Trás-os-Montes e Alto Douro. Dissertação de Mestrado em Tecnologia. Cancela, J. H. & Fabião, António (2001). Restauração de galerias

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1 woody debris in a regulated reach of the Upper Missouri River, North Dakota, USA. River Research and Applications. Vol. 20: p Hughes, F.M.R.; Adams, W.M.; Muller, E.; Nilsson, C.; Richards, K.S.; Barsoum, N.; Decamps, H.; Foussadier, R.; Girel, J.; Guilloy, H.; Hayes, A.; Johansson, M.; Lambs, L.; Pautou, G.; Peiry, J.-L.; Perrow, M.; Vautier, F. & Winfield, M. (2001) The importance of different scale processes for the restoration of floodplain woodlands. Regulated Rivers: Research and Management. Vol. 17: p Oliveira, D.G.M. (2006) Metodologia de Reabilitação Fluvial Integrada: o Caso do Rio Estorãos na Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d Arcos. Vila Real. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Dissertação de Mestrado em Tecnologia Ambiental. 32 Alves, A.A.M. (1988) Técnicas de Produção Florestal. 2.ª edição. Instituto Nacional de Investigação Científica. Lisboa. 33 Carneiro, M.; Pimentel, F.; Fabião, André; Colaço, M.C.; Ramos, A.; Cancela, J. H. & Fabião, António (2001). Restauração de galerias lenhosas ribeirinhas: uma revisão de casos de estudo. Actas do 4. º Congresso Florestal Nacional. Sociedade Portuguesa de Ciências Florestais. Évora. p Cortes, R.M.V. (2004) Requalificação de Cursos de Água. Instituto da Água. Lisboa. 35 Aguiar, F.C. & Ferreira, M.T. (2005) Human disturbed landscapes: effects on composition and integrity of riparian woody vegetation in the Tagus river basin, Portugal. Environmental Conservation. Vol. 32 (1): p Ferreira, M.T.; Aguiar, F.C. & Nogueira, C. (2005) Changes in riparian woods over space and time: influence of environment and land use. Forest Ecology and Management. Vol. 212: p Fabião, André; Carneiro, M.; Fabião, António; Pereira, F.; Cancela, J.H. & Pimentel, F. (2006). Reabilitação do Coberto Lenhoso Ribeirinho nas Margens da Lagoa dos Linhos, Mata Nacional do Urso. Revista de Ciências Agrárias. Vol. XXIX: p Fabião, André (2000) Revisão das Técnicas de Restauração de Galerias Florestais Ribeirinhas. Castelo Branco. Escola Superior Agrária de Castelo Branco. In Seminário de Engenharia de Produção Florestal. 111

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3 todo para fins comerciais (o que não impede que seja intervencionada se e quando tecnicamente necessário e adequado), a par de franjas de localização menos delicada, nas quais o abate pode admitir-se, desde que aplicado de forma salteada. Desta forma, pode favorecer-se o desenvolvimento de faixas de povoamento florestal com estrutura irregular (isto é, com árvores de diversas classes de idade e dimensão), o que se pode considerar ambientalmente desejável. Um tal modelo de exploração florestal só pode, contudo, ser economicamente exequível se o valor da madeira extraída for elevado, o que parece apontar no sentido de se explorarem espécies produtoras das chamadas madeiras nobres como carvalhos, castanheiro, cerejeira-brava e, eventualmente, freixo, entre outras. A maioria destas espécies tem preferência por solos húmidos e os seus exemplares localizam-se frequentemente na orla exterior das galerias ribeirinhas. O uso do chamado domínio hídrico (tanto do Estado, como particular) é condicionado pela Lei da Água (actualmente Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro). Até à entrada em vigor da respectiva regulamentação, que ainda não havia sido publicada aquando da elaboração do presente texto, o regime jurídico da utilização do mesmo estava estabelecido no Decreto-Lei n.º 46/94, de 22 de Fevereiro. O Decreto-Lei n.º 46/94, de 22 de Fevereiro, referia, por exemplo, que a limpeza e desobstrução de linhas-de-água, ou a sementeira, plantação e corte de árvores estavam sujeitas à emissão de um título de utilização do domínio hídrico pela autoridade regional de tutela (no futuro, segundo a Lei da Água, a Administração da Região Hidrográfica). Este título previa que o utilizador se abstivesse da prática de actos ou actividades que causassem a exaustão ou a degradação dos recursos hídricos e outros impactes negativos sobre o meio hídrico, bem como da prática de actos ou actividades que inviabilizassem usos alternativos considerados prioritários. Por exemplo, a sementeira, plantação e corte de árvores só era permitida se, entre outras, i) não criassem alterações ao normal funcionamento da corrente e das cheias, ii) não implicassem movimentações de terra que alterassem o leito, a configuração e a integridade das margens do curso de água, iii) não agravassem os riscos de erosão e iv) não implicassem a destruição da fauna, da flora ou de ecossistemas. A prática de actos lesivos para o domínio público hídrico constitui contra-ordenação, punível com coima e possível obrigação de reposição da situação anterior ao acto e ainda, em alguns casos, com outras sanções acessórias. Ao longo de muitos dos rios das zonas temperadas restam, apenas, estreitas faixas de vegetação natural, como consequência de séculos de intervenção na paisagem fluvial. Apesar de tudo, essas franjas de vegetação, conjuntamente com pequenas manchas de floresta e de zonas húmidas, podem constituir um refúgio para espécies da fauna e da flora que já apresentam, actualmente, risco elevado de não sobreviverem, pelo menos em parte do seu habitat. Em muitos casos, esses refúgios proporcionam locais de partida lógicos para programas de reabilitação 107 de galerias ribeirinhas degradadas. 18 O usufruto privado destes espaços é possível, mas as acções de reabilitação e/ou manutenção que eventualmente se empreendam devem ser regulamentadas e fiscalizadas, sob pena de se tornarem inúteis. A reabilitação de margens que entretanto ficaram desarborizadas pode envolver técnicas específicas de consolidação desses espaços (através, por exemplo, da correcção do declive do talude marginal, do assentamento de enrocamentos nas margens ou de deflectores de corrente no leito), de forma a permitir a instalação de plantas lenhosas adequadas a estes meios. Muitas destas obras de engenharia são dispendiosas, mas necessárias para garantir a sustentabilidade das operações de revestimento com vegetação, a qual poderia, de outra forma, ser arrastada pelos caudais de cheia. Durante muitos anos a ciência florestal deu relativamente pouca atenção à reabilitação e ao ordenamento de galerias ripícolas, para além do mero enunciado de princípios de boas práticas, que raramente foram respeitados. 32,33 Ultimamente, tem-se verificado uma tendência para a inversão deste desinteresse, em larga medida devido ao valor económico de algumas das espécies arbóreas envolvidas e ao papel do coberto ribeirinho na conservação da biodiversidade, na atenuação e retardamento dos caudais de ponta de cheia ou na estabilidade dos taludes marginais dos rios e ribeiros. Apesar dos estudos e da divulgação de técnicas que têm sido realizados recentemente em Portugal, 31,34,35,36,37 continua a ser necessário desenvolver o conhecimento técnico e científico quanto às possibilidades de reabilitação destas formações nas áreas de onde desapareceram ou onde se encontrem muito reduzidas ou degradadas. Mais do que isso, é indispensável encontrar formas de potenciar o conhecimento já existente em acções de gestão concretas, que permitam manter de forma sustentável este importante recurso biológico. A reabilitação e a gestão sustentável das galerias lenhosas ribeirinhas, são essenciais do ponto de vista da salvaguarda da biodiversidade e da sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos, bem como da sua integridade ecológica. 38 A protecção legal e a conservação, em bom estado, das galerias ribeirinhas ainda existentes é também fundamental, sendo imprescindível sensibilizar toda a sociedade para a importância de que estes ecossistemas únicos e vitais se revestem, quer a nível ambiental, quer a nível económico. 108

4 diminuição das áreas disponíveis para a vida selvagem e também uma diminuição do valor cénico da paisagem. 25,26 As galerias ripícolas, apesar do seu carácter dinâmico, não ficam indiferentes às alterações provocadas pelas actividades humanas. 2 Numerosos estudos comprovam o efeito negativo que os impactos antropogénicos, nomeadamente as variações hidrológicas inerentes ao rebaixamento dos níveis freáticos, provocam na composição das galerias ripícolas e concomitante diversidade. 4,27 Por outro lado, com as pressões devidas ao crescimento da área agricultada e ao desenvolvimento urbano, muitas destas galerias florestais foram desaparecendo ou degradaram-se (Figura 1.14), sobretudo nas regiões economicamente desenvolvidas, onde a água abundante e fácil de utilizar constituiu um factor desse desenvolvimento. 26,28,29 A exploração económica excessiva dos recursos disponíveis nestas áreas, como o pastoreio desregrado ou o abate indiscriminado de árvores para fins produtivos, constitui outro factor de degradação. De facto, o pisoteio do gado, sobretudo quando os acessos à água são concretizados ao longo da linha de maior declive da margem, tende a favorecer a erosão do talude, provocando a expansão gradual da zona degradada. Este efeito tende a agravar-se quando, simultaneamente, se retira a maioria das árvores, quer por facilidade de acesso, quer com o objectivo de comercializar a madeira. Estas zonas degradadas podem, posteriormente, constituir-se como locais de acesso para a extracção de inertes, com especial relevo para a obtenção de areias para construção. Esta última actividade pode afectar a própria estabilidade do leito, o que recomenda, desde logo, que os locais onde se efectua sejam criteriosamente escolhidos e a actividade devidamente fiscalizada. 105 Figura 1.14 Um troço com margens degradadas e já desarborizadas da ribeira de Odeleite, no Algarve, em zona com forte pressão agrícola. A vegetação da margem é constituída por canas (Arundo donax). (AMF) Gestão e reabilitação das galerias ribeirinhas Para que a conservação e reabilitação dos espaços ribeirinhos seja eficaz, é necessário que exista regulamentação jurídica adequada, de forma a encorajar os proprietários de terras a disponibilizar áreas para aumentar o valor de conservação das galerias ribeirinhas e dos correspondentes corredores fluviais. Além disso, a gestão destas áreas deve ser específica para cada bacia hidrográfica, pois cada curso de água apresenta características únicas. A gestão não pode, assim, estar limitada a componentes isolados da mesma, mas deve ser a mais completa possível, do ponto de vista ecológico, e realizada a escalas diversificadas, isto é, a gestão ao nível de um troço fluvial deve estar enquadrada em planos para a bacia do curso de água a que o troço em causa pertence e aqueles, por sua vez, em planos de bacia mais abrangentes. 30 Na gestão das galerias ribeirinhas, a concentração de esforços tem incidido, sobretudo, na investigação e experimentação, com vista à recolha de informação, mais do que no uso eficiente e efectivo dessa informação para fundamentar as tomadas de decisão e a resolução de problemas. 18 Isto deve-se, em larga medida, ao facto de o conhecimento existente e a mobilização de meios para a sua aplicação ser ainda bastante incipiente, pelo menos na Europa mediterrânea e, em particular, na Península Ibérica. Ainda assim, em Portugal têm ocorrido alguns progressos recentes: a actual implementação dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF) já contempla a gestão florestal adequada de espaços florestais adjacentes a cursos de água e a zonas húmidas em geral, fornecendo algumas bases sólidas para a sua futura gestão. Também começam a surgir alguns estudos com aplicação de técnicas e conhecimentos à resolução de problemas concretos, de que é exemplo um estudo com aplicação prática realizado recentemente para o rio Estorãos. 31 Um dos principais desafios que se coloca à gestão destas áreas, em bacias hidrográficas fortemente humanizadas, é o de conciliar a manutenção da integridade das interacções entre terra e água com os objectivos de uso múltiplo do solo. As margens dos rios apresentam importantes benefícios para a sociedade e a sua reabilitação proporciona serviços ambientais importantes, pelo que são consideradas legalmente como incluídas no domínio público hídrico, em conjunto com o leito dos cursos de água e a própria água. No entanto, as áreas envolventes constituem quase sempre domínio privado de alguém, que fica assim privilegiado no acesso à água e aos recursos a ela associados sendo, por isso, difícil fiscalizar usos abusivos. A criação de acessos à água para pessoas e gado que não salvaguardam a integridade das margens e da vegetação, o abate indiscriminado de árvores para madeira, a remoção de inertes do leito sem planeamento e supervisão adequados e o desvio excessivo e não autorizado de água para rega ou outros usos privados são alguns dos abusos mais comuns. Se um dos objectivos de gestão destas áreas for a produção de madeira, a forma de exploração geralmente recomendada 3 consiste na manutenção de uma faixa adjacente ao curso de água, não explorada de 106

5 Alguns dos benefícios ambientais normalmente atribuídos às galerias ribeirinhas (melhoria da qualidade da água, do habitat dos peixes ou de outras formas de vida silvestre) estão actualmente bem documentados. Porém, a avaliação do seu valor económico não é directa e implica vontade política e social de remunerar estes serviços ambientais, que não são fáceis de contabilizar monetariamente. Para além de serem benefícios que estão fora de qualquer mercado, no sentido económico do termo, a sua importância e magnitude dependem do tipo de plantas presentes na galeria, da largura desta, do uso do solo nas áreas adjacentes e das condições existentes a montante e a jusante do troço fluvial que esteja a ser avaliado. Por outro lado, se alguns desses benefícios são imediatamente evidentes, outros demoram tempo a manifestarem-se, por vezes anos ou décadas, o que torna pouco perceptíveis as melhorias resultantes da presença e desenvolvimento da vegetação ribeirinha. 20,21 A par do valor ambiental já referido, existe também uma componente económica directa resultante da exploração das áreas ribeirinhas e zonas limítrofes. Por exemplo, a madeira proveniente das galerias ribeirinhas tem sido tradicionalmente explorada para diferentes aproveitamentos, tirando partido da especificidade da vegetação que 103 Figura 1.13 Talude marginal erosionado num troço da ribeira do Arade, na serra Algarvia. O revestimento com vegetação lenhosa pode contribuir decisivamente para mitigar os efeitos erosivos da corrente nas margens mais expostas. (AMF) a constitui. 22 A análise do preço médio ponderado do metro cúbico de madeira (com casca), pago aos produtores privados no período entre 2000 e 2005 (Tabela 1.4), permite concluir que os proprietários que possuam, nas suas terras, formações ripícolas podem produzir madeira de qualidade em áreas adjacentes à galeria ribeirinha, potenciando, assim, os seus benefícios ambientais e obtendo simultaneamente um rendimento com a venda da madeira. No entanto, essa produção não pode, de forma alguma, colocar em causa a protecção da integridade do curso de água e da galeria ribeirinha, que deve ser sempre salvaguardada. Tabela 1.4 Preço médio ponderado de madeira (Euros/m 3 com casca), pago aos produtores privados entre 2000 e A menção do pinheiro-bravo e do eucalipto nesta tabela destina-se a fornecer um valor de comparação entre as duas espécies mais frequentemente comercializadas e duas espécies típicas de zonas húmidas Espécie Preço médio ponderado (Euros/m 3 com casca) Bétula 27,3 Choupo 45,9 Eucalipto 22,8 Pinheiro-bravo 35,6 Para além da já referida exploração de madeira de qualidade, outras actividades económicas podem beneficiar da presença da galeria ribeirinha como, por exemplo, as actividades de lazer e turismo frequentemente associadas a estas áreas (pesca desportiva, circuitos de manutenção, áreas de piquenique, praias fluviais, entre outras), desde que ambientalmente sustentáveis. No caso particular da caça, o favorecimento do habitat ribeirinho, atractivo para muitas espécies de vertebrados terrestres, pode funcionar também como pólo de atracção de espécies cinegéticas, contribuindo para as tornar mais abundantes nas áreas de caça vizinhas de galerias ribeirinhas. Factores de ameaça e degradação das galerias lenhosas ribeirinhas Por todo o mundo, os ecossistemas fluviais têm sido alterados pela acção humana, quer através da construção de barragens e canais de navegação, quer por alterações do uso do solo ao longo das bacias hidrográficas. 24,25 As obras de controlo de cheias e de drenagem de terras envolvem tradicionalmente diferentes combinações de alargamento do leito dos rios, dragagem e alteração do curso dos mesmos 24. Estas acções podem ter como consequências mais visíveis o desaparecimento de espécies da fauna e flora autóctones, o surgimento de espécies vegetais exóticas de carácter invasor, a degradação das características funcionais dos sistemas ribeirinhos (incluindo, naturalmente, da galeria ribeirinha), a 104

6 Muitas das formações vegetais ribeirinhas que ocorrem em Portugal são actualmente consideradas de interesse comunitário, pela Directiva Habitats. É o caso dos freixiais de Fraxinus angustifolia, dos amiais de Alnus glutinosa, das florestas mistas de carvalhos, ulmeiros e freixos, das galerias de borrazeira-branca e choupo-branco das margens dos grandes rios e dos loendrais, tamujais e tamargais anteriormente referidos. Além disso, algumas das espécies de plantas e de animais presentes nestas formações são igualmente consideradas de interesse comunitário, pela mesma Directiva, como é o caso da toupeira-de- -água (Galemys pyrenaicus), de várias espécies de répteis e anfíbios associadas às zonas húmidas e de muitos dos peixes de água doce dos nossos rios. Neste último grupo incluem-se várias espécies da família Cyprinidae, já referida neste texto, que só existem na Península Ibérica ou mesmo em território português, pelo que a sua extinção, nesta área geográfica, representaria uma perda total do património biológico correspondente. 17 A sobrevivência de algumas destas espécies pode depender da presença de galerias lenhosas ribeirinhas bem conservadas e estruturadas, devido ao importante papel que estas desempenham no fornecimento de alimento e de abrigo às espécies ribeirinhas e às de vida aquática, durante todo ou parte do seu ciclo de vida. 101 Figura 1.12 Freixo monumental com 8,5 m de PAP, Montemor-o-Novo. (RC) O valor ambiental e económico das galerias lenhosas ribeirinhas O valor ambiental das galerias lenhosas ribeirinhas não se limita ao seu interesse para a conservação de habitats e espécies, de certa forma assegurado pela regulamentação internacional e pela sua transposição na ordem jurídica interna portuguesa. A sua presença nas margens dos cursos de água representa, também, uma protecção física para a qualidade da água e para a estabilidade das margens, esta última de grande importância em períodos de inundação, aquando das grandes chuvadas de Inverno dos anos mais húmidos. 12 Com efeito, a vegetação ribeirinha retém uma fracção importante dos nutrientes minerais, sedimentos e substâncias poluentes provenientes das bacias de alimentação dos cursos de água que, de outra forma, entrariam na água e contribuiriam para deteriorar a sua qualidade. 18 Além disso, os sedimentos arrastados pela corrente dos rios são, com frequência, a causa directa das consequências catastróficas das inundações. A diminuição da velocidade da corrente promove a deposição daqueles sedimentos no leito, contribuindo para a sua obstrução e subsequente inundação das áreas marginais, com prejuízos para culturas agrícolas e locais habitados. O regime torrencial dos cursos de água da região mediterrânea representa um grande potencial erosivo para os taludes marginais dos rios e ribeiros, sempre muito expostos à subida das águas quando ocorrem caudais de cheia (Figura 1.13). A presença da vegetação e das suas raízes, especialmente quando inclui espécies lenhosas perenes, é um factor de segurança em relação à erosão das margens, a qual pode contribuir fortemente para o arrastamento de sedimentos destinados a preencher, mais tarde ou mais cedo, o leito de escoamento a jusante, obstruindo-o. Idealmente, uma galeria ribeirinha bem constituída, deve distribuir-se pelas duas margens do curso de água e apresentar uma estrutura vertical complexa e desenvolvida, com copas de árvores e arbustos a vários níveis de altura. Uma estrutura desse tipo, bem enraizada nos taludes marginais, só cederá à força da corrente em situações excepcionais de ocorrência muito ocasional, permitindo que se conserve o traçado do leito e das próprias margens por longos períodos. Além disso, representa um elemento de valorização cénica da paisagem, acentuando a presença da água e criando um elemento de descontinuidade visual que encontra algum paralelo nos oásis de regiões desérticas, sobretudo quando se considera o contraste de cores entre a vegetação ribeirinha e o coberto dominante na maior parte das áreas do sul do país. Aliás, uma observação frequente em condições ambientais envolvendo períodos secos e quentes, é a de que os fogos são mais raros e/ou progridem mais lentamente nas galerias ribeirinhas do que nas formações vegetais adjacentes. Embora a quantidade de combustível possa ser mais elevada, o seu teor em humidade é usualmente superior ao da vegetação de áreas contíguas. Por outro lado, o microclima, a posição de fundo de vale e a quebra de continuidade no combustível (devida à interposição da linha-de-água e a diferenças nas espécies vegetais presentes) tendem a desfavorecer a propagação e a intensidade dos fogos

7 mantém durante quase todo o ano, escapando, assim, às limitações de um período seco longo e intenso. Nestas condições, podemos encontrar as espécies referidas no parágrafo anterior ou outras muito semelhantes e, mais raramente, o carvalho-negral ou a aveleira (Corylus avellana). Quando a aridez é muito elevada ocorrem formações arbustivas típicas das zonas ribeirinhas mediterrâneas, com tamujo (Securinega tinctoria = Flueggea tinctoria), loendro ou cevadilha (Nerium oleander), tamargueiras (Tamarix spp.) e outras espécies características das ribeiras do Sul, a maioria das quais com folha persistente (Figura 1.11). As formações ripícolas associadas a condições de elevado encharcamento e de encharcamento menos prolongado encontram-se listadas na Tabela 1.1 e na Tabela 1.2. Tabela 1.1 Formações associadas a condições de elevado encharcamento Designação da formação Espécies características Ulmeirais de solos argilosos húmidos ou em veigas marginais a cursos de água negrilho (Ulmus minor) jarro (Arum italicum) Amiais de solos siliciosos com nível freático superficial, em zonas com temperaturas médias amenas amieiro (Alnus glutinosa) Galium broteroanum Amiais de zonas com temperaturas médias mais elevadas amieiro (Alnus glutinosa) escrofulária (Scrophularia scorodonia) Bosquetes de solos sujeitos a encharcamento prolongado da bacia do Guadiana borrazeira-preta (Salix atrocinerea) choupo-branco (Populus alba) Formações higrofílicas freixo (Fraxinus angustifolia) ficária (Ranunculus ficaria) Galeria arbustiva das margens do Guadiana e seus afluentes freixo (Fraxinus angustifolia) borrazeira-preta (Salix atrocinerea) 99 Figura 1.11 Galeria ribeirinha com loendro (Nerium oleander) na ribeira de Paes Joanes, junto ao Perímetro Florestal da Contenda na região de Barrancos. (AF) Tabela 1.2 Formações associadas a condições de encharcamento menos prolongadas Designação da formação Espécies características Formações ripícolas mistas de carvalho e freixo carvalho-negral (Quercus pyrenaica) freixo (Fraxinus angustifolia) Freixiais de solos siliciosos freixo (F. angustifolia) tamargueira (Tamarix africana) ficaria (Ranunculus ficaria) Choupais das margens do Tejo choupo-branco (Populus alba) ruiva-dos-tintureiros (Rubia tinctorum) Salgueirais de rios de caudal irregular a sul do Tejo, com solos coluviais siliciosos borrazeira-preta (Salix atrocinerea) borrazeira-branca (S. salvifolia ssp. australis) Salgueirais de solos de natureza siliciosa salgueiro-de-casca-roxa (S. lambertiana) borrazeira-branca (S. salvifolia ssp. australis) Salgueirais de rios tipicamente mediterrâneos com águas eutrofizadas salgueiro (S. neotricha) Salgueirais de solos arenosos borrazeira-preta (Salix atrocinerea) vide-silvestre (Vitis vinífera ssp. sylvestris) Salgueirais de pauis arenosos da bacia do Sado borrazeira-preta (Salix atrocinerea) Carex paniculata ssp. lusitanica Nas ribeiras de caudal intermitente, sobretudo a sul do Tejo, podem não ocorrer nas margens condições hídricas favoráveis ao estabelecimento de vegetação arbórea de maior porte, sendo então a galeria ribeirinha ocupada por arbustos e pequenas árvores. Em Portugal, está presente uma grande variedade de formações lenhosas desse tipo, sendo de mencionar, a título exemplificativo e não exaustivo, algumas das mais facilmente observáveis no Alentejo e Algarve (Tabela 1.3). Tabela 1.3 Formações associadas a ribeiras de caudal intermitente Designação da formação Espécies características Tamujais da bacia do Guadiana tamujo (Securinega tinctoria = Flueggea tinctoria) catapereiro (Pyrus bourgeana) loendro (Nerium oleander) Loendrais da bacia do Guadiana loendro (Nerium oleander) silvas (Rubus ulmifolius) Tamargais tamargueira (Tamarix africana) erva-do-sangue (Polygonum equisetiforme) Canaviais extremes de ribeiras torrenciais cana (Arundo donax) 100

8 nidades ribeirinhas com as espécies típicas desta situação, mas não são, contudo, exclusivas destas formações. São exemplo dessas espécies, a maioria dos carvalhos de folha caduca [carvalho-roble ou carvalho- -alvarinho (Quercus robur), carvalho-negral (Q. pyrenaica) e carvalho- -cerquinho (Q. faginea)], os vidoeiros (Betula celtiberica), o plátano- -bastardo (Acer pseudoplatanus) e espécies do género Prunus (várias das quais designadas genericamente por abrunheiros), entre outras. No noroeste de Portugal Continental, onde a influência oceânica é mais forte e os solos são de natureza siliciosa, a vegetação é, sobretudo, dominada pelos amieiros, embora possam também estar presentes salgueiros de várias espécies, mas como elemento secundário. Mais para o interior e em locais de baixa altitude, especialmente em solos de textura pesada, podem ser mais frequentes os ulmeiros (em regra, a espécie Ulmus minor) e os choupos, podendo também ocorrer salgueiros e 97 Figura 1.7 Aspecto geral da folhagem da base da copa de um choupo-branco (Populus alba), fotografia obtida na Tapada da Ajuda, em árvores que ladeiam uma vala. (AF) Fgura 1.8 Aspecto geral da folhagem da base da copa de um choupo-negro (Populus nigra), fotografia obtida nas margens de uma ribeira no concelho de Montemor-o-Novo. (AF) Figura 1.9 Aspecto geral da folhagem da base da copa de um amieiro (Alnus glutinosa), fotografia obtida nas margens de uma ribeira no concelho de Montemor-o-Novo. (AF) Figura 1.10 Formação ribeirinha dominada por freixo (Fraxinus angustifolia) na ribeira de Almansor, Montemor-o-Novo. (AMF) freixos (Figura 1.10). No mesmo contexto e em fundos de vales graníticos, podem encontrar-se formações arbóreas com carvalho-negral e freixo. Nas regiões de características marcadamente mediterrâneas, as formações ribeirinhas e de zonas húmidas, podem representar enclaves com espécies caducifólias, favorecidas pela humidade do solo, que se 98

9 tamente distintas das que dominam o espaço envolvente. Este contraste é ainda maior quando, no espaço envolvente, predominam árvores de folha persistente, características de zonas com verões secos (como em grande parte do território de Portugal Continental) pois, muitas vezes, as únicas árvores de folha caduca presentes estão concentradas nas galerias ribeirinhas. 15 Com efeito, a queda das folhas no Inverno corresponde a uma estratégia de adaptação das árvores à estação fria do ano que não faz sentido em grande parte das áreas com clima mediterrânico (onde os Invernos são chuvosos e de temperatura amena e os solos pobres em nutrientes), excepto em fundos de vale com solos mais húmidos, ricos em nutrientes e mais frescos no Inverno (Figura 1.4). As formações e as espécies arbóreas e arbustivas ribeirinhas As formações ribeirinhas mais comuns em Portugal podem separar-se em três categorias principais: 16 1) Aluvionares (de locais planos, com solos profundos permanentemente encharcados ou muito húmidos, geralmente associados aos troços inferiores dos grandes rios); 95 Figura 1.4 Galeria ribeirinha num curso de água mediterrâneo: a ribeira de Odelouca, na serra Algarvia, durante o Inverno. (AF) Figura 1.5 Aspecto geral da folhagem e dos frutos em maturação, de um freixo (Fraxinus angustifolia), fotografia obtida numa árvore da Tapada da Ajuda. (AF) Figura 1.6 Aspecto geral da folhagem de uma borrazeira- -preta (Salix atrocinerea), fotografia obtida nas margens de uma ribeira no concelho de Montemor-o-Novo. (AF) 2) Ripícolas (das margens dos cursos de água, lagos e outras zonas húmidas semelhantes); 3) Formações paludosas das margens dos rios Tejo e Sado (hoje raras, por transformação das zonas apaúladas daqueles rios em arrozais 6 ), que não serão detalhadas neste texto. Na primeira destas categorias podem ocorrer comunidades arbóreas mais ou menos densas e estruturadas, em geral dominadas por espécies de árvores caducifólias, como os choupos (Populus spp.), salgueiros (Salix spp.), freixos (Fraxinus spp.), ulmeiros (Ulmus spp.), amieiros (Alnus glutinosa) e formações mistas destas espécies (Figura 1.5, Figura 1.6, Figura 1.7, Fgura 1.8, Figura 1.9) e de outras lenhosas e herbáceas típicas de meios húmidos. 16 Outras espécies arbóreas podem também aparecer em solos fundos e frescos de fundo de vale, formando comu- 96

10 sua própria produção biológica, não só devido à força mecânica da corrente (que dificulta a permanência do fitoplâncton e a fixação no leito de plantas aquáticas mais evoluídas), mas também à sombra provocada pelas margens e pela vegetação ribeirinha e à indisponibilidade local de nutrientes minerais 1,5. Os factores hidrológicos, nomeadamente o nível da toalha freática e a sua variação anual, o regime de caudais do curso de água adjacente e os processos de erosão e deposição de sedimentos no leito e nas margens, têm uma influência determinante nas características do meio ribeirinho. Estas dependem também, directa ou indirectamente, do clima local, da forma do relevo e das características do solo. 1,6 A vegetação é um componente primordial do ambiente ribeirinho, constituindo as faixas ribeirinhas uma singularidade ambiental e paisagística. Em consequência da disponibilidade de água no solo durante uma grande parte do ano e da entrada de suplementos de nutrientes transportados de fora do sistema, o meio ribeirinho apresenta condições favoráveis para o estabelecimento de uma vegetação estruturalmente complexa, com elevada produtividade da biomassa e com uma maior variedade de espécies, do que os meios terrestres envolventes. 7,8 Mesmo em locais com verões quentes e secos, como acontece em Portugal, as faixas ribeirinhas podem manter durante grande parte da estação quente, condições de frescura e humidade, que seguramente escasseiam nas áreas terrestres envolventes. As espécies lenhosas arbóreas e arbustivas são, por regra, as que mais contribuem para a imagem que retemos destas formações. A sua disposição em túnel sobre os cursos de água de dimensão média justifica a designação de galerias ribeirinhas ou ripícolas, que geralmente lhes é atribuída (Figura 1.3). 93 Figura 1.3 Esquema de uma galeria ripícola. (JT) Estas galerias lenhosas ribeirinhas influenciam o meio fluvial adjacente pelo fornecimento de matéria orgânica (folhas, flores, frutos e outros detritos provenientes da vegetação), que vai ser a base das relações alimentares no meio aquático, bem como pelo condicionamento físico desse mesmo meio, através da sombra proporcionada pela vegetação. A interposição no leito dos rios e ribeiros, de troncos e ramos caídos, cria zonas de remanso onde se atenua a velocidade da corrente e ocorre a sedimentação de partículas transportadas pela água. Os detritos provenientes da galeria ribeirinha constituem a base da alimentação de microrganismos decompositores e de invertebrados aquáticos, nomeadamente larvas de alguns insectos que, por sua vez, são procuradas como alimento por peixes e anfíbios. A alternância de troços fluviais ensombrados e com iluminação plena favorece a diversidade do habitat aquático, permitindo a presença, em troços adjacentes, de organismos aquáticos com diferentes preferências térmicas. 1,3 Os organismos aquáticos que vivem em cursos de água ladeados por galerias ripícolas estão, normalmente, adaptados a pequenas diferenças de temperatura da água, seleccionando zonas de sombra (resultantes das copas das árvores) ou de iluminação plena em função das suas preferências térmicas. 1,3 Por exemplo, no referente à ictiofauna de água doce com ocorrência em Portugal, sabe-se que, de uma forma geral, as espécies da família Cyprinidae (como a carpa, Cyprinus carpio, ou os barbos, Barbus spp.) têm preferência por temperaturas da água mais elevadas do que as espécies pertencentes à família Salmonidae (como o salmão, Salmo salar, ou a truta, Salmo trutta). 9,10 A sombra impede que a temperatura da água seja muito elevada, o que influencia positivamente a quantidade de oxigénio dissolvido e condiciona também a fixação no leito de plantas aquáticas (macrófitas) intolerantes ao ensombramento, geralmente ausentes ou pouco representadas nos troços ensombrados. 3,11,12 Por outro lado, os remansos de corrente permitem a coexistência próxima de zonas de descanso e refúgio de peixes e de troços com corrente rápida, estes mais favoráveis a alguns insectos aquáticos (que constituem um dos recursos alimentares dos peixes) e à desova de algumas espécies de peixes de água doce, como os salmões e as trutas. 11,13 As formações lenhosas ribeirinhas sustentam, geralmente, uma comunidade de fauna silvestre mais rica em espécies e mais populosa do que a dos meios terrestres envolventes. 4,11,14 Várias espécies de animais terrestres passam grande parte do seu tempo em zonas ripícolas, quer devido à necessidade diária de água, quer pelo facto de a vegetação dessas áreas ser frequentemente diferente (mais densa, diversificada e abundante) da que compõe o coberto circundante, quer ainda por utilizarem a protecção oferecida pelas galerias ribeirinhas para as suas deslocações migratórias. 6,11 As diferenças entre a vegetação ribeirinha e o coberto envolvente podem ser reduzidas no caso de ribeiros temporários, ou acentuadas ao longo de linhas-de-água de maior dimensão, onde a vegetação ribeirinha pode ser constituída por árvores, arbustos e espécies herbáceas, comple- 94

11 1 Os ecossistemas ribeirinhos André Fabião e António Fabião O meio ribeirinho As margens dos cursos de água fazem a ligação entre os meios terrestre e aquático, dando origem a faixas ou zonas de transição onde se fazem sentir processos de inundação periódica, sedimentação e erosão, relacionados com a dinâmica particular dos rios e ribeiros a que se encontram adjacentes. A estrutura e o grau de heterogeneidade destas zonas de transição dependem, em larga medida, da magnitude e variabilidade dos processos acima referidos e têm particular repercussão no regime hidrológico dos cursos de água. Este espaço tridimensional adjacente à água designa-se por zona ribeirinha ou zona ripícola e compreende o leito activo e leitos abandonados, as margens e o leito de máxima cheia. 1 A sua extensão transversal pode variar desde uma estreita faixa nas cabeceiras e ao longo dos troços fluviais menos importantes, até uma vasta área nos troços de corrente lenta dos grandes rios. Em situações limite, nomeadamente ao longo de rios de grandes dimensões e regiões alagadas de planície, a largura das zonas ribeirinhas pode aumentar significativamente, esbatendo-se o seu carácter de zona de transição 2 (Figura 1.1). 91 Figura 1.1 Formação ribeirinha de salgueiros e amieiros em zona plana e alagada da bacia do Tejo, na confluência de uma ribeira da região de Alpiarça. (AF) Figura 1.2 Esquema de uma bacia hidrográfica. (JT) Resumidamente, pode definir-se zona ribeirinha como uma faixa inundável de largura variável, situada ao longo das margens de um curso de água, que estabelece a transição entre os meios aquático e terrestre, exerce influência sobre o curso de água e sofre a influência deste e na qual plantas e animais formam uma comunidade diferente das que a rodeiam. 3 Esta posição de transição relativamente aos meios terrestre e aquático, confere ao meio ribeirinho ou ripícola um carácter muito aberto a grandes fluxos de energia e de materiais que circulam entre os dois meios. O escorrimento das águas pluviais pelas vertentes das bacias de alimentação dos cursos de água, tanto à superfície dos terrenos (escoamento superficial), como sob o solo (escoamento sub-superficial), transporta para os rios e ribeiros, partículas de solo e materiais orgânicos, bem como nutrientes minerais em solução na água, que atravessam as faixas ribeirinhas e nelas ficam parcialmente retidos antes de entrarem naqueles cursos de água. O meio ripícola funciona, assim, como uma espécie de crivo em relação à passagem de materiais e de nutrientes provenientes da bacia hidrográfica, retendo uma parte significativa, mas também como uma correia transportadora que condiciona o seu transporte de montante para jusante da bacia hidrográfica 4 (Figura 1.2). Por sua vez, os materiais provenientes das faixas ribeirinhas representam uma importante fonte de entrada de matéria e de energia para os meios aquáticos adjacentes. Tal situação deve-se ao facto de os cursos de água terem, normalmente, fraca capacidade de alimentarem a 92

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