Pedido de ProvidBincias 671. Trata-se de pedido de providências, subscrito

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1 I Pedido de ProvidBincias 671 I Requerente: Ministério Publico do Estado do Maranhão Interessados: Ministério Público do Estado do Maranhão Thernis Maria Pacheco de Carvalho (Promotora de Justiça) Requerido: CNJ Assunto: Resolução no 07/ Nepotismo Cruzado e Trata-se de pedido de providências, subscrito pela Promotora de Justiça Themis Maria Pacheco de Carvalho, e encaminhado pelo então Procurador Geral de Justiça do Estado do Maranhão, Dr. Raimundo Nonato de Carvalho Filho, dando notícia da existência do chamado "nepotismo cruzado" entre parentes de membros do TRT - 16" Região, do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão e da Desembargadora Nelma Celeste Sousa Silva Sarney Costa. Narra a inicial que existem notícias dando conta de suposta nomeação de filhos de membros do TRT - 16a Região em cargos comissionados no gabinete da mencionada Desembargadora, e que um suposto genro desta estaria ocupando cargo em comissão no referido Tribunal Regional do Trabalho, bem como uma filha da mesma ocuparia cargo comissionado no Tribunal de Contas do Estado do Maranhão.

2 Através dos oficios que dormitam ãs fls. 09/12, a desembargadora Melma Sarney Costa e os Presidentes dos Tribunais (de Contas, de Justiça e Regional do Trabalho) foram instados a apresentarem manifestação sobre os fatos narrados na inicial. As fls. 13/16 repousa a manifestação do Desembargador do Trabalho Alcebiades Tavares Dantas, acompanhada dos documentos de fls. 18/25, cujos originais dormitam as Els. 38/48. A Desembargadora Nelma acostou a sua resposta as fls. 27/29, acompanhada dos documentos de fls. 30/35. Em sua manifestação de fls. 49/50, o presidente em exercício do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, Conselheiro Álvaro Cesar de França Ferreira, relembra que o TCE se encontra vinculada ao Poder Legislativo, mas que a filha da citada desembargadora, Adriana Silva Sarney Costa, se encontra no exercício do cargo de assessora técnica daquela Corte de Contas. A promotora que subscreveu a inicial, em manifestação acostada 3s fls. 73/75, afirma que, no Diário Oficial do dia , foi publicada a nomeação de AUGUSTO BACELAR DE FRANÇA FERREIRA, provável parente do Conselheiro Álvaro França Ferreira, no cargo comissionado de Assessor da Desembargadora NELPIA CELESTE SILVA SARNEY COSTA, conforme a to datado de

3 Na cópia do Diário Oficial de fls. 76/80 constam os seguintes atos: (1) Nomeação de EDI~ZIO GOMES DA SILVA JÚNIoR, no Gabinete do Desembargador do Trabalho ALCEB~ADES TAVARES DANTAS {fls. 76); 12) Decisão do Tribunal Pleno do TJMA no Mandado de Segurança no 2609/2006, movido por EDIL~TXO GOMES DA SILVA JÚNzoR, inconformado com a sua exoneração do cargo de assessor de desembargador, por ser parente em primeiro grau, por afinidade, com a mencionada Desembargadora Nelma ( f 1s. 77) ; 13) Nomeação de AUGUSTO BACELAR DE FRANÇA FERREIRA para o cargo em comissão de Assessor da Desembargadora Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa; (4) Exoneração de ANDRÉIA ILVA SARNY COSTA do cargo de Assessora Desembargadora Nelma Sarney Costa; A Presidência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão apresentou a resposta de fls. 81/82, acompanhada dos documentos de fls. 83/100. As fls. 101/103, a requerente traz novos documentos, comprovando os seguintes fatos: (1) O Chefe de Gabinete da Desembargadora Nelma Sarney Costa, GABRIEL AHID COSTA, e filho do Vice-presidente do TRT - 16a Região; (2) AUGUSTO BACELAR DE FRANCA FERREIRA é sobrínho do Conselheiro do TCE-MA ÁLVARO césar FRANCA FERREIRA.

4 Instados a se manifestarem sobre os novos fatos apresentados, as autoridades requeridas apresentaram as respectivas respostas: (1) Desembargadora Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa (fls. 113/16; (2) Desembargador do Trabalho Gerson Oliveira Costa Filho (fls. 118/125); (3) Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (fls. 143/144). É o relatório.

5 Pedido de Providências no 671 Requerente: Ministério Público do Estado do Maranhão Interessados: Ministério Publico do Estado do Maranhão Themis Maria Pacheco de Carvalho (Promotora de Justiça) Requerido: CNJ Assunto: Resolução no 07/ Nepotismo Cruzado e EMENTA Pedido de Providências. Nepotismo cruzado. Ausência de provas. O inciso I1 do art. 2' da Resoluçáo/CNJ na 7 preve como prática de nepotismo o exercício, em Tribunais ou Juizos diversos, de cargos de provimento em comissão, ou de funções gratificadas, por cônjuges, companheiros ou parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, de dois ou mais magistrados, ou de servidores investidos em cargos de direção ou de assessoramento, em circunstâncias que caracterizem ajuste para burlar a regra do incíso anterior mediante reciprocidade nas nomeações ou designaçaes. Inexistindo provas acerca da reciprocidade de nomeaçóes, uma vez que os parentes dos magistrados se encontram lotados em gabinetes de outros desembargadores, sem qualquer relação de parentesco com OS mesmos. Irnproced&ncia do pedido.

6 VOTO A Resolução no 07, de , deste Conselho, visou disciplinar, de maneira uniforme para todo o Poder Judiciário, o exercício de cargos, empregos e funções por parentes, cônjuges e companheiros de magistrados e de servidores investidos em cargos de direcão e assessorarnento. O artigo 1' da mencionada resolução deste Conselho estabelece que é vedada a pratica de nepotismo no âmbito de todos os 6rgãos do Poder Judiciário, sendo nulos os atos assim caracterizados. Entre as praticas de nepotismo relacionadas no artigo 2" da Resolução no 07, destaco a prevista no inciso 11, cuja dicção é a seguinte: Art. 2 O. Constituem práticas de negotismo, dentre outras: I L - o exercicio, em Tribunais ou Juízos diversos, de cargos de provimento em comissão, ou de funções gratif icadas, por cõn juges, companheiros ou parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, de dois ou mais magistrados, ou de servidores investidos em cargos de direção ou de assessoramento, em circunstâncias que caracterizem ajuste para burlar a regra do inciso anterior mediante reciprocidade nas nomeações ou designações.

7 No caso que ora se cuida, a Promotora de Justiça requerente informa a possível pratica do chamado "nepotismo cruzado", isto é, a nomeação em Tribunais ou Juizos diversos, de parentes de magistrados em circunstãncias que caracterizem ajuste para burlar a proibição do nepotismo, mediante reciprocidade nas nomeações ou designações, regulada pelo transcrito inciso I1 do artigo 2 O da Resolução no 07 do CNJ. Após as informações prestadas pelas autoridades requeridas, constatam-se as seguintes situações: (1) EDILÁZIO GWES DA SILVA JÚNIoR, genro da Desembargadora Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa, exonerado do cargo de Assessor da referida desembargadora, em face da Resolu~ão no 07, deste Conselho, atualmente exerce cargo comissionado de Assessor no gabinete do Desembargador do Trabalho ALCEBIADES TAVARES DANTAS, não tendo relação de parentesco com este magistrado, nem com qualquer outro magistrado do TRT - 16& Região ou Juizes de Primeiro Grau da Justiça Trabalhista daquele Estado; (2) Estão lotados no Gabinete da Desembargadora NELMA CELESTE SOUZA SILVA SARNEY COSTA, em cargos de provimento em comissão: AUGUSTO BACELAR DE FRANÇA FERREIRA, sobrinho de ÁLVARO CÉSAR DE FRANÇA FERREIRA, Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, e GABRIEL AHID COSTA, filho do Desembargador do Trabalho Gerson Oliveira Costa Filho, sendo que

8 este ultimo, em , conforme informação acostada as fls. 132, passou a ocupar o mesmo cargo comissionado no gabinete do Desernbargador RAYMUNDO LUCIANO DE CARVALHO; (3) ADRiANA SILVA SARNEY COSTA, filha da Desembargadora Nelma Sarney Costa ocupa cargo cornissionado no Tribunal de Contas do Estado, estando lotada no gabinete do Conselheiro Raimundo Oliveira Filho. Inicialmente ressalto que os Tribunais de Contas dos Estados e Municípios não se encontram vinculados aos termos da Resolução no 07, por não integrarem a estrutura do Poder Judiciário, apesar de terem as mesmas garantias conferidas aos magistrados (parágrafos 3' e 4' do art combinados com o art. 75 da Carta Magna de 1988). Entretanto, tenho o entendimento pessoal de que o serviço público deve ser o mais impessoal possível, até mesmo em atendimento ao principio constitucional da eficiência ' Art O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro prbprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. I...) 3O - OS Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto a aposentadoria e pensão, as normas constantes do art ' - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercicio das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. I... ) Wt As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, a organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

9 da Administração Pública, gravado no caput do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, e tal profissionalização, a meu ver, somente é possível com o concurso público, bem como com a limitação do número de cargos de livre nomeação e exoneração, ou vinculação de seu provimento apenas aos servidores concursados do quadro efetivo. Por oportuno, transcrevo parte do voto do eminente Ministro CARLOS AYRES BRITTO, relator da Ação Declaratoria de Constitucionalidade no 12, que questionava a mencionada Resolução no 07, deste Conselho, in verbis: 36. Em palavras diferentes, e possivel concluir que o spiritus rectus da Resolução do CNJ é debulhar os próprios conteúdos lógicos dos princípios constitucionais de centrada regência de toda a atividade administrativa do Estado. Princípios como: I - o da impessoalidade, consistente no descarte do personalismo. Na proibição do marketing pessoal ou da auto-promoção com os cargos, as funções, os empregos, os feitos, as obras, os serviços e campanhas de natureza pública. Na absoluta separação entre o público e o privado, ou entre a Administração e o administrador, segundo a republicana metáfora de que "não se pode fazer cortesia com o chapéu alheio". Conceitos que se contrapõem & multi-secular cultura do patrimonialismo e que se vulnerabilizarn, náio h6 negar, com a prática do chamado "nepotismo". Traduzido este no mais renitente vezo da nomeação ou da designação de parentes não-concursados para trabalhar, comissionadamente ou em função de confiança, debaixo da aba familiar dos seus próprios nomeantes. Seja ostensivamente, seja pela fórmula enrustida do "cruzamento" (situação em que uma autoridade recruta o parente de um colega para ocupar cargo ou função de confiança, em troca do mesmo favor); I1 - o princípio da eficiência, a postular o recrutamento de mão-de-obra qualificada para as atividades públicas, sobretudo em termos de capaci tação técnica, vocaçáo para as atividades estatais,

10 disposição para fazer do trabalho um fiel compromisso com a assiduidade e uma constante oportunidade de manifestação de espírito gregário, real compreensào de que servidor público é, em verdade, servidor do público. Também estes conceitos passam a experimentar bem mais dificil possibilidade de transporte para o mundo das realidades empíricas, num ambiente de projeção do doméstico na intimidade das repartições estatais, a começar pela óbvia razão de que já não se tem a necessária isenção, em regra, quando se vai avaliar a capacitação profissional de um parente ou familiar. Quando se vai cobrar assiduidade e pontualidade no comparecimento ao trabalho. Mais ainda, quando se e preciso punir exemplarmente o servidor faltos0 (como castigar na devida medida um pai, a própria mãe, um filho, um(a}esposo (a) ou companheiro (a), um (a l sobrinho Ia), enfim, com quem eventualmente se trabalhe em posição hierárquica superior?). E como impedir que os colegas não-parentes ou não-familiares se sintam em posição de menos obsequioso tratamento funcional? Em suma, como desconhecer que a sobrevinda de uma enfermidade mais seria, um trauma psico-físico ou um transe existencial de membros de u'a mesma família tenda a repercutir negativamente na rotina de um trabalho que é comum a todos? O que já significa a paroquial fusão do ambiente caseiro com o espaço publico. Pra não dizer a confusão mesma entre tomar posse nos cargos e tomar posse dos cargos, na contramão do insuperavel conceito de que "administrar não é atividade de quem e senhor de coisa própria, mas gestor de coisa alheia" (Rui Cirne Lima); o princípio da igualdade, por último, pois o mais facilitado acesso de parentes e familiares aos cargos em comissáo e funções de confiança traz consigo os exteriores sinais de uma prevalência do criterio doméstico sobre os parâmetros da capacitaçào profissional (mesmo que não seja sempre assim). Isto sem mencionar o fato de que essa cultura da prevalente arregimentação de mão-de-obra familiar e parenta1 costuma carrear para os núcleos familiares assim favorecidos urna super-afetação de renda, poder politico e prestigio social. Assim, voltando ao caso concreto, ressalto que as nomeações apontadas não evidenciam violação proibição insculpida na Resolução/CNJ no 07, uma vez que não restou provado o ajuste entre os magistrados dos dois Tribunais (TRT

11 - 16" Região e TJMA) para a nomeação dos parentes relacionados, até mesmo porque os aludidos parentes se encontram lotados em gabinetes de outros magistrados, com os quais não têm qualquer parentesco. Ante o exposto, conheço do pedido de providências, mas, por falta de provas do prévio ajuste dos magistrados mencionados, determino o seu arquivamento. É como voto. Brasilia (DF), 24 de abril de CONS LHEIRA GERMANA MORAES Relatora