MERCOSUR. III Reunión de Ministros de Medio Ambiente del Mercosur Asunción, Paraguay ANEXO V
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1 MERCOSUR III Reunión de Ministros de Medio Ambiente del Mercosur Asunción, Paraguay ANEXO V Estrategia para el Desarrollo de una Política Mercosur de Gestión Ambiental de Residuos y Responsabilidad Post-Consumo Texto Argumental Asunción, 30 de Junio de 2005
2 TEXTO DE ARGUMENTAÇÃO SOBRE A NECESSIDADE DO MERCOSUL CONTAR COM INSTRUMENTOS QUE POSSIBILITEM CONTROLAR RESÍDUOS NA REGIÃO Os múltiplos fatores que intervêm na gestão de resíduos transcendem fronteiras e requerem para seu gerenciamento ambiental adequado, uma abordagem regional e a implementação de ações de cooperação entre os países. A palavra desenvolvimento está quase sempre vinculada a fatores sócioeconômicos e pouco a fatores ambientais, sendo que o atual padrão de desenvolvimento caracteriza-se principalmente pela exploração excessiva e constante dos recursos naturais, pela geração maciça de resíduos e pela crescente exclusão social. Existe hoje uma geração e um mercado de resíduos, tanto à nível regional como global, decorrente, principalmente, da não observância ao Princípio 8 da Declaração do Rio 92, que convida os Estados preocupados com o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida das suas populações a reduzir e eliminar os modos de produção e de consumo que não são viáveis.percebe- se que os países mais industrializadosfundamentalmente, grandes geradores de resíduos-, procuram soluções alternativas para a destinação dos seus resíduos e produtos pós consumo, utilizando inclusive a transferência desses produtos para os países em desenvolvimento, repassando assim a responsabilidade pelo destino final à esses países. Neste cenário, a indisponibilidade de espaço territorial e a alta densidade populacional dos países geradores de resíduos representam um fator diferencial na opção pela exportação desses resíduos. Organizações não governamentais têm denunciado, por exemplo, que grandes volumes de resíduos tóxicos vindos de países industrializados encontraram caminho aberto nos últimos anos para países do sudeste asiático. Ácido de chumbo de baterias usadas, pneus usados, componentes eletrônicos, resíduos de serviços de saúde e cinzas de incineradores, disfarçados como material de reciclagem, foram transferidos ao Camboja, Filipinas, Tailândia e Malásia para evitar o alto custo de armazenamento nos países de origem. Entre 2003 e 2004, cerca de toneladas de lixo tóxico, guardadas em barris de óxido de core, foram exportados ilegalmente para a Malásia, vindos de Taiwan. Pode-se ainda citar o caso do navio Zanoobia, que, nos finais da década de 1980, percorreu os mares para tentar descarregar sua carga de barris tóxicos, ou o caso do Khian Sea, em 1986, que, transportando cinzas tóxicas provenientes do incinerador de Filadélfia (EUA), conheceu um destino semelhante antes de despejar seu carregamento em circunstâncias duvidosas, provavelmente por imersão. Percebe-se ainda que muitos países têm assinado contratos resíduos, como por exemplo os assinados pela Guiné-Bissau na década de 1980, onde o montante representava cinco vezes o seu próprio PIB, que era mais do dobro da sua dívida externa. Há que se ressaltar que muitos geradores de resíduos, tentam conseguir qualificá-los por critérios técnico-científicos caracterizando-os como matérias-primas secundárias suscetíveis de valorização posterior, não podendo ser classificados como resíduos, e respondendo à qualificação de mercadorias. Essa estratégia articula-se com o sistema da OMC, naturalmente hostil a qualquer restrição à liberdade do comércio das mercadorias. Dentre as convenções internacionais que tratam da questão dos resíduos e da responsabilidade dos geradores com o seu destino final, pode-se citar a Convenção de
3 Basiléia, que possui uma relação dos resíduos perigosos sujeitos a controle. Essa não é absolutamente rígida, porque se um Estado qualifica na sua legislação nacional um resíduo como perigoso e esse não está contemplado nas listas da Convenção, fica desde logo também abrangido. Além de enfocar especificamente os resíduos reconhecidamente caracterizados como perigosos, a Convenção aborda também aqueles resíduos que poderiam ser classificados como de atenção especial, como os pneus usados- que possui diretrizes específicas adotadas em 1999, as baterias usadas, e recentemente a questão dos telefones celulares e do desmonte de navios. Nota-se, assim, uma tendência para uma abordagem voltada aos produtos pós consumo resultantes do processo de desenvolvimento. De maneira geral, o padrão de vida atual, sobretudo dos países mais industrializados, tem sido determinante para diminuir a qualidade ambiental mundial, pois a complexidade do estilo de vida das grandes cidades, combinada com o marketing das empresas oferecendo uma necessidade de consumo intensivo, causam uma série de impactos ambientais e sociais. No cenário atual de produção e consumo o que prevalece são os descartáveis, onde tudo aquilo que é produzido pela indústria é usado uma única vez ou por pouco tempo e em seguida lançado fora, transformando-se em resíduo, que demanda tratamento e necessidade de disposição final, implicando em custo ambiental e financeiro. Dentre esses resíduos, os mais impactantes pode-se citar pilhas e baterias, aparelhos de celulares, pneus, aparatos elétrico-eletroeletrônicos, carros usados e navios para desmonte. A gestão de resíduos é um problema ambiental importante que implica a adoção de política global e coerente em matéria de redução da geração e de reutilização/reciclagem dos resíduos. Esta política deve basear-se em uma avaliação da situação atual no Mercosul, que abranja simultaneamente as tendências de geração de resíduos e as medidas já adotadas, bem como a construção dos interesses no processo de gestão dos resíduos e dos responsáveis públicos e privados no que se refere às diferentes opções possíveis. As atividades humanas são geradoras de resíduos de múltiplas maneiras. Assim, mais cedo ou mais tarde todos os bens materiais colocados no mercado se transformam em resíduos; todos os processos de produção geram resíduos; mesmo os processos de reaproveitamento de resíduos que são impossíveis de reaproveitar e que é necessário ser considerado. É importante destacar que mesmo para a reciclagem se faz necessário uma discussão mais ampla sobre os processos de reciclagem e o material a ser reciclado. Isto porque, não se pode discutir em mesmo nível a reciclagem de materiais que são passíveis de reciclagem por infinitas vezes e dos que tem reciclagem limitada como por exemplo, plásticos e metais. O plástico tem limitação no número de vezes que pode entrar no processo como no uso a ser dado ao produto final; não se recomenda fazer embalagens para alimentos de plásticos reciclados por questões de segurança de higienização. No caso dos metais existe a possibilidade de reciclagem 100% por infinitas vezes, mas há de se destacar que os processos de reciclagem de metais são bastante impactantes em função das temperaturas elevadas que os processos exigem e em alguns casos os resíduos gerados. Por exemplo, o alumínio que em função de suas características químicas é facilmente oxidado pelo oxigênio do ar e para evitar perdas do elemento, é comum em muitos processos o uso de sal, cloreto de sódio. O sal forma um revestimento sobre o metal fundido e protege o alumínio de oxidação excessiva, assim como também coleta o lodo e a contaminação do material. A quantidade de sal usado nesses processos varia com o material a ser fundido, o tipo de forno e as condições de operação. Normalmente, 10 a 40 kg de sal é adicionado para cada 100 kg de resíduo rico em alumínio. Portanto, apesar dos pontos positivos que se
4 reconhece na reciclagem, ela não é um processo milagroso, pois também podem apresentar graves impactos ambientais e de saúde pública se o processo não for limpo. Isso mostra a necessidade de mudança de padrão de consumo, de hábitos de vida para alcançar a sociedade sustentável que é um estágio a ser galgado depois ou paralelamente ao desenvolvimento sustentável. Por isso uma política só será eficaz se considerar a totalidade da vida do recurso, desde a sua extração, passando pela sua utilização enquanto produto, até á sua condição de resíduo. Uma das prioridades fundamentais para um manejo ambientalmente adequado dos resíduos é a oferta de programas informativos de sensibilização, ensino e capacitação que atinjam todos os setores da sociedade. Em relação aos resíduos, a redução da geração deve ser priorizada como parte de um enfoque mais amplo de mudança dos processos industriais, por meio dos mecanismos de produção limpa. Contudo, muitos países não têm a capacidade necessária para o manejo dos resíduos perigosos. Isto se deve principalmente à falta de infraestrutura adequada, às deficiências das estruturas reguladoras, à insuficiência dos programas de treinamento e ensino e à falta de coordenação entre os vários ministérios e instituições que se ocupam dos diversos aspectos do manejo de resíduos. Além disso, há falta de conhecimento sobre a contaminação e poluição do meio ambiente e dos riscos que resultam da exposição aos resíduos perigosos para a saúde da população, especialmente de mulheres e crianças, e dos ecossistemas. Segundo a Agenda 21, o manejo ambientalmente adequado de resíduos deve ir além do simples depósito ou aproveitamento por métodos seguros e buscar resolver a causa fundamental do problema, procurando mudar os padrões não sustentáveis de produção e consumo. A ocorrência freqüente de tráfico ilegal de resíduos resulta da tentativa de países industrializados, grandes geradores de resíduos, de se livrar desse encargo simplesmente validando a exportação para os países em desenvolvimento. É fundamental acrescentar que o tema da Convenção de Basiléia está associado aos Capítulos 19, 20 e 37 da Agenda 21, que tratam, respectivamente: (i) do manejo ecologicamente saudável das substâncias químicas tóxicas, incluída a prevenção do tráfico internacional ilegal dos produtos tóxicos e perigosos; (ii) da manutenção ambientalmente saudável dos resíduos perigosos, incluindo a prevenção do tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos; e (iii) dos mecanismos nacionais e de cooperação internacional para fortalecimento institucional nos países em desenvolvimento. Assim, é de suma importância que os países, sobretudo no Mercosul, editem normas reguladoras com o objetivo de impedir a entrada de resíduos perigosos nos países para qualquer finalidade, mesmo para a reciclagem de componentes ou reaproveitamento de materiais. Ressalta-se ainda que dentro da Conferência Ministerial Práticas Globais Referentes aos 3 Rs, ocorrida em abril de 2005 no Japão, reunindo cerca de 20 países discutindo as Políticas Nacionais de Implementação do 3Rs, o Fluxo Internacional para Redução de Barreiras, a Cooperação entre Países Desenvolvidos e em Desenvolvimento, a Cooperação entre Parceiros e a Promoção da Ciência e Tecnologia Compatível com os 3 Rs, alguns países defenderam uma posição marcante quanto da sugestão em se estabelecer uma sociedade internacional de recicláveis com a redução de barreiras para o fluxo internacional de materiais para reciclagem, produtos reciclados e remanufaturados. O Brasil, por outro lado, defendeu que a redução de barreiras deve ser vista com ressalvas, sobretudo para paises em desenvolvimento, já que enormes problemas ambientais e econômicos têm sido amplamente discutidos pelo país em diversos fóruns internacionais. Estes fatos se devem a
5 aceleração da produção e aumento significativo da quantidade de resíduos a ser disposta pelos municípios brasileiros, tem agravado o quadro ambiental em todo o território, sobretudo quando se considera que cerca de 65% dos resíduos são depositados em lixões e o país ainda tem um longo caminho para percorrer na promoção da implantação do programa dos 3 Rs. Precisamente, por esta razão a legislação deve regular a importação de bens remanufaturados e usados, com base em procedimentos pré-acordados. Assim, antes da promoção da redução de barreiras para o fluxo internacional de bens usados, deve-se estabelecer programas de cooperação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, fortalecendo e melhorando a capacidade financeira e técnica destes, proporcionando a minimização dos resíduos nos próprios países geradores, com estabelecimento da redução do resíduo e a promoção do reuso e reciclagem em cada país. Adicionalmente, é importante acrescentar que a distribuição internacional dos reciclados e tecnologias conforme discutido na Conferência do Japão, com objetivo de contribuir para uso eficiente dos recursos, a prevenção da poluição ambiental, criação de empregos, além de beneficiar economicamente os países envolvidos, deve-se ser vista com ressalva, já que enormes problemas ambientais e econômicos tem sido amplamente discutidos pelo Brasil junto à Comunidade Européia e países do Mercosul, referente, por exemplo, a importação de pneus usados. Paralelamente, deve-se observar que o Brasil atualmente sofre bastante com a importação de resíduos perigosos, principalmente com a entrada de resíduos perigosos contendo micronutrientes que várias empresas têm utilizado estes resíduos nos processos industriais para a produção de fertilizantes destinados à agricultura. As dificuldades de transferência de resíduos de um país para outro, vêm promovendo iniciativas dos países industrializados para discutir a redução de barreiras ao fluxo internacional de materiais reutilizáveis ou reaproveitáveis, como a recente Conferência Ministerial Práticas Globais Referentes aos 3 R s, ocorrida em abril de 2005 no Japão. Isto mostra a necessidade dos países em desenvolvimento de se mobilizarem e se preparem para a possível invasão de resíduos camuflados como materiais reutilizados e reaproveitados. Neste sentido se faz necessário uma harmonização de políticas e regulamentos sobre materiais e produtos pós consumo no âmbito do Mercosul.
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