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1 027/ (CNJ: ) Vistos. I - Trata-se de recuperação judicial com pedido de liminar formulado por ADELlNOANTONIAZZI INDÚSTRIA MOAGEIRA LmA. Narrou, em síntese, que se encontra em uma crise económica-financeira oriunda de uma série de fatores internos e externos e que, em razão disso, não possui condições de adimplir suas dívidas junto aos credores. Ressaltou que possui quatro operações envolvendo credores que, nos termos do artigo 49, 3º, da Lei nº /2005 não estão sujeitos ao processo de recuperação judicial, em razão da existência de gravame de alienação fiduciária de bens móveis e imóveis. Asseverou que, em uma das operações, foi dado em garantia o imóvel sede da pessoa jurídica e que já houve, inclusive, notificação para o pagamento do valor devido. Afirmou que a expropriação desses bens comprometerá o processamento da recuperação judicial. Em função disso, requereu que seja determinada manutenção dos bens em sua posse, sendo vedada qualquer medida expropriatória. Solicitou, também, a expedição de ofício ao Cartório de Registro de Imóveis para que seja cancelado qualquer procedimento consolidação da propriedade, decorrentes de alienação fiduciária envolvendo a parte requerente. No mérito, postulou o processamento da recuperação judicial. a de É o breve relato. Decido. Estando o pedido de recuperação judicial instruído com os documentos necessários ao seu processamento (artigo 51, incisos l-ix, da Lei nº /2005), recebo-o, merecendo o devido trâmite. No que diz respeito ao requerimento liminar, o artigo 300 do Código de Processo Civil prevê que a tutela de urgência será Número Verificador: / (CNJ: )

2 ESTADO DO RIO I}RANDE DO SUL concedida quando houver elementos que evidenciem (a) a probabilidade do direito e (b) o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Pois bem. Em se tratando de recuperação judicial, o artigo 49 da Lei n /2005 prevê que todos os créditos existentes na data do pedido estarão sujeitos à recuperação, trazendo algumas exceções em seus parágrafos. O 32 do mencionado artigo dispõe o seguinte: Art. 49 [...] 3Q Tratando-se de credor titular da posiçao de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis [...] seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo. contudo. durante o prazo de suspensão a que se refere o 4Q do artigo 6Q desta Lei. a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. [ grifei] Com efeito, é possível perceber que, embora não,..., existam dúvidas de que os credores fiduciários não estão sujeitos aos efeitos da recuperação judicial, não se permite que, durante o prazo de suspensão do curso da prescrição e das ações e execuções movidas contra o devedor, os bens essenciais à atividade empresarial sejam retirados do estabelecimento do devedor. Ora, no caso dos autos, uma das operações tem como garantia o próprio imóvel da sede da pessoa jurídica requerente da recuperação; é evidente, portanto, a essencialidade do bem para a preservação da atividade empresária, sob pena de inviabilização do funcionamento da empresa e, também, dos empregos ali gerados. Vale destacar, nesse ponto, que a requerente não possui quaisquer filiais em outras localidades, tendo como sede única da empresa o estabelecimento localizado nesta cidade. Revela-seplausível, portanto, a manutenção dos bens em posse do devedor, ora requerente, especialmente e também aqueles com a garantia da alienação fiduciária, na medida em que a consolidação da propriedade nas mãos do credor fiduciário pode evidentemente inviabilizar o processamento da Número Verificador: / (CNJ: )

3 recuperaçãojudicial. Ademais, como é consabido, o processo de recuperação judicial busca, entre seus principais objetivos, preservar as empresas que se demonstram economicamente viáveis, mas estão momentaneamente prejudicadas pelas dificuldades de honrar com os seus compromissos. É esse, aliás. o teor do artigo 47 da Lei nq /2005: Art. 47. A recuperaçãojudicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Vê-seque a recuperaçãojudicial deve ser vista sob o prisma do interesse geral dos credores e da sociedade; o princípio da conservação da empresa deve preponderar, em regra, sobre a pretensão singular de satisfação de um credor, somente - ainda que se trate de credor fiduciário. jurisprudencial: É nesse sentido, também, o entendimento AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DO PRAZO DE 180 DIAS DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. PRORROGAÇÃO. POSSIBILIDADE. MANUTENÇÃO NA POSSE DE MAQUINÁRIO. CREDOR FIDUCIÁRIO. DESCABIMENTO NO CASO EM ANÁLISE.!. A parte agravante se insurgiu contra a decisão que deferiu o pedido liminar determinando a manutenção de posse dos bens gravados com alienaçãofiduciária durante o prazo de recuperação, bem como a suspensão do processo de execução sob o nº 028/ O princípio da preservacão da empresa. insculpido no art. 47 da Lei dispõe gue a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situacão de crise econômico-financeira do devedor. a fim de permitir a manutenção da fonte produtora. do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores. promovendo. assim. a preservação daguela. sua função social e o estímulo à atividade econômica[...] na hipótese dos autos, essa pretensão pode restar frustrada por um credor relevante que prossiga com eventual execução de seu Número Verificador: / (CNJ: )

4 crédito e inviabilize, por conseqüência, o plano de recuperação. 5. Ademais, a recuperação judicial se trata de um favor creditício, de sorte que deve prevalecer o princípio da relevância do interesse dos credores, ou seja, a vontade majoritária destes no sentido de que o custo individual a ser suportado pelos mesmos é menor do que o benefício social que advirá à coletividade, preservando com isso a atividade empresarial, em última análise, o parque industrial ou mercantil de determinada empresa, bem como os empregos que esta mantém para geração da riqueza de um país, ao menos até ser concluído o concurso de observação em tela. Negado seguimento ao agravo de instrumento. (Agravo de Instrumento NQ , Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Julgado em 24/04/2015) [grifei] CONFLITODE COMPETÊNCIA.IMISSÃODE POSSENOJuízo CíVEL. ARRESTO DE IMÓVEL NO juízo TRABALHISTA. RECUPERAÇÃOJUDICIALEM CURSO.CREDORTITULAR DA POSiÇÃODE PROPRIETÁRIOFIDUCIÁRIO.BEM NA POSSE DO DEVEDOR. PRINCíPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA. COMPETÊNCIADOJuízo DA RECUPERAÇÃO. 1. Em regra, o credor titular da posição de proprietário fiduciário de bem imóvel (Lei federal n /97) não se submete aos efeitos da recuperação judicial, consoante disciplina o art. 49, 3Q,da Lei / Na hipótese, porém, há peculiaridade que recomenda excepcionar a regra. É que o imóvel alienado fiduciariamente. objeto da acão de imissão de posse movida pelo credor ou proprietário fiduciário. é aquele em que situada a própria planta industrial da sociedade empresária sob recuperação judicial. mostrando-se indispensável à preservação da atividade econômica da devedora. sob pena de inviabilização da empresa e dos empregos ali gerados. 3. Em casos que se pode ter como assemelhados, em ação de busca e apreensão de bem móvel referente à alienação fiduciária, a jurisprudência desta Corte admite flexibilização à regra, permitindo que permaneça com o devedor fiduciante " bem necessário à atividade produtiva do réu" (v. REsp SP, ReI. Min. ALDIR PASSARINHO JÚNIOR,QUARTATURMA,DJ02/12/2002). 4. Essetratamento especial, que leva em conta o fato de o bem estar sendo empregado em benefício da coletividade, cumprindo sua função social (CF, arts. 5Q,XXIV, e 170, III), não significa, porém, que o imóvel não possa ser entregue oportunamente ao credor fiduciário, mas sim que, em atendimento ao princípio da preservação da empresa (art. 47 da Lei /05), caberá ao Juízo da Recuperação judicial processar e julgar a ação de imissão de posse, segundo prudente avaliação própria dessa instância ordinária. Número Verificador: / (CNJ:, ,8, )

5 5. Em exame de conflito de competência pode este Superior Tribunal de justiça declarar a competência de outro juízo ou Tribunal que não o suscitante e o suscitado. Precedentes. 6. Conflito conhecido para declarar a competência do juízo da 2ª Vara Cível de Itaquaquecetuba - SP, onde é processada a recuperação judicial da sociedade empresária. (CC /SP, Rei. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, Dje 22/03/2011) [grifei] Em função do exposto, uma vez presentes os requisitos para a tutela provisória de urgência pleiteada, DEFIROo pedido da parte empresa ADELlNO ANTONIAZZI INDÚSTRIAMOAGEIRALTDA (MOINHOIPIRANGA),determinando a manutenção de todos os bens na sua posse, ainda que sejam objeto de contratos garantidos por alienação fiduciária, sendo vedada, por ora, qualquer medida expropriat6ria de bens. I) Expeca-se, COM URGÊNCIA,ofício ao Cartório de Registro de Imóveis de Santa Maria-RS, a fim de que seja SUSPENSO eventual procedimento de consolidação da propriedade, decorrente de operações de alienação fiduciária, envolvendo a parte requerente, nomeadamente o referente ao imóvel de matrícula nº , constante da intimação da fi. 116, a qual deverá ser anexada cópia ao ofício. II Nomeio administradora judicial desta recuperação judicial a Dr.ª FRANclNEFAvERsANll, incumbindo-lhe providências previstas no artigo 22, I e II, da Lei /2005. remuneração fica estabelecida, preliminarmente, em 2% do valor total as Sua devido aos credores submetidos à recuperação judicial, podendo ser reajustada de acordo com o desenvolvimento do trabalho. II - A pessoajurídica fica dispensada da apresentação de quaisquer certidões negativas para o exercício de sua atividade, exceto no caso de contratação com o PoderPúblico e recebimento de incentivos ou benefíciosfiscais ou creditícios. 1 Endereço para intimações: Rua Riachelo, 174, sala Telefone: (55) Número Verificador: / (CNJ: , ,0027)

6 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUl III - A pessoa jurídica deverá acrescer a seu nome empresarial a expressão "em recuperação judicial" em todos os atos, documentos e contratos que firmar. Ademais, oficie-se à Junta Comercial do Estado para que a presente recuperação judicial seja averbada. IV- Ficamsuspensastodas as ações e execuções que tramitam contra a pessoa jurídica em recuperação, exceto aquelas que: a) demandarem quantia ilíquida; b) as trabalhistas, até a apuração do respectivo crédito; c) as execuções fiscais; d) as ajuizadas por credores fiduciários, arrendadores (em arrendamentos mercantis, tão somente), proprietários/promitentes-vendedores (desde que o contrato contenha cláusula de irrevogabilidade) e proprietários (em contratos de venda com reserva de domínio) - observado. contudo. º constante na presente decisão; e e) as que tratem da operação prevista no art. 75, 3º e 4º, da Lei no 4.728/65. Também ficam suspensos os prazos prescricionais referentes ao cumprimento das obrigações da parte. V - Incumbirá à pessoa jurídica a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação. Não observada essa obrigação, serão destituídos os seus administradores. VI - Intime-se o Ministério Público. Notifiquem-se, por carta, as FazendasPúblicasda União, Estadoe Município. VII - Expeca-seedital contendo: a) o resumo do pedido; b) transcrição desta decisão; c) a relação nominal de credores, com o valor e classificação do seu crédito; d) a advertência de que os credores deverão habilitar seus créditos, diretamente com a administradora,em quinze dias contados da publicação do edital; e) a advertência de que eventuais objeções ao plano de recuperação judicial poderão ser apresentadas em trinta dias, contados da expedição do edital que o divulgar. Número Verificador: / (CNJ: )

7 ESTADO DO RIO GRPJIDEDO SUL VIII - Incumbirá à pessoa jurídica em recuperação a apresentação de plano de recuperação, devidamente instruído, no prazo de sessenta dias, contados da intimação desta decisão, sob pena de convolação em falência. IX - DEFIRO o parcelamento das custas processuais, como requerido na fi. 29, obviando a situação econômico-financeira da empresa postulante, forte no art. 98, 6º, do CPC/2015. Intimem-se. Cumpra-se. Em 01/08/2016 Carlos Alberto Juiz de Direito. Ely Fontela, Este é um documento eletroniooassinado digitalmente por: Signatário: CARLOS ALBERTO ELY FONTELA N" de Série do certificado: 46FDEC68AD49584E0279AF4A024CDMA Data e hora da assinatura: 01/ :55:56 Para oonferênda do oonteúdo deste documento, acesse, na Intemet, o endereço e digite o seguinte número verificador: ~~mllllllllllllllllllllllllllllllllll~ ~llmlllllll Número Verificador: / (CNJ: )