Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Caducidade do testamento.

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1 Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 11/04/2018. Caducidade do testamento. Premoriência do herdeiro ou legatário. Quem receberia a herança morre antes que o autor da herança, exemplo, deixa imóvel X para A, só que este morre antes do testador. Não existe representação, o testamento é personalíssimo. Se quiser que os herdeiros do beneficiário do testamento recebam é necessário que se faça uma substituição testamentária. Falecimento do herdeiro ou legatário antes de implementar a condição. Quando o herdeiro ou legatário falecer antes de implementar a condição estipulada no testamento, exemplo, o testador deixou o imóvel X para A na condição deste casar com B no prazo de dois anos, A morre antes de casar-se B, desta forma há caducidade do testamento, pois não foi cumprida a condição suspensiva. Mesmo sendo a condição resolutiva pode haver a caducidade, exemplo, o testador deixou o imóvel X para A na condição deste juntar dinheiro durante dois anos para se casar com B, o testador morre e A recebe o imóvel só que antes de casar A também morre, assim, o imóvel volta para a sucessão legítima. Com encargo o herdeiro recebe o bem e se não cumprir o encargo há a execução, exemplo, o testador deixou o imóvel X para A na condição deste pagar alimentos para B no prazo de cinco anos, A morre antes de vencer o 1

2 prazo de cinco anos, B pode executar o espólio, o bem não volta para a sucessão legítima. Quando houver a renúncia ou exclusão do herdeiro ou legatário. O testador morreu e deixou o imóvel X para A no testamento, contudo, quando este foi receber ele renuncia a herança. A exclusão se dá quando houver indignidade ou deserdação. Quando houver a destruição ou alienação da coisa. Ocorre quando o bem deixado em testamento é alienado, enquanto o testador estiver vivo ele pode dispor de seus bens, assim há a caducidade por alienação. O mesmo ocorre se o bem deixado em testamento for destruído, deixando de existir, exemplo, deixa o imóvel X para A, só que o imóvel pega fogo, contudo o terreno continua existindo este será transmitido ao herdeiro testamentário. Outra situação ocorre se o imóvel tiver seguro contra incêndio, o valor deste será dos herdeiros legítimos, salvo se houver cláusula expressa no testamento determinando que o valor pago pelo seguro em caso de incêndio será do herdeiro testamentário que receberia o bem. Exemplo, deixa o automóvel Y para A, contudo, num acidente o carro é destruído e tinha seguro, há a caducidade do testamento, pois, o que foi deixado foi o bem e não o seguro. Importante que o testador coloque no testamento que se houver a destruição da coisa há a sub-rogação pelo valor do seguro. Testamentos especiais (aéreo, marítimo e o militar). Vai haver a caducidade do testamento se não for cumprido o prazo estipulado em lei (90 dias decadenciais) para que haja a morte do testador. No caso do militar o tempo conta de cessado o perigo. 2

3 Direito de acrescer. Observe os artigos e seguintes do código Civil!!! Quando houver vários herdeiros na mesma cláusula testamentária e forem conjuntamente chamados a herança ao não tiver sido determinado os quinhões hereditários e qualquer deles não quiser aceitar a herança, sua parte será acrescida aos demais co-herdeiros, salvo se tiver substituição testamentária. No legado o direito de acrescer competirá aos co-legatários, exemplo, deixa o imóvel X localizado na rua Y, número P, para A, B e C, e qualquer deles não quiser aceitar a herança, sua parte será acrescida aos demais. Se o bem deixado tiver encargo ou obrigação, os co-herdeiros ou colegatários que tiver sua cota parte acrescida também assumirá as obrigações. Substituição testamentária. A substituição testamentária é uma forma de prevenção de vontade do testador. Espécies. Ordinária. Vulgar ou Ordinária é a simples designação do substituto. O testador deixa o bem para vizinha A se ela não quiser, deixa para vizinha B. Recíproca. Recíproca aquela que o testador nomeia dois ou mais herdeiros ou legatários e declara que são substitutos entre si. Desta forma não volta para a sucessão legítima nunca. 3

4 Art Também é lícito ao testador substituir muitas pessoas por uma só, ou vice-versa, e ainda substituir com reciprocidade ou sem ela. Exemplo, o testador deixou imóvel para A, B, e C, 1/3 para cada, contudo, se A renúncia, logo volta para a sucessão legítima, pois, não especificou substituição. Agora, se o testador declarou que é recíproco, e deixa um imóvel para A, B e C na seguinte proporção A 1/6, B 2/6 e C 3/6, sendo que A renúncia, sua parte vai para B e C, o percentual será proporcional ao que cada um recebeu, 2/6 de 1/6 vai para B e 3/6 de 1/6 para C, pois, se a divisão foi diferenciada no testamento a renúncia também será diferenciada, não serão 50% para cada um. Testador A B C 1/6 2/6 3/6 Fideicomissária. Fideicomissária figura do fiduciário e do fideicomissários. deixa o bem para quem ainda não nasceu, temos a Art A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador. Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o fideicomissário, adquirirá este a propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário. Se não estiver no testamento até quando deverá ser concebido o herdeiro será até dois anos após a morte do testador, art º. Exemplo, o testador deixa o bem para o filho de A que ainda não nasceu para aproveitar por 20 anos e depois deve o filho de A restituir o bem para o filho de 4

5 B que também não nasceu. No momento do testamento essas pessoas: filhos de A e B não podem ter nascido, nem ter sido concebido, não vale para adoção, a não ser que tenha sido expresso no testamento. Vitalício se não estipular um prazo como no exemplo de 20 anos (temporário), será vitalício, ou seja, somente com a morte do filho da A que o filho de B irá gozar. Temporário após completado o prazo estipulado deverá restituir ao fiduciário, exemplo, o primeiro usa por 20 anos e depois o bem vai para o segundo. Condicional fica subordinado a uma condição, exemplo, deixa para o filho de A até que este complete um curso superior. Se ocorrer a morte do fiduciário o bem vai para o fideicomissário mesmo que tenha clausula temporária, vitalícia ou condicional, o bem não vai para a família do fiduciário. O fiduciário tem o uso e gozo do bem ( ex die termo inicial), porquanto o fideicomissário tem o direito de dispor e reivindicar ( ad diem termo final), o fideicomissário tem propriedade plena, quando este morrer vai para seus filhos. Pode ser nomeado um substituto para o fiduciário e para o fideicomissário. Fiduciário Fideicomissário 1º que recebe 2º que recebe. Uso, Gozo Dispor, Reivindicar. Compendiosa. Compendiosa é uma mistura da ordinária com a Fideicomissária, pois, teremos o fiduciário e o fideicomissário e também substituto, que pode ser um para os dois ou um para cada um. 5

6 Observe os artigos e seguintes do código Civil!!! A propriedade do fiduciário é resolúvel, pois, com sua morte ou o cumprimento da condição o bem vai para fideicomissário. Se o fideicomissário nascer antes do fiduciário, aquele terá a propriedade e do fiduciário terá usufruto. Quem deve fazer o inventário é o fiduciário, e os bens ficaram gravados com reivindicação e poder de dispor pelo fideicomissário, podendo ser exigido uma caução como garantia. Se o fiduciário renunciar a herança ou legado o fideicomissário pode aceitar e ficar com a propriedade plena. O fideicomissário também pode renunciar, contudo, neste caso o fideicomisso deixa de ter validade, o fiduciário passa a ser proprietário pleno. Deixa de ter validade o fideicomisso se o fideicomissário morrer antes do fiduciário, este ficará com a propriedade plena, não é usufruto, pois neste caso a nu-propriedade iria para os herdeiros do fideicomissário. É possível fazer todas as substituições no fideicomisso, contudo só é possível a dupla vocação, não podendo ir além. Testamenteiro. Conceito: é o executor do testamento, aquele que vai fazer cumprir o testamento e deve ser uma pessoa de extrema confiança do testador. Características o testamenteiro. Personalíssimo se torna indelegável. só o testamenteiro pode realizar o ato, por isso também Indelegável personalíssimo, não pode terceirizar o encargo. 6

7 Intransferível doença. exceto se houver uma justificativa, como incapacidade, Capacidade de ser testamenteiro. Pessoa natural (pessoa física); Maior de 18 anos (capacidade civil); Não ser incapaz, exemplo, pessoa que tenha um grau de doença mental grave; Não pode ser inimigo dos herdeiros ou do testador, tanto pessoal como capital, exemplo, o testador tinha empresa de ônibus e o testamenteiro também, pode gerar conflito de interesses. Nomeação do testamenteiro. Pode ser nomeado pelo próprio testador, é o mais comum, e pode ser estipulado substituto. Há a possibilidade de ter vários testamenteiros nomeados simultaneamente ou ordem de nomeação. No caso do simultâneo serão solidários uns aos outros e se houver divergência entre eles dificulta o cumprimento do testamento. Se for dativo, que ocorre na falta de nomeação de testamenteiro e ninguém se habilita para ser, neste caso compete ao juiz nomear pessoa idônea e de sua confiança. Haverá honorários para o dativo. Aceitação. A aceitação pode ser expressa, tácita ou presumida. Expressa que aceita o encargo. quando o testamenteiro ingressa com petição dizendo ao juiz 7

8 Tácita pratica ato incompatível com a vontade de não ser testamenteiro, exemplo, foi deixado um imóvel como pagamento para o testamenteiro e este pleiteia o bem. Presumida age de acordo com a aceitação, exemplo, o testador deixa questões fúnebres e o testamenteiro de plano toma as devidas providências. Testamenteiro não se confunde com inventariante, este representa o espólio no processo de inventário, contudo, pode ser a mesma pessoa desde que seja estipulado no testamento tal vontade. Principais direitos e deveres do testamenteiro. Posse e administração. O testamenteiro ingressa na posse dos bens deixados no testamento para cumprir a disposições testamentárias e deve administrar, recebendo os frutos e pagando as despesas. Dever de defender a posse. O testamenteiro representando o espólio pode ingressar com ação possessória para proteger a posse, ou em caso de imóvel locado, se for o caso, ingressar com ação de despejo cumulada com cobrança de alugueres. Bons Estudos!!! Prof.ª. Adriana Aparecida Duarte. 8