Influência da aplicação de cal hidratada sobre as características produtivas da soja (1).
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- João Lucas Van Der Vinne Imperial
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1 Influência da aplicação de cal hidratada sobre as características produtivas da soja (1). Luciano Nascimento de Almeida (2) ; Weslei dos Santos Cunha (3) ; Mônica Silva de Oliveira (3) ; Tadeu Cavalcante Reis (4) ; Gilmar José Segatto Júnior (3). (1) Trabalho executado com recursos da Universidade do Estado da Bahia - UNEB (2) Estudante de Engenharia Agronômica; Universidade do Estado da Bahia UNEB; Barreiras, BA, luciano.engagro@gmail.com; (3) Estudante de Engenharia Agronômica; UNEB; (4) Professor doutor em agronomia (fertilidade do solo e nutrição de plantas); UNEB. RESUMO: Para aperfeiçoar a produção nas áreas do cerrado, é necessária a adoção de técnicas que visem reduzir a acidez dos solos desse bioma. O objetivo desse trabalho foi avaliar o desempenho de características produtivas da cultura da soja cultivada após aplicação de cal hidratada [Ca (OH)2]. No experimento, utilizou-se solo do cerrado coletado de forma estratificada, este foi remontado em tubos de PVC, em camadas de 20 cm. Os tratamentos foram compostos por um fatorial 2x5, sendo utilizadas duas formas de aplicação (diluída e incorporada) e cinco doses (0; 2,5; 5,0;7,5 e 10 mg/ha). Empregou-se um delineamento inteiramente casualizado. Aplicou-se cal hidrata nos respectivos tubos e trinta dias após sua reação implantou-se plantas de soja (Glycine Max) da variedade M8349 IPRO, e após 80 dias foram avaliadas as seguintes variáveis: grãos por vagem, número de vagens por planta e altura de inserção da primeira vagem. O número de vagens por planta e a altura de inserção da primeira vagem sofreram influência das formas de aplicação de cal hidratada sendo a aplicação incorporada responsável pela maior quantidade de vagens e a forma diluída pela maior altura de inserção da primeira vagem. A análise de regressão revelou efeito significativo para o número de grãos por vagem, aplicadas de forma diluída, assim como a altura de inserção da primeira vagem que se ajustou em um modelo de regressão quadrática. A aplicação da cal hidratada incorporada ao solo proporciona melhores resultados nas características produtivas da soja. Termos de indexação: Acidez, produtividade, Glycine Max. INTRODUÇÃO Pessoas que trabalham com solos em condições ideais para o seu uso, são pessoas de sorte. A maioria das pessoas que utilizam o solo não o trabalha em condições ideais de uso, uma alternativa é utilizá-lo no estado em que se encontra, mesmo não sendo ideal, tendo que se contentar com uma produtividade menor ou outras limitações que lhes foram impostas. Outra alternativa é modificar o solo, de maneira que se torne mais adequado para a utilização desejada (Thompson & Troeh, 2007). Os solos do cerrado brasileiro são em sua maioria ácidos, devido a sua formação natural e ao
2 cultivo intensivo nessas áreas, principalmente de soja, provocando assim a perda de bases devido à absorção de cátions e substituição por íons de hidrogênio, resultando no processo de acidez. Para contornar esse problema e otimizar a produção nessas áreas, é necessário a adoção de técnicas que visem reduzir a acidez desses solos. Geralmente são utilizados corretivos como calcário, gesso e cal hidratada [Ca (OH)2] essa última, ainda pouco utilizada, apresenta como boa alternativa de correção, principalmente em camadas mais profundas. O objetivo desse trabalho foi avaliar o desempenho de características produtivas da cultura da soja cultivada após aplicação de [Ca (OH)2]. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido na Universidade do Estado da Bahia, Campus IX, localizado no município de Barreiras, no Oeste da Bahia. Segundo o instituto Nacional de Meteorologia (INMET) o clima predominante no município é Tropical semiúmido, com temperatura média anual de 24 C e pluviosidade média anual de 1140 mm, apresentando um período chuvoso entre os meses de outubro a abril. Tratamentos e amostragens Foi utilizado latossolo do cerrado, coletado de forma estratificada em camadas de 20 cm, até a profundidade de 1m. As referidas camadas foram remontadas em tubos de PVC com 15 cm de diâmetro por 1 m de altura, dispostos nas profundidades de 0-20; 20-40; 40-60; e cm. Os tratamentos foram compostos por um fatorial 2x5, sendo utilizadas duas formas de aplicação de [Ca(OH)2], incorporada e solubilizada na água de irrigação, e cinco doses do material (0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10 t ha -1 ) equivalentes a PRNT de 100%. Empregou-se um Delineamento Inteiramente Casualizado. Após a aplicação das doses de hidróxido de cálcio e umedecimento do solo até a capacidade de campo, as parcelas permaneceram em casa de vegetação, recebendo reposição de água, em função da perda de massa, controlada por pesagem, por um período de 30 dias, tempo necessário para a reação do material. Posteriormente foram implantadas plantas de soja (Glycine Max) da variedade M8349 IPRO. Aos 80 dias após a semeadura foram avaliadas as seguintes variáveis: grãos por vagem, número de vagens por planta e altura de inserção da primeira vagem. Através da contagem visual foram identificadas as quantidades de vagens em cada planta. As vagens foram coletadas e armazenadas, posteriormente foram levadas para o Laboratório de Química e Fertilidade da Universidade do Estado da Bahia, onde foram retirados os grão de 5 vagens de cada parcela e obtida uma média. As alturas de inserção das primeiras vagens foram coletadas com o auxílio de uma fita métrica, pegando desde a base do solo. Análise estatística Ao fator qualitativo empregou-se o teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade usando o software estatístico Assistat, versão 7.7, e ao quantitativo aplicou-se análise de regressão por meio do Microsoft Excel, considerando coeficientes de determinação maiores que 70%. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3 O número de vagens por planta e a altura de inserção da primeira vagem sofreram influência das formas de aplicação de [Ca (OH)2] (Tabela 1), sendo a aplicação incorporada responsável pela maior quantidade de vagens e a forma diluída pela maior altura de inserção da primeira vagem. Dessa forma, verificou-se que, a distância entre o local de formação da primeira vagem e a base da planta influencia no quantitativo de vagens do vegetal. Essa afirmativa é reforçada por Manuad et al. (2010) que também obtiveram em seu experimento o maior número de vagens por planta com o mesmo tratamento que proporcionou a menor altura de inserção da primeira vagem. Não houve diferença entre as formas de aplicação de [Ca (OH)2] para o número de grãos por vagem. TABELA 1. Número de grãos por vagem, número de vagens por planta e altura de inserção da primeira vagem na cultura da soja, variedade M8349 IPRO, em função das formas de aplicação de cal hidratada. Barreiras (BA), Formas de aplicação de Ca(OH) 2 Número de grãos por vagem Número de vagens por planta Altura de inserção da 1ª vagem (cm) Diluída 2,61 a 09,80 b 24,78 a Incorporada 2,64 a 11,65 a 21,93 b CV (%) 6, ,96 A análise de regressão revelou efeito significativo para o número de grãos por vagem nas doses de Ca(OH)2 aplicadas de forma diluída, sendo o modelo linear decrescente o que obteve melhor ajuste no gráfico (Figura 1). Houve uma redução de 0,2 grão por vagem com a dose 10 t ha -1 em relação à dose 0. A altura de inserção da primeira vagem, também nas doses diluídas, se ajustou a um modelo de regressão quadrático, onde a maior altura de inserção (27,2 cm) foi obtida com a dose 3,87 t ha -1, reduzindo essa altura à medida que se aumentou as doses (Figura 2). Dentre os fatores que influenciam no total de perdas no momento da colheita da soja está a altura de inserção da primeira vagem. Se esta é muito baixa, a colheitadeira não é capaz de colher todas as vagens da planta, pois a barra de corte não consegue atingir o limite inferior de inserção das vagens (SILVEIRA e CONTE 2013). A altura ideal de inserção da primeira vagem é de 13 cm para que as perdas na colheita sejam minimizadas (Queiroz et al., 1981). Dessa forma, nenhuma das doses estudadas apresentou um padrão indesejado para essa característica.
4 Altura de inserção da 1ª vagem (cm) Número de gãos por vagem 2,75 2,7 y = -0,018x + 2,7 R² = 0,9205 2,65 2,6 2,55 2,5 2,45 0 2,5 5 7,5 10 Doses de Ca(OH)2 Figura 1. Número de grãos por vagem da soja em função da aplicação diluída de doses de cal hidratada y = -0,1786x 2 + 1,3807x + 24,568 R² = 0, ,5 5 7,5 10 doses de Ca(OH)2 Figura 2. Altura de inserção da primeira vagem da soja em função da aplicação de doses diluídas de cal hidratada CONCLUSÕES De forma geral, a aplicação da cal hidratada incorporada ao solo proporciona melhores resultados nas características produtivas da soja. Apesar desta forma de aplicação obter uma menor altura de inserção da primeira vagem, esta é o suficiente no emprego da colheita mecanizada. REFERÊNCIAS INMET. Monitoramento climático. Disponível em: < Acesso em 29 jun. de MANUAD, M.; SILVA, T. L. B.; NETO, A. I. A.; ABREU, V. G. Influência da densidade de semeadura sobre características agronômicas na cultura da soja. Agrarian, Dourados, v. 3, n. 9, p , 2010.
5 QUEIROZ, E.F.; NEUMAIER, N.; TORRES, E.; PEREIRA, L.A.G.; BIANCHETTI, A.; TERAZAWA, F.; PALHANO, J.B.; YAMASHITA, J. Recomendações técnicas para a colheita mecânica. In: MIYASAKA, S., MEDINA, J.C. (Ed.). A soja no Brasil. Campinas: ITAL, p SILVEIRA, J. M.; CONTE, O. Determinação de perdas na colheita de soja: copo medidor da Embrapa. 1. ed. Londrina: Embrapa Soja, p. TROEH,F.R.; THOMPSON, L.M. solos e fertilidade do solo. 6. Ed. Andrei. São Paulo, p.
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