Dom Marmion CIMBRA 2014 MOSTEIRO DA TRANSFIGURAÇÃO SANTA ROSA RS
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- Adelina Soares Macedo
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1 Aspectos teológicoespirituais da doutrina de Dom Marmion CIMBRA 2014 MOSTEIRO DA TRANSFIGURAÇÃO SANTA ROSA RS
2 Introdução Sua obra exprime exatamente todo o dogma católico. Em sua construção doutrinal, a teologia entra inteira: verdades reveladas, definições dos Concílios, certezas teológicas de primeiro plano, teses capitais de Santo Tomás... ele aplica, ele calca fielmente sobre o organismo dogmático toda sua espiritualidade que se torna, assim, adequada à síntese de toda teologia. E tudo isto em uma linguagem simples e precisa que torna a exposição luminosa (THIBAUT p. 14, cap. 1)
3 Plano da conferência A Cristocentrismo. B Teologia da Adoção. C Cristo Ideal. D União a Cristo pela Fé. E Consequências da união a Cristo.
4 A CRISTOCENTRISMO. Cristocentrismo e Pneumatologia Os Mistérios de Cristo não são somente modelos, assuntos de contemplação; são também fontes de graças (CDM 0,2,2)
5 A CRISTOCENTRISMO. Cristocentrismo e Pneumatologia Somente o Espírito Santo, dedo da mão do Pai, é capaz de reproduzir em nós a verdadeira imagem do Filho, porque nossa imitação deve ser sobrenatural (CDM 0,2,2)
6 A CRISTOCENTRISMO. Cristocentrismo e Pneumatologia A alma que se deixa guiar pelo Espírito age seguramente como convém a um filho de Deus: em toda sua vida espiritual ela pensa e age sobrenaturalmente justo, se posso assim me exprimir. A alma fiel às inspirações do Espírito Santo possui um tacto sobrenatural que a faz pensar e agir com facilidade e prontamente como filho de Deus...
7 A CRISTOCENTRISMO. Se nos deixamos guiar pelo Espírito, Ele fará crescer plenamente em nós esta graça divina da adoção sobrenatural que o Pai quis para nós, e que o Filho nos mereceu. Este divino Espírito nos fará dar frutos de santidade agradáveis a Deus; artista divino, com um toque infinitamente delicado, acabará em nós a obra de Jesus, ou antes, Ele formará Jesus em nós como Ele formou a humanidade santa de Jesus, a fim de que, por sua ação, reproduzamos em nós, para a glória do Pai Eterno, os traços desta filiação divina que temos em Cristo Jesus.
8 A CRISTOCENTRISMO. Cristocentrismo e Pneumatologia Os mistérios do Homem-Deus não são somente modelos que devemos considerar; eles encerram em si tesouros de méritos e de graça. Por sua virtude onipotente, Cristo Jesus, sempre vivo, produz a perfeição interior e sobrenatural de seus estados naqueles que são movidos pelo desejo sincero de imitá-lo e se colocam em contato com Ele pela fé e pelo amor. (CDM Avant Propos)
9 A CRISTOCENTRISMO. Cristocentrismo e Pneumatologia O trabalho do Espírito Santo, Artista Divino, se realiza em nós sobretudo na oração fundada na fé e abrasada pelo amor. Enquanto que, com os olhos da fé e com o amor que deseja se dar, contemplamos os Mistérios de Cristo, o Espírito Santo que é o Espírito de Cristo, age no íntimo da alma e, através de seus toques soberanamente eficazes, modela a alma de maneira a reproduzir nela, como por uma virtude sacramental, os traços do modelo divino (CDM 0,2,3).
10 A CRISTOCENTRISMO. Cristocentrismo e Pneumatologia Ó Fogo consumador, Espírito de amor, "descei sobre mim", para que na minha alma se faça como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove todo o seu Mistério.
11 A CRISTOCENTRISMO. Cristocentrismo e Pneumatologia Eis porque esta contemplação dos mistérios de Jesus é em si mesma tão fecunda; eis porque o contato essencialmente sobrenatural que a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, nos faz ter, na liturgia, com os estados de seu divino Esposo, é para nós tão vital. Não há via mais segura nem meio mais inefável para nos assimilar a Cristo (CDM 0,2,3).
12 B TEOLOGIA DA ADOÇÃO. Dom Marmion faz do dogma da filiação adotiva em Jesus Cristo o fundo essencial de sua doutrina... Todo seu discurso tem por centro este dogma da Paternidade divina e da nossa adoção em Jesus Cristo... O dogma de nossa vocação de filhos de Deus em Jesus Cristo antes de tornar-se o tema comum de sua pregação tornou-se primeiramente o fundo de sua própria vida interior... a convicção que ele tem de ser filho do Pai celeste em Jesus Cristo comanda todas as suas iniciativas e explica todos os atos de sua vida (Thibault p.22).
13 B TEOLOGIA DA ADOÇÃO. Deus gera um Filho... gerar é comunicar o ser e a vida. A vida em Deus é comunicada pelo Pai e recebida pelo Filho... Esta vida divina, transcendente, que Deus só tem o direito de viver, esta vida eterna, comunicada pelo Pai ao Filho único e, por Eles, a seu comum Espírito, Deus decreta chamar as criaturas a partilhá-la. Por um transporte de amor, que tem sua origem na plenitude do ser e do bem que é Deus, esta vida vai transbordar do seio da divindade para atingir e beatificar, elevando acima de sua natureza, os seres tirados do nada; a estas simples criaturas Deus dará a qualidade e o nome de filhos.
14 B TEOLOGIA DA ADOÇÃO. A vida à qual Deus nos eleva pela graça é, em relação a nós e a todo criado, uma vida sobrenatural, ou seja, que excede as proporções, as forças, os direitos e as exigências de nossa natureza. Não é como simples criaturas humanas que devemos ser santos mas como filhos de Deus, através de atos inspirados e animados pela graça que se torna em nós princípio de uma vida divina (Thibault 33).
15 C CRISTO IDEAL. Podemos e devemos, certamente, ajudados pela graça, contribuir com nossos esforços para compreender Cristo e para modelar nossas virtudes e nossos atos aos seus. Mas somente o Espírito Santo, dedo da mão do Pai, é capaz de reproduzir em nós a verdadeira imagem do Filho, pois nossa imitação deve ser de ordem sobrenatural (CDM 0,2,2)
16 C CRISTO IDEAL. Todas essas riquezas infinitas, que o Pai depositou no Filho e que Jesus nos mereceu, Ele mesmo no-las aplica a título de causa eficiente... Nosso Senhor permanece como fator principal de nossa santificação... Vivendo no centro de nossa alma, trabalha para a nossa transformação em Si. O Filho de Deus, o Verbo, permanece como ideal supremo; Cristo age continuamente em nós para imprimirnos essa imagem de Deus, da qual é Ele o tipo perfeito (Retiro Maredret, dezembro de 1905).
17 D UNIÃO A CRISTO PELA FÉ. Cristo, centro de nossa vida espiritual, em sua Santíssima humanidade, em seus mistérios, é a fonte da graça (cristocentrismo). O Espírito Santo nos une a Cristo em seus mistérios, reproduzindo em nós os estados da humanidade de Cristo (cristocentrismo e pneumatologia), para formar em nós a imagem do Filho (teologia da adoção), Ideal de nossa santidade que o próprio Cristo causa em nós pela ação de seu Espírito (Cristo-Ideal).
18 D UNIÃO A CRISTO PELA FÉ. O contato vivificante com Jesus na Fé só se opera pelo dom do Espírito Santo (CIP c. 16)
19 D UNIÃO A CRISTO PELA FÉ. Enquanto Cristo vivia na terra, sua divindade permanecia escondida, mas a humanidade era visível; esta exercia por ela mesma certa atração; ela não era, no entanto, objeto de fé. Atualmente, nós só tocamos Jesus, em sua humanidade e em sua divindade, pela fé. Tal é o plano divino. Todas nossas relações com Cristo devem ser baseadas sobre esta adesão. Este contato de fé é a condição absoluta para que desça em nós os dons divinos... O contato vivificante com Jesus na fé só se opera pelo dom do Espírito Santo (CIP ch 16).
20 D UNIÃO A CRISTO PELA FÉ. Por sua virtude onipotente, Cristo Jesus, sempre vivo, produz a perfeição interior e sobrenatural de seus estados naqueles que são movidos pelo desejo sincero de imitá-lo e se colocam em contato com Ele pela fé e pelo amor. (CDM Avant Propos)
21 D UNIÃO A CRISTO PELA FÉ. Entra-se na posse de Cristo pela fé. Quanto mais profunda esta fé, mais se torna Cristo vivo em nós, mais nos comunica Sua filiação e todas as suas virtudes (Retiro Maredret, 1905) Quanto mais viva a nossa fé, mais perto nos achamos de Cristo (Conferência, Maredret, 16 de março de 1910).
22 E CONSEQUENCIAS DA UNIÃO A CRISTO. Olhemos todas as coisas do ponto de vista da fé, do ponto de vista sobrenatural: é o único ponto de vista verdadeiro. Coloquemos, em seguida, nossos atos de acordo com nossa fé, cumpramos todas as coisas à sua luz. Nestas condições, podemos dizer que a fé se traduz em amor: ela torna-se logicamente e praticamente perfeita, visto que a alma se dá, por amor, às obras da fé (CIM 2,5,5)
23 E CONSEQUENCIAS DA UNIÃO A CRISTO. Deveríamos, na terra, viver de Deus na luz da fé, como no céu, os bem aventurados, na luz da glória em face de Deus, no Cristo (Retiro, Erdington, 1902):
24 E CONSEQUENCIAS DA UNIÃO A CRISTO. A Fé é, com efeito, para nós a verdadeira luz divina. Para a vida natural, Deus dá por luz a razão: a inteligência é a faculdade que dirige a atividade especificamente humana. Para a vida sobrenatural Deus prepara também uma luz apropriada. Qual é esta luz? No céu, onde a vida sobrenatural atingiu a perfeição, é a luz radiosa da glória, o poder visual da visão beatífica... Aqui embaixo, é a luz velada da fé. A alma que quer viver da verdadeira vida deve se guiar por esta luz que a torna participante do conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas... A fé é para nós o preludio da visão beatífica. O filho de Deus conhece Deus e olha todas as coisas nesta luz. (CIM2,5,3)
25 E CONSEQUENCIAS DA UNIÃO A CRISTO. Estive doente por vários meses. Além das dores físicas, da insônia, etc, fui seriamente atormentado e perturbado em meu espírito. Por vezes, parecia-me estar inteiramente abandonado por Deus. Mas, na festa de Santa Escolástica, aniversário de minha profissão, dissiparam-se as nuvens e compreendi que essas provas e tentações haviam operado grande bem na minha alma. Em particular, aprendi o que é servir a Deus na Fé Pura. Os que não passaram por isto não podem saber o que é crer e esperar em Deus exclusivamente na fé.
26 E CONSEQUENCIAS DA UNIÃO A CRISTO. Durante a oração, as palavras o espírito é que vivifica, a carne para nada aproveita fizeram-me ver claramente que só os atos procedentes de um motivo de fé são sobrenaturalmente agradáveis a Deus e que a devoção sensível, carne, embora auxiliando a produzir com maior facilidade esses atos, é em si mesma inútil e que os atos cujo princípio único é a devoção sensível, não possuem valor sobrenatural algum aos olhos de Deus. Desde 10 de fevereiro gozo de grande união a Jesus na fé, ainda que muitas vezes sem a menor devoção sensível (Notas íntimas 17 de fevereiro de 1895).
27 E CONSEQUENCIAS DA UNIÃO A CRISTO. Na economia presente da Providência, Deus é glorificado por nossa fé. Sem a fé é impossível de agradar a Deus... Ele nos pede para crer e confiar em seu amor sem ter nenhum sentimento deste amor... Deus quer ser servido na Pura Fé apesar de toda sorte de repugnâncias. Portanto, devemos nos contentar de caminhar na fé, sem consolação, sem sentimentos, apoiando-se Nele (Carta 1,19,20 a uma religiosa).
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