Valor Econômico - SP 20/04/2006 Política / D 6
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1 Valor Econômico - SP 20/04/2006 Política / D 6
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3 Valor Econômico - SP 20/04/2006 Opinião / A 14
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5 Canal Energia Online - SP 20/04/2006 Plantão Canal Energia Online Nivalde J. de Castro e Daniel Bueno, do IE/UFRJ: Síntese analítica do PDEE (Nivalde J. de Castro e Daniel Bueno) O Plano Decenal deve ser entendido como um instrumento de orientação para os novos investimentos, que se fazem necessários continuamente O objetivo deste artigo é apresentar um resumo analítico das partes e questões mais relevantes e necessárias para um primeiro entendimento do Plano Decenal de Expansão do Setor Elétrico (PDEE) que a Empresa de Planejamento Elétrico (EPE) e o Ministério de Minas e Energia colocaram em audiência pública. Neste sentido, este trabalho esta estruturado em três partes. A primeira trata da metodologia utilizada e das metas mais agregadas estimadas. A segunda parte analisa as quatro diretrizes centrais do plano. Por fim, são apresentadas as principais conclusões sobre o sentido e significado do Plano Decenal para o setor e para a economia brasileira. I - Metodologia e metas O PDEE estabelece as bases quantitativas do planejamento para o setor elétrico brasileiro no período entre 2006 e O objetivo basilar do plano é garantir o pleno atendimento da demanda de energia elétrica no Brasil, buscando assim afastar o risco de apagões ou desabastecimentos pontuais. Para tanto são formuladas projeções de crescimento da demanda e os empreendimentos e volumes de investimento nos segmentos de geração e transmissão necessários para que o equilíbrio entre a demanda e oferta se faça presente ao longo da próxima década. Para dar respaldo e consistência macroeconômica à variável estratégica do planejamento setorial - demanda de energia elétrica -, a EPE partiu da formulação de cenários de expansão da economia brasileira para os próximos dez anos. Esta quantificação ficou centrada no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) projetada para o período. Foram estimados três cenários macroeconômicos: alto crescimento, baixo crescimento e de referência. O cenário de referência foi considerado como o cenário básico, apresentando, possivelmente, a maior possibilidade de ocorrência na economia brasileira. Com a definição do cenário de expansão da economia, foram calculadas as estimativas de aumento do consumo de energia e carga de energia do Sistema Interligado Nacional. Estas estimativas foram construídas para o mesmo horizonte temporal de dez anos, contemplando cada uma das classes de consumo: residencial, industrial e comercial. A partir dos resultados obtidos na projeção da demanda do consumo foram estabelecidas as necessidades de investimento estimadas em R$ 84,5 bilhões para o segmento da geração de energia. Estes investimentos deverão possibilitar a ampliação da capacidade geradora de energia elétrica em cerca de 40 mil MW até No segmento de transmissão, os investimentos previstos pelo PDEE alcançaram o montante de R$ 40,7 bilhões. A maior parte destes recursos, R$ 31,2 bilhões, será utilizada para a viabilização das obras e estudos das linhas de transmissão (LT), a serem colocadas em licitação. O restante dos recursos, estimados em R$ 9,5 bilhões, será destinado ao segmento das subestações. II Diretrizes básicas Partindo das estimativas para a demanda de energia elétrica, o Plano Decenal define quatro diretrizes básicas que irão nortear os investimentos para expansão da capacidade de geração de energia elétrica. São elas: a construção de grandes hidrelétricas na Região Amazônica; a inserção da termoeletricidade no sistema gerador; a transferência da base produtora em
6 hidro-térmica e o maior desenvolvimento do Proinfa Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica. A primeira diretriz indica claramente a estratégia de priorizar o uso dos recursos hidrológicos ainda disponíveis no país. Esta prioridade é importante por determinar a criação e utilização de capacidade instalada com menor custo médio de MW, de uma fonte de energia limpa. Neste contexto, destacam-se os projetos do Complexo do Rio Madeira, localizado no estado de Rondônia, composto pelas hidrelétricas de Jirau (3.300 MW) e Santo Antônio (3.150 MW). O outro grande projeto é da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (5.500 MW), no Rio Xingu, localizado no Estado do Pará. Estes dois projetos irão garantir o suprimento de MW de energia para o Sistema Interligado Nacional. O inicio da operação está previsto para janeiro de 2011, com a entrada em operação comercial da UHE de Jirau. A segunda hidrelétrica do Complexo do Rio Madeira, Santo Antônio, tem previsão de entrada em operação para janeiro de Para a UHE de Belo Monte, está previsto o início da operação comercial para dezembro de Diretamente associado à diretriz de priorizar os investimentos na utilização do potencial hidrológico da Região Norte estão os projetos para a construção das linhas de transmissão, possibilitando a integração do Sistema Isolado da Região Norte com o Sistema Interligado Nacional. Para tal, o Plano Decenal prevê a colocação em licitação de novas linhas de transmissão estratégicas, como a interligação Acre-Mato Grosso-Rondônia, composta pelas seguintes linhas de transmissão: LT Jauru-Vilhena (230 kv e 354 km); LT Ji Paraná-Pimenta Bueno-Vilhena (230 kv e 278 km) e a LT Samuel-Ariquemes-Ji Paraná (230 kv e 315 km). Esta estratégia de avançar a fronteira elétrica para a Região Norte e simultaneamente aumentar a integração energética nacional tende a gerar um impacto, de longo prazo, importante sobre o desenvolvimento econômico. No curto prazo, esta integração possibilitará a redução das tarifas de distribuição de energia em escala nacional, para os consumidores afetos ao SIN. Isto porque a interligação permitirá a utilização de energia proveniente das hidrelétricas, reduzindo o uso das termoelétricas a diesel e, desta forma, provocando redução dos gastos com o encargo da Conta de Consumo de Combustível (CCC). Esta conta tem o objetivo de subsidiar o custo da geração termoelétrica destas regiões mais pobres. Os recursos do CCC têm como fonte cobrança que é feita nas tarifas de todos os consumidores do SIN, onde prevalece a geração hidroelétrica. Desta forma, a integração energética nacional, sob a égide da fonte hidrológica atenderá, em parte, uma demanda dos agentes econômicos que atuam no setor e também de consumidores que é o de reduzir a carga dos encargos que vem sendo cobrados, de forma crescente, sobre as tarifas. A segunda diretriz refere-se ao aumento da termeletricidade no sistema gerador. Foram previstas a construção de 18 novos projetos termelétricos, baseados no gás natural, biomassa, carvão e diesel. Estes projetos totalizam mais MW. Dentre estes projetos, merece destaque a proposta de reativação da construção da Usina Nuclear Angra 3, com uma potência instalada de MW. Esta é uma decisão importante na medida em que não só contribui para diversificar a base termelétrica, mas pelo potencial de inovação tecnológico que este projeto pode alavancar. Entre os projetos térmicos, três utilizam como fonte de energia o carvão mineral. Dois destes projetos foram licitados no leilão de energia nova realizado em dezembro de O terceiro projeto está ainda em estudos. Os três projetos somam capacidade instalada estimada de MW. As termelétricas a gás natural somam sete empreendimentos. Todos estes estão em construção ou em processo de ampliação. Eles totalizam MW de potência instalada. Estão previstos três projetos utilizando biomassa como combustível, com uma capacidade total prevista de MW. As térmicas movidas a óleo diesel somam dois projetos, um em construção e outro já licitado no último leilão de energia nova de 2005, totalizando 622 MW de potência instalada. A transferência da base produtora em hidro-térmica está diretamente relacionada às duas diretrizes anteriormente. A inclusão de novos projetos térmicos tem como objetivo utilizar esta
7 base geradora como complemento para a base hidrelétrica do sistema gerador brasileiro. Esta complementaridade permitirá diminuir o risco hidrológico. Em um sistema elétrico com as características técnicas de ofertar quase 80% da energia elétrica consumida com base em hidrelétricas, há um risco hidrológico inerente. Reduções nos índices pluviométricos podem provocar desabastecimento e desequilíbrios entre oferta e demanda. Desta forma, ter uma base geradora de fonte termoelétrica é um importante instrumento de planejamento para o equilíbrio estável e dinâmica entre demanda e oferta. A terceira diretriz refere-se ao Proinfa. O Plano Decenal prevê o aumento da participação de outras fontes de energia na matriz energética. Esta estratégia de diversificação terá como elemento dinâmico o Proinfa. Neste sentido, a participação de outras fontes na matriz energética nacional deverá aumentar entre 2006 e No tocante às PCHs, o Plano Decenal prevê que a energia agregada ao sistema interligado deve atingir 700 MW. Já o segmento eólico tem 53 empreendimentos, com previsão de, no âmbito do Proinfa, agregar MW de capacidade, com previsão de entrada em funcionamento até o final de A análise do Plano Decenal levou em consideração a primeira etapa do Proinfa, englobando os anos de 2006 e Merece destaque a óbvia e natural preocupação do Plano Decenal com a questão do meio ambiente. A problemática central das questões ssocioambientais é menos em relação à questão da poluição. Por conta do predomínio da base geradora hidroelétrica, o sistema elétrico brasileiro é um dos mais limpos do mundo. O problema maior e efetivo é o impacto ambiental das construções de novas usinas hidroelétricas. Esta questão afeta diretamente o cronograma das obras dos novos empreendimentos, comprometendo, em primeira instância, os leilões de energia nova. Para evitar que a questão ambiental possa impactar, negativamente, o planejamento setorial, o governo pretende atuar de forma mais intensa e em conjunto com o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente, através de meios e instrumentos mais dinâmicos e efetivos para a liberação das licenças ambientais dos projetos contidos no Plano Decenal. Na realidade, a solução do problema ambiental é mais uma questão de tempo para assimilar esta nova cultura. O governo - e seus organismos de controle e licenciamento - precisam ganhar mais experiência para melhor formatar os processos e procedimentos normativos. Por outro lado, os agentes econômicos e sociais precisam de tempo para aprender a operá-los, permitindo assim aperfeiçoar os mecanismos que possam definir, com maior precisão, a precificação do custo ambiental a ser incorporada nos custos dos projetos. Este avanço e domínio da questão ambiental irá ser um fator importante para maior competitividade nos leilões de energia nova. III Conclusão A elaboração do Plano Decenal indica a reincorporação do planejamento no setor elétrico brasileiro. O planejamento é parte importante do processo de reestruturação do setor, iniciado em O Brasil havia acumulado grande experiência na área de planejamento, experiência que possibilitou, principalmente a partir dos anos 70, a construção de um sistema elétrico complexo e eficiente frente à magnitude continental do Brasil com característica impar no mundo. As transformações ocorridas no setor no início dos anos 90, que formataram o que passou a se denominar por Novo Modelo, foram idealizadas, originalmente, para constituir uma estrutura exclusivamente controlada pelo capital privado. Os ativos públicos seriam integralmente repassados para grupos privados, através de leilões. Dentro desta lógica, a estrutura de planejamento setorial foi sendo gradativamente desmontada.. A crise de oferta de energia elétrica de demonstrou a incapacidade da formulação original do Novo Modelo atender as necessidades e exigências da economia brasileira. Ficou evidente, para muitos agentes e instituições públicas e privadas, que o setor elétrico precisa do
8 planejamento para ampliar a capacidade instalada com equilíbrio dinâmico entre oferta e demanda. Nestes termos e perspectiva analítica, o Plano Decenal deve ser entendido como um instrumento de orientação para os novos investimentos, que se fazem necessários continuamente. Neste sentido, os agentes econômicos e sociais que atuam direta e indiretamente no setor elétrico passam a ter um documento de referência, de norte, para orientar o processo de tomada de decisão. Link Original:
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