Teoria do Direito II. Prof. Fábio Perin Shecaira. fabioshecaira.wordpress.com
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- Raíssa Caldas Laranjeira
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1 Teoria do Direito II Prof. Fábio Perin Shecaira fabioshecaira.wordpress.com
2 Dois lugares comuns sobre o direito (1) O direito está repleto de casos difíceis. Casos que geram desacordo (sincero) entre juristas. (2) O governo deve respeitar o ideal do estado de direito (ED). Sua ação deve ser previsível e baseada em regras pré-existentes.
3 Dois lugares comuns (1) Um exemplo de caso difícil: Maclennan v. Maclenann (1958)
4 Dois lugares comuns (2) O que significa respeitar ED?
5 Lon Fuller ( )
6 Dois lugares comuns Fuller respeitar ED significa governar com base em: 1. regras gerais, 2. públicas, 3. prospectivas, 4. claras,
7 Dois lugares comuns 5. consistentes entre si, 6. possíveis e 7. duráveis, 8. tomando decisões em casos concretos que sejam coerentes com as regras.
8 Dois lugares comuns (1) O direito está repleto de casos difíceis. (2) O governo deve respeitar o ideal do estado de direito (ED).
9 Dois lugares comuns (1) e (2) são compatíveis entre si? Três tentativas de desfazer a aparente tensão...
10 Dois lugares comuns 1ª Casos difíceis são menos comuns do que se imagina.
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12 Dois lugares comuns 2ª O conceito de ED tem sido mal interpretado. (Fuller x MacCormick)
13 Neil MacCormick ( )
14 Dois lugares comuns O que Fuller deixou de fora: 9. Dever de fundamentação pelas autoridades 10. Poder de contestação pelo cidadão
15 Dois lugares comuns 3ª Uma ideia a ser explorada neste curso: Talvez seja possível, mesmo em casos difíceis, argumentar de formas que respeitem ED.
16 Revisão Dois lugares comuns: 1. O direito está repleto de casos difíceis. 2. O governo deve respeitar o ideal do ED. 1 e 2 são incompatíveis? - Casos difíceis não são tão frequentes assim. - A concepção comum de ED deve ser revista. - Talvez seja possível argumentar, mesmo em casos difíceis, de uma maneira que respeite ED.
17 Próximo ponto (1a): Conceitos básicos de argumentação jurídica Leitura obrigatória: Shecaira/Struchiner, Caps 1 e 2 Perguntas: 1. Qual é a diferença entre argumentação institucional e substantiva? 2. Qual é a diferença entre justificação interna e externa do silogismo jurídico?
18 Argumentação Argumentar é oferecer razões em defesa de uma conclusão normalmente com o objetivo de persuadir um interlocutor.
19
20 Argumentação A argumentação teórica defende conclusões teóricas. Também chamadas descritivas ou factuais. Ex: chove lá fora; morreram 6 milhões no Holocausto; o universo está em expansão.
21 Argumentação A argumentação prática defende conclusões práticas. Também chamadas prescritivas ou normativas. Ex: é melhor levar um guarda-chuva; devemos reduzir as emissões de CO2; o racismo é deplorável
22 Argumentação Nem toda conclusão é facilmente classificada: Houve em 1964 um golpe de estado; Madre Teresa foi uma mulher de muita fé.
23 Argumentação prática
24 Argumentação prática AS Argumentação prática aberta a considerações políticas, morais, sociais, econômicas.
25 Argumentação prática A falta não deve ser marcada para que a torcida não fique irritada e violenta. A falta não deve ser marcada porque o lance não foi violento e seria injusto punir o autor de uma jogada limpa.
26 Argumentação prática AI Argumentação prática em que o uso de considerações substantivas é limitado por regras e procedimentos estabelecidos em fontes dotadas de autoridade.
27 Argumentação prática A falta deve ser marcada porque há uma regra que proíbe esse tipo de jogada no futebol. A falta não deve ser marcada porque o lance já acabou e o juiz perdeu a oportunidade de apitar.
28 Argumentação prática Autor: O réu me deve 500 reais. Réu: Discordo do autor. Autor: O réu me deve 500 reais porque realizamos um contrato válido de compra e venda, eu forneci o produto e o réu nao pagou. Réu: Reconheço que o autor forneceu o produto e que eu não paguei, mas não reconheço a validade do contrato.
29 Argumentação prática Juiz: Autor, prove que vocês têm um contrato válido. Autor: Eis um documento assinado por nós dois. Réu: Não reconheço a autenticidade deste documento. Juiz (ao réu): Visto que o documento parece autêntico, prove que ele nao é. Réu: Este laudo atesta que a minha assinatura foi forjada.
30 Argumentação prática Autor: O laudo não serve como prova, pois eu tive conhecimento dele muito tarde no processo. Juiz: Concordo. A prova não é admissível.
31 Argumentação prática A argumentação jurídica é predominantemente institucional! Esclarecimentos: 1. Predominantemente exclusivamente 2. A argumentação jurídica nem sempre é sincera 3. A diferença entre AI e AS é de grau
32 Com base na lei, decido que... Por motivos morais/sociais/políti cos, decido que...
33 Distinção de grau
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36 AI ou AS?
37 AI ou AS?
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39 Próximo ponto (1b): Justificação interna e justificação externa. Leitura: Shecaira/Struchiner, Caps. 1 e 2 (mesmo texto do ponto anterior).
40 Justificação interna (JI) e externa (JE) Introdução: padronização de argumentos
41 JI e JE Um exemplo: Numa de suas aventuras, Sherlock Holmes encontra um velho chapéu de feltro. Embora não conheça o seu proprietário, Holmes conta a Watson muita coisa a seu respeito afirmando, por exemplo, que se trata de um intelectual. O Dr. Watson, como de hábito, pede que Holmes o esclareça.
42 JI e JE À guisa de resposta, Holmes coloca o chapéu sobre a cabeça. O chapéu resvala pela sua testa até apoiar-se no seu nariz. É uma questão de volume, diz Holmes. Um homem com uma cabeça tão grande deve ter algo dentro dela.
43 JI e JE Padronização do argumento de Holmes: 1. Há um chapéu grande que tem algum dono 2. Donos de chapéus grandes têm cabeça grande 3. Pessoas com cabeça grande têm cérebro grande 4. Pessoas com cérebro grande são intelectuais Logo, 5. O proprietário do chapéu é um intelectual
44 JI e JE 1 a 4 são premissas 5 é a conclusão
45 JI e JE Argumento simples Premissa(s) Logo, Conclusão
46 JI e JE Argumento complexo Premissa(s) Logo, Conclusão Premissa(s) Logo, Conclusão
47 JI e JE
48 1. A Constituição de SP não permite que o governador assuma outro cargo na administração pública. 2. O cargo de governador é equiparável ao cargo de vice-governador. Logo, 3. A Constituição de SP não permite que o vicegovernador assuma outro cargo na administração pública. 4. Afif é vice-governador de SP. Logo, 5. Afif não pode assumir outro cargo na administração pública.
49 1. A Constituição de SP não permite que o governador assuma outro cargo na administração pública. 2. O cargo de governador é equiparável ao cargo de vice-governador. 3. A Constituição de SP não permite que o vicegovernador assuma outro cargo na administração pública. 4. Afif é vice-governador de SP. 5. Afif não pode assumir outro cargo na administração pública.
50 JI e JE Silogismo jurídico Premissa maior (norma geral) Premissa menor (fatos) Logo, Conclusão (julgamento)
51 JI e JE 1. Quem dirige sob a influência do álcool deve ser punido. 2. João dirigiu sob a influência do álcool. Logo, 3. João deve ser punido.
52 JI e JE... finalmente, JI e JE São testes de qualidade de silogismos jurídicos. Um bom silogismo jurídico deve estar internamente e externamente justificado.
53 JI e JE JI => subsunção, isto é, encaixe dos fatos na norma geral JE => premissas verdadeiras
54 JI e JE JI? 1. Quem dirige sob influência do álcool deve ser punido 2. João dirigiu sob a influência do álcool Logo, 3. João deve ser punido
55 JI e JE JI? 1. Quem dirige sob influência do álcool deve ser punido 2. João fumou maconha antes de dirigir Logo, 3. João deve ser punido
56 JI e JE JE => premissas verdadeiras A premissa maior faz referência a uma norma válida? O fato descrito na premissa menor realmente ocorreu?
57 JI e JE JE? 1. Quem dirige sob influência do álcool deve ser punido. 2. João dirigiu sob a influência do álcool. Logo, 3. João deve ser punido.
58 JI e JE Cursos de TD tendem a se concentrar na premissa maior.
59 JI e JE 0. Uma norma que puna motoristas embriagados resulta em estradas mais seguras Logo, 1.Quem dirige sob a influência do álcool deve ser punido 2. João dirigiu sob a influência do álcool Logo, 3. João deve ser punido
60 JI e JE 0. O Código Penal estabelece punição para quem dirige embriagado Logo, 1.Quem dirige sob a influência do álcool deve ser punido 2. João dirigiu sob a influência do álcool Logo, 3. João deve ser punido
61 JI e JE Que tipo de argumento é preferido por juízes, advogados e professores de direito?
62 Revisão Silogismo jurídico Premissa Maior: norma geral Premissa menor: fato(s) Conclusão: norma individual Justificação interna & Justificação externa JE => premissas verdadeiras JI => subsunção A premissa maior é justificada normalmente por meio de argumentos institucionais
63 0. O Código Penal estabelece punição para quem dirige sob a influência do álcool Logo, 1.Quem dirige sob a influência do álcool deve ser punido 2. João dirigiu sob a influência do álcool Logo, 3. João deve ser punido
64 0. Uma norma que puna motoristas embriagados resulta em estradas mais seguras Logo, 1.Quem dirige sob a influência do álcool deve ser punido 2. João dirigiu sob a influência do álcool Logo, 3. João deve ser punido
65 Próximos pontos: > A importância do silogismo (1c) > Questão de fato x questão de direito (1d) Textos: 1c: mesmo texto dos pontos anteriores 1d: Guastini, Cap. 3, pp Perguntas: 1. O silogismo faz parte da argumentação jurídica em todos os casos? 2. Como se distingue uma QF de uma QD?
66 Nós superamos aquela que eu chamaria a escola da subsunção, que supunha que já existem soluções prontas e acabadas no ordenamento jurídico para cada problema.
67 (a) Nós superamos aquela que eu chamaria a escola da subsunção, que (b) supunha que já existem soluções prontas e acabadas no ordenamento jurídico para cada problema.
68 A importância do silogismo Segundo Eros Grau, a escola da subsunção nega a existência de casos difíceis.
69 A importância do silogismo Maclennan v. Maclennan (1958) O divórcio é permitido em caso de adultério. Sra. Maclennan engravidou artificialmente sem consentimento de Sr. Maclennan. Logo, O divórcio é permitido para Sr. Maclennan
70 -1. O divórcio é permitido em caso de adultério. 0. A inseminação artificial sem consentimento do marido é uma traição tão grave quanto o adultério convencional. Logo, 1. O divórcio é permitido em caso de inseminação artificial sem consentimento do marido. 2. Sra. Maclennan engravidou artificialmente sem consentimento de Sr. Mclennan. Logo, 3. O divórcio é permitido para Sr. Maclennan
71 MacCormick O silogismo desempenha um papel estruturante fundamental no pensamento jurídico. Ele fornece a moldura dentro da qual os outros argumentos fazem sentido.
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73 Questão de fato e Questão de direito Forma comum de fazer a distinção: QDs são questões sobre a premissa maior. QFs são questões sobre a premissa menor.
74 QF & QD 1. Quem dirige sob influência do álcool deve ser punido. 2. João dirigiu sob a influência do álcool. Logo, 3. João deve ser punido.
75 QF & QD Essa distinção tem uma limitação: Como classificar questões sobre JI?
76 QF & QD O divórcio é permitido em caso de adultério Sra. Maclennan engravidou artificialmente sem consentimento de Sr. Maclennan Logo, O divórcio é permitido para Sr. Maclennan
77 QF & QD Obs: O debate não é meramente teórico! A distinção é processualmente importante. Ex: CPC, Art. 517: As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. (NCPC, Art. 1014)
78 Revisão > O silogismo cumpre um papel estruturante fundamental na argumentação jurídica > Isso não significa negar a existências de casos difíceis > Questão de fato x questão de direito
79 Pontos 2a e 2b: Dogmática jurídica Textos: 2a: Nino, cap. 6, pp b: pdf no site leitura opcional Perguntas: 1. O que é que a dogmática jurídica diz que faz? 2. O que que é ela de fato faz? 3. Por que é que os juízes de alguns países citam mais a doutrina do que outros?
80 Dogmática jurídica A doutrina => obras acadêmicas sobre o direito. Dois tipos: > Zetética (predominante no 1º ano) >Dogmática (predominante a partir do 2º ano)
81 Dogmática jurídica Dogmática => tipo de doutrina que aborda o direito a partir de uma perspectiva predominantemente institucional.
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83 Dogmática jurídica Segundo Nino, dogmática é a disciplina que se distingue: (1) pela forma como se apresenta; (2) pelas funções que exerce; (3) pelas técnicas que usa para conciliar 1 e 2.
84 Dogmática jurídica (1) Como se apresenta? Como tendo o objetivo de explicar o conteúdo do direito e suas consequências para casos jurídicos concretas.
85 Dogmática jurídica (2) Funções que de fato exerce? Duas: a) Explica o conteúdo do direito e suas consequências para casos concretos.
86 Dogmática jurídica b) Reapresenta e reformula o direito, tornando precisos os seus termos vagos, completando suas lacunas, resolvendo suas incoerências e ajustando suas normas a determinados ideais axiológicos [valores]
87 Dogmática jurídica (3) Técnicas que usa? > Legislador racional > Formulação de princípios e teorias
88 Dogmática jurídica Legislador racional (Aguardem a aula sobre métodos de interpretação.)
89 Dogmática jurídica Princípios Ex: Todo cidadão do sexo masculino maior de 16 anos pode votar. Todo cidadão do sexo feminino maior de 16 anos pode votar.
90 Dogmática jurídica Todo cidadão maior de 16 anos pode votar. Todo habitante do país maior de 16 anos pode votar.
91 Área exclusiva para pedestres Silêncio!
92 Dogmática jurídica Ressalvas: 1. Nino escrevia na década de 70; as coisas mudaram desde então. 2. Dogmática, hoje, no Brasil, não tem conotação pejorativa.
93 Dogmática jurídica Há dogmática jurídica em países de common law? (Tudo depende da definição de dogmática.)
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97 Dogmática jurídica Obs: Kötz não distingue ente dogmática e zetética.
98 Dogmática jurídica França: raras citações Inglaterra: até o início do séc. XX, convenção contra a citação de autores vivos Estados Unidos: citações frequentes Alemanha: citações muito numerosas
99 Dogmática jurídica Fatores: - prestígio da comunidade acadêmica - qualidade dos escritos doutrinários - disponibilidade de tempo e outros recursos - positivismo (?)
100 Onde o positivismo reina e os juízes acham que o direito pode ser deduzido a partir das leis e precedentes existentes, a especulação acadêmica sobre interesses e considerações políticas relevantes será menos valorizada...
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104 Revisão > Dois tipos de doutrina: dogmática e zetética > Na dogmática predomina AI; na zetética, AS > Nino: uma concepção crítica da dogmática > Uso judicial da doutrina ao redor do mundo
105 Revisão (três primeiras semanas) Introdução dois lugares-comuns sobre o direito: casos difíceis e estado de direito Pontos 1 e 2: - Arg. institucional arg. substantiva - Silogismo jurídico, JI e JE - Questão de fato questão de direito - Dogmática zetética
106 AI Argumentação prática em que o uso de considerações substantivas é limitado por regras e procedimentos estabelecidos em fontes dotadas de autoridade.
107 Ponto 3: Norma jurídica Leitura: Hart, pp e pp (3c) Perguntas: 1. Todas as normas jurídicas impõem deveres? 2. O que é uma norma secundária? 3. Qual é a relação entre normas secundárias e normas que conferem poderes?
108 Dispositivo jurídico vs. norma jurídica Dispositivo = uma unidade de texto legal (um artigo, um inciso, um parágrafo na lei) Norma = uma diretiva sobre como se deve ou se pode agir
109 Dispositivo jurídico vs. norma jurídica Dois motivos para enfatizar a diferença: 1º Nem todo dispositivo corresponde a uma única norma.
110 Dispositivo jurídico vs. norma jurídica Há dispositivos que contêm mais de uma norma. Ex: CF, Art 5º, XLIII, a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos...
111 Dispositivo jurídico vs. norma jurídica Há dispositivos que contêm apenas parte de uma norma. Ex: CP, Art. 141, As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro.
112 Dispositivo jurídico vs. norma jurídica Há dispositivos que não correspondem a norma alguma(?) Ex: CF, Art 13, 1º, São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
113 Dispositivo jurídico vs. norma jurídica... dois motivos para enfatizar a diferença (cont.) 2º Um mesmo dispositivo pode ser interpretado através de métodos diferentes, gerando normas diferentes.
114 Quem dorme na estação de trem deve ser expulso > Quem dorme na estação de trem deve ser expulso. > Quem usa a estação de trem como abrigo deve ser expulso.
115 Quem dorme na estação de trem deve ser expulso. João dorme na estação enquanto espera o trem. Logo, João deve ser expulso.
116 Tipos de norma Normas gerais normas individuais Quem entra em uma relação contratual deve, sob pena de multa, cumprir os termos do contrato João deve multa a José.
117 Tipos de norma 1. Quem entra numa relação contratual deve, sob pena de multa, cumprir os termos do contrato [NORMA GERAL] 2. João entrou numa relação contratual com José, mas descumpriu o termos do contrato [FATOS] Logo, 3. João deve pagar multa a José [NORMA INDIVIDUAL]
118 Tipos de norma
119 Tipos de norma Distinção fraca (ou de grau): Ps & Rs diferem apenas quanto ao grau de vagueza. P: Dirija com cuidado. R: Dirija abaixo de 60 km/h.
120 Tipos de norma Ex: CF, Art. 5º III, ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
121 Tipos de norma (I)
122 Tipos de norma 1. Deve ter guarda sobre a criança quem tem maior renda 2. Deve ter guarda sobre a criança quem tem dado mais atenção à criança 3. Deve-se levar em consideração o bem-estar da criança
123 Tipos de norma Distinção forte (ou quanto à origem): Rs são normas explícitas no direito positivo. Ps são normas implícitas. Obs: A identificação de Ps muitas vezes requer raciocínio substantivo.
124 Tipos de norma LICC (LINDB), Art. 4º: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
125 Tipos de norma
126
127 John Austin ( )
128 Tipos de norma C é proibida C é obrigatória C é permitida S está autorizado a criar N1, N2... por meio de P
129 Tipos de norma Normas que impõem deveres Exs: Norma que proíbe matar. Norma que obriga dirigir pela direita. Norma que permite manifestações públicas.
130 Tipos de norma Normas que conferem poderes Exs: Norma que autoriza o cidadão a criar contratos. Norma que autoriza o legislativo a criar leis. Norma que autoriza o judiciário a julgar casos concretos.
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132 Tipos de norma Normas primárias regulam a nossa conduta. Normas secundárias regulam as normas primárias, isto é: sua identificação, alteração e aplicação.
133 Tipos de norma Um conto sobre o surgimento do direito.
134 Tipos de norma Sociedade pré-jurídica: 1. pequena e baseada em relações de parentesco; 2. regulada por normas primárias e costumeiras
135 Tipos de norma Obs: características de normas costumeiras: 1. dependem da adesão da maioria; 2. evoluem de maneira gradual.
136 Tipos de norma Na medida em que a sociedade cresce surgem problema: (i) incerteza quanto às normas em vigor; (ii) transformação lenta e desorganizada; (iii) resolução ineficaz de conflitos.
137 Tipos de norma Normas introduzidas para solucionar os desafios i, ii e iii (respectivamente): regra de reconhecimento regras de alteração regras de adjudicação
138 Proibições criminais Obrigações ambientais de empresas Normas que definem a condições de validade de um testamento Normas sobre como formular um contrato de compra de venda Normas que definem as competências do Congresso Nacional
139 Tipos de norma LINDB, Art. 4 o : "Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito."
140
141 Próximo ponto (3d): Conflitos entre normas (antinomias) Leitura: Dimoulis, Cap. 11 Perguntas: 1. Qual é a diferença entre um conflito real e um conflito aparente? 2. Como se resolvem conflitos reais? 3. É sempre possível resolvê-los sem apelo a considerações substantivas?
142
143 Tipos de norma C é proibida C é obrigatória C é permitida S está autorizado a criar N1, N2... por meio de P
144 Conflitos entre normas O que significa dizer que uma conduta é permitida? Duas possibilidades.
145 Conflitos entre normas (1) A conduta está expressamente permitida. CF, Art 5º, XVI, todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização...
146 Conflitos entre normas (2) A conduta não está permitida expressamente mas acaba sendo permitida por uma norma que converte em permitido o que não está proibido. Ex: Direito penal nullum crimen sine lege
147 Conflitos entre normas Conflitos reais (CR) x conflitos aparentes (CA) CRs geram um genuíno problema para o operador do direito.
148 Conflitos entre normas CR condições: (i) normas incompatíveis (ii) normas em vigor* (iii) normas do mesmo sistema jurídico* (iv) normas com mesmo âmbito de validade *Ponto 3e *Ponto 6
149 Conflitos entre normas Incompatibilidade três casos: > N1 obriga C e N2 proíbe C > N1 obriga C e N2 permite não-c > N1 proíbe C e N2 permite C
150 Conflitos entre normas Obs: Incompatibilidade x incoerência Carros vermelhos: 60km/h. Carros azuis: 90km/h. Caminhões podem entrar no parque; carros de passeio, não.
151 Conflitos entre normas (iv) normas com mesmo âmbito de validade temporal espacial pessoal material
152 É proibido fumar das cinco às sete É permitido fumar das sete às nove É proibido fumar na sala de cinema É permitido fumar na sala de espera Aos adultos é permitido fumar Aos menores não é permitido fumar É proibido fumar charutos É permitido fumar cigarros
153 Conflitos entre normas CA: suposto conflito, não satisfaz pelo menos uma das condições i iv.
154 Conflitos entre normas Critérios para a solução de CRs 1. Critério hierárquico (lex superior derogat legi inferior) O conflito é resolvido a favor da norma que tem origem na fonte superior.
155 Conflitos entre normas Observação: derogat (?)
156 Conflitos entre normas 2. Critério cronológico (lex posterior derogat legi priori) O conflito é resolvido a favor da norma mais nova.
157 Conflitos entre normas 3. Critério da especialidade (lex specialis derogat legi generali) O conflito é resolvido a favor da norma mais específica. Ex: CP vs. CPM
158 Conflitos entre normas Os diferentes critérios também podem entrar em conflito: Norma superior geral vs. norma inferior especial Norma superior antiga vs. norma inferior mais nova Norma especial vs. norma geral mais nova
159 EA, Art. 7º São direitos do advogado: V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, e, na sua falta, em prisão domiciliar CPP, Art. 295 Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial [...] quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; 1º A prisão especial [...] consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum.
160 HC / SP - SÃO PAULO Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 28/08/2012 A norma especial prevaleceu.
161 Conflitos entre normas E quando não há critério estabelecido para a solução de um conflito? Ex: Conflito entre normas constitucionais simultaneamente promulgadas.
162 Conflitos entre normas Teste de proporcionalidade (Aguardem.)
163 Revisão > Conflitos entre normas > Conflitos aparentes x conflitos reais > Critérios para a solução de CRs > Ordem de prioridade entre os critérios
164 Ponto 3e: Validade jurídica de normas Leitura obrigatória: Reale, Cap. 10 Perguntas: 1. De acordo com o Reale, que condições deve uma norma satisfazer para que seja válida? 2. A concepção de validade do Reale é positivista?
165
166 Validade das normas Conflito real entre normas condições: (i) normas incompatíveis (ii) normas em vigor (iii) normas do mesmo sistema jurídico (iv) normas com mesmo âmbito de validade
167 Validade das normas Obs: norma em vigor = norma válida
168 Validade das normas Reale Três elementos ou aspectos da validade jurídica: 1. Validade formal ou técnico-jurídica 2. Validade social (eficácia) 3. Validade ética (correção moral)
169 Validade das normas Para Reale, validade jurídica = validade formal + validade social + validade ética
170 Validade das normas Condições de validade formal: competência do órgão adequação do procedimento inexistência de lei (ou decisão judicial) revogadora
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173 Validade das normas A validade social (eficácia) diz respeito à aplicação ou execução da norma jurídica.
174 Validade das normas Essa noção é menos simples do que parece. Comparem dois cenários: N1 é frequentemente cumprida pelos cidadãos. x N2 é frequentemente descumprida, mas os violadores não ficam impunes.
175 Validade das normas Validade ética: conformidade com valores como justiça e bem comum.
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177 Validade das normas Reale: Validade jurídica = validade formal + validade social + validade ética Positivistas: Validade jurídica = validade formal + validade social + validade ética
178 Validade das normas Sobre o seguinte, há amplo consenso na literatura: Validade formal é necessária para validade jurídica.
179 Validade das normas Questões controvertidas: 1. Correção moral é condição necessária de validade jurídica? Positivistas dizem não.
180 Validade das normas 2. Eficácia é mesmo condição necessária para validade jurídica? Reale: não há norma jurídica sem o mínimo de eficácia
181 Validade das normas Obs: - normas recém-promulgadas - normas que caem em desuso
182 Revisão validade das normas jurídicas > Validade formal (técnico-jurídica) > Validade social (eficácia) > Validade ética (correção moral) Reale: VJ = VF + VS + VE Positivistas: VJ = VF + VS Equações mais simples são raramente defendidas na literatura
183 Revisão (intro + pontos 1 a 3) Introdução dois lugares-comuns: casos difíceis e estado de direito Pontos 1, 2 e 3 conceitos e distinções importantes: - Arg. institucional arg. substantiva - Silogismo jurídico, JI e JE - Questão de fato questão de direito - Dogmática zetética - Tipos de norma jurídica - Conflitos entre normas - Validade das normas
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