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1 SUMÁRIO (Gerado automaticamente pelo sistema.) Doc. 1-16/12/ DECISÃO Pagina 2

2 PÁGINA DE SEPARAÇÃO (Gerada automaticamente pelo sistema.) Tipo documento: Evento: Data: DECISÃO JULGAMENTO - COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO - PROCEDÊNCIA 16/12/ :32:53 Documento 1

3 Estado do Tocantins Tribunal de Justiça Vara de Precatórias Civeis, Falências e Concordatas de Palmas Av. Teotônio Segurado, Palácio Marques de São João da Palma, 2º andar, Palmas - TO CEP /Telefone (63) Autos nº DECISÃO REAL CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA., RESIDENCIAL ALTA VISTA LTDA. e RESIDENCIAL REAL PARK LTDA., denominadas "GRUPO RECEP", com qualificação jurídica nos autos, aforaram o presente Pedido de Recuperação Judicial, sustentando, em síntese, a fundação do grupo empresarial em 1993, no Estado do Tocantins, sendo referência no segmento da construção e incorporação imobiliária e no seguimento de obras públicas. Destacam a realização de diversas obras nesta capital, e outras duas na cidade de Parauapebas - PA, alcançando um total de ,57 m² de área construída. Discorrem acerca da administração comum e coordenada entre as empresas, o que demanda o pedido de recuperação judicial em conjunto. Expõem, como causa do pedido de recuperação judicial, a crise macroeconômica no país e retração no mercado vivenciada por todo o setor da construção civil, com a queda na venda de imóveis novos e diminuição dos investimentos públicos; o descontrole fiscal do Governo Federal; a elevação das taxas e juros bancários; os cortes de linhas de crédito; o aumento de custos da construção civil; o número elevado de distratos, entre outros fatores. Alegam que o Estado possui a necessidade de investimentos em infraestrutura, obras de pavimentação, redes de drenagem pluvial e esgoto sanitário, verificando também um déficit habitacional decorrente do crescimento do Estado, o que contribuiria para a recuperação das empresas. A inicial foi instruída com os documentos constantes no evento 1, anexos 2 a 42. Atribuiu valor à causa e requereu o diferimento do recolhimento das custas processuais para o final do processo. Ao evento 7 este Juízo determinou a emenda da inicial e juntada de documentos faltantes exigidos pelo art. 51 da Lei /2005. Aos eventos 12 (anexos 1 a 16) e 13 (anexos 1 a 6) as recuperandas promoveram a emenda determinada. Ao evento 14 os autos vieram conclusos. É o relatório essencial. DECIDO. No caso em exame, é crível a alegada impossibilidade momentânea de recolhimento das custas processuais, tendo em vista que a recuperação judicial consiste em instituto jurídico relacionado com o tratamento diferenciado

4 de empresas que estão transitando, momentaneamente, por uma crise econômico-financeira e, por isso, será estabelecido um plano de reestruturação e de superação da crise. Considerando, ainda, o elevado valor da causa (R$ ,00 - trinta e nove milhões de reais), o contexto indica a situação financeira precária das empresas postulantes, o que justifica o diferimento do recolhimento das custas processuais para o fim do processo. Nesse sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUSTAS JUDICIAIS. PAGAMENTO DIFERIDO. VALOR DA CAUSA EXTREMAMENTE ALTO. EXIGÊNCIA QUE PROVOCARIA EM OBSTRUÇÃO AO DIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA. AGRAVO PROVIDO PARA GARANTIR À RECORRENTE O PAGAMENTO DIFERIDO DAS CUSTAS. 1. O pagamento das custas processuais não pode ser óbice ao direito de acesso à justiça. Assim, verificando ao altíssimo valor da causa, associado à impossibilidade momentânea da parte em recolher antecipadamente as custas, é possível o deferimento das custas judiciais, mesmo porque, tal deferimento não implica em isenção da obrigação. Agravo provido. TJTO. AI , Rel. Des. HELVÉCIO MAIA, 5ª Turma da 2ª Câmara Cível, julgado em 17/12/2014. (grifei) AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE DIFERIMENTO DO RECOLHIMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS. CABIMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. VALOR DA CAUSA ELEVADO. SITUAÇÃO FINANCEIRA PRECÁRIA. REFORMA DA DECISÃO. A recuperação judicial indica a momentânea crise econômica e financeira dos agravantes. Considerando, ademais, o elevado valor da causa, está justificada a necessidade de diferimento do recolhimento das taxas judiciária. Agravo provido. TJ-SP AI: SP , Relator: Sandra Galhardo Esteves, Data de Julgamento: 05/12/2013, 12ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 06/12/2013. (grifei) Agravo de instrumento. Recuperação judicial. Pedido de pagamento de custas ao final antes deferido e revogado no primeiro grau. Possibilidade ante a dificuldade financeira que é a própria causa do pedido de recuperação de pagamento ao final. Garantia constitucional do acesso à Justiça. Precedentes. Recurso provido. TJRS. Agravo de Instrumento Nº , Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ney Wiedemann Neto, Julgado em 16/10/2012. (grifei) Na situação sub examine, a exigência do pagamento antecipado das custas processuais poderia implicar em obstrução ao direito de acesso à justiça, o que é vedado constitucionalmente. Além disso, vale destacar que não se está concedendo isenção das custas, mas apenas postergando o seu recolhimento em nome do princípio constitucional do acesso à Justiça. Assim, DEFIRO o recolhimento das custas ao final do processo, conforme postulado. No que tange à possibilidade de processamento da recuperação judicial, nos termos do artigo 47, da Lei nº , de 2005, a recuperação judicial visa viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. O pedido judicial de recuperação da empresa pode ser formulado pelo devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 02 (dois) anos, não seja falido, não tenha, há menos de 05 (cinco) anos obtido a concessão da recuperação judicial e, também, não tenha sócios ou controladores condenados por

5 crimes tipificados na lei falimentar. As empresas postulantes comprovaram, através da Certidão Simplificada emitida pela Junta Comercial do Estado do Tocantins (JUCETINS) e pela Junta Comercial do Estado do Pará (JUCEPA) - que exercem suas atividades desde 1993 (Real Construtora e Incorporadora LTDA.), 2010 (Residencial Real Park LTDA.), e 2012 (Residencial Alta Vista LTDA.) - (evento 1, anexo 10). Igualmente, acostaram ao feito Certidão Negativa de Falência e Concordata e Criminal desta Comarca e da Comarca de Parauapebas - PA - anexos 36 a 38 do evento 1, bem como Certidão Negativa Criminal do sócio representante da empresa, Sr. Wagner Ferreira - anexo 1, evento 38. Ademais, instruíram a petição inicial com os documentos exigidos pelo art. 51 da Lei de Falências, quais sejam: (I) a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira (demonstradas na petição inicial, anexo 1); (II) as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção (apresentadas aos anexos 3, 4, 5, 6 e 40 do evento 1, e anexo 13 do evento 12); (III) a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos (anexos 7 e 8 do evento 1; e 4 a 12 do evento 12); (IV) a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento (anexo 9 do evento 1, e anexos 13 e 14 do evento 12); (V) certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores (anexos 10 a 24 do evento 01, e anexo 15 do evento 12); (VI) a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor (anexo 25 do evento 1); (VII) os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras (anexos 26 a 33 do evento 1); (VIII) certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial (anexo 34 do evento 1, anexo 15 do evento 12, anexo 2 do evento 13); e (IX) a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados (anexo 35, do evento 1). POSTO ISTO, estando em termos a documentação exigida pela legislação de regência, DEFIRO o PROCESSAMENTO do presente PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL às empresas postulantes. De consequência: 1) NOMEIO como Administrador Judicial o ilustre advogado Dr. JONES SOLDERA CARNEIRO, brasileiro, inscrito na OAB/TO sob o nº , com escritório profissional no endereço Quadra 103 norte, Av. NS 01, Lote 41/43, Sala 1, em Palmas - TO, que deve ser intimado para vir a este juízo prestar compromisso legal e assumir seu encargo, sob pena de substituição. 2) Desde já, conforme o art. 24 da Lei nº /2005, e considerando o total dos créditos sujeitos à Recuperação - R$ ,67 (quarenta e quatro milhões, setecentos e cinquenta e três mil, novecentos e noventa e nove reais e sessenta e sete centavos), calculados ao anexo 8 do evento 01, bem como os princípios da proporcionalidade a razoabilidade, FIXO a remuneração do Administrador Judicial no montante total de R$ ,00 (cento e vinte e cinco mil reais), a ser pago da seguinte forma: 60% (sessenta por cento) do valor - R$ ,00 (setenta e cinco mil reais) - deverá ser pago no prazo de 30 (trinta) meses, resultando em um pagamento mensal de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) ao

6 Administrador. 40% (quarenta por cento) do valor - R$ (cinquenta mil reais) - deverá ser pago quando do encerramento da recuperação judicial, ou após o atendimento do previsto nos arts. 154 e 155 da Lei nº /2005, caso haja a convolação em falência. 3) Ficam as recuperandas DISPENSADAS de apresentar Certidões Negativas para que possam exercer suas atividades empresariais, devendo observar o art. 69 da mesma lei, ou seja, em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor sujeito ao procedimento de recuperação judicial deverá ser acrescida, após o nome empresarial, a expressão "em Recuperação Judicial". Ressalta-se, por oportuno, que a dispensa NÃO abrange as Certidões para contratar com o Poder Público ou para auferir benefícios ou incentivos. 4) DETERMINO a SUSPENSÃO DE TODAS AS AÇÕES ou EXECUÇÕES contra as recuperandas, ressalvadas as ações que demandarem quantia ilíquida e as ações de natureza trabalhista (art. 6º, 1º e 2º) e execuções fiscais (art. 6º, 7º). Esta suspensão não poderá exceder o prazo de 180 dias, contados do deferimento deste processamento (intimação). Após o decurso, os prazos se restabelecem, salvo mora justificada nesta recuperação. As empresas recuperandas deverão identificar as demandas que respondem e levar em cada qual cópia desta decisão para conhecimento do respectivo juízo ( 3º). 5) DEVERÃO as recuperandas, mensalmente, a partir da intimação desta, apresentar contas administrativas enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seu administrador. 6) INTIME-SE, inclusive por CARTA, as FAZENDAS PÚBLICAS MUNICIPAL, ESTADUAL e FEDERAL, na pessoa de seus representantes judiciais, acerca deste pedido, com cópia da inicial e desta decisão (art. 52, V). 7) EXPEÇA-SE o EDITAL na forma preconizada no 1º do supracitado artigo 52. 8) INTIMEM-SE as recuperandas. 9) CIENTIFIQUE-SE o Ministério Público. 10) O plano de recuperação judicial deve ser apresentado no prazo de 60 (sessenta) dias, na forma do artigo 53, sob pena de convolação da recuperação judicial em falência. Com a referida apresentação, DETERMINO a expedição do edital contendo o aviso do artigo 53, parágrafo único, da Lei nº /2005, com prazo de 30 (trinta) dias para as objeções. Intimem-se. Cumpra-se. Palmas, 14 de dezembro de 2016 LUIZ ASTOLFO DE DEUS AMORIM Juiz de Direito