ANALISE DO COMPORTAMENTO PLUVIOMÉTRICO E SUA RELAÇÃO COM AS COTAS FLUVIAIS EM EVENTOS DE ENCHENTES NA ÁREA URBANA DE BACABAL NO ANO DE 2009
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1 ANALISE DO COMPORTAMENTO PLUVIOMÉTRICO E SUA RELAÇÃO COM AS COTAS FLUVIAIS EM EVENTOS DE ENCHENTES NA ÁREA URBANA DE BACABAL NO ANO DE 2009 Vitor Raffael Oliveira de Carvalho¹,³ Ana Carolina Coutinho Carvalho¹, Mauricio Eduardo Salgado Rangel². UFMA, São Luís, Brasil, graduando em Geografia. Núcleo de Geoprocessamento e Estudos Costeiros¹ vitoraffael.ma@hotmail.com³ UFMA, São Luís, Brasil, Departamento de Geociências. Núcleo de Geoprocessamento e Estudos Costeiros ², RESUMO: O trabalho mostra como se deu o regime pluviométrico local e sua variabilidade durante o período de estudo ( ) associados às cotas máximas e médias do trecho médio do rio Mearim que corta a área urbana de Bacabal, no Estado do Maranhão. Esses dados foram correlacionados e organizados em tabelas e comparados com os anos de 2008, 2009 e Tal estudo trata-se de um resultado preliminar de um projeto maior que está mapeando as áreas suscetíveis à enchentes no perímetro urbano da cidade ABSTRACT: This paper shows how to set the local rainfall and its variabillity during the analized period ( ) associated with maximun e mediun dimensions of the middle section of the river Mearim that cut the urban are of Bacabal in the state of Maranhao. These data were correlated and organized in tables and compared with the years 2008, 2009 and This study is a preliminary results of a bigger project that is mapping areas susceptible to flooding in the urban area of the city. INTRODUÇÃO Compreendendo uma área de 1682,60 Km² e com uma população de habitantes, o município de Bacabal se localiza na Microrregião do Médio Mearim, Mesorregião do Centro Maranhense.Bacabal pertence à bacia hidrográfica do rio Mearim, fazendo parte de seu curso médio. Devido a sua localização, a cidade sofre, de forma direta, as conseqüências do nível do rio, tanto de forma positiva, principalmente ligada à agricultura local; quanto de forma negativa, associado à eventos de enchentes. O objetivo principal deste trabalho é correlacionar o regime pluviométrico com as cotas fluviais e sua atuação durante a enchente ocorrida na área urbana de Bacabal no ano de 2009, momento em que houve grandes prejuízos materiais e sociais para a cidade.
2 METODOLOGIA: Para o presente trabalho, foram analisados o regime pluviométrico da cidade de Bacabal/MA e sua variabilidade histórica da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) n , localizada nas coordenadas: S e W. Em seguida, o resultado dessa análise foi correlacionado aos dados das cotas fluviais do rio Mearim na área urbana de Bacabal, extraídos da estação código da Agência Nacional de Águas (ANA) Os dados do período de estudo ( ) foram organizados em diversos quadros e tabelas, a partir dos quais foi possível determinar os totais pluviométricos médios anuais e mensais, o período de maior concentração pluviométrica (período chuvoso) e de menor concentração (estação seca), chuvas extremas (em 24 horas) e o número de dias com registro de chuvas no mês,alem das cotas fluviais medias (mensais) e das máximas e mínimas diárias. RESULTADOS PRELIMINARES O município de Bacabal possui como média anual histórica ( ), cerca de mm de chuva por ano, sendo distribuídos em dois períodos distintos. O primeiro, que se estende de Janeiro à Junho é caracterizado como sendo mais chuvoso, tendo no mês de Abril o seu ápice. O segundo momento, de Julho à Dezembro, é caracterizado como sendo um período seco, podendo variar de seca moderada à extrema seca. Vale ressaltar que os meses de Novembro e Dezembro, por vezes, assumiram um papel de transição entre estes períodos, ora estando mais próximos à característica do primeiro semestre, ora mais próximo às características do segundo. Durante os anos em análise, merecem destaque os anos de 1985, 1986, 1988, 1989, 1994, 1995 e 1996, todos com um total pluviométrico anual superior a 2000 mm, em especial ao ano de 1985, caracterizado como a máxima anual equivalente à 2.765mm, estando muito maior que a média histórica em análise. Fazendo um comparativo entre os índices pluviométricos anuais e as cotas do rio Mearim, observa-se que, na cidade de Bacabal/MA, tais cotas estão distribuídas de acordo com os excedentes e déficits pluviométricos, sendo que nos meses do primeiro semestre é quando o rio alcança, em média, suas cotas mais altas. Em contrapartida, é no período de estiagem que o rio Mearim alcança as cotas de menores valores. Levando em consideração os anos de 1986, 1988, 1989, 1994, 1995 e 1996, abordados como anos que superaram o desvio padrão, percebe-se que nos anos de 1985 e 1986, a cota do rio Mearim no trecho urbano de Bacabal, alcançou mais de 800 cm. No ano de 1995, superou 700 cm e nos anos de 1989, 1994 e 1996, alcançou 600 cm. Para uma melhor visualização da relação entre a precipitação e as cotas fluviométricas, foi elaborado um gráfico (Figura 1) com as médias do dado período em análise de ambas variáveis.
3 Figura 1 Correlação das médias pluviométricas mensais ( ) e as cotas médias do rio Mearim ( ) Fonte: INMET (2011), ANA (2011) A partir da Figura 1 pode se observar que o nível do rio sofre interferência direta do excedente pluviométrico, o que, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) pode estar diretamente ligado aos eventos de enchente, uma vez que as inundações têm como causa a precipitação anormal de água que ao transbordar dos leitos dos rios, lagos e canais e áreas represadas, invade os terrenos adjacentes, provocando danos. (OPAS, 2008). A partir desse ponto de vista, e sabendo dos dados históricos de precipitação e nível do rio Mearim na cidade de Bacabal, foi analisado o comportamento desses dados com a enchente ocorrida no ano de 2009 na área urbana da cidade. Tentando demonstrar a influência do total pluviométrico e o acontecimento da enchente na cidade de Bacabal/MA no ano de 2009, foram elaborados gráficos com os totais pluviométricos diários dos seis primeiros meses do referido ano e dispostos de forma que facilitasse a interpretação dos mesmos. (Figura 2). No decorrer do mês de janeiro, as chuvas se concentraram principalmente na segunda quinzena, a partir do dia 20, totalizando de 226,1mm de chuva/mensal, e.apesar de não ter superado a média de , ao fim desse mês as cotas fluviométricas atingiram 270 cm. No mês fevereiro, a chuva apresentou uma melhor distribuição temporal com menos dias sem ocorrência de chuva Foi registrado um total de 310,4mm de chuva para o mês, o que corresponde a 16 % a mais que a média estudada. Com relação às cotas, seu máximo atingido foi de 450 cm ao fim do mês. Porém, foi a partir de abril que aconteceram os eventos intensos de precipitação do ano. No decorrer deste mês, a chuva apresentou um total de 466 mm, valor este que também ultrapassou a normal climatológica que é de 307,0mm, e a cota do rio Mearim passou dos 500cm, no começo do mês, para os 800cm, no final do mesmo.
4 O mês com o período chuvoso mais intenso foi maio que alcançou um total de 543 mm o qual excedeu a média em 170 mm. As chuvas intensas mantiveram a cota do rio Mearim superior a 800 cm durante quase todo o mês e, somente a partir de junho, quando a as chuvas não ultrapassaram os 89 mm,a cota do rio começou a diminuir: o que no começo do mês era de 790 cm, no final atingiu os 260 cm. Figura 2 Comparativo entre os totais pluviométricos diários dos meses do primeiro semestre de 2009 com as cotas do rio Mearim na cidade de Bacabal/Ma Fonte: INMET (2011), ANA (2011) Os resultados apresentados reforçam a grande variabilidade da precipitação no município de Bacabal/MA no primeiro semestre de 2009, com períodos de estiagem intercalados com eventos extremos, os quais foram decisivos para o cenário de enchentes que se formou sobre todo o estado do Maranhão, sobretudo na mesorregião norte, principalmente na bacia hidrográfica do rio Mearim. CONCLUSÃO
5 A análise do comportamento pluviométrico e sua relação com as cotas fluviais em eventos de enchente na área urbana de Bacabal no ano de 2009 demonstram que tais parâmetros analisados sofreram a combinação de diferentes fatores, notadamente águas frias do Pacífico Tropical (La Niña) e águas mais quentes no Atlântico Sul (abaixo do Equador) e águas mais frias no Atlântico Norte (acima do Equador), que foram fundamentais para a intensificação das chuvas no Maranhão, que conseqüentemente aumentaram a cota média do rio Mearim em seu médio curso, chegando a atingir mais de 800 cm por quase trinta dias. Isso fez com que ocorresse grande número de prejuízos sociais e materiais: desalojados, desabrigados, afetados em geral (MARANHÃO, 2009). O estudo se torna importante para o entendimento do comportamento pluviométrico e sua relação direta com as enchentes que ocorrem periodicamente no médio curso do rio Mearim, especificamente na cidade de Bacabal/MA. Trata-se, portanto, de uma boa base para o início de projetos subseqüentes nessa mesma temática. REFERÊNCIAS ARAÚJO, R.R. e SANT ANNA NETO, J.L. O processo de urbanização na produção do clima urbano de São Luis-MA, SANT ANNA NETO, J.L.(organizador) Os climas das cidades brasileiras. Presidente Prudente, 2002, pp CHUVAS, Gráfico de. Disponível em: <>. Acesso em: 08 out GUERRA, A.J.T. e CUNHA, S.B.(organizadores) Impactos Ambientais Urbanos no Brasil, 4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, MARANHÃO, Governo do. Reconstruir: informativo especial enchentes Disponível em Acesso em 18/07/2011 MARANHÃO, Jornal O Estado do, Disponível em: <>. Acesso em: 19/04/2011. OPAS, Organização Pan-americana de saúde. Disponível em Acesso em 20/08/2011 REBOUÇAS. A. da C., BRAGA, B. e TUNDISI, J.G. (organizadores) Águas Doces no Brasil Capital ecológico, uso e conservação, 3ª ed. São Paulo: Escrituras Editora, TEIXEIRA, W. e outros (organizador). Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, TUCCI, C.E.M., PORTO, R.L. e BARROS, M.T de. Drenagem Urbana. Porto Alegre: Editora da Universidade/ UFRGS, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO, Núcleo Geoambiental. Boletim Meteorológico Especial. São Luís, 2009.
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