ESTUDO DA REPRESENTATIVIDADE DAS ÁREAS E SUBÁREAS DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO SEGUNDO A MATRIZ DO CONHECIMENTO E O ENADE

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1 XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de ESTUDO DA REPRESENTATIVIDADE DAS ÁREAS E SUBÁREAS DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO SEGUNDO A MATRIZ DO CONHECIMENTO E O ENADE Dayanni Rossi Grassano (UFJF) dzinhajf@hotmail.com Larissa Faria de Lima (UFJF) lala_farialima@yahoo.com.br Ramon Freitas Mendes (UFJF) ramonfmendes@gmail.com Thais Cristina Pereira Ferraz (UFJF) thaiscristinap@yahoo.com.br Vanderlí Fava de Oliveira (UFJF) vanderli@acessa.com Este trabalho tem por objetivo comparar a grade curricular da Matriz do Conhecimento proposta pelo Conselho Nacional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Sistema CONFEA/CREA) e as áreas e subáreas da Engenharia de Produção desenvolvidas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) realizado em 2005 e Inicialmente, é apresentado o conceito de competências, apresentação do ENADE e do Sistema CONFEA/CREA. Posteriormente, são discutidas a representatividade de cada subárea na grade curricular do curso, segundo o Sistema CONFEA/CREA e ENADE e as grades curriculares dos cursos de Engenharia de Produção com ênfase e plena. Verificou-se, na teoria e na prática, um destaque dos conteúdos básicos e a homogeneidade da distribuição da carga horária dos contéudos profissionalizantes. Palavras-chaves: Grade Curricular; Engenharia de Produção; Matriz do Conhecimento; ENADE.

2 1. Introdução As diversas transformações que a sociedade atual vem sofrendo tornam o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, configurando-se em exigências diversas e inovadoras para todas as profissões. Neste contexto, as empresas buscam por profissionais que, além de possuírem conhecimentos específicos, saibam se adaptar às exigências atuais de inovações. Ao profissional de Engenharia de Produção, bem como aos profissionais das mais diversas áreas, é necessário o desenvolvimento de competências e habilidades para a sua atualização constante. As demandas por este novo perfil profissional reivindicam a revisão do papel das Instituições de Ensino Superior (IES). Dessa forma, as IES buscam continuamente avaliar e expandir os limites da formação cujo foco refere-se, não somente, à transmissão do conteúdo, mas, especialmente, ao desenvolvimento de métodos que propiciem a aprendizagem de estratégias de transformação e adaptação às novas situações (PRIMI et al., 2002). Borges e Aguiar Neto (2000) apud Santos (2003) analisam as conseqüências do currículo mínimo, com carga horária de 3600 horas e duração mínima de 5 anos, estabelecido: Verifica-se facilmente que os cursos de graduação no Brasil, em sua maioria, são baseados em conhecimento, com enfoque no conhecimento e centrados no professor. Existem sérias restrições quanto a essa abordagem. O conhecimento pelo conhecimento e sua transmissão não tem sentido e sua transmissão do professor para o aluno pouco contribui para a formação do profissional e do cidadão. O conteúdo pode ser considerado como algo perecível e que muda muito rapidamente, especialmente na Engenharia. [...] Não é mais aceitável, neste início de terceiro milênio, que os estudantes ainda sejam vistos simplesmente como depósitos de informação (p. 3). Com o objetivo de avaliar o desenvolvimento de habilidades e competências nos cursos de Engenharia de Produção do Brasil, o presente artigo busca por comparações entre a estrutura da prova do ENADE, a Matriz de Competências CONFEA/CREA e a grade curricular das IES brasileiras. As provas do ENADE analisadas são do grupo Engenharia VI, realizadas em 2005 e 2008, as quais englobam a Engenharia de Produção e suas ênfases. 2. ENADE Em 1995, com a Lei (BRASIL, 1995), teve início no Brasil, um processo gradual de implementação de um sistema de avaliação da educação superior, com a criação do Exame Nacional de Cursos (ENC), popularmente conhecido como Provão. Em seguida, incluiu-se no sistema o Censo de Educação Superior e a Avaliação das Condições de Ensino (ACE). O Provão sempre recebeu críticas por parte de docentes, discentes e especialistas em avaliação, especialmente no que tange a sua consistência e validade dos seus resultados (VERHINE et al., 2006). Frente a isso, em abril de 2004 foi aprovada a Lei (BRASIL, 2004) que instituiu o SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), substituindo o antigo PROVÃO pelo ENADE. Diferente do sistema anterior de avaliação, a abordagem do SINAES é verdadeiramente sistêmica e tem foco na instituição. Isso porque as avaliações institucionais deveriam fornecer análises abrangentes das dimensões, estruturas, objetivos, relações, atividades, compromissos e responsabilidade sociais, das IES e de seus cursos, nas diversas áreas de conhecimento. O 2

3 ENADE é aplicado, com periodicidade trienal, para estudantes ingressantes e concluintes do curso sob avaliação. Espera-se que os resultados possam demonstrar uma aproximação do conhecimento agregado e a identificação das competências desenvolvidas pelos alunos no decorrer da graduação. A divulgação dos seus resultados é realizada com zelo de discrição e parte da premissa que as instituições utilizarão os mesmos como parte do processo avaliativo e de melhoria institucional. A elaboração do ENADE considera as definições de habilidades e competências expressas nas diretrizes curriculares definida por área. Busca avaliar o domínio do aluno de conceitos e conteúdos básicos da formação na área na qual atua, bem como a formação profissional. Oferece oportunidade para avaliação da preparação do profissional, desenvolvimento de competências subjacentes para destaque do profissional no mercado de trabalho e, ainda, aperfeiçoando dentro de um processo que se estende por toda vida profissional denominado educação continuada. Segundo a legislação que rege o Enade 2008 o objetivo geral do Enade não é somente avaliar o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos previstos para cada curso nas diretrizes curriculares, mas também por meio do componente de formação geral, avaliar o conhecimento em relação à realidade brasileira e mundial e acerca de outras áreas do conhecimento. Além disso, por meio do componente especifico avaliar o conhecimento dos estudantes em relação às habilidades e competências necessárias à atualização permanente em sua área do conhecimento (INEP, 2008). 3. Sistema CONFEA/CREA O Sistema CONFEA/CREA surgiu oficialmente com esse nome em 11 de dezembro de Em sua concepção atual, o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA) representa também os geógrafos, geólogos, meteorologistas, tecnólogos dessas modalidades, técnicos industriais e agrícolas e suas especializações, num total de centenas de títulos profissionais (CONFEA, 2009). Dentro de cada estado brasileiro existe um Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia (CREA), o qual junto com o CONFEA tem como objetivo regulamentar e fiscalizar o exercício profissional dos que atuam nas áreas que representa. Aprovada em 2005 pelo plenário do CONFEA, a Resolução é considerada inovadora porque permite somar aos registros profissionais as competências adquiridas por meio de cursos feitos após a graduação. A novidade amplia o leque de oportunidades no mercado de trabalho e já alcança os recém-formados que buscam seu registro profissional junto aos CREAs. Para testar a implantação da 1.010, a qual tem prazo final em 2012, dezenas de especialistas enfrentaram, especialmente durante o último ano, o desafio de montar a matriz do conhecimento de cada uma das nove modalidades reunidas no Sistema CONFEA/CREA (engenharia civil, industrial, química, agrimensura/geografia, geologia/minas, arquitetura, agronomia/meteorologia e engenharia de segurança do trabalho). A Matriz do Conhecimento demanda a discriminação do conteúdo do conhecimento e da carga horária dos respectivos ensinamentos. Tem como objetivo o aprimoramento e a valorização dos profissionais. 4. Conceito de competência e descrição das competências avaliadas De acordo com Cunha (2007) apud Magalhães et.al. (2008), competência é a capacidade de 3

4 execução de atividades compostas pela execução de várias tarefas (requerendo, portanto, a presença de múltiplas habilidades) (p. 4). Este autor ainda conceitua outros termos ligados à temática da competência, além de propor uma divisão de competências e habilidades em acadêmicas e profissionais, conforme a Tabela 1. Conceito Definição proposta Atitude Característica de comportamento vinculada à predisposição à realização de tarefas e atividades Habilidade Domínio do uso do intelecto (eventualmente, agregado à destreza) de modo a executar tarefas específicas Habilidade Componente das habilidades de mais alta ordem (como a habilidade acadêmica e a Escolar habilidade profissional), a qual pode ser requerida do estudante ao ingressar no curso ou Básica que pode ser desenvolvida prioritariamente nas fases mais iniciais deste; isoladamente, a habilidade escolar básica é insuficiente para a realização das tarefas previstas nas atividades do ensino aprendizado de nível acadêmico (próprias da educação superior), mas o seu desenvolvimento inadequado ou insuficiente oblitera a realização das mesmas Habilidade Habilidade que permite ao estudante a realização do seu curso com aproveitamento Acadêmica adequado nas diversas tarefas propostas dentro das atividades de ensino-aprendizado, em especial, aquelas relacionadas com o perfil de atuação profissional pretendido e em formação; este nível de habilidade deve ser objeto de concepção ao longo da realização do curso Competência Capacidade de executar atividades de alta complexidade inerentes à realização do curso Acadêmica de nível superior; normalmente, requer a presença conjunta de saberes específicos, habilidades acadêmicas e de atitudes compatíveis com o exercício da vida acadêmica Habilidade Habilidade desenvolvida pela prática profissional oriunda das habilidades acadêmicas e Profissional das competências desenvolvidas e adquiridas ao longo do curso; geralmente é caracterizada pela criação de um modo específico e/ou original de proceder à execução das tarefas e atividades profissionais; não se espera que esse tipo de habilidade venha a ser desenvolvido pelo estudante unicamente pela realização do curso Competência Capacidade de executar atividades de alta complexidade inerentes ao exercício Profissional profissional; normalmente, requer a presença conjunta de saberes específicos, habilidades acadêmicas, competências acadêmicas e habilidades profissionais, e, também, de atitudes compatíveis com o exercício profissional Fonte: Adaptado de Cunha (2007) TABELA 1 Termos ligados à temática competência De acordo com o Ministério da Educação (2000), nas Referências Curriculares Nacionais, as competências, enquanto ações e operações mentais, articulam conhecimentos ( saber ), habilidades ( saber fazer ) e valores (as atitudes, o saber ser ), constituídos de forma articulada e mobilizados em realizações profissionais com padrões de qualidade requeridos, normal ou distintivamente, das produções de uma área profissional (p. 10). A realização competente agrega saberes cognitivos, psicomotores e socioafetivos. Desta maneira, competência se caracteriza por alocar esses saberes em ações próprias em um contexto profissional específico para gerar desempenhos eficientes e eficazes, conforme a Figura 1. 4

5 Fonte: Adaptado de Ministério da Educação (2000) FIGURA 1 Conceito de Competência De acordo com o definido para o ENADE 2005, o núcleo de conteúdos básicos é comum aos grupos de I ao VII de engenharia, composto por: Metodologia Científica e Tecnológica; Comunicação e Expressão; Informática; Expressão Gráfica; Matemática; Física; Fenômenos de Transporte; Mecânica dos Sólidos; Eletricidade Aplicada; Química; Administração; Economia; Ciência e Tecnologia dos Materiais; Ciências do Ambiente; Humanidades, Ciências Sociais e Cidadania. No componente específico da área de Engenharia de Produção e suas ênfases, o ENADE 2005 estabeleceu para o Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes Específicos (INEP, 2005), as seguintes áreas, discriminadas na Tabela 2, juntamente com as áreas de atuação segundo Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO, 2010) dispunha em 2005 e aquelas ligadas a Matriz de Conhecimento do sistema CONFEA/CREA: ABEPRO Matriz do Conhecimento ENADE 2005 Gestão da Produção Engenharia de Operações e Processos da Produção Gestão da Produção Gestão da Qualidade Engenharia da Qualidade Gestão da Qualidade Gestão Econômica Engenharia Econômica Gestão Econômica Ergonomia e Segurança do Trabalho Ergonomia Ergonomia e Segurança do Trabalho Gestão do Produto Engenharia Organizacional Gestão do Produto Pesquisa Operacional Pesquisa Operacional Pesquisa Operacional Gestão Estratégica e Organizacional Conteúdos Básicos Gestão Estratégica e Organizacional Gestão do Conhecimento Organizacional Gestão Ambiental Educação em Engenharia de Produção Fonte: Autores (2010) Núcleo Profissionalizante Gestão do Conhecimento Gestão Ambiental TABELA 2 Áreas segundo ABEPRO, Matriz do Conhecimento e ENADE

6 Para fins de comparação, a Tabela 3 trás as áreas de atuação estabelecidas atualmente pela ABEPRO (ABREPRO, 2010), bem como as áreas referentes ao Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes Específicos do ENADE 2008 (INEP, 2008): Áreas de Engenharia de Produção ENADE 2008 Engenharia de Operações e Processos da Produção Logística Pesquisa Operacional Engenharia da Qualidade Engenharia do Produto Engenharia do Trabalho Engenharia Organizacional Engenharia Econômica Engenharia da Sustentabilidade Educação em Engenharia de Produção Fonte: Autores (2010) TABELA 3 Áreas da Engenharia de Produção segundo ABEPRO e ENADE Metodologia de Pesquisa Gestão da Produção Logística Pesquisa Operacional Engenharia da Qualidade Engenharia do Produto Engenharia do Trabalho Ergonomia Engenharia Organizacional Engenharia Econômica Gestão Ambiental Esta pesquisa apresenta caráter qualitativo, descritivo e exploratório, visto que por meio das áreas e subáreas trabalhadas no curso de Engenharia de Produção busca-se por diferenças e semelhanças entre o conteúdo das questões cobradas no ENADE, a Matriz do Conhecimento e a grade curricular das IES. Inicialmente realizou-se uma Revisão Bibliográfica, buscando por definições de competência, além de um estudo sobre a estrutura da prova do ENADE e a elaboração da Matriz do Conhecimento. Em seguida, identificou-se para cada questão da prova do ENADE realizado em 2005 e 2008, a subárea destaque da Engenharia de Produção que foi abordada, considerando também os tipos de cada pergunta: formação geral, conteúdos básicos e conteúdos profissionalizantes específicos. A prova do ENADE é composta por 40 questões, totalizando 80 questões trabalhadas. Montou-se uma tabela, para fins comparativos, contendo os valores relativos da carga horária mínima segundo a Matriz do Conhecimento e o número de questões do ENADE, referentes às subáreas. Através de uma pesquisa, montou-se uma planilha a qual contém a média relativa das cargas horárias das IES de acordo com as áreas/subáreas trabalhadas. Foram discriminadas as Instituições Públicas e Privadas e os cursos de Engenharia de Produção plena e com ênfase. As várias etapas de procedimentos realizados durante a pesquisa exploratória podem ser visualizadas na Figura 2. 6

7 Fonte: Autores (2010) FIGURA 2 Procedimentos de pesquisa 6. Resultados A Tabela 4 apresenta o valor relativo de cada subárea a ser trabalhada no curso de Engenharia de Produção. Áreas/Subáreas Matriz Conhecimento (%) ENADE (%) Engenharia de Operações e Processos da Produção Métodos e processos de produção 8,03 1,25 Planejamento e controle da produção 3,21 5 Planejamento e controle do produto 2,41 3,75 Logística da cadeia de suprimentos 2,41 1,25 Projeto de instalações industriais 1,61 5 Sistemas de gestão dos recursos naturais 2,41 3,75 Engenharia de Qualidade Controle estatístico 1,61 2,5 Organizações metrológica 1,61 0 Normalização e certificação de qualidade 1,61 1,25 Confiabilidade de processos e produtos 1,61 2,5 Ergonomia Ergonomia e biomecânica 2,41 1,25 Projeto e organização do trabalho 2,41 1,25 Gestão de riscos de acidentes 1,61 1,25 Pesquisa Operacional 0 Pesquisa operacional 4,82 6,25 Engenharia Organizacional Gestão do conhecimento 1,61 0 Gestão da informação 1,61 2,5 Gestão estratégica e organizacional 1,61 6,25 Gestão de projetos 1,61 0 Engenharia Econômica Gestão econômica de investimentos e de riscos 2,41 3,75 Gestão de custos 2,41 1,25 Conteúdos Básicos Matemática 13,39 6,25 Ciência e tecnologia dos materiais 1,61 0 Expressão gráfica 1,61 6,25 Ciências do ambiente 0,80 8,75 Física 9,64 8,75 Eletricidade aplicada 1,20 0 Fenômenos de transporte 1,61 0 Informática 1,61 2,5 Humanidades, ciências sociais e cidadania 2,41 12,5 Comunicação e expressão 0,80 3,75 7

8 Mecânica dos solos 1,61 0 Química 1,61 0 Núcleo Profissionalizante Estágio Supervisionado 4,28 0 Projeto de Graduação 3,21 0 Sistemas mecânicos 1,61 0 Processos de fabricação e tecnologia mecânica 3,21 0 Ergonomia e segurança do trabalho 0,80 1,25 Fonte: Autores(2010) TABELA 4: Porcentagem a ser trabalhada de cada sub-área De acordo com a Tabela 4, na coluna Matriz do Conhecimento estão os valores relativos de cada subárea, segundo a Resolução do Sistema CONFEA/CREA. Estes valores representam um total de horas, ou seja, a subárea Métodos e processos de produção representam 8,03% da carga horária total. Na coluna ENADE estão os valores relativos de cada subárea, segundo a prova aplicada em 2005 e 2008, para o grupo de Engenharia VI. Estes valores representam um total de 80 questões, ou seja, a subárea Métodos e processos de produção representam 1,25% do número de questões totais. A Tabela 5 apresenta o valor relativo da carga horária a ser trabalhada de acordo com as características das IES no Brasil. Áreas Privadas com Ênfase (%) Privadas Plenas (%) Públicas com Ênfase (%) Públicas Plenas (%) Matemática 6,92 5,99 6,24 7,07 Física 7,33 5,82 8,27 6,40 Comunicação e Expressão 0,39 0,71 0,29 0,28 Legislação, Direito e Ética 1,29 1,14 0,15 0,46 Metodologia de Pesquisa e Científica 0,32 0,37 0,16 0,18 Química 1,34 1,48 1,96 1,12 Computação e Informática 1,50 1,51 1,69 3,20 Administração 0,66 0,90 0,62 0,56 Ciência e Tecnologia 2,41 1,68 1,93 1,41 Eletricidade 1,87 0,66 1,23 0,63 Expressão Gráfica 1,13 1,28 1,23 1,83 Psicologia e Sociologia 0,19 0,85 0,32 0,81 Gestão da Produção 4,52 5,20 5,19 5,06 Ergonomia 1,81 2,14 1,63 3,06 Gestão Econômica 2,85 2,59 2,24 2,50 Gestão Ambiental 0,74 0,98 0,79 0,42 Pesquisa Operacional 1,13 1,96 1,69 1,58 Estratégia e Organizações 2,17 2,31 1,33 0,53 Sistemas de Informação 0,99 1,20 0,82 0,84 Gestão do Produto 1,03 1,36 1,15 1,55 Qualidade 1,13 1,33 1,03 1,37 Estágio 1,69 1,98 2,76 2,00 TCC 0,42 1,34 1,08 1,83 Contextualização e Integração 0,86 1,70 1,01 2,28 Outras 3,54 2,35 3,46 2,03 Institucionais 0,65 0,24 0,16 0,00 Opcionais 0,87 0,97 1,03 1,92 Ênfase 2,02 1,14 2,27 0,11 Básicas 25,35 22,39 24,10 23,94 Subáreas EP 16,37 19,07 15,86 16,91 Int Curricular 2,97 5,02 4,85 6,12 Outras 3,54 2,35 3,46 2,03 8

9 Fonte: Autores(2010) TABELA 5: Carga horária de acordo com as IES A Tabela 5 apresenta um levantamento da carga horária de acordo com as áreas trabalhadas no curso de Engenharia de Produção. A segunda coluna apresenta o valor relativo da carga horária dos cursos de Engenharia de Produção com ênfase nas IES privadas. A média da carga total equivale a 6884,00 horas, com isso, tem-se que a área Matemática equivale a 6,92% da carga horária total. Na terceira coluna estão os valores relativos da carga horária de acordo com as áreas trabalhadas nos cursos de Engenharia de Produção plena nas IES privadas. A média da carga total equivale a 7567,53 horas, com isso, tem-se que a área Matemática equivale a 5,99% da carga horária total. Na quarta coluna estão presentes as médias relativas de acordo com as áreas das IES públicas com o curso de Engenharia de Produção com ênfase. Com uma média da carga horária total equivalente a 8588,88 horas, a área Matemática representa 6,24% do curso total. Na quinta coluna estão presentes as médias relativas de acordo com as áreas das IES públicas com o curso de Engenharia de Produção plena. Com uma média da carga horária total equivalente a 7112,50horas, a área Matemática representa 7,07% do curso total. 7. Discussão dos resultados De acordo com a Tabela 4, é possível verificar as subáreas mais trabalhadas no decorrer dos cursos de Engenharia de Produção, segundo a Matriz do Conhecimento. Destaque para a Matemática com 13,38%, Física com 9,64% e Métodos e Processos de Produção com 8,03%. Comparando a porcentagem dos conteúdos profissionalizantes com os básicos, observa-se que a maioria das subáreas apresentam a mesma carga horária 1,61%. Por meio desses dados, pode-se concluir que o Sistema CONFEA/CREA visa enfatizar a base da Engenharia de Produção, desenvolvendo por tempo considerável a Matemática e a Física. Vale ressaltar, que carga horária destas subáreas englobam as respectivas aulas de laboratório. Observa-se, também, as subáreas menos estudadas, com 0,80%, segundo a Matriz do Conhecimento: Comunicação e Expressão; Ergonomia e Segurança do Trabalho. De acordo com o ENADE, destacam-se como subáreas mais trabalhadas: a subárea Humanidades, ciências sociais e cidadania com 12,50%; Ciências do ambiente; e Física, ambas com 8,75%. Observa-se que algumas subáreas não são trabalhadas, apresentando 0%. Por meio desses dados, pode-se dizer que o ENADE visa, também, enfatizar a base da Engenharia de Produção, disponibilizando tempo considerável as subáreas Ciências do Ambiente; Física; e Humanidade, Ciências Sociais e Cidadania. É possível observar que, em se tratando de conteúdo profissionalizante, a Matriz do Conhecimento, destaca a subárea Métodos e Processos da Produção, tendo as outras subáreas valores relativos próximos. No ENADE, as subáreas enfatizadas, no conteúdo profissionalizante, são Pesquisa Operacional e Gestão Estratégica Organizacional. As subáreas não abordadas são Organização Metrológica, Gestão do Conhecimento e Gestão de Projetos. De acordo com as grades curriculares das IES (Tabela 5), estão em destaque em todos os tipos de IES, com ênfase e plena, as disciplinas básicas, representando em média 20%. Nos cursos Privados com ênfase, a subárea menos trabalhada é Psicologia e Sociologia, com 0,19%. Nos cursos Privados plena é Institucionais com 0,24%. Nos cursos Públicos com ênfase é Legislação, Direito e Ética, com 0,15%. Finalmente, nos cursos Púbicos plena é Institucionais com 0%. 9

10 Desta forma, é possível observar a preocupação do Sistema CONFEA/CREA, da comissão organizadora do ENADE e das IES com as disciplinas de conteúdo básico, apresentando uma porcentagem considerável. Em relação às disciplinas de conteúdo profissionalizantes, estas apresentam uma carga horária homogênea. 8. Considerações Finais Visto que o desenvolvimento das competências e as grades curriculares são assuntos em discussão atualmente, o presente artigo buscou por destacar e comparar as áreas e subáreas da Matriz do Conhecimento, ENADE e das grades curriculares das IES. O trabalho de enquadramento das questões do ENADE nas subáreas exigiu a concepção da competência de interdisciplinaridade, uma vez que em algumas questões a contextualização se enquadrava em uma subárea e a pergunta em outra. Esta pode ser considerada a etapa mais difícil e complexa da pesquisa. A divulgação dessas tabelas pode servir como base para as IES reverem suas grades curriculares, já que ambos os Órgãos estudados apresentam papel fundamental na formação do Engenheiro de Produção. A expansão deste trabalho prevê a realização da comparação entre a prova do ENADE realizado em 2005 e em 2008, observando as áreas mais enfatizadas e as interferências dessas no conceito final do Exame. Referências ABEPRO. Desenvolvido pela Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Apresenta informações sobre as áreas e sub-áreas da Engenharia de Produção. Disponível em: < Acesso em: 19 jan e 25 jan BRASIL. Lei nº de 24 de novembro de Altera dispositivos da Lei nº , de 20 de dezembro de 1961 e dá outras providências. Diário Oficial {da} República Federativa do Brasil. Brasília DF, 24 nov Edição Extra, p Disponível em: < /ccivil_03/leis/l9131.htm>. Acesso em: 18 jan BRASIL. Lei nº de 14 de abril de Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior SINAES e dá outras providências. Leis, Brasília DF, Disponível em: <portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/leisinaes.pdf>. Acesso em: 18 jan CONFEA. Desenvolvido pelo Conselho Nacional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Apresenta informações gerais sobre a Resolução Disponível em: </ Acesso em: 30 jul INEP. Desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Apresenta informações gerais sobre Legislação do ENADE 2005, grupo Engenharia VI. Disponível em: </ Acessado em: 18 jan INEP. Desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Apresenta a Portaria Inep nº 146, de 4 de setembro de 2008 com as Diretrizes a respeito das áreas de Engenharia do Enade. Disponível em: < _n_146.pdf>. Acessado em: 13 jan MAGALHAES, P. I. G.; LIMA, L. F.; FERRAZ, T. C. P.; OLIVEIRA, V. F. Competências na formação do Engenheiro de Produção: Panorama geral e implicações nos projetos pedagógicos dos cursos. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 28, Anais... Rio de Janeiro, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico, Disponível em: Acesso em: PRIMI, R.; SANTOS, A.A.A. & VENDRAMINI,C.M. Habilidades básicas e desempenho acadêmico em universitários ingressantes. Revista Estudos de Psicologia Vol. 7 n. 1, p ,

11 SANTOS, F.C.A. Potencialidades de mudanças na graduação em engenharia de produção geradas pelas diretrizes curriculares. Revista Produção. Vol. 13 n.1, p , VERHINE, R.E.; DANTAS, L.M.V. & SOARES, J.F. Do Provão ao ENADE: uma análise comparativa dos exames nacionais utilizados no Ensino Superior Brasileiro. Revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação Vol. 14 n. 52, p ,