CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Família e Sucessões.

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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Família e Sucessões. (Aula 15/03/2018) Formas de testamento. Especial. Serve para pessoas especiais, locais especiais, o aéreo e o marítimo têm as mesmas regras a diferença que um é a bordo do navio e o outro a bordo da aeronave. 1

2 Aéreo. Aéreo estar em uma situação de emergência, a emergência é do testador não da aeronave. Precisa ser feito perante o comandante com duas testemunhas, pode ser viva voz ou escrito. Tem prazo decadencial de 90 dias. O testador tem 90 dias para morrer, e este prazo começa a contar da chegada do testador em terra firme. Art Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento. Marítimo. Marítimo estar em uma situação de emergência, a emergência é do testador não da aeronave. Precisa ser feito perante o comandante com duas testemunhas, pode ser viva voz ou escrito. Tem prazo decadencial de 90 dias. O testador tem 90 dias para morrer, e este prazo começa a contar da chegada do testador em terra firme. Militar. Militar forças armadas (Exercito, Marina e Aeronáutica), quando estiver em guerra ou em uma missão. Perante um Oficial com maior patente, na presença de duas ou três testemunhas, duas se tiver plena condição de assinar e datar (a terceira testemunha assina a rogo se a pessoa não puder assinar), prazo decadencial de 90 dias, contados de quando cessar o perigo. Nuncupativo. Militar nuncupativo / in extremis ou in articulo mortis não precisa de oficial, neste caso deverá ter duas testemunhas, não tem prazo decadencial, tem que morrer na guerra, como preceitua o artigo único: Art As pessoas designadas no art , estando empenhadas em combate, ou feridas, podem testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas testemunhas. 2

3 Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento. Cláusulas Testamentais. Pura e simples. É ordinária, basta a morte do testador, que o seu beneficiário já pode requerer o seu direito, faz no cartório. Cláusula condicional. Além da morte do testador tem uma condição: suspensiva ou resolutiva. Suspensiva o testamento fica suspenso, exemplo, o testador deixa o imóvel para A desde que case com B, enquanto não casar não se cumpri a cláusula suspensiva, o ideal é colocar um prazo para ser cumprido. Resolutiva recebe com a morte, exemplo, A recebe o imóvel e tem um prazo de 5 anos para constituir renda e conseguir casar com B, se não cumprir a condição o bem volta para a ordem hereditária. Condição ilícita / imoral quando a condição resolutiva e suspensiva for ilícita temos duas situações distintas, quando a condição for nula recebe o bem deixado em testamento e não cumpri, se a cláusula for nula não recebe nada, exemplo: Suspensiva ilícita, A só recebe o imóvel se ele matar B é cláusula nula, não recebe o bem. Resolutiva: o testador morreu, A recebe o imóvel e tem uma condição que com a renda do imóvel ele teria de contratar um matador para matar B aqui a condição é ilícita (nula), então ele recebe sem cumprir a cláusula. 3

4 Com encargo ou modal. Há uma contra prestação (ônus), se não cumprir não volta para a sucessão, será executado pelo credor, exemplo: o testador deixou o imóvel para A com o encargo de pagar alimentos a B, ele recebe o imóvel e se não cumprir o encargo ele fica com o imóvel, mas B tem que executar A para cumprir o encargo, título executivo. Encargo ilícito encargo é nulo, recebe o bem deixado em testamento sem cumprir o encargo, exemplo, recebe a fazenda com o encargo de plantar maconha, aqui o encargo é nulo, recebe e não cumpri. Sub causa ou Certa causa. Em razão de certa causa, tem um motivo para deixar para determinada pessoa, exemplo, o testador deixa imóvel para A, pois, ele salvou a sua vida no passado, contudo, agora B se apresenta e prova que foi ele que salvou a vida do testador no passado, B que vai receber. Observações sobre União Estável. A união estável pode ser registrada no primeiro cartório de registro de pessoas naturais no livro E de sua comarca passando a ter efeito erga omnes, pois, a escritura pública só gera efeitos entre as partes. O advogado quando contratado para assessorar uma compra de imóvel, deve fazer consulta no cartório de pessoas naturais, para verificar se o vendedor não possui união estável registrada no livro E, para evitar uma futura anulação por falta de outorga uxória. Substituição testamentária. O advogado deve fazer uma substituição testamentária (substituto) quando fizer um testamento, pois, a pessoa pode ter feito o testamento para não deixar para a legitima. 4

5 Vulgar ou Ordinária é a simples designação do substituto. O testador vai deixar o bem para vizinha A se ela não quiser, deixa para B. Recíproca aquela que o testador nomeia dois ou mais herdeiros ou legatários e declara que são substitutos entre si. Desta forma não volta para a legitima nunca. Art Também é lícito ao testador substituir muitas pessoas por uma só, ou vice-versa, e ainda substituir com reciprocidade ou sem ela. Testador deixou imóvel para A, B, e C, 1/3 para cada, contudo, se A renúncia, logo volta para a sucessão legítima, pois, não especificou substituição. Agora, se o testador declarou que é recíproco, então a parte de A vai para B e C, o percentual será proporcional ao que cada um recebeu, 2/6 de 1/6 vai para B e 3/6 de 1/6 para C, pois, se a divisão foi diferenciada no testamento a renúncia também será diferenciada, não serão 50% para cada um. Testador A B C 1/6 2/6 3/6 Fideicomissária deixa o bem para quem ainda não nasceu, se não estiver no testamento até quando deverá ser concebido o herdeiro será até dois anos após a morte do testador. Art A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador. Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o fideicomissário, adquirirá este a propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário. Exemplo, deixa o bem para o filho de Daniela para aproveitar por 20 anos, e depois para o filho de Maria Cláudia, no momento do testamento essas pessoas: filhos de Daniela e Maria Cláudia não podem ter nascido, nem ter sido concebido, não vale para adoção, a não ser que tenha sido expresso no 5

6 testamento. Se não estipular um prazo como no exemplo de 20 anos (temporário), será vitalício, ou seja, somente com a morte do filho da Daniela que o filho de Maria Cláudia irá gozar. O fiduciário tem o uso e gozo do bem ( ex die termo inicial), porquanto o fideicomissário tem o direito de dispor e reivindicar ( ad diem termo final), o fideicomissário tem propriedade plena, quando este morrer vai para seus filhos. Pode ser nomeado um substituto para o fiduciário e para o fideicomissário. Fiduciário Fideicomissário 1º que recebe 2º que recebe. Uso, Gozo Dispor, Reivindicar. Compendiosa é uma mistura da ordinária com a Fideicomissária, pois, teremos o fiduciário e o fideicomissário e também seus substitutos. A revogação dos testamentos anteriores deve ser expressa, lembrando que reconhecimento de paternidade uma vez feito em testamento não se revoga. Inventário e Partilha. Foro Competente. Último domicílio do de cujus, artigo CC e artigo 48 do CPC, quando não tiver um domicílio certo será o foro do local de qualquer um dos imóveis ou de qualquer dos bens (móveis) do espólio. Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. 6

7 Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. Prazo. Prazo 611 do CPC: 2 meses, o CPC conta em dias úteis, conforme preceitua o artigo Art O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. Observar o prazo tratado na lei estadual que cuida do ITCM, o código de processo não prevê multa quando extrapola o prazo, mas a lei estadual sim, cada estado tem a sua. Cuidado ao recolher o ITCM, pois, é do local do bem. O prazo para São Paulo é de 60 dias corridos para abrir o inventário contados da morte sob pena de multa de 10% sob ITCM, passados 180 dias a multa passa para 20%, ambos os casos mais tabela SELIC. Calcula os 4% dos valores dos bens, depois coloca a 10% multa, isto vale também para o extrajudicial. Certidão de inventariante estanca a multa no caso do inventário extrajudicial, no judicial tem o protocolo da petição inicial. Em São Paulo tem outra multa, da morte até o recolhimento do ITCM, 180 dias para recolher, não para propor ação, multa de 0,33 ao dia, limitado a 1% ao mês, limitado a 20% ao total. Não esperar o juiz homologar e determinar para pagar o ITCM se passar esse prazo pedir para isentar da multa, tem juiz que isenta e tem outros que não. 7

8 Cobrar honorários com ou sem diligência ao posto fiscal. ITCM o valor do imposto deve ser observado a legislação de cada estado, em São Paulo é de 4% do valor do bem, em Goiás é em escala de 4% à 8%, Paraná 8%, o fato gerador do tributo é a data da morte. Lei Estadual de São Paulo 9.591/66 morreu em 1967 a 2000: 4% do valor dos bens imóveis sobre o valor venal, bens móveis não recolhe imposto. Não precisa fazer no posto fiscal eletrônico, recolhe na guia DARE código 28, não leva na fazenda. Lei Estadual de São Paulo /00 para quem morreu em 2001: isenção de imposto para bens cujo valor seja até UFESP (tira a meação), não especifica se imóvel ou móvel (artigo 6); acima de à UFESP recolho 2,5% (artigo 20); e acima de UFESP recolhe 4% móveis e imóveis, inclusive pecúnia. Exemplo, patrimônio a inventariar de R$ ,00, suponhamos que a UFESP esteja no valor de R$10,00, ficaria assim: R$75.000,00 até 7500 UFESP isento R$45.000,00 de a UFESP 2.5% R$ ,00 acima de UFESP 4%. Lei Estadual de São Paulo /01 morreu de 2002 até hoje: isenção Imóvel de até UFESP e todos os herdeiros nele residam (não tira a meação), pedir na Fazenda Pública a isenção para os herdeiros que moram, o herdeiro que não mora paga. Outra isenção, único imóvel até UFESP. Verbas trabalhistas também estão isentas; dinheiro, em instituição financeira, até UFESP está isento. Não estando na isenção, valor de 4% sobre bens móveis, imóveis e pecúnia. 8

9 Em São Paulo capital não é valor venal e sim valor referencial. Decreto Estadual de São Paulo /02 - só mudou a regulamentação. Procedimento. Inventário este procedimento pode ser feito em qualquer valor. Qualquer herdeiro maiores e capazes ou menores e incapazes. Cabe tanto para o consensual como litigioso, com ou sem testamento. Arrolamento sumário pode ser feito em qualquer valor, apenas para herdeiros maiores e capazes, precisa ser consensual e não pode ter testamento. Se comporta arrolamento sumário também comporta o extrajudicial, observe os valores para saber qual é o melhor para o seu cliente. Inventário extrajudicial só é possível se não tiver testamento, se tiver precisa ingressar com ação de registro de cumprimento de testamento e depois com ação de abertura de inventário. Contudo, esta regra comporta exceção, ou seja, precisa as partes estarem de acordo, não ter menor envolvido e precisa ser feita a ação de registro de cumprimento de testamento via judicial para depois fazer o inventário extrajudicial, o fundamento para o inventário extrajudicial encontra aparo no Provimento CGJ N.º 37/2016. Arrolamento comum pode ser feito quando o valor total dos bens for igual ou inferior a 1000 (mil) salários mínimos. Herdeiros maiores e capazes ou menores. Consensual ou litigioso e sem testamento, quando tiver menor envolvido é necessária a participação o MP, este procedimento está descrito no artigo 664 do CPC, como segue: Art Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a (mil) salários-mínimos, o inventário processar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente de assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas 9

10 declarações, a atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha. (...) Tabela de Custas Judiciais (Valor da Ufesp R$25.07) Tabela de custas Extrajudicial: Bons Estudos!!! Prof.ª. Adriana Aparecida Duarte. 10