DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DO TERÇO FINAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO LAGEADO EM UBERABA MG

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1 DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DO TERÇO FINAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO LAGEADO EM UBERABA MG 1 SILVA, L.A.; 1 REIS, M.B.; 1 BARBOSA, P.L.; 1 RITA, S.S.; 2 TORRES, J.L.R. 1 Tecnólogo em Gestão Ambiental pelo CEFET Uberaba MG, Av. Edilson Lamartine Mendes, n 300, e- mail: dusanjos@yahoo.com.br. 2 Professor Classe Especial, Dr. em Produção Vegetal do CEFET Uberaba MG, jlrtorres@cefetubraba.edu.br. RESUMO A degradação do meio ambiente está ligada diretamente ao crescimento populacional, a produção de alimento, a escalada do progresso técnico humano, dentre outros. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo de alterações provocadas no meio ambiente. Essas alterações ambientais podem ser constatadas ao se realiza o diagnóstico das reais condições sociais, econômicas e ambientais do local e sua comunidade. O presente trabalho teve por objetivo realizar o diagnostico sócio-econômico ambiental microbacia do córrego Lageado, em seu terço final. Foram realizadas visitas de campo para aplicação de questionários junto aos moradores da região e realização do registro fotográfico da área. Observou-se que a deterioração de 46,0%, 78,0%, 71,0%, 53,0% e 17,0% para o fator social (FS), econômico (FE), tecnológico (FT), sócio-econômico (FSE) e ambiental (DA), respectivamente. Os valores calculados e observados nas visitas de campo confirmam a intensa deterioração econômica e tecnológica que vem ocorrendo nessa área, onde a renda é baseada na agropecuária rudimentar; observou-se a contaminação das águas do córrego devido ao lançamento de esgoto in natura por dois bairros da cidade no córrego; a existência de uma pedreira na área causa assoreamento e poluição do córrego no seu terço final. Palavras-chave: APA do rio Uberaba, deterioração ambiental. INTRODUÇÃO A degradação ambiental vista atualmente em todo o mundo, tem variadas causas conhecidas, dentre elas, o crescimento populacional descontrolado, o desenvolvimento 195

2 industrial insustentável e práticas agrícolas inadequadas. Esses fatores de degradação acontecem em vários pontos, com intensidades, em épocas e por causas diferentes. Rocha & Kurts (2001) explicam que existem dois meios ambientais (duas ambiências) tradicionais no mundo, o meio rural e o meio urbano, com áreas de influência que vai do subsolo ao topo da atmosfera. Segundo o autor existe uma relação de dependência entre os dois meios, estando-os assim intrinsecamente ligados e situados em um ponto comum que pode ser a bacia hidrográfica ou sub-bacias (microbacia). Assim, Souza & Fenandes (2000) sugerem as bacias ou sub-bacias como unidades básicas para o planejamento e a gestão sustentável uma vez que se podem alcançar uma maior compatibilização da produção com a preservação ambiental, por serem unidades geográficas naturais com características hidrográficas e sociais integrantes. Para realização destes planejamentos ambientais, é necessário realizar diagnósticos das reais condições sociais, econômicas e ambientais da unidade básica em questão, orientando assim as linhas de ação que devem ser adotadas para minimização ou adequação dos conflitos existentes (TORRES et al. 2007).² nte disso, este estudo teve objetivo de realizar o diagnostico sócioeconômico e ambiental do terço final da microbacia do córrego Lageado, em Uberaba-MG. MATERIAL E M ÉTODOS A microbacia do Lageado ocupa uma posição de destaque na área de proteção ambiental (APA) do rio Uberaba (Figura 1), no município de Uberaba-MG, devido sua localização e área de abrangência, pois corresponde a 12,58% da área total (6.640,75 ha), sendo a terceira maior microbacia da APA. Está parcialmente localizada dentro do perímetro urbano, estando o ponto mais baixo próximo à foz com o Rio Uberaba, na altitude 717m e o ponto mais alto, na altitude 851m no chapadão (Desnível de 134m) (SEMEA, 2004). 196

3 Figura 3 Principais córregos existentes na APA do rio Uberaba, dentre eles o Lageado (SEMEA, 2004). O curso principal da microbacia do Córrego Lageado (Figura 2) tem comprimento de m, além de existir 1.148,14 ha de área coberta pela vegetação nativa, significando 17,28% da área. Dentro dessa microbacia, estão localizados dois bairros urbanos, o Amoroso Costa e o Lageado, que formam um conjunto de vários loteamentos com população total aproximada de habitantes (SEMEA, 2004; UBERABA, 2006). Figura 3 Microbacia do córrego Lageado, na APA do rio Uberaba (SEMEA, 2004). O terço final, que foi alvo do estudo em questão, inicia-se na interseção do córrego Lageado com a BR 190 nas coordenadas UTM 23K e numa altitude de 773 metros e termina com o córrego Lageado desaguando no rio Uberaba. O terço final se apresenta bem acidentado, possuindo Latossolos nas partes altas e Gleissolos (hidromorficos) nas partes próximas ao córrego (UBERABA, 2006). Numa amostra representativa da população da microbacia (75% dos moradores da área), onde se visitou quatro famílias foram aplicados os questionários adaptados do CIDIAT (Centro Interamericano de desenvolvimento Integral de Águas y Tierras) por Rocha(1997) e Rocha & Kurts (2001), os quais avaliam as variáveis constantes: social, econômica, socioeconômica, tecnológica e ambiental (Tabela 1), onde através destes valores determinou-se a porcentagem de deterioração de cada fator. 197

4 Tabela 1 Fatores de diagnóstico socioeconômico e ambiental FATOR VARIÁVEIS Social Demográfica; habitação; consumo de alimentos; associativismo; salubridade rural. Econômico Produção; animais de trabalho; animais de produção; comercialização, crédito e rendimento. Tecnológico Tecnologia; maquinaria e industrialização rural. Ambiental Elementos poluentes RESULTADOS E DISCUSSÃO O valor encontrado para a deterioração para o fator social (FS) foi de 46% (Tabela1). Pode-se constatar que os moradores das propriedades são oriundos de comunidades rurais, moram em casas de alvenaria boa, porém não possuem eletrodomésticos, além de não terem acesso aos meios de informação, com exceção da televisão. Tabela 1. Cálculo do percentual de deterioração social, econômica, sócio-econômica, tecnológica e ambiental na microbacia Córrego Lageado, em Uberaba-MG. Diagnóstico realizado Mínimo Máximo Moda (X) Formula para estimativa da deterioração Deterioração (%) Social Y= 0,4310X-21, ,0 Económico Y= 2,1739X-43, ,0 Tecnológico Y= 2,9412X-50, ,0 Socio-económico Y= 0,3205X-28, ,0 Ambiental Y= 4,1666X-99, ,0 A deterioração para o fator econômico (FE) encontrada foi de 78%, o que caracteriza a má distribuição de renda existente na microbacia. A maioria das propriedades possui renda bruta menor que cinco salários mínimos. A deterioração para o fator tecnológico (FT) encontrada foi de 71%, o qual é influenciado pela pecuária leiteira rudimentar exercida na região. A deterioração para o fator sócioeconômico (FSE) (FS+FE+FT) encontrado foi de 53%, Apesar de o valor encontrado ser mediano, observa-se algumas limitações nas condições sócio-econômicas dos moradores, que encontram dificuldades em prover o próprio sustento. Torres et al. (2007) numa microbacia próxima constataram o mesmo tipo de exploração econômica, também com baixa produtividade, mas com menos problemas ambientais, devido às medidas de manejo conservacionista adotadas. A deterioração para o fator ambiental (FA) foi de 17 %, valor baixo, que está relacionada às características das propriedades visitadas, que normalmente são pequenas unidades de área (até 30 ha), administrada pelos próprios donos e com baixo uso tecnologia. Entretanto, pode ser observada a falta de mata ciliar em alguns pontos e a presença de gado com 198

5 acesso direto ao córrego, além de voçorocas nas margens do córrego (Figura 3). Torres et al. (2007) e Cunha et al. (2007) em estudos semelhantes nas microbacias do córrego Alegria e Limo, respectivamente, ao lado do córrego Lageado observaram valores para FS, FT, FE e FSE inferiores e FA superior aos obtidos neste estudo. Figura 3 - Formas de erosão (voçoroca) e presença de gado às margens do terço final do córrego Lageado, na APA do rio Uberaba. Ainda observa-se a existência de uma pedreira localizada nas coordenadas UTM 23K e a uma altitude de 742m (Figura 4), a menos de 30 metros do córrego Lageado, explorando uma formação Basáltica, na mata ciliar do córrego. Figura 4 Pedreira localizada às margens da terço final do córrego Lageado, na APA Tendo em vista que o valor da deterioração ambiental foi relativamente baixo, pretende-se realizar outros estudos, obtendo um melhor embasamento, que fornecerá assim dados mais sólidos que orientem uma tomada de decisão mais consciente. CONCLUSÕES Os valores calculados e observados nas visitas de campo confirmam a intensa deterioração para os fatores econômico (FE) e tecnológico (FT) que vem ocorrendo nessa área, onde a renda é baseada na agropecuária rudimentar; observou-se a contaminação das águas do córrego devido ao lançamento de esgoto in natura por dois bairros da cidade no córrego; a 199

6 existência de uma pedreira na área causa assoreamento e poluição do córrego no seu terço final. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, M.R.; MARTINS, M.S.M.; SOUSA, J.S.; TORRES, J.L.R.; FABIAN, A.J. Análise morfométrica e diagnóstico ambiental da microbacia do córrego Limo, em Uberaba-MG. Sociedade & Natureza, Uberlândia, 19 (1): , jun./2007. ROCHA, J. S. M. da. Manual de projetos ambientais. Santa Maria: UFSM, p. ROCHA, J.S.M. da & KURTS, S.M.J.M. Manual de manejo integrado de bacias hidrográficas. Santa Maria: UFSM/CCR, p. SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE (SEMEA). Diagnóstico Ambiental da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Uberaba. Prefeitura Municipal de Uberaba-MG, 2004, 127 p. SOUZA, E.R.; FERNANDES, M.R. Sub-bacias hidrográficas: unidades básicas para o planejamento e a gestão sustentáveis das atividades rurais. In: Informe Agropecuário. Manejo de Microbacias. v.21 n.207 nov/dez TORRES, J.L.R.; SILVA, T.R.; OLIVEIRA, F.G.; ARAÚJO, G.S.; FABIAN, A.J. Diagnóstico sócio-econômico, ambiental e avaliação das microbacias morfométricas da microbacia do córrego Alegria em Uberaba-MG. Uberlândia-MG, Sociedade & Natureza, Uberlândia, 19 (2): , dez./2007. UBERABA EM DADOS. Prefeitura municipal de Uberaba Secretária de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento. Boletim Informativo, 2006, 23 p. 200