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1 AC no /001 1 ~ ,( Poder Judiciário do Estado da Parai Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves çigito de A. D. Ferreira ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL No /001 - CAPITAL RELATORA: Desa Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira APELANTE: Sul América Capitalização S/A - SULACAP ADVOGADOS: Luciana Cavalcanti de Godoy e outros APELADA: Maria Gizelda Nunes de Castro ADVOGADOS: Alexander Thyago G. N. de Castro e outros PRELIMINAR. PRESCRIÇÃO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. LAPSO PRESCRICIONAL ESTABELECIDO EM LEI. PRAZO VINTENÁRIO APLICADO POR FORÇA DA REGRA DE TRANSIÇÃO. ART DO CÓDIGO CIVIL DE REJEIÇÃO. - O lapso prescricional deve ser estabelecido por lei, e no por convenção das partes. - Nos termos do artigo do Código Civil de 2002, "serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada." APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO. RESGATE DE PARCELAS PAGAS EM CASO DE DESISTÊNCIA. PROPORCIONAL DO TEMPO DE VIGÊNCIA DO CONTRATO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO.

2 AC no / Se o título de capitaliz o previa' a possibilidade de resgate depois do p e 24 (vinte e quatro) parcelas ou mal e ha ndo a própria recorrente afirmado que fp am pjs 37 (trinta e sete) parcelas, tem a apelda djié1to ao resgate proporcional às mensalidad i'mplidas ao tempo de vigência do contrato. VISTOS, relatados e discutidos estes autos. ACO R DA a 'Colenda Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, rejeitar a prejudicial suscitada e, no mérito, negar provimento à apelação. SUL AMÉRICA CAPITALIZAÇÃO S/A - SULACAP interpôs apelação cível, irresignada com a sentença proferida pelo Juiz de Direito da 12a Vara Cível da Comarca da Capital, que, nos autos da ação de cobrança movida por MARIA GIZELDA NUNES DE CASTRO, julgou parcialmente procedente o pedido para condenar a recorrente ao pagamento da importância constante do título de capitalização de acordo com o valor correspondente ao tempo da vigência do contrato, acrescido de correção monetária e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, devidos a partir da última parcela paga, ou seja, dezembro de Houve condenação ainda ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, que foram arbitrados no valor de 10% sobre o valor da condenação. A apelante lega, preliminarmente, a prescrição do resgate do título de capitalização desde janeiro de No mérito, afirma que a sentença merece ser reformada, pois a apelada não comprovou o pagamento das parcelas, sem o qual é impossível obter a importância devida, e que para ter participação nos lucros e direito ao resgate era necessário o pagamento das parcelas mensais a que se obrigou. 93. Não foram ofertadas contrarrazões, conforme certidão de fls. Neste grau de jurisdição, instada a manifestar-se, a Procuradoria de Justiça, às fls. 101/107, opinou pelo desprovimento do recurso, a fim de que seja mantida incólume a sentença guerreada. É o relatório.

3 AC no , /001 3 VOTO: Desa MARIA DAS NEVES D G 0 DE A. D. FERREIRA Relatora Colhe-se dos autos que a autora/apelada adquiriu, em 1 0 de dezembro de 1985, o título de capitalização no da promovida/recorrente, no valor de Cr$ ,00, que poderia ser resgatado ao completar o vigésimo aniversário da vigência, caso não tivesse sido contemplado por sorteio. Contudo, ao tentar receber os valores aplicados, o pagamento foi recusado. O Magistrado a quo condenou a recorrente ao pagamento da importância constante no título de capitalização, a ser feito no valor correspondente ao tempo de vigência contratual. A apelante suscita, preliminarmente, a prescrição do título de capitalização com base nas condições gerais do contrato celebrado entre as partes. Nesse sentido, afirma, nos termos do artigo 15, alínea 'c' que: Art. 15. O direito ao recebimento das quantias asseguradas nas presentes "Condições Gerais", prescreverá no prazo de 5 (cinco) anos, contados: c) da data do vencimento da primeira mensalidade não paga, para o valor do resgate do título rescindido; [...]. Embora a apelante tenha alegado a ocorrência de prescrição de acordo com os termos contratuais, entendo que a prejudicial de mérito deve ser afastada, pois o lapso prescricional deve ser estabelecido por lei, e não por convenção das partes. - Segundo os doutrinadores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho "a prescrição é a perda da pretensão de reparação do direito violado, em virtude da inércia do seu titular, no prazo previsto pela lei.'" Ora, quando o título de capitalização foi adquirido, estava em vigor o Código Civil de 1916, que previa o prazo prescricional de 20 (vinte) anos para o ajuizamento de ações com fins de satisfação de crédito. Mas, a partir da vigência do Novo Código Civil, deve ser observada a regra de transição prevista no artigo 2.028, segundo a qual "serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada." i In Novo Curso de Direito Civil. 12a ed. rev. atual., São Paulo: Saraiva 2010, vol. I:parte geral, p. 501.

4 AC no /001 4 seja, No caso dos autos, considerand demandada afirmou que o pagamento das parcelas se deu até dezembro de 1988, e não havendo a autora produzido nenhuma prova nesse sentido, há'que se utilizar tal termo para efeitos de prescrição. Assim, quando o Novo Código Civil entrou em vigor, já havia decorrido mais da metade do prazo vintenário, de modo que deve ser aplicado o prazo estabelecido no Código Civil de 1916, ou seja, o prazo final da prescrição seria dezembro de Como a demanda foi ajuizada em 12 de novembro de 2008, não incide a prescrição. Portanto, rejeito a prejudicial de mérito apontada, qual a prescrição. Passo à análise do mérito. De acordo com informações obtidas no sítio da SUSEP Superintendência de Seguros Privados, o título de capitalização é conceituado da seguinte forma: É um produto em que parte dos pagamentos realizados pelo subscritor é usado para formar um capital, segundo cláusulas e regras aprovadas e mencionadas no próprio título (Condições Gerais do Título) e que será pago em moeda corrente num prazo máximo estabelecido.' Pois bem, compulsando os autos, observo que o título de capitalização previa a possibilidade de resgate depois do pagamento de 24 (vinte e quatro) parcelas ou mais. Vejamos: Art. 6 Para concorrer aos sorteios e fazer jus às demais vantagens constantes destas Condições Gerais, bastará que o portador esteja em dia com seus pagamentos; no entanto a Sociedade concederá o direito de participação, mesmo que a mensalidade referente ao mês do sorteio não tenha ainda sido paga. 1 0 Havendo atraso de mais de uma mensalidade, o título será considerado suspenso e quando houver atraso de mais de 6 (seis) mensalidades será considerado rescindido de pleno direito, independentemente de qualquer aviso ou notificação judicial ou extrajudicial. Em caso de rescisão do título com menos de 24 (vinte e quatro) mensalidades pagas, as quantias recebidas do portador ficarão 2 SUSEP - Superintendência de Seguros Privados. Disponível em: < caoitalizacao.asp#i01>. Acesso em: 10 de maio de 2011.

5 AC no /001 5 pertencendo integralmente a Sociedade. Se houver 24 (vinte e quatro) ou mais mensalidades pagas, observar-se-á o disposto no art Art. 7 0 Depois de pagas 24 ou mais mensalidades e decorrido o prazo a elas correspondentes, o portador do título terá direito, mediante pedido seu, a receber, em liquidação do titulo, a quantia correspondente ao quadro de "Valores de Resgate Wo de Capital Nominal Corrigido", de acordo com o número de anos de vigência do titulo. Ora, apesar de não haver produção de provas pela autora acerca do pagamento, a própria recorrente afirma (fls. 86), que foram pagas 37 (trinta e sete) parcelas, ou seja, de dezembro de 1985 a dezembro de 1988, o que constitui um fato incontroverso, e não pode ser desconsiderado. Então, a autora/apelada tem direito a receber o valor equivalente ao tempo de vigência do contrato. Por tais razões, em consonância com o parecer ministerial, rejeito a prejudicial de prescrição e, no mérito, nego provimento à apelação, para manter incólume a sentença atacada. É como voto. Presidiu a Sessão ESTA RELATORA, que participou do julgamento com a Excelentíssima Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI (Revisora) e com o Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. Presente à Sessão a Excelentíssima Doutora FÁTIMA MAIA DE FARIAS, Procuradora de Justiça. LÚCIA DE Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em Jço Pessoa/PB, 2,6(de maio de Desa MARIA DAS N S D EGITO DE A. D. FERREIRA latora

6 TRIBUNAL DE JUST1Çt,. Coordenadoria JaddolágiN; Registrado