A POSIÇÃO ESTRATÉGICA DO COMPLEXO HIDRELÉTRICA DO RIO MADEIRA PARA O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO. Felipe Botelho Tavares
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1 A POSIÇÃO ESTRATÉGICA DO COMPLEXO HIDRELÉTRICA DO RIO MADEIRA PARA O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO Felipe Botelho Tavares 1
2 A energia elétrica é fundamental na caminhada para o desenvolvimento econômico de um país. Neste sentido, é necessário exaustivo e sistemático planejamento para ampliar a capacidade instalada deste segmento de infra-estrutura em consonância com as necessidades de demanda de energia elétrica. O Brasil não fica fora desta dinâmica tendo como uma particularidade o fato de ser um país em desenvolvimento que precisa deste componente estratégico para poder deter no cenário internacional, extremamente competitivo, alguma competividade. Nesta perspectiva analítica, a questão que se coloca é saber se o Brasil terá condições de suprir sua demanda futura de energia elétrica em que patamar de custo e se haverá algum componente de importação. Será que este aumento da oferta ocorrerá numa perspectiva de crescimento acelerado da demanda, como tanto se faz pensar na atualidade? A partir dos estudos de planejamento formulados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE ), estão sendo discutidos os novos projetos de empreendimentos para a geração que terão papel estratégico no atendimento da demanda de eletricidade projetada para a próxima década. Destaca-se, entre eles, os empreendimentos do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, tema central deste trabalho. O projeto do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira é composto por duas usinas de grande porte: UHE Jirau ( MW) e UHE Santo Antônio (3.150 MW). O Rio Madeira é localizado na bacia do Amazonas, e por ser uma região de pouca exploração do potencial hidrelétrico, é sem dúvida uma das melhores opções para a ampliação de geração. De acordo com Castro (2007 artigo da revista Custo Brasil) estes dois empreendimentos esbarram, no entanto, com problemas relacionados com a nova legislação ambiental e a falta de experiência em obras deste porte na região. A importância destas usinas está assinalada nos estudos da EPE mostram que por volta de o país estará sob risco de escassez de eletricidade. O equilíbrio só será garantido, com as obras das usinas de Jirau e Santo Antônio no Madeira. O problema maior é saber se existem condições políticas, ambientais e financeiras para a construção do empreendimento. 2
3 Os dois empreendimentos fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e o êxito do programa como um todo depende assim do planejamento e ampliação da capacidade de infra-estrutura. Portanto condições plíticas certamente serão as menores preocupações para a concretização do projeto. Além das usinas de usinas de Jirau e Santo Antônio adicionarem ao sistema potência de MW, ampliando consideravelmente a oferta nacional de eletricidade, ocorrrá uma ampliação física-geográfica do Sistema Interligado Nacional (SIN) com a construção de novas linhas de transmissão que ampliarão e melhorarão a distribuição regional e nacional de energia elétrica. Trata-se do que Casto denominou por avanço da fronteira elétrica, diminuindo o Sistema Isolado e os gastos com o encargo do CCC, que é um subsídio utilizado para diminuir o custo das tarifas das termoelétricas da região amazônica. A primeira usina, Santo Antônio, está orçada em um valor estimado de R$ 9,5 bilhões (EPE), o total juntamente com Jirau gira em torno de R$ 18,4 bi. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem reservado uma linha de financiamento específica para financiar cerca de 70% do projeto. Além disto, a Eletrobrás irá participar do projeto via uma de suas subsidiárias, como sócia de empreendimento em percentual máximo de 49% para que os investimentos realizados não impactem, negativamente, o superávit primário. Estimativas preliminares feiras por agente privados indicam uma tarifa entre R$150 a R$160 o MW, para o leilão da primeira usina. Esta perspectiva tarifária poderia se contrapor ao esforço do governo em relação à modicidade tarifária da energia elétrica que e a maior preocupação do governo em função do impacto sobre a inflação. O sistema de leilões de energia nova do setor vem conseguindo conter a ameaça dos aumentos tarifários. Os vencedores dos leilões ganham as concessões a partir do maior deságio em relação a uma preço-teto definido pelo governo. A data do leilão da usina de Santo Antônio está marcada para 30 de outubro de Dada a magnitude da obra, ao fato de que o setor apresenta um marco regulatório consolidado e da existência de oferta de financiamento pelo BNDES e participação do Grupo Eletrobrás, surgem novos interessados neste empreendimento o que tornará a disputa mais 3
4 competitiva tendendo assim a beneficiar os consumidores na medida em que deverá ocorrer expansão da capacidade instalada com modicidade tarifária. O problema maior no que se refere ao Complexo é sem dúvida a questão ambiental. A licença prévia do Ibama já foi, porém como existem movimentos contra a construção das usinas, poderão ocorrer atrasos e impasses em relação à obtenção das duas outras licenças ambientais. Além disto, como o Rio Madeira tem afluente situados na Bolívia, outro obstáculo para os dois empreendimentos podem ser derivados dos impactos políticos da parte boliviana. As condições e necessidades para a realização do Complexo do Rio Madeira estão dadas e resta saber em quanto tempo o projeto será realizado. Da parte dos agentes econômicos o interesse é grande e o plano de negócio relativo ao financiamento esta minimamente consolidado em função das linhas de financiamentos baratos, sobretudo através de projecto finance, ideal para obras de infra-estrutura deste porte. Garantias reais do Ibama seriam de longe as melhores opções de estabilidade para a realização do projeto. A construção das usinas do Complexo do Rio Madeira tem prazo apertado e deve ser iniciada o quanto antes para estar pronta e com isto poder mitigar a probabilidade de risco de desequilíbrio entre no setor elétrico a partir do início da década de
5 Bibliografia HUBNER, Nelson José. Aproveitamento Hidrelétrico Santo Antônio no Rio Madeira. Ministério de Minas e Energia. São Paulo. 15 junho Apresentação. < > COBRAPE (CIA Brasileira de projetos e empreendimentos). Relatório de análise do conteúdo dos estudos de impacto ambiental (EIA) e do relatório de impacto ambiental (RIMA) dos aproveitamentos hidrelétricos de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, Estado de Rondônia. Ministério Público do Estado de Rondônia. Outubro < > MOVIMENTO DE SOLIDARIEDADE IBERO-AMERICANA. O complexo do rio Madeira e a Amazônia industrial. Rio de Janeiro: MSIa, JEL: R11,L52,Q48. < > CASTRO, Nivalde J. de; BUENO, Daniel. Síntese Analítica do Plano Decenal do Setor Elétrico Disponivel em: < > EPE. Plano Decenal de Expansão de Energia 2007/16. Ministério de Minas e Energia
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