seus hábitos e retomar uma vida saudável. A paciente estudada passou pela intervenção de ACTP com colocação de stent farmacológico, que é mais eficiente se comparada a convencional e mais vantajosa por diminuir a incidência de reestenose. O tamponamento cardíaco ocorreu durante o procedimento como complicação, por esse motivo a paciente foi para UTI, no pósoperatório foram prescritos: antiagregante plaquetário para inibir a formação de trombo, diuréticos poupadores de potássio e de alça, anti-inflamatórios, anti-hipertensivos, cardiotônicos, analgésicos e antitérmicos, ansiolítico, antilipêmicos, dentre outros. As condutas de enfermagem ficaram em torno do conforto medicamentoso e de decúbito, do apoio psicológico da manutenção das medidas preventivas contra o risco de infecção. REFERÊNCIAS SANTOS, A.F.S; SILVA, I.B; CARVALHO, S.Q.S; JUNIOR, C.V.A. Assistência de Enfermagem a pacientes submetidos à angioplastia coronária uma revisão de literatura. Ciências Biológicas e de Saúde Unit. 2017; v.4, n.1, p Aracaju. SOUZA, K.N.S; STIVAL, M.M; LIMA, L.R. Avaliação da dor em pacientes submetidos à angioplastia coronária transluminal percutânea. Universitas: Ciências da Saúde, Brasília, v.10, n.1, p Jan/Jun DUARTE, S.C.M; STIPP, M.A.C; MESQUITA, M.G.R; SILVA, M.M. O cuidado de enfermagem no pós-operatório de cirurgia Cardíaca: um estudo de caso. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v.16, n. 4, p Out/Dez SILVA, W.A; COSTA R.A, CAMPOSTRINIS, T; JÚNIOR, J.R.C; SIQUEIRA D.A; STAICO, R; FERES, F; CHAVES, A.J. Incidência, Manejo e prognóstico de perfurações coronárias. Rev. Brasileira de Cardiologia Invasiva. São Paulo, v.20, n
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