Edgar Morin, As Grandes Questões do Nosso Tempo, 6. a Ed., Lisboa, Editorial Notícias, 1999, p. 130
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- Marcelo Morais Álvares
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1 «( ) não existe em parte alguma uma receita para bem pensar. O que pode e deve existir são os métodos que ajudem cada um a pensar por si mesmo. Quer dizer também que o pensamento é arte e estratégia permanentes: ele só vive no e pelo repensamento permanente, a reflexão permanente. Esse problema não é um problema especulativo para filósofos. É o problema vital de cada um e de todos.» Edgar Morin, As Grandes Questões do Nosso Tempo, 6. a Ed., Lisboa, Editorial Notícias, 1999, p. 130
2 índice Actividade diagnóstico I. INICIAÇÃO À ACTIVIDADE FILOSÓFICA Abordagem introdutória à filosofia e ao filosofar O que é a filosofia? uma resposta inicial Perspectivas perante acontecimentos Problematizações e argumentações A conflitualidade do campo filosófico A actividade filosófica noções básicas para a sua compreensão Filosofia e experiência da vida Reflexão filosófica e emergência do filosofar A dinâmica do filosofar: problematização, questionamento, dúvida e crítica Quais são as questões da filosofia? alguns exemplos Terá a filosofia questões próprias? Áreas temáticas da reflexão filosófica A dimensão discursiva do trabalho filosófico Filosofia e auditório Filosofia e racionalidade Filosofia e fundamentação Convicções e formulação de problemas filosóficos Formulação de problemas e apresentação de argumentos A ponderação de argumentos Exemplo de argumentações e contra-argumentações a propósito da problemática da pena de morte II. A ACÇÃO HUMANA E OS VALORES A acção humana análise e compreensão do agir A rede conceptual da acção Os planos do acontecer, do fazer e do agir Intenções, motivos e causas análise da complexidade do agir Complexidade dos motivos e dos desejos Deliberação e decisão. O agente da acção e o problema da responsabilidade determinismo e liberdade na acção humana As condicionantes e os limites da acção Será o homem absolutamente livre? As limitações do agir humano: os planos natural e histórico As limitações naturais: físicas, biológicas e psicológicas Os limites histórico-culturais: a finitude A acção como campo de possibilidades - espaço para a liberdade do agente Os valores análise e compreensão da experiência valorativa Valores e valoração a questão dos critérios valorativos Facto e valor A articulação entre factualização e valoração O estatuto dos factos e das verdades: o critério do auditório A polaridade axiológica: valores e acção Valores concretos e valores abstractos Historicidade e perenidade dos valores Essencialismo ou relativismo? Valores e cultura a diversidade e o diálogo de culturas Dimensões da acção humana e dos valores A dimensão ético-política - análise e compreensão da experiência convivencial
3 3.1.1 Delimitação do âmbito das problemáticas éticas A dimensão ético-política à luz da análise e compreensão da experiência convivencial Ética e moral, intenção ética e norma moral A dimensão pessoal e social da ética o si mesmo, o outro e as instituições A necessidade de fundamentação da moral análise comparativa de duas perspectivas filosófica A filosofia moral de Epicuro A filosofia moral de Kant Ética, direito e política A dimensão estética - análise e comprensão da experiência estética A experiência e o juízo estético A experiência estética: abordagem etimológica A especificidade da experiência estética A possibilidade de comunicação da experiência estética a natureza do juízo estético A natureza do juízo estético A possibilidade de comunicação da experiência estética A atitude crítica perante a obra de arte Um modelo de análise estética A criação artística e a obra de arte Significado da arte e da criação artística Apresentação de alguns dos critérios ou parâmetros do conceito de arte... ao longo dos tempos A arte: produção e consumo, comunicação e conhecimento A multidimensionalidade da obra de arte A arte: objecto produzido e valor no mercado. A dimensão «produtiva».... do objecto artístico Pluralidade de sentidos (polissemia) da obra de arte A arte enquanto manifestação da identidade cultural dos povos A arte enquanto revelação de novos modos de conhecer o sujeito e o mundo A dimensão religiosa análise e compreensão da experiência religiosa A religião e o sentido da existência a experiência da finitude e a abertura à transcendência As dimensões social e pessoal das religiões Religião, razão e fé as tarefas e os desafios da tolerância Temas / problemas do mundo contemporâneo Direitos Humanos e Globalização Noção de Direitos Humanos: fundamentos histórico-ideológicos A Aldeia Global. Estreitamento do espaço e compressão do tempo Cosmopolitismo ou Localismo global? Os direitos das mulheres como direitos humanos O conceito de discriminação. Discriminação negativa e positiva A discriminação sexual no Terceiro Mundo A discriminação sexual nos países desenvolvidos. A «Terceira Mulher» A política e os negócios: últimos baluartes do poder masculino? A solução/problema das quotas A manipulação e os meios de comunicação de massas Que significa manipular? A publicidade Propaganda e desinformação A manipulação em contexto pluralista
4 6 Actividade de Diagnóstico A(s) amizade(s) Actividade de Diagnóstico Tema: A Amizade Esta actividade pretende funcionar como um primeiro momento de diagnóstico, procurando detectar o «clima» da turma, bem como competências individuais relativas às capacidades de: n ouvir e compreender globalmente uma informação; n expor uma ideia e/ou resumir uma situação; n ler e compreender globalmente uma mensagem escrita; n clarificar e argumentar perspectivas em situação de oralidade. «A palavra amizade não tem um único significado, mas vários. ( ) Vejamos então, sumariamente, quais são os significados mais comuns desta palavra. ( ) Primeiro significado: os conhecidos. A maior parte das pessoas que consideramos nossos amigos são, na realidade, apenas conhecidos. Isto é, pessoas que não estão tão longe como a totalidade amorfa dos outros. Sabemos o que pensam, os problemas que têm, sentimo-los perto, recorremos a eles para nos ajudarem e ajudamo-los de boa vontade. Temos com eles boas relações. Mas não temos uma confiança profunda, não lhes contamos os nossos anseios mais secretos. Ao vê-los não nos sentimos felizes, não sorrimos espontaneamente. Se forem bem sucedidos, ou receberem um prémio, ou tiverem um golpe de sorte, não nos sentimos felizes como se fosse um sucesso nosso. Em muitas amizades deste tipo existem mesmo inveja, maledicência, antagonismo. As relações ostensivamente cordiais escondem, por vezes, uma realidade conflituosa, ou uma profunda ambivalência. É certo que estas pessoas não são estranhos, estão até próximas. Mas porque devemos chamar amizade a relações afectivas tão diferentes? Estamos perante uma utilização inadequada da palavra. Segundo significado: solidariedade colectiva. Devemos sem dúvida distinguir a amizade da solidariedade, tal como já o tinham feito os antigos. Neste segundo sentido, amigos são todos aqueles que estão do nosso lado, por exemplo numa guerra. De um lado os amigos, de outro os inimigos. Este tipo de solidariedade nada tem de pessoal. Aquele que exibe a mesma divisa que eu é amigo; mas não sei nada dele. A esta mesma categoria pertencem as formas de solidariedade que se constituem nas seitas, nos partidos e nas igrejas. Os cristãos chamam-se entre si irmãos ou amigos. Os socialistas chamam-se camaradas e os fascistas companheiros. Estamos sempre, no entanto, em presença de ligações colectivas, não de relações rigorosamente pessoais. Terceiro significado: relações de posição. É a classe de relações de tipo pessoal, mas baseadas na posição social. Tínhamos visto que a amizade pelo interesse era a dos sócios em negócio, era a dos políticos. Este tipo de ligações tem bem pouco de afectivo, e dura enquanto dura o interesse a salvaguardar. Encontramos, além disso, muitas relações profissionais, em colegas de trabalho e em vizinhos de casa. Quarto significado: simpatia e trato amigável. Chegamos por fim à categoria das pessoas com quem nos sentimos bem, que são simpáticas, que admiramos. Mas, mesmo neste caso, devemos ser cautelosos na utilização da expressão amizade. Muitas vezes, trata-se de estados emotivos transitórios, superficiais.» Francesco Alberoni, A Amizade, Lisboa, Bertrand Editora, 1987, pp. 9-11
5 Actividade de Diagnóstico 7 Nicolas Nixon, Covington, Kentucky Depois da leitura atenta do texto anterior, sintetiza as várias noções de amizade que nele são descritas. Responde ao seguinte questionário. 2.1 As pessoas podem falar muito umas com as outras sem serem amigas? 2.2 Podemos quase nem falar uns com os outros e, mesmo assim, sermos amigos? 2.3 Há pessoas que estão constantemente a lutar com os amigos? 2.4 Confias mais nos teus amigos do que em qualquer outra pessoa? 2.5 Há algumas pessoas em quem confias mais do que nos teus amigos? 2.6 Será possível ter medo de um amigo? 2.7 Qual a diferença entre um amigo e a família? 2.8 Descreve o teu melhor amigo. 2.9 O que é um amigo? Achas que faz sentido falar-se em ser-se amigo do saber?
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7 Unidade inicial Iniciação à actividade filosófica
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