Estimativa Da Demanda Hídrica De Reflorestamentos No Norte De Minas Gerais
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- Ester Bergler Ribeiro
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1 Estimativa Da Demanda Hídrica De Reflorestamentos No Norte De Minas Gerais Juscelina Arcanjo dos Santos (1) ; Marcelo Rossi Vicente (2) ; Pedro Henrique de Melo Rocha (3) ; Glauson Wesley Lacerda Dutra (3) (1) Acadêmica de Engenharia Florestal IFNMG/Salinas, Bolsista FAPEMIG; celinarcanjo@hotmail.com (2) Professor, Eng. Agrônomo, D.Sc Eng. Agrícola - IFNMG/Salinas; marcelo.vicente@ifnmg.edu.br (3) Estudantes Tec. em Agropecuária IFNMG/Salinas, Bolsistas CNPq; peupkmr@hotmail.com e glawson_wesley@hotmail.com. RESUMO O setor de florestas plantadas no Brasil desempenha um papel fundamental no cenário socioeconômico do país, ao contribuir com a produção de bens e serviços, agregação de valor aos produtos florestais e para a geração de empregos, divisas, tributos e renda. A relação entre a disponibilidade hídrica e a produtividade florestal é concernente aos efeitos diretos e indiretos da deficiência de água no crescimento das árvores. O presente estudo tem por objetivo estimar a demanda de água na cultura do eucalipto para as Regiões de Salinas e Taiobeiras no Norte de Minas Gerais. Para a realização deste, fez-se o balanço hídrico, utilizando o software Irriplus, para as localidades em estudo. Após a análise do triênio , conclui-se que independente do ano, observou-se um período de déficit hídrico a partir de maio estendendo-se até os meses de novembro, além dos déficits provocados pelos veranicos. As baixas precipitações, aliadas a má distribuição, proporcionaram os déficits podendo assim justificar a mortalidade de florestas nas regiões em estudo. Palavras-chave: Eucaliptus sp, Penman-Monteith, Déficit Hídrico. INTRODUÇÃO O setor de florestas plantadas no Brasil desempenha um papel fundamental no cenário socioeconômico do país, ao contribuir com a produção de bens e serviços, agregação de valor aos produtos florestais e para a geração de empregos, divisas, tributos e renda. Em 2006, o setor produziu R$ 9,2 bilhões de tributos e exportou US$ 7,4 bilhões, gerando cerca de 4,1 milhões de empregos diretos e indiretos (AMS, 2007). Segundo inventário dos reflorestamentos de Minas Gerais, realizado em 2005, aproximadamente 24% das florestas de eucalipto estão na mesorregião do Norte de Minas (INDI, [20--]). Souza et al. (2006) afirmaram que a relação entre a disponibilidade hídrica e a produtividade florestal é concernente aos efeitos diretos e indiretos da deficiência de água no crescimento das árvores. Segundo Amaral (2000), das espécies florestais, as do gênero Eucalyptus têm sido as mais plantadas nas diversas regiões brasileiras, devido ao seu rápido crescimento e à alta capacidade de produção de madeira, oriundas da grande adaptação a uma diversidade de condições ecológicas e ao número expressivo de espécies. Atualmente, grande parcela das florestas plantadas de eucalipto é - Resumo Expandido - [607] ISSN:
2 originária de plantios clonais de alta produtividade com adaptação e tolerância a fatores adversos de clima, solo, água, entre outros (ABRAF, 2006). Estabelecer relações entre as necessidades hídricas da cultura do eucalipto e a disponibilidade de água no solo pode contribuir na predição do potencial produtivo dos plantios florestais, tendo em vista que as distintas condições climáticas, às quais a cultura está exposta nas diversas regiões em que é feito seu cultivo, influenciam na sua produtividade e duração do ciclo (ALVES, 2009). Em decorrência dos aspectos abordados, o presente estudo tem por objetivo estimar a demanda de água na cultura do eucalipto para as Regiões de Salinas e Taiobeiras no Norte de Minas Gerais. MATERIAL E MÉTODOS As localidades de interesse foram Salinas e Taiobeiras, em função de possuírem um banco de dados climáticos no período estudado ( ). Utilizou-se uma série de dados climáticos diários da estação localizada em Salinas, cedidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), e para Taiobeiras utilizou-se uma série de dados climáticos diários obtidos em uma estação Davis localizada em uma propriedade rural. As estações meteorológicas selecionadas constam na Tabela 1, com as devidas coordenadas geográficas e altitudes. Tabela 1 Localização, coordenadas geográficas e altitude. Latitude Longitude Local Altitude (Metros) (Sul) (Oeste) Salinas 16º10 42º Taiobeiras 15º48 42º Os dados climáticos diários disponíveis para a estimativa da evapotranspiração de referência (ETo) foram: temperaturas máxima, mínima e média do ar, radiação, umidade relativa e velocidade média do vento, além de precipitação. Para a estimativa de evapotranspiração real da cultura (ETc) do eucalipto utilizou-se a metodologia proposta por Allen et al. (1998) apresentada na Equação 1. ETc = ETo x Kc x Ks Eq.1 em que: ETc = evapotranspiração real da cultura, mm d -1 ; ETo = evapotranspiração de referência, mm d -1 ; Kc = coeficiente da cultura, adimensional. Ks = coeficiente de estresse hídrico, adimensional. Utilizou-se o software Irriplus (MANTOVANI et al, 2009) para a realização do balanço hídrico, dessa forma considerou-se, para ambos os solos das regiões em estudo, a capacidade de campo de 37%, ponto de murcha permanente de 17% e densidade aparente de 1,25 g cm -3, o fator de disponibilidade hídrica de 0,7 (ALLEN et al. 1998) e a profundidade efetiva do sistema radicular do eucalipto de 0,90 m (NEVES, 2000). Para a determinação da ETrc utilizou-se o valor de Kc corresponde a 1,1 para florestas acima de 3 anos (DESCHEEMAEKER et al. 2011). Para o valor de Ks utilizou-se a metodologia proposta por Allen et al. (1998) RESULTADOS E DISCUSSÃO - Resumo Expandido - [608] ISSN:
3 Observa-se na Tabela 2 os valores totais de evapotranspiração de referência (ETo), evapotranspiração real da cultura (ETrc), e de precipitação nos anos em estudo para Salinas e Taiobeiras. A maior demanda foi encontrada para a cidade de Salinas, que também apresentou as maiores precipitações. Tabela 2 Totais de evapotranspiração de referência (ETo), evapotranspiração real do eucalipto (ETrc) e precipitação total para os anos em estudo. Taiobeiras Salinas Ano ETo (mm d -1 ) Precipitação (mm) ETrc (mm d -1 ) ETo (mm d -1 ) Precipitação (mm) ETrc (mm d -1 ) ,3 716,2 635, ,7 894,4 619, ,8 662,3 643, ,7 798,4 566, ,9 923,4 665, ,7 1037,4 579,22 Os valores médios de Ks, para os três anos em estudo, determinados pela metodologia proposta por Allen et al. (1998), foram de 0,383 e 0,396 para Taiobeiras e Salinas, respectivamente. A ETrc representou aproximadamente 42% da ETo em médias para as localidades no período estudado. Para as duas regiões em estudo, observou-se que os maiores valores de ETo ocorreram nos períodos que apresentaram maiores temperaturas médias, como demonstra a Figura 1, como se esperava, uma vez que a temperatura exerce influencia sobre a ETo ,5 6 Temperatura (ºC) ,5 5 4,5 4 3,5 ETo (mm/d) 5 3 2,5 0 jan/08 mar/08 mai/08 jul/08 set/08 nov/08 jan/09 mar/09 mai/09 jul/09 set/09 nov/09 jan/10 mar/10 mai/10 jul/10 set/10 nov/10 2 Tmed (Taiobeiras) Tmed (Salinas) ETo Taiobeiras ETo Salinas Figura 1 Temperaturas médias ( C) e evapotranspiração de referência (mm d -1 ) para as regiões de Salinas e Taiobeiras. Os valores totais de precipitação foram de 2283,7 e 2498,18 mm para Salinas e Taiobeiras, respectivamente, sendo a concentração das precipitações nos meses de novembro a março (Figura 2). - Resumo Expandido - [609] ISSN:
4 Precipitação (mm) jan/08 mar/08 mai/08 jul/08 set/08 nov/08 jan/09 mar/09 mai/09 jul/09 set/09 nov/09 jan/10 mar/10 mai/10 jul/10 set/10 nov/10 Taiobeiras Salinas Figura 2 Precipitações mensais, mm, em Salinas e Taiobeiras Observam-se na Figura 3 os balanços hídricos do eucalipto para as localidades de Taiobeiras (Figura 3a) e Salinas (Figura 3b) Umidade do solo (%) /1/ /3/ /6/ /9/ /12/ /3/ /6/ /9/ /12/ /3/ /6/ /9/ /12/2010 Umidade (%) CC (%) PM (%) Umid Segurança (%) (a) Umidade do solo (%) /1/ /3/ /6/ /9/ /12/ /3/ /6/ /9/ /12/ /3/ /6/ /9/ /12/2010 Umidade (%) CC (%) PM (%) Umid Segurança (%) (b) - Resumo Expandido - [610] ISSN:
5 Figura 3 Balanço hídrico do eucalipto para as localidades de Taiobeiras (a) e Salinas (b). Verifica-se nas Figuras 3a e 3b, os períodos de elevado déficit hídricos ocorridos nos três anos em estudos principalmente entre o período de abril a outubro. Observam-se também períodos de déficit hídrico ocorridos nos veranicos de 2009 principalmente. CONCLUSÕES Com base nos resultados, conclui-se que independente do ano, observou-se um período de déficit hídrico a partir de maio estendendo-se até os meses de novembro, além dos déficits provocados pelos veranicos. As baixas precipitações, aliadas a má distribuição, proporcionaram os déficits podendo assim justificar a mortalidade de florestas nas regiões em estudo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M. Guidelines for computing crop water requeriments. Rome: FAO, p. (FAO Irrigation and Drainage, 56). ALVES, M. E. B. Disponibilidade e demanda hídrica na produtividade da cultura do eucalipto p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. AMARAL, G. Características químicas e físicas de diferentes classes de solos da zona metalúrgica mineira e produtividade de eucalipto p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. ASSOCIAÇÃO MINEIRA DE SILVICULTURA AMS. Florestas plantadas: um compromisso com o desenvolvimento social. Belo Horizonte, p. DESCHEEMAEKER, K.; RAES, D.; ALLEN, R.; NYSSEN, J.; POESEN, J.; MUYS. B.; HAILE, M.; DECKERS, J. Two rapid appraisals of FAO-56 crop coefficients for semiarid natural vegetation of the northern Ethiopian highlands. Journal of Arid Environments, Amsterdam, v.75, p , 2011 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE MINAS GERAIS. Dimensionamento do potencial de oferta e demanda por produtos florestais nas Mesorregiões do Norte de Minas, Vale do Rio Doce, Jequitinhonha e Mucuri. Disponível em: < br/img/estudos/57analisecadeiasilvicultura.pdf> Acesso em 26 fev NEVES, J. C. L. Produção e partição de biomassa, aspectos nutricionais e hídricos em plantios clonais de eucalipto na região litorânea do Espírito Santo. Campos dos Goytacazes, Universidade Estadual do Norte Fluminense, p. (Tese de Doutorado). MANTOVANI, E. C.; BERNARDO, S.; PALARETTI, L. F. Irrigação: princípios e métodos. 3. ed. Viçosa, MG: UFV, p. - Resumo Expandido - [611] ISSN:
6 SOUZA, M.J.H.; RIBEIRO, A.; LEITE, H.G.; LEITE, F.P.; MINUZZI, R.B. Disponibilidade hídrica do solo e produtividade do eucalipto e, três regiões da Bacia do Rio Doce. Revista Árvore,Viçosa,v.30,n.3,p ,2006. AGRADECIMENTOS Ao IFNMG- Campus Salinas pelo apoio técnico, à FAPEMIG e ao CNPQ pela concessão das bolsas de Iniciação Científicas e aos que colaboraram direta e indiretamente neste trabalho. - Resumo Expandido - [612] ISSN:
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