PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO CONTINENTE DIAGNÓSTICO VERSÃO PRELIMINAR

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1 PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO CONTINENTE DIAGNÓSTICO VERSÃO PRELIMINAR

2 ÍNDICE SUMÁRIO EXECUTIVO... 9 I. SOCIO ECONOMIA I.1 ENVOLVENTE I.2 O PAPEL DO CAF NA ECONOMIA I.3 A AGRICULTURA E FLORESTA NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO II. CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS E DA FLORESTA III. CAF: EVOLUÇÃO ECONÓMICA III.1 O COMPLEXO AGRO-FLORESTAL III.2 ECONOMIA AGRÍCOLA III.3 ECONOMIA SILVÍCOLA III.4 ECONOMIA DAS INDÚSTRIAS (IABT E IF) IV. DESENVOLVIMENTO DAS ZONAS RURAIS V. TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS E INOVAÇÃO NA AGRICULTURA VI. AGRICULTURA, FLORESTA E AMBIENTE VI. RECURSOS NATURAIS: ÁGUA, SOLO, AR E BIODIVERSIDADE VI.2 ENERGIA VI.4 MODOS DE PRODUÇÃO DE ELEVADA SUSTENTABILIDADE VI.5 SERVIÇOS AMBIENTAIS E DOS ECOSSISTEMAS VII. ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E DESERTIFICAÇÃO IV. PROGRAMAS ANTERIORES V. SÍNTESE DE INDICADORES COMUNS Pág. 2

3 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO I1: DISTRIBUIÇÃO DO VAB E DO EMPREGO NACIONAL POR TIPOLOGIA DE REGIÕES EM 2011 E 2010, RESPETIVAMENTE GRÁFICO I2: PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NACIONAL POR TIPOLOGIA DE REGIÕES EM 2010 (EUROS) GRÁFICO I3: PESO DO VAB DO CAF NA ECONOMIA - NUTS III (%) GRÁFICO I4: PESO DO EMPREGO DO CAF NA ECONOMIA NUTS III (%) GRÁFICO I5: IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA E FLORESTA NO TERRITÓRIO GRÁFICO II1: SAU POR NUTSIII (HECTARES) GRÁFICO II2: EVOLUÇÃO DA DIMENSÃO MÉDIA DAS EXPLORAÇÕES NAS REGIÕES AGRÁRIAS GRÁFICO II3: COMPOSIÇÃO DA SAU DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS EM 1999 E GRÁFICO II4: PESO DA SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL NA SAU (%) GRÁFICO II5: DISTRIBUIÇÃO DA SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL PORCLASSE DE DIMENSÃO FÍSICA NAS REGIÕES AGRÁRIAS GRÁFICO II6: VARIAÇÃO DA SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL POR REGIÃO AGRÁRIA E CLASSE DE DIMENSÃO FÍSICA (HECTARES) 1999/ GRÁFICO II7: ESTRUTURA ETÁRIA DOS PRODUTORES DO CONTINENTE E RESPECTIVA VARIAÇÃO FACE A GRÁFICO II8: ESTRUTURA DA FORMAÇÃO AGRÍCOLA DOS PRODUTORES DO CONTINENTE E RESPECTIVA VARIAÇÃO FACE A GRÁFICO II9: NÚMERO DE COOPERATIVAS AGRÍCOLAS POR DISTRITO EM 2000 E GRÁFICO II10: EVOLUÇÃO DAS ÁREAS DE POVOAMENTOS POR ESPÉCIE GRÁFICO III1: SALDO COMERCIAL DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL (MILHÕES DE EUROS) GRÁFICO III2: EVOLUÇÃO DA CAPITAÇÃO DIÁRIA DE PROTEÍNAS, HIDRATOS DE CARBONO E GORDURAS ENTRE 1990 E 2008 (1990=100) E ORIGEM DAS PROTEÍNAS, GORDURAS E HIDRATOS DE CARBONO POR PRODUTO ALIMENTAR EM GRÁFICO III3: EVOLUÇÃO DO VABPM AGRÍCOLA (2000=100) GRÁFICO III4: ÍNDICES DE PREÇOS IMPLÍCITOS NA PRODUÇÃO, CONSUMOS INTERMÉDIOS E VAB AGRÍCOLA GRÁFICO III5: EVOLUÇÃO DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS AGRÍCOLAS DE ENERGIA E LUBRIFICANTES E ALIMENTOS PARA ANIMAIS EM VOLUME, VALOR E PREÇO IMPLÍCITO (2000=100) GRÁFICO III6: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES* AGRÍCOLAS E RESPETIVAS COMPONENTES GRÁFICO III7: TAXA DE VARIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES (PTF) E DOS RÁCIOS PRODUÇÃO- CONSUMOS INTERMÉDIOS, PRODUÇÃO-CONSUMO DE CAPITAL FIXO, PRODUÇÃO-TRABALHO E PRODUÇÃO-TERRA GRÁFICO III8: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DA TERRA Pág. 3

4 GRÁFICO III9: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS* AGRÍCOLAS E RESPETIVAS COMPONENTES GRÁFICO III10: EVOLUÇÃO, EM VOLUME, DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS AGRÍCOLAS COM MAIOR PESO NA ESTRUTURA GRÁFICO III11: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE PARCIAL DO TRABALHO* AGRÍCOLA E RESPETIVAS COMPONENTES GRÁFICO III12: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO CAPITAL FIXO* AGRÍCOLA E RESPETIVAS COMPONENTES GRÁFICO III13: COMPOSIÇÃO E EVOLUÇÃO DO VABCF, PREÇOS CORRENTES (MILHÕES DE EUROS) GRÁFICO III14: ÍNDICES DE PREÇOS IMPLÍCITOS NO VABCF AGRÍCOLA E NO PIB GRÁFICO III15: COMPARAÇÃO NÍVEL DE VIDA NA AGRICULTURA COM ECONOMIA (%) GRÁFICO III16: ÍNDICES DE PREÇOS DOS BENS ALIMENTARES NO PRODUTOR, INDÚSTRIA E CONSUMIDOR GRÁFICO III17: EVOLUÇÃO DO N.º DE SEGURADOS E DO CAPITAL SEGURO NO SIPAC ( ) GRÁFICO III18: EVOLUÇÃO DO VABPB SILVÍCOLA (2000=100) GRÁFICO III19: ÍNDICES DE PREÇOS IMPLÍCITOS NA PRODUÇÃO, CONSUMOS INTERMÉDIOS E VAB SILVÍCOLA. 79 GRÁFICO III20: ESTRUTURA DA PRODUÇÃO SILVÍCOLA 2011, A PREÇOS BASE (%) GRÁFICO III21: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE PARCIAL DO TRABALHO* SILVÍCOLA E RESPETIVAS COMPONENTES GRÁFICO III22: RENDIMENTO EMPRESARIAL LÍQUIDO DA SILVICULTURA (MILHÕES DE EUROS) GRÁFICO III23: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE PARCIAL DO TRABALHO* NAS IABT E RESPETIVAS COMPONENTES GRÁFICO III24: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE PARCIAL DO TRABALHO* NAS IF E RESPETIVAS COMPONENTES GRÁFICO III25: ÍNDICE DE PREÇOS IMPLÍCITOS NO VAB DAS IABT E NO PIB GRÁFICO III26: ÍNDICE DE PREÇOS IMPLÍCITOS NO VAB DAS IF E NO PIB GRÁFICO III27: ÍNDICE DE PREÇOS INDUSTRIAIS - INDÚSTRIAS ALIMENTARES, DAS BEBIDAS E DO TABACO GRÁFICO III28: ÍNDICE DE PREÇOS INDUSTRIAIS - INDÚSTRIAS FLORESTAIS GRÁFICO III29: ÍNDICES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL - INDÚSTRIAS ALIMENTARES, DAS BEBIDAS E DO TABACO.. 87 GRÁFICO III30: ÍNDICES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL - INDÚSTRIAS FLORESTAIS GRÁFICO IV1: ESTRUTURA SETORIAL DO VAB NAS ZONAS RURAIS EM 2000 E 2011 (%) GRÁFICO IV2: ESTRUTURA SETORIAL DO EMPREGO NAS ZONAS RURAIS EM 2000 E 2010 (%) GRÁFICO IV3: TAXA DE VARIAÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE ENTRE 2000 E 2012 (%) GRÁFICO IV4: TAXA DE VARIAÇÃO DA POPULAÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR EM PORTUGAL CONTINENTAL ENTRE 1999 E 2009 (%) Pág. 4

5 GRÁFICO IV5: ESTRUTURA DA CAPACIDADE DE ALOJAMENTO POR MODALIDADE DE HOSPEDAGEM NO TURISMO DE ESPAÇO RURAL DO CONTINENTE GRÁFICO IV6: ESTRUTURA DAS DORMIDAS POR TIPO DE ALOJAMENTO TURÍSTICO NO CONTINENTE GRÁFICO IV7: ESTRUTURA DAS DORMIDAS POR MODALIDADE DE HOSPEDAGEM NO TURISMO DE ESPAÇO RURAL DO CONTINENTE GRÁFICO VI1: DISTRIBUIÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA POR SECTOR DE ATIVIDADE GRÁFICO VI2: EFICIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DA ÁGUA PELA AGRICULTURA GRÁFICO VI3: CONSUMO DE ÁGUA POR HECTARE DE SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL (MIL M 3 /HA) GRÁFICO VI4: BALANÇO DO AZOTO À SUPERFÍCIE DO SOLO EM PORTUGAL GRÁFICO VI5: BALANÇO DO AZOTO POR HECTARE (KG N/HA) GRÁFICO VI6: BALANÇO DO FÓSFORO À SUPERFÍCIE DO SOLO EM PORTUGAL GRÁFICO VI7: BALANÇO DO FÓSFORO POR HECTARE (KG P/HA) GRÁFICO VI8: EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS GRÁFICO VI9: VENDA DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS DE 1999 A GRÁFICO VI10: QUALIDADE DO AR - EMISSÕES DE NH 3 NACIONAIS E PELA AGRICULTURA GRÁFICO VI11: QUALIDADE DO AR - EMISSÕES DE NH 3 POR FONTE AGRÍCOLA EM GRÁFICO VI12: INTENSIFICAÇÃO/EXTENSIFICAÇÃO DA AGRICULTURA GRÁFICO VI13: ÍNDICE DAS AVES COMUNS DAS ZONAS AGRÍCOLAS (IACZA) PARA O PERÍODO DE 2004 A GRÁFICO VI14: EVOLUÇÃO DO EFETIVO DE FÊMEAS DAS RAÇAS AUTÓCTONES DE BOVINOS, OVINOS, CAPRINOS, EQUÍDEOS E SUÍNOS DE 2000 A GRÁFICO VI15: ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS HABITATS POR TIPO DE HABITAT GRÁFICO VI16: EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA PELA AGRICULTURA, FLORESTA E INDÚSTRIA ALIMENTAR GRÁFICO VI17: CONSUMO FINAL DA AGRICULTURA POR TIPO DE ENERGIA PORTUGAL GRÁFICO VI18: EVOLUÇÃO DA INTENSIDADE ENERGÉTICA DA AGRICULTURA EM PORTUGAL E UE GRÁFICO VI19: EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL TOTAL E FLORESTAL GRÁFICO VI20: ÁREA AGRÍCOLA EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO (HA) GRÁFICO VII1: EMISSÕES GEE DO SECTOR AGRÍCOLA DE 2000 A GRÁFICO VII2: EVOLUÇÃO DA ÁREA ARDIDA ANUAL, ENTRE POVOAMENTOS E MATOS, E DO Nº DE OCORRÊNCIAS ENTRE 1980 E LISTA DE FIGURAS FIGURA I1: IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA E FLORESTA NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO 2009 (%) FIGURA II1: AGRICULTURA POR REGIÃO, DIMENSÃO ECONÓMICA E ORIENTAÇÃO PRODUTIVA EM Pág. 5

6 FIGURA II2: PADRÕES DE ORIENTAÇÃO PRODUTIVA DO TERRITÓRIO FIGURA II3: CENÁRIOS DE EVOLUÇÃO DAS PRODUTIVIDADES AGRÍCOLAS MÉDIAS PARA A EUROPA PARA O FINAL DO SÉC. XXI, FACE AOS VALORES ATUAIS FIGURA VI1: EROSÃO HÍDRICA DO SOLO (TONELADAS POR HA POR ANO), 2006, UE-27, NUTS FIGURA VI2: IDENTIFICAÇÃO DAS ZONAS VULNERÁVEIS DO CONTINENTE FIGURA VI3: PESO DA SUPERFÍCIE TERRITORIAL SUJEITA A CONDICIONALIDADE EM FIGURA VI4: AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO E TENDÊNCIA DAS TERRAS FIGURA VI6: REDE NATURA FIGURA VI6: DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS TIPOS DE ÁREAS CLASSIFICADAS DA REDE NATURA 2000 EM PORTUGAL CONTINENTAL FIGURA VII1: ÍNDICE DE ARIDEZ ( ) E EVOLUÇÃO EM RELAÇÃO A FIGURA VII2: CENÁRIOS DE EVOLUÇÃO DE TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO MÉDIAS PARA A EUROPA PARA O FINAL DO SÉC. XXI, FACE AOS VALORES ATUAIS LISTA DE QUADROS QUADRO I1: DADOS DEMOGRÁFICOS E DE TERRITÓRIO PARA 2012 E 2006 (CLASSES DE USO DO SOLO) - CONTINENTE QUADRO I2: PIB E SUAS COMPONENTES, PIBPC, TAXA DE EMPREGO, TAXA DE DESEMPREGO, DÉFICE E DÍVIDA PÚBLICA E SALDO COMERCIAL DA ECONOMIA PORTUGUESA QUADRO I3: IMPORTÂNCIA DOS SETORES DE ATIVIDADE NO VAB (%) QUADRO I4: IMPORTÂNCIA DOS SETORES DE ATIVIDADE NO EMPREGO (%) QUADRO I5: PRODUTIVIDADE DO TRABALHO POR SETOR DE ATIVIDADE QUADRO I6: IMPORTÂNCIA DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL NO PIB (%) QUADRO I7: IMPORTÂNCIA DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL NO EMPREGO (%) QUADRO I8: IMPORTÂNCIA DO COMPLEXO AGROFLORESTAL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS E SERVIÇOS (%) QUADRO II1: COMPONENTES DA SAU POR DIMENSÃO FISICA DAS EXPLORAÇÕES EM QUADRO II2: PESO DAS COMPONENTES DA SAU POR DIMENSÃO FISICA DAS EXPLORAÇÕES EM QUADRO II3: COMPONENTES DA SAU POR DIMENSÃO FISICA DAS EXPLORAÇÕES EM QUADRO II4: PESO DAS COMPONENTES DA SAU POR DIMENSÃO FISICA DAS EXPLORAÇÕES EM QUADRO II5: INDICADORES POR CLASSES DE DIMENSÃO ECONÓMICA DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS (2007) 32 QUADRO II6: TAXA DE VARIAÇÃO2009 / 1999, DA SAU, Nº DE EXPLORAÇÕES DE DIMENSÃO MÉDIA POR CLASSE DE SAU (%) QUADRO II7: TAXA DE VARIAÇÃO2009 / 1999, DAS COMPONENTES DA SAU, POR CLASSE DE SAU QUADRO II8: VARIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DA SAU 2009/1999 POR REGIÃO AGRÁRIA Pág. 6

7 QUADRO II9: A IMPORTÂNCIA DA SUPERFICIE TERRITORIAL E DAS ÁREAS FLORESTAIS SEGUNDO A DIMENSÃO FÍSICA DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS QUADRO II10: PROPORÇÃO DAS ÁREAS FLORESTAIS NA ÁREA TERRITORIAL SEGUNDO A DIMENSÃO FÍSICA DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS QUADRO II11: A IMPORTÂNCIA DA SUPERFICIE TERRITORIAL E DAS ÁREAS FLORESTAIS SEGUNDO A REGIÃO AGRÁRIA QUADRO II12: PROPORÇÃO DAS ÁREAS FLORESTAIS NA ÁREA TERRITORIAL SEGUNDO A REGIÃO AGRÁRIA QUADRO II13: SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL POR REGIÃO AGRÁRIA QUADRO III1: TAXA DE VARIAÇÃO ANUAL DO PRODUTO DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL E DE SUAS COMPONENTES QUADRO III2: TAXA DE VARIAÇÃO ANUAL DO EMPREGO DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL E DE SUAS COMPONENTES QUADRO III3: TAXA DE VARIAÇÃO ANUAL DO COMÉRCIO INTERNACIONAL DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL E SUAS COMPONENTES, PREÇOS CORRENTES (%) QUADRO III4: REPARTIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES AGROALIMENTARES E PESCA POR PRODUTO, EM 2011 (%) QUADRO III5: REPARTIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS FLORESTAIS, EM 2011 (%) QUADRO III6: GRAU DE AUTOAPROVISIONAMENTO 1 DE BENS ALIMENTARES 2 (%) QUADRO III7: GRAU DE AUTOAPROVISIONAMENTO DE ALGUNS PRODUTOS ALIMENTARES QUADRO III8: GRAU DE AUTOAPROVISIONAMENTODE BENS FLORESTAIS 2 (%) QUADRO III9: GRAU DE AUTOAPROVISIONAMENTO DE ALGUNS PRODUTOS FLORESTAIS QUADRO III10: TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO ANUAL DA PRODUÇÃO, DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS, DO VAB AGRÍCOLA E DO PIB (%) QUADRO III11: EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO, CONSUMOS INTERMÉDIOS E VABPM AGRÍCOLAS E PIBPM (VALOR, VOLUME E PREÇOS) QUADRO III12: ESTRUTURA DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS E RESPETIVA VARIAÇÃO (%) QUADRO III13: ESTRUTURA DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA E RESPETIVA VARIAÇÃO QUADRO III14: PRODUÇÃO, EMPREGO E PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA (%) QUADRO III15: O INVESTIMENTO NA ATIVIDADE AGRÍCOLA A PREÇOS CORRENTES QUADRO III16: PRODUTO, EMPREGO E RENDIMENTO DA ATIVIDADE AGRÍCOLA QUADRO III17: EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO, CONSUMOS INTERMÉDIOS E VAB SILVÍCOLAS E PIBPM (VALOR, VOLUME E PREÇOS) QUADRO III18: TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO ANUAL DA PRODUÇÃO, DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS, DO VAB SILVÍCOLA E DO PIB (%) Pág. 7

8 QUADRO III19: ESTRUTURA DA PRODUÇÃO SILVÍCOLA 2010 E RESPETIVA VARIAÇÃO FACE A 2009, A PREÇOS BASE (%) QUADRO III20: EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO, EMPREGO E PRODUTIVIDADE SILVÍCOLA QUADRO III21: PRODUTO, EMPREGO E PRODUTIVIDADE NAS IABT QUADRO III22: PRODUTO, EMPREGO E PRODUTIVIDADE NAS IF QUADRO IV1: PESO DA POPULAÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR NA POPULAÇÃO RESIDENTE (%) QUADRO IV2: ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO QUADRO IV3: NÍVEL DE ESCOLARIDADE DA POPULAÇÃO RESIDENTE QUADRO IV4: PRODUTOS COM NOMES PROTEGIDOS E A PRODUÇÃO NACIONAL QUADRO IV5: ESTRUTURA DOS ALOJAMENTOS TURÍSTICOS COLETIVOS QUADRO IV6: IMPORTÂNCIA DAS ZONAS RURAIS NA CAPACIDADE DE ALOJAMENTO DO CONTINENTE (%) QUADRO IV7: CAPACIDADE DE ALOJAMENTO QUADRO IV8: CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE TURISMO EM ESPAÇO RURAL QUADRO VI1: QUADRO-SÍNTESE ÁGUA QUADRO VI2: AREA DAS ZONAS VULNERÁVEIS A NITRATOS QUADRO IX1: INDICADORES COMUNS DE CONTEXTO SOCIOECONÓMICO E RURAL QUADRO IX2: INDICADORES COMUNS DE CONTEXTO SOCIOECONÓMICO E RURAL(CONTINUAÇÃO) QUADRO IX3: INDICADORES COMUNS DE CONTEXTO SETORIAL/AGRICULTURA QUADRO IX4: INDICADORES COMUNS DE CONTEXTO SETORIAL/AGRICULTURA (CONTINUAÇÃO) QUADRO IX5: INDICADORES COMUNS DE CONTEXTO AMBIENTE/CLIMA QUADRO IX6: INDICADORES COMUNS DE CONTEXTO AMBIENTE/CLIMA (CONTINUAÇÃO) Pág. 8

9 SUMÁRIO EXECUTIVO O presente documento procura contribuir para uma leitura global do objeto e âmbito de influência do futuro Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) de Portugal Continental, para o período , reunindo um conjunto de informação e de análise, que cobre indicadores comuns de contexto propostos pela Comissão Europeia e indicadores considerados pertinentes face às especificidades nacionais, bem como informação de natureza qualitativa, constituindo assim uma peça importante para a conceção e estruturação do futuro PDR. O documento procura enquadrar e descrever os principais aspetos que caracterizam o desenvolvimento rural em Portugal Continental, nas dimensões económica, social, territorial e ambiental no período Inclui ainda, a síntese dos indicadores comuns que serviram de base ao seu desenvolvimento e um anexo relativo a uma análise setorial. A evolução da economia nacional no período evidenciou dificuldades importantes - queda do investimento, consumo a crescer mais do que o produto e consequente défice elevado na Balança de Bens e Serviços (cerca de 9% PIB). As causas apontadas para esta evolução prendem-se, entre outros fatores, com a deslocação da atividade económica para os sectores de bens não transacionáveis e, portanto, menos indutores de crescimento da produtividade. O período foi marcado pela recessão económica, diminuição do PIB e da procura interna e aumento do desemprego, não obstante o contributo positivo das exportações e da diminuição das importações. Os dados relativos ao Complexo Agroflorestal (CAF), um sector de bens transacionáveis, são demonstrativos da situação descrita diminuição de recursos afetados ao sector, diminuição do seu peso no PIB e emprego (mas acompanhado de crescimento da importância nas exportações) e crescimento do défice alimentar, o qual resultou de um aumento do consumo de bens alimentares superior ao aumento verificado ao nível da produção. Com efeito, as indústrias têm sido o segmento do CAF com uma evolução mais positiva, com o crescimento do produto e das exportações muito acima do conjunto da economia portuguesa. É assim de apontar que valorização das matérias-primas nos processos de transformação produz uma transferência para jusante do valor, a qual pode representar um efeito redistributivo do valor a favor deste segmento da cadeia de valor. Embora existam processos de integração / participação vertical nem sempre reproduzidos na representação estatística. A agricultura, apesar de dados positivos recentes, registou num longo período uma reduzida capacidade em aumentar o produto. Em resultado, registou-se o aumento do défice alimentar Pág. 9

10 nacional, um dos défices estruturais da balança comercial nacional, já que a procura de bens agroalimentares teve um aumento muito significativo. Mesmo o subsector mais dinâmico do complexo no passado recente, a indústria agroalimentar, tem registado um crescimento insuficiente para responder às necessidades da população portuguesa. A evolução do produto agrícola, em volume, tem sido acompanhada de um decréscimo acentuado da sua valorização, devido, ao aumento muito superior dos preços dos consumos intermédios face aos preços da produção, exercendo uma pressão negativa significativa sobre os rendimentos dos agricultores. Acresce que o crescimento da produção tem dependido parcialmente de setores fortemente consumidores de consumos intermédios, nomeadamente importados, que se traduziu no decréscimo da produtividade dos consumos intermédios. Saliente-se contudo, que apesar da forte diminuição de recursos que lhe são afetados, em particular, do volume de trabalho, que se traduz num aumento significativo da produtividade parcial do trabalho, a evolução da agricultura portuguesa tem demonstrado uma tendência de estabilidade do Valor Acrescentado Bruto gerado. Em termos de sinais positivos destaca-se ainda o grande aumento das exportações. Há que ter em conta que o tecido agrícola português é muito diversificado em termos regionais, de dimensão e de orientação produtiva. Podem considerar-se dois grandes tipos de agricultura: A Agricultura mais profissionalizada, com produtividades semelhantes às do resto da economia, que recorre numa maior proporção à mão-de-obra assalariada, que é essencialmente de Grande e Média Dimensão Económica e mais especializada. Sendo responsável pela maioria da produção, ocupa a maior parte da SAU e representa um número mais reduzido de agricultores. A Agricultura familiar, associada a explorações de reduzida dimensão física e de Pequena e Muito Pequena Dimensão Económica - pouco especializadas ou não especializadas - frequentemente caracterizada pela pluriatividade e pelo plurirrendimento dos agregados familiares que apresentam custos de oportunidade baixos. Está particularmente presente nas regiões Norte, Centro e Algarve, corresponde à maioria dos agricultores, mas tem uma importância menor em termos de valor da produção e proporção da SAU. Os seus contributos relativos, nomeadamente, em termos económicos e sociais são diferenciados em função das suas características: se as primeiras têm um importante papel em Pág. 10

11 termos de competitividade da economia portuguesa, as pequenas explorações são essenciais numa ótica de preservação do ambiente e gestão dos recursos naturais, de preservação da ocupação humana e económica das zonas rurais e de inclusão social, representando ainda uma parte importante da oferta de bens agrícolas. Nos últimos dez anos, verificou-se um aumento da dimensão média das explorações, em resultado da redução do número de pequenas explorações, muito superior ao verificado com a superfície agrícola utilizada (SAU). Paralelamente, assistiu-se a um aumento do número e a uma reestruturação do tecido produtivo nas explorações de maior dimensão consubstanciado na transferência de culturas aráveis para pastagens, no sentido de uma agricultura mais extensiva. Apesar disso, a falta de dimensão económica continua a constituir um dos problemas económicos principais das explorações agrícolas portuguesas, quer porque não lhes permite reduzir custos por efeitos de economias de escala quer porque lhes confere um fraco poder negocial na cadeia alimentar, o que se tem refletido no diferencial entre a evolução dos preços dos bens adquiridos e vendidos. De facto, o grau de organização e concentração da produção agrícola é baixo quando comparado com a UE, embora se verifique uma resposta muito positiva dos agricultores aos incentivos políticos neste domínio. As condições edafo-climáticas provocam uma grande variabilidade da produção que, sem uma gestão adequada, conferem um risco individual demasiado grande a parte das atividades agrícolas. Para além disso, deve-se ter presente que o regadio assume uma importância decisiva para a redução da vulnerabilidade dos sistemas de produção agrícola através do armazenamento da água, o qual permite a regularização inter e intra-anual da sua disponibilidade para as culturas, mais premente ainda num contexto de alterações climáticas e de ocorrência de fenómenos extremos como a seca. A atividade florestal tem vindo a sofrer quebras de produtividade para o que têm contribuído os incêndios e danos causados por agentes bióticos nocivos cujos efeitos se têm vindo a agravar com as alterações climáticas. Em termos de rendimento empresarial esta quebra é ainda mais acentuada resultante da forte degradação dos preços da produção silvícola face aos preços dos consumos intermédios, num sector muito fragmentado associado a uma frágil organização da produção o que lhe confere baixa capacidade negocial. As zonas rurais que representam cerca de 33% da população e 81,4% do território apresentam um conjunto de fragilidades que são explicadas em parte pela dependência significativa de Pág. 11

12 uma atividade agrícola realizada em pequenas explorações e que proporciona níveis de rendimento baixos. Apesar disso, a existência desse tecido agrícola fragmentado em pequenas explorações dá a possibilidade de inclusão social ou de amortecimento da pobreza para muitas pessoas, muitas vezes idosas e com baixos níveis de educação, desempenhado o setor um papel insubstituível no curto e médios prazos nesse domínio, dado o contexto de recessão económica e persistência de desemprego muito elevado atualmente existente. Por outro lado, o desenvolvimento socioeconómico leva a que uma proporção considerável das pessoas que desenvolviam atividade na agricultura saiam para outros sectores, o que obriga, na maior parte dos casos, a que se desloquem para zonas urbanas, com reflexos negativos sobre o tecido económico-social das zonas rurais: a saída de pessoas da atividade e a não utilização da terra para fins agrícolas e florestais tem contribuído para o abandono destes territórios, com poucas alternativas para absorver estes recursos. A fraca capacidade de inovação da estrutura produtiva do CAF esta associada à baixa qualificação dos produtores, à escassez de meios financeiros, à demora no retorno dos benefícios, à desadequação dos incentivos públicos e às dificuldades de acesso ao crédito. Ainda de referir, que às restrições ao financiamento e aos problemas de execução orçamental das entidades públicas do sistema I&DT, com peso significativo no I&D da agricultura, acresce ainda uma deficiente orientação da resposta do sistema I&D às necessidades dos agricultores e das empresas resultante da falta de articulação entre as várias entidades constituintes do ciclo de inovação. O papel da agricultura e floresta na preservação do ambiente é incontornável. Destaca-se a interdependência na proteção e gestão dos recursos naturais, em que estes sectores têm revelado uma melhoria do seu desempenho ambiental. A diminuição do consumo de água pela agricultura a par da estabilização do seu produto traduziu-se numa maior eficiência na utilização da água pelo sector, que adotou métodos de rega mais eficientes, do ponto de vista da qualidade da água verificou-se uma redução da pressão do uso de fertilizantes e de produtos fitofarmacêuticos sobre este recurso. Ainda assim, continuam a persistir situações localizadas de poluição com nitratos de origem agrícola e um insuficiente tratamento e valorização de efluentes da pecuária intensiva. A atividade agrícola é responsável pela emissão de GEE, como o metano e o óxido nitroso, e da amónia. Verificou-se uma redução na última década, por um lado, do consumo de fertilizantes Pág. 12

13 e de energia pela agricultura e, por outro, das emissões de GEE (e de amónia), no entanto a tendência de aumento do risco meteorológico de incêndio face aos cenários de alterações climáticas, têm impactos negativos na qualidade do ar. Saliente-se que, a agricultura e, sobretudo, a floresta contribuem positivamente para a qualidade do ar, não apenas pelo efeito de sequestro de carbono, mas também por contribuírem para a produção de energias renováveis, nomeadamente a biomassa florestal, concorrendo para a redução de consumo de combustíveis fósseis por parte da economia. O alargamento da área suscetível à desertificação, com a tendência de agravamento da mesma, associada à maior suscetibilidade à erosão hídrica e redução do teor de matériaorgânica do solo em Portugal, deverão aumentar o risco de condições restritivas de produção nas explorações agrícolas e florestais. Atualmente, a erosão hídrica é o principal processo de degradação do solo nas condições edafo-climáticas mediterrânicas de Portugal, encontrandose 18,6% da superfície agrícola em risco moderado a elevado. A dificuldade de remuneração abrangente dos valores ligados à biodiversidade, nomeadamente de ecossistemas agrícolas e florestais, associada aos efeitos positivos do sequestro do carbono da biomassa e da matéria-orgânica do solo, justifica a presença de áreas ligadas à conservação da mesma. De facto, cerca de 19,5% da área de povoamentos florestais e de 18,4% da SAU do Continente inserem-se na Rede Natura 2000, e 51,8% da SAU corresponde a áreas de elevado valor natural. A alteração da paisagem agrícola para sistemas de produção mais extensivos, sistemas de produção baseados em raças autóctones e variedades vegetais tradicionais e a adoção de modos de produção com um desempenho ambiental mais elevado, contribuiu para a diminuição da pressão sobre os recursos naturais, nomeadamente a água, solo, ar e biodiversidade. O CAF pode ter, portanto, um contributo para a recuperação económica, através do relançamento do investimento, do aumento do valor acrescentado, do crescimento das exportações e substituição de importações, com consequente reflexo na diminuição do défice estrutural da Balança de Bens e Serviços, de forma economicamente viável, ambientalmente sustentável e territorialmente equilibrada. Pág. 13

14 I. SOCIO ECONOMIA I.1 ENVOLVENTE PERDA DE POPULAÇÃO NAS ZONAS RURAIS O Continente português, a unidade de análise territorial do PDR, ocupa uma superfície de km2, da qual 70% corresponde a área agrícola e florestal, e abrange uma população de mil habitantes, em média 113 habitantes por km 2. É nas zonas urbanas que se localiza 48,8% da população do Continente, seguida das zonas rurais com 33,3%. Entre 2000 e 2012 a população cresceu 3,2%. No entanto, nesse período, as zonas rurais 1 perderam 1,7%, enquanto as zonas urbanas ganharam 5,3% da população do continente. ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO Em 2012, 14,7% da população tinha menos de 14 anos e 19,7% mais de 65 anos, o que evidencia uma população envelhecida. O índice de envelhecimento, o rácio entre a população com mais de 65 anos e a população até 14 anos, atingiu o valor mais elevado do período (109,3% em 2004 face a 134,1% em 2012), associado designadamente a uma diminuição da fecundidade e aumento da longevidade da população. 1 Em 2010, a Comissão Europeia adoptou uma nova tipologia de regiões predominantemente rurais, intermédias e predominantemente urbanas baseada numa variação da metodologia OCDE previamente utilizada. No caso de Portugal, as sub-regiões NUTS III consideradas predominantemente urbanas são: Ave, Grande Porto, Entre Douro e Vouga, Grande Lisboa e Península de Setúbal. As sub-regiões intermédias são: Cávado, Tâmega, Baixo Vouga e Algarve. As restantes sub-regiões são consideradas predominantemente rurais. Pág. 14

15 QUADRO I1: DADOS DEMOGRÁFICOS E DE TERRITÓRIO PARA 2012 E 2006 (CLASSES DE USO DO SOLO) - CONTINENTE Nº % Taxa de crescimento médio anual (%) Nota: População rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010); População: dados provisórios Fonte: GPP, a partir de Eurostat e Corine Land Cover 2006 EEA. Taxa de variação (%) População (mil hab.) ,0 0,3 3, anos , anos ,6 >=65 anos ,7 Rural ,3-0,1-1,7 Intermédia ,0 0,6 7,4 Urbana ,8 0,4 5,3 Índice de envelhecimento Total 134,1 Rural 181,2 Superfície (km2) ,0 agrícola ,3 pastagens naturais ,9 florestal ,7 floresta ou vegetação arbustiva de transição ,9 natural ,4 artificial ,5 Outra ,3 Rural ,4 Intermédia ,0 Urbana ,6 Densidade populacional (hab/km2) - Total 112,7 Rural 46,1 PERÍODO PÓS 2007: RETRAÇÃO ECONÓMICA EM PORTUGAL E AUMENTO DO DESEMPREGO QUADRO I2: PIB E SUAS COMPONENTES, PIBPC, TAXA DE EMPREGO, TAXA DE DESEMPREGO, DÉFICE E DÍVIDA PÚBLICA E SALDO COMERCIAL DA ECONOMIA PORTUGUESA P- Dados provisórios Fonte: Contas Nacionais, INE e Eurostat Data de versão dos dados: Abril Taxa de variação em volume anual (%) PIB 3,9 2,4 0,0-2,9 1,9-1,6-3,2 0,5 1,5-0,6 Consumo Privado 3,8 2,4 1,3-2,4 2,6-3,8-5,6 0,5 1,8-0,9 Consumo público 4,2 0,5 0,3 4,7 0,1-4,3-4,4 1,0 2,0-0,5 Investimento 1,6 2,1-0,1-13,3 1,4-13,8-13,7-3,5-0,7-6,2 Procura interna 3,3 2,0 0,8-3,3 1,8-5,8-6,8-0,2 1,3-1,9 Exportações 8,8 7,5-0,1-10,9 10,2 7,2 3,3 3,9 5,1 2,9 Importações 5,6 5,5 2,3-10,0 8,0-5,9-6,9 1,2 3,5-1,2 PIB per capita P em ppc (UE27=100) 81,0 78,6 77,9 80,2 80,3 77,3 n.d. 79,2 79,3 78,9 em valor (10 3 euros) 12,5 16,0 16,2 15,9 16,3 16,1 n.d. 14,8 14,1 16,1 em valor (10 3 ppc) 15,5 19,6 19,5 18,8 19,7 19,5 n.d. 17,9 17,1 19,4 Taxa de Emprego anos - % 73,5 72,6 73,1 71,2 70,5 69,1 66,5 71,9 73,0 70, anos - % 68,3 67,8 68,2 66,3 65,6 64,2 61,8 67,0 68,1 65,7 Taxa de Auto-emprego anos - % 20,3 19,0 18,8 18,5 17,5 16,5 16,8 19,4 20,5 17,9 Taxa de desemprego - % 3,9 8,0 7,6 9,5 10,8 12,7 15,7 8,1 6,2 10,7 Défice público - % do PIB -3,3-3,2-3,7-10,2-9,9-4,4-6,4-5,2-4,2-6,3 Dívida pública - % do PIB 50,5 68,3 71,6 83,7 94,0 108,3 123,6 73,2 58,8 91,6 Saldo comercial em volume (bens e serviços) - % do PIB -9,6-8,3-9,3-8,9-8,8-4,2-0,3-7,8-8,7-6,7 2012P Média Pág. 15

16 Em Portugal, no período , o PIB decresceu 0,6% em média anual e refletiu essencialmente a queda da procura interna (-1,9%), influenciada em particular pelas componentes de consumo privado (-0,9%) e investimento (-6,2%), não obstante o contributo positivo das exportações (2,9%) e o decréscimo das importações (-1,2%). No quadro de recessão da economia portuguesa, a taxa de desemprego a nível nacional atingiu o máximo de 15,7%, e acima do registado nas principais economias avançadas e na zona euro, 8% e 11,1% 2, respetivamente. Saliente-se o crescimento do desemprego jovem que atingiu os 37,7% em Nas zonas rurais, as taxas de desemprego, embora elevadas, são sensivelmente mais baixas do que as registadas a nível nacional, atingindo, em 2012, os 13,2%, e 35,5% no caso do desemprego jovem. 3 O mesmo se verifica analisando a taxa de emprego 4, a qual tem vindo a diminuir, registando um decréscimo de 6,1p.p. no período Em 2012, a taxa de emprego a nível do nacional fixou-se nos 69,9% e 63,1%, respetivamente para homens e mulheres. 5 Nas zonas rurais, a taxa de emprego (15-64 anos) é superior à verificada a nível nacional (62,8% face a 61,8% para Portugal). No que respeita à taxa de auto emprego verifica-se igualmente uma quebra no período (17,9%) face ao período (20,5%). 6 Em termos de comércio internacional, o bom desempenho das exportações e a diminuição das importações permitiram uma melhoria do défice da Balança de Bens e Serviços em Os sinais anunciadores da atual recessão encontram-se nos anos anteriores: queda do investimento, consumo privado e público a crescer mais do que o produto e défice elevado na Balança de Bens e Serviços (cerca de 9% PIB), o que significa a transferência de recursos para o exterior ao invés de contribuírem para estimular a economia nacional. As causas apontadas para esta evolução prendem-se, entre outros fatores, com a deslocação da atividade económica para sectores de bens não transacionáveis e, portanto, menos indutores de crescimento da produtividade. 2 Fonte: OCDE. 3 No continente, a taxa de desemprego atingiu os 15,6% em 2012, e especificamente a taxa de desemprego jovem os 37,3%. 4 Taxa de emprego (20-64 anos) = População empregada (20-64 anos)/ População residente (20-64 anos). 5 No continente, a taxa de emprego atingiu os 62% em 2012 (65,1% para homens e 58,9% para as mulheres). 6 No continente, a taxa de autoemprego atingiu os 21,2% em No ano 2012, face às estimativas recentes, o saldo da balança comercial melhorou 88,8% face ao ano anterior assumindo um valor de -833 milhões de euros. Pág. 16

17 Como se verá no ponto seguinte, os dados relativos ao complexo agro-florestal, um sector de bens transacionáveis, são demonstrativos da situação descrita diminuição de recursos afetados ao sector, diminuição do seu peso na economia e crescimento do défice alimentar, em resultado de um aumento do consumo de bens alimentares superior ao da produção e indicam o contributo sectorial que deverá ser dado para a recuperação económica: relançamento do investimento, crescimento da produção e das exportações, substituição de importações e consequente reflexo na diminuição do défice estrutural da Balança de Bens e Serviços. AS ZONAS URBANAS GERAM A MAIORIA DO VALOR ACRESCENTADO E DO EMPREGO NACIONAL GRÁFICO I1: DISTRIBUIÇÃO DO VAB E DO EMPREGO NACIONAL POR TIPOLOGIA DE REGIÕES EM 2011 E 2010, RESPETIVAMENTE VAB EMPREGO Rural 28% Rural 33% Urbana 58% Intermédia 14% Urbana 50% Intermédia 17% Nota: população rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010) Fonte: GPP, a partir de Contas Regionais, INE Analisando a distribuição do VAB e do emprego por tipologia de regiões, verificamos que as zonas urbanas são responsáveis por 58% do VAB e 50% do emprego gerado na economia portuguesa, já as zonas rurais geram 28% do VAB e ocupam 33% do emprego nacional. Pág. 17

18 GRÁFICO I2: PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NACIONAL POR TIPOLOGIA DE REGIÕES EM 2010 (EUROS) Rural Intermédia Urbana Nota: população rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010) Fonte: GPP, a partir de Contas Regionais, INE São as zonas urbanas que apresentam a mais elevada produtividade do trabalho, em 2010, com cerca de 31 mil euros de VAB produzidos, em média, por pessoa empregada, seguida das zonas rurais com cerca de 26 mil euros. O SECTOR PRIMÁRIO GERA 2% DO VAB E 11% DO EMPREGO DA ECONOMIA PORTUGUESA P dados preliminares; QUADRO I3: IMPORTÂNCIA DOS SETORES DE ATIVIDADE NO VAB (%) Média P Setor Primário 3,5 2,3 2,2 2,2 2,2 2,0 2,7 3,2 2,7 2,2 Setor Secundário 29,1 25,8 25,1 23,8 24,4 24,4 26,3 28,3 26,3 24,7 Setor Terciário 67,4 71,9 72,6 74,0 73,4 73,5 71,1 68,5 71,0 73,1 Fonte: GPP, a partir de INE. Analisando o peso dos setores de atividade no VAB, verifica-se, ao longo dos anos, uma perda de importância na economia dos setores primário (de 3,5% no início da década para 2% em 2011) e secundário (de 29,1% no início da década para 24,4% em 2011) em favor de uma crescente terciarização da economia, representado quase 74% do VAB nacional em P dados preliminares; QUADRO I4: IMPORTÂNCIA DOS SETORES DE ATIVIDADE NO EMPREGO (%) Média Setor Primário 12,1 11,5 11,2 11,1 11,2 10,9 11,6 12,1 11,6 11,1 Setor Secundário 33,1 28,9 28,8 28,0 26,7 26,1 29,7 32,0 29,7 27,4 Setor Terciário 54,8 59,6 60,0 60,9 62,1 63,0 58,7 55,9 58,6 61,5 Fonte: GPP, a partir de INE. O setor primário, não obstante representar apenas 2% do VAB, concentra 10,9% do emprego nacional em 2010, seguido dos setores secundário (26,1%) e terciário (63%). A evolução Pág. 18

19 verificada nos setores primário e secundário revela uma perda de importância relativa do emprego ao longo subperíodos. PRODUTIVIDADE DO SETOR PRIMÁRIO É INFERIOR A 1/5 DA PRODUTIVIDADE DO SETOR TERCIÁRIO QUADRO I5: PRODUTIVIDADE DO TRABALHO POR SETOR DE ATIVIDADE O setor primário apresenta níveis inferiores de produtividade do trabalho face aos restantes setores da economia. Un: euros/pessoa Setor Primário 6.380, , , , ,4 Setor Secundário , , , , ,2 Setor Terciário , , , , ,5 P dados preliminares; Fonte: GPP, a partir de INE. I.2 O PAPEL DO CAF NA ECONOMIA O COMPLEXO AGRO-FLORESTAL PERDEU PESO NO PIB E IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DO EMPREGO NACIONAL DURANTE A DÉCADA PASSADA O Complexo Agro-Florestal (CAF), que inclui o Complexo Agro Alimentar (agricultura e as indústrias alimentares, bebidas e tabaco) e o Complexo Florestal (silvicultura e as indústrias transformadoras de produtos florestais), gera, aproximadamente, 5,8% do PIB em 2012, quando em 2000 representava 7,5%, verificando-se uma contínua perda de importância relativa no PIB nacional ao longo dos subperíodos compreendidos entre 2000 e O emprego do complexo agro-florestal representa cerca de 13% do emprego total português mas é a agricultura a grande empregadora, com 10,2% (média ). Contudo, também aqui se assiste a uma contínua perda de importância relativa da variável no computo nacional ao longo dos subperíodos compreendidos entre 2000 e QUADRO I6: IMPORTÂNCIA DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL NO PIB (%) P Média 2012 E Preços base Agricultura 2,5 1,7 1,6 1,6 1,6 1,4 1,5 1,9 2,4 2,0 1,6 Ind. Alimentares, Bebidas e Tabaco 2,1 1,9 2,0 2,1 2,1 2,2 2,3 2,1 2,2 2,1 2,1 Silvicultura 0,8 0,5 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,6 0,5 0,4 Ind. Florestais 2,2 1,7 1,5 1,3 1,5 1,6 1,6 1,7 2,0 1,7 1,5 Complexo Agro-Florestal 7,5 5,7 5,5 5,5 5,6 5,6 5,8 6,3 7,1 6,3 5,6 P dados preliminares Fonte: GPP, a partir do INE. Data de versão dos dados: Março de 2013 Pág. 19

20 QUADRO I7: IMPORTÂNCIA DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL NO EMPREGO (%) P Média N.º indivíduos Agricultura 11,5 10,7 10,5 10,7 10,0 9,3 10,8 11,5 11,0 10,2 Ind. Alimentares, Bebidas e Tabaco 2,4 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 Silvicultura 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 Ind. Florestais 2,0 1,7 1,6 1,5 1,5 1,5 1,7 1,9 1,8 1,6 Complexo Agro-Florestal 16,1 14,9 14,7 14,7 14,0 13,3 15,1 15,9 15,3 14,3 P dados preliminares Fonte: GPP, a partir do INE. Data de versão dos dados: Março de 2013 O COMPLEXO AGRO-FLORESTAL TEM UM PESO IMPORTANTE NAS ECONOMIAS REGIONAIS Em termos regionais, o CAF é especialmente importante para a formação do produto regional das sub-regiões do Alto Alentejo, da Lezíria do Tejo, do Baixo Alentejo e, Entre Douro e Vouga. Especificamente, a agricultura é determinante para a formação do produto regional de algumas sub-regiões, localizadas essencialmente a sul - Baixo Alentejo e Alto Alentejo - e ainda no Alto Trás-os-Montes. GRÁFICO I3: PESO DO VAB DO CAF NA ECONOMIA - NUTS III (%) IF IABT Silvicultura Agricultura Fonte: Dados 2008, GPP, a partir de Contas Regionais, INE. Pág. 20

21 O emprego do CAF concentra-se nas zonas norte, centro litoral e sub-regiões Grande Lisboa e Oeste. Contudo, a nível regional, assume especial relevância nas sub-regiões localizadas no interior norte de Portugal, fruto da importância das atividades ligadas à agricultura. GRÁFICO I4: PESO DO EMPREGO DO CAF NA ECONOMIA NUTS III (%) IF IABT Silvicultura Agricultura Fonte: Dados 2008, GPP, a partir de Contas Regionais INE. OS PRODUTOS DO COMPLEXO AGROFLORESTAL SÃO BENS INTERNACIONALMENTE TRANSACIONÁVEIS Os produtos do Complexo Agroflorestal são bens internacionalmente transacionáveis, isto é, que podem ser importados e exportados e estão, portanto, sujeitos à concorrência internacional nos mercados externos e no mercado interno. As atividades do complexo agroflorestal têm um peso importante no comércio internacional representando, atualmente, cerca de 15% dos valores das exportações e 17% das importações da Economia. É de notar o aumento do peso nas exportações ao longo da década, que contrasta com a perda de peso no PIB. SALDO COMERCIAL AGRO-FLORESTAL É ESTRUTURAL NA ECONOMIA PORTUGUESA Globalmente, o saldo da balança comercial agro-florestal é tradicionalmente negativo, mas tem apresentado melhorias significativas. Apesar disso, representa um dos défices estruturais importantes da economia portuguesa. Pág. 21

22 O contributo das componentes do complexo agroflorestal para o saldo comercial é diferente. Enquanto o do complexo agroalimentar é negativo, o do sector florestal é positivo. O complexo florestal representa um contributo importante para a economia nacional, em particular por integrar atividades vocacionadas para o sector exportador. Representou, em 2010, cerca de 6% das exportações de bens e serviços e contribui positivamente para o saldo da balança comercial nacional. QUADRO I8: IMPORTÂNCIA DO COMPLEXO AGROFLORESTAL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS E SERVIÇOS (%) P 2012E Média Complexo Agroalimentar Exportações 5,2 6,5 7,3 8,3 7,9 7,9 8,1 6,6 5,5 6,1 7,7 Importações 10,6 11,1 11,4 12,7 12,1 13,6 14,0 11,7 11,3 11,0 12,5 Saldo comercial 24,9 29,5 24,4 29,3 29,3 60,0 465,6 64,3 29,8 28,9 106,4 Agricultura Exportações 0,5 0,8 1,0 1,2 1,2 1,2 1,3 0,9 0,7 0,8 1,1 Importações 3,4 3,4 3,6 3,6 3,6 4,2 4,3 3,6 3,7 3,4 3,8 saldo comercial 11,0 14,0 12,1 12,6 13,5 28,6 239,7 31,2 13,1 12,5 53,4 IABT Exportações 4,6 5,7 6,4 7,0 6,7 6,8 6,9 5,7 4,8 5,3 6,6 Importações 7,2 7,7 7,8 9,1 8,5 9,4 9,7 8,1 7,6 7,7 8,7 saldo comercial 13,8 15,5 12,3 16,7 15,8 31,4 225,9 33,1 16,7 16,3 53,0 Complexo Florestal Exportações 7,4 5,9 5,6 5,6 6,0 6,8 6,9 6,5 7,0 6,4 6,2 Importações 3,4 3,0 2,7 2,9 2,9 3,1 3,0 3,1 3,4 3,1 2,9 Saldo comercial -7,0-8,8-6,5-7,5-9,8-27,2-295,9-31,6-7,8-8,6-59,3 Silvicultura Exportações 0,2 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 0,2 0,3 0,2 Importações 0,5 0,3 0,3 0,2 0,3 0,4 0,4 0,3 0,5 0,3 0,3 saldo comercial 1,4 0,3 0,0 0,3 0,6 2,0 14,8 1,8 1,2 0,4 3,0 IF Exportações 7,2 5,6 5,3 5,5 5,8 6,6 6,7 6,2 6,8 6,1 5,9 Importações 2,9 2,7 2,5 2,7 2,6 2,7 2,6 2,8 3,0 2,8 2,6 saldo comercial -8,4-9,0-6,6-7,8-10,3-29,2-310,7-33,4-9,0-9,0-62,3 Complexo Agro-Florestal Exportações 12,6 12,4 13,0 13,9 13,9 14,8 15,0 13,1 12,5 12,5 13,8 Importações 14,0 14,1 14,1 15,6 15,0 16,7 17,0 14,8 14,8 14,2 15,4 Saldo comercial 17,9 20,7 17,9 21,8 19,5 32,8 169,7 32,8 21,9 20,3 47,1 Nota: Uma vez que a balança comercial é deficitária, um valor positivo no saldo comercial significa um contributo negativo para o saldo da Balança Comercial da Economia, por sua vez, um valor negativo no saldo comercial significa um contributo positivo para o saldo da Balança Comercial. A Balança Comercial da Economia regista as transações de comércio internacional de bens e serviços. Alguns dos indicadores apresentados foram construídos contemplando apenas as transações de bens da Economia, dado o carácter maioritário destas no Complexo Agroflorestal. P dados preliminares; E - estimativa Fonte: GPP, a partir de INE. Data de versão dos dados: Março de 2013 I.3 A AGRICULTURA E FLORESTA NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO A AGRICULTURA E A FLORESTA TÊM UM PAPEL IMPORTANTE NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO As áreas com aproveitamento agrícola e florestal ocupam cerca de 70% do território nacional e a população agrícola familiar representa 7,5% da população portuguesa (7% do Continente). Pág. 22

23 Estes valores refletem a importância social, territorial e ambiental das atividades ligadas ao Complexo Agro-Florestal no continente. GRÁFICO I5: IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA E FLORESTA NO TERRITÓRIO Outras superfícies nas explorações; 2% SAU sem coberto florestal; 29% Outras superfícies fora das explorações agrícolas; 30% Superfície florestal com SAU sob coberto; 11% Superfície florestal nas explorações; 9% Superfície florestal fora das explorações agrícolas; 19% Fonte: GPP, a partir de RA2009, INE Na avaliação dessa importância na ocupação do território tenha-se em conta que uma parcela substancial de área florestal possui utilização agrícola sob coberto, num sistema de produção agro-silvo-pastoril característico da região mediterrânica, maioritariamente o de montado. Essa área agrícola é contabilizada simultaneamente como SAU e como superfície florestal, respetivamente, nos censos agrícolas e nos inventários florestais nacionais. É o caso do Alentejo, onde a atividade florestal é realizada maioritariamente em associação com a agricultura, enquanto, por exemplo, no Centro é realizada em regime exclusivo na quase totalidade da área florestal. IMPORTÂNCIA TERRITORIAL DA AGRICULTURA É SIGNIFICATIVA A SAU, a nível do Continente, corresponde a 40% da área territorial. Note-se que, ao nível das NUTS III, varia entre valores extremamente reduzidos no Pinhal Litoral, Pinhal Interior Norte e Pinhal Interior Sul, com respetivamente 7,7%, 5,5% e 5,1%, e valores na ordem dos ¾ do território nas NUTS III Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo Alentejo com respetivamente 73,4%, 79,6% e 75,7%. Pág. 23

24 TENDÊNCIA PARA UMA DIMINUIÇÃO DA SAU E DA POPULAÇÃO AGRÍCOLA A Superfície Agrícola Útil (SAU) é predominante na região do Alentejo, caracterizada pelas explorações de grande dimensão, e a População Agrícola Familiar no norte e centro interior do país (figura I.3), onde predomina o trabalho a tempo parcial na agricultura. Na última década e de acordo como os elementos do Recenseamento Geral da Agricultura, verificou-se uma perda de peso da SAU na superfície da maioria das sub-regiões NUTS III (-5% em Portugal) e uma quebra da população agrícola familiar em todas as sub-regiões (-35,8% em Portugal). FIGURA I1: IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA E FLORESTA NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO 2009 (%) PESO DA FLORESTA NA SUPERFÍCIE TOTAL PESO DA SAU NA SUPERFÍCIE TOTAL PESO DA POP AGRÍCOLA FAMILIAR NA POPULAÇÃO RESIDENTE N N Legenda: Legenda: Fonte: GPP, a partir de RA09 e Inventário Florestal Nacional 2005 A POPULAÇÃO AGRÍCOLA TEM GRANDE EXPRESSÃO SOCIAL NO NORTE E CENTRO Destaca-se a importância do peso social, medido pelo peso da População Agrícola Familiar na População Residente Regional, na região norte e centro interior de Portugal, particularmente expressiva nas sub-regiões do Alto Trás-os-Montes em que 40,9% da população residente é População Agrícola Familiar, do Pinhal Interior Sul (32%), do Douro (31%) e da Beira Interior Norte (26%). Observou-se uma quebra da população agrícola familiar em todas as sub-regiões (-35,8% em Portugal) entre os dois recenseamentos. Pág. 24

25 A maioria da população com atividade agrícola está ligada a explorações de muito pequena ou pequena dimensão económica, onde o plurirrendimento dos agricultores e a atividade a tempo parcial continuam a ter grande expressão, contribuindo para a diversificação dos seus rendimentos, para a viabilidade económica das explorações de menor dimensão e para a redução da vulnerabilidade das famílias em situações de crise (ver cap. II) Pág. 25

26 II. CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS E DA FLORESTA AGRICULTURA DIVERSIDADE DA AGRICULTURA PORTUGUESA Existem em Portugal continental, segundo o Recenseamento Agrícola 2009, explorações agrícolas explorando hectares de Superfície Agrícola Utilizada, ou seja uma dimensão média de 12,74 ha por exploração. O volume de mão-de-obra é de UTA 8, dos quais são UTA s familiares. O efetivo animal é constituído, aproximadamente, por 2 milhões de cabeças normais. Estas explorações apresentam uma notável diversidade a nível regional em termos, nomeadamente, de dimensão física, de dimensão económica, e de orientação técnico económica. FIGURA II1: AGRICULTURA POR REGIÃO, DIMENSÃO ECONÓMICA E ORIENTAÇÃO PRODUTIVA EM 2009 % Fonte: GPP, a partir de RA Aproximadamente pessoas Pág. 26

27 DIVERSIDADE REGIONAL A grande maioria das explorações (70%) e do volume de trabalho (72%) encontra-se no Norte e Centro do Continente, enquanto a SAU se localiza maioritariamente no Alentejo (55%) 9. O Alentejo e a região agrária de Lisboa e Vale do Tejo reúnem 47% da UTA assalariada embora tenham apenas 17% da UTA familiar. A SAU média no Alentejo é de 61,5 hectares sendo 12,7 no conjunto do Continente. A Dimensão Económica média é no Alentejo e na região agrária de Lisboa e Vale do Tejo o dobro da média do Continente. A dimensão física média ao nível das NUTS III vai de 1,95 no Pinhal Interior a 65,7 no Baixo Alentejo, existindo quinze NUTS III com média inferior a 5 hectares e em contrapartida 4 NUTS III com média superior a 48 hectares. PREDOMINAM AS EXPLORAÇÕES DE REDUZIDA DIMENSÃO FÍSICA QUE REPRESENTAM UMA PEQUENA PARTE DA SAU As explorações com menos de 5 hectares representam 75% das explorações do Continente embora reunindo apenas 11% da SAU, esta é constituída, na sua grande maioria, por culturas permanentes e terra arável. Em contrapartida, as explorações com mais de 20 hectares são 7,3% do total de explorações e reúnem 76,2% da SAU, contudo 46,8% da respetiva SAU corresponde a áreas ocupadas com pastagens pobres, reunindo 94,5% área total de pastagens pobres. As explorações no escalão de 5 a 20 hectares são 17,7% das explorações com 13% da SAU. QUADRO II1: COMPONENTES DA SAU POR DIMENSÃO FISICA DAS EXPLORAÇÕES EM 2009 Classes de SAU SAU Terra Arável Cult. Permanentes Past. Sem. e Melh. Past. Pobres Explorações hectares % hectares % hectares % hectares % hectares % nº % < , , , , , ,1 [1,5[ , , , , , ,1 [5,20[ , , , , , ,8 [20,50[ , , , , , ,7 [50,100[ , , , , , ,4 > , , , , , ,8 Total , , , , , ,0 < , , , , , ,0 > , , , , , ,0 Fonte: GPP, a partir do RA 09,INE. 9 2,3 pessoas/exploração ou 1,2 UTA/exploração no Continente Pág. 27

28 QUADRO II2: PESO DAS COMPONENTES DA SAU POR DIMENSÃO FISICA DAS EXPLORAÇÕES EM 2009 Classes de SAU SAU/EXPL Terra Arável Cult.Perm. Past. Sem. e Melh. Past. Pobres SAU % % % % % <1 0,6 24,3 72,3 0,8 2,6 100,0 [1,5[ 2,2 38,8 50,5 5,2 5,6 100,0 [5,20[ 9,4 38,6 42,0 7,8 11,6 100,0 [20,50[ 30,5 42,6 28,0 8,4 21,1 100,0 [50,100[ 69,9 41,5 20,4 7,8 30,3 100,0 > ,9 27,9 7,9 11,4 52,9 100,0 Total 12,8 32,7 19,9 9,6 37,7 100,0 <20 3,3 38,2 46,6 6,5 8,7 100,0 >20 139,9 31,0 11,6 10,6 46,8 100,0 Fonte: GPP, a partir do RA 09,INE. Em termos regionais salienta-se a região agrária Alentejo que reúne 55% da SAU, 31% das Culturas permanentes e 72% das pastagens pobres, sendo que cerca de 49% da SAU no Alentejo se encontra nesta categoria. QUADRO II3: COMPONENTES DA SAU POR DIMENSÃO FISICA DAS EXPLORAÇÕES EM 2009 Regiões SAU Terra Arável Cult. Permanentes Past. Sem. e Melh. Past. Pobres Explorações hectares % hectares % hectares % hectares % hectares % nº % EDM , , , , , ,6 TM , , , , , ,2 BL , , , , , ,8 BI , , , , , ,1 RO , , , , , ,3 ALE , , , , , ,4 ALG , , , , , ,5 Total , , , , , ,0 Fonte: GPP, a partir do RA 09,INE. QUADRO II4: PESO DAS COMPONENTES DA SAU POR DIMENSÃO FISICA DAS EXPLORAÇÕES EM 2009 Regiões SAU/EXPL Terra Arável Cult.Perm. Past. Sem. e Melh. Fonte: GPP, a partir do RA 09,INE. Past. Pobres SAU % % % % % EDM 4,3 40,6 14,3 6,4 38,7 100,0 TM 7,0 23,5 45,4 13,2 17,9 100,0 BL 2,5 56,2 30,7 7,5 5,5 100,0 BI 10,0 29,7 22,7 11,1 36,5 100,0 RO 9,8 42,6 24,4 15,2 17,8 100,0 ALE 61,5 31,3 11,4 8,3 49,1 100,0 ALG 7,1 25,3 51,7 2,2 20,8 100,0 Total 12,7 32,7 19,9 9,6 37,7 100,0 Pág. 28

29 PREDOMINAM AS EXPLORAÇÕES DE REDUZIDA DIMENSÃO ECONÓMICA MAS QUE REPRESENTAM UMA MINORIA DO VALOR DA PRODUÇÃO A dimensão económica média é baixa com 15 mil Euros de VPP. Mas mais uma vez note-se a grande diversidade. Assim, 79% das explorações são de Muito Pequena Dimensão Económica (VPP < ) e 12% de Pequena Dimensão Económica (VPP >= 8000 e < ), num total de 91% das explorações, a que corresponde 78% do volume de trabalho, sendo que 93% destas UTA são familiares. Em contrapartida, as explorações de Média Dimensão Económica (VPP >= e < ) perfazem 6% das explorações, reúnem 20% do VPP total, 27% da SAU e 11% da UTA total. As explorações de Grande Dimensão Económica (>= ) correspondem a 3% do total de explorações, concentram 57% do VPP Total, 40% da SAU e 12% da UTA Total. A estrutura da UTA destas explorações é claramente diferente com 44% de UTA assalariada nas Médias e 82% nas Grandes explorações. Em termos de NUT III a dimensão económica média varia entre 2180 no Pinhal Interior Sul e no Alentejo Litoral. PREDOMINÂNCIA DO TRABALHO NÃO ASSALARIADO No que se refere à proporção de UTA Total assalariada na UTA total, para além das diferenças resultantes da diferente dimensão económica das explorações, verifica-se também uma grande diversidade regional. Assim, e para um valor médio de 20% verifica-se uma variação, nas diversas NUTS III, desde 4% no Pinhal Interior Sul até 54% no Alentejo Central e no Baixo Alentejo. DIVERSIDADE DE ORIENTAÇÕES TÉCNICO-ECONÓMICAS Deve-se realçar a grande importância em número (39%) e em volume de trabalho (40%) das explorações não especializadas (Policultura, Polipecuária e Policultura com Polipecuária) e a importância significativa das explorações especializadas em bovinos (23%) e pequenos ruminantes (17%) na ocupação do território. Existe uma grande diferenciação regional como se pode ver no mapa seguinte. Pág. 29

30 FIGURA II2: PADRÕES DE ORIENTAÇÃO PRODUTIVA DO TERRITÓRIO Fonte: GPP, a partir de RA 09. PLURIATIVIDADE DOS AGRICULTORES A pluriatividade dos agricultores (quer nos sectores industrial e de serviços quer no próprio sector agrícola) e a atividade a tempo parcial continuam a ter grande expressão, contribuindo para a diversificação dos seus rendimentos. Embora esta não especialização reflita um menor profissionalismo, contribui para a viabilidade económica das explorações de menor dimensão e para a redução das dificuldades das famílias em situações de crise. Verifica-se que 50,8% dos agricultores dedicam menos de 50% do tempo à sua exploração, 27,9 % dedicam mais de 50% mas menos de 100% do tempo e apenas 21,2% dedicam a totalidade do seu tempo à exploração. Pág. 30

31 PLURIRRENDIMENTO DOS AGRICULTORES Diretamente relacionado com a pluriatividade verifica-se o correspondente plurirrendimento que provém, quer das outras atividades, de remessas de emigrantes, quer de reformas e outros rendimentos sociais. 25,8% dos agricultores tem atividade exterior renumerada. A dependência do exterior da exploração é mais evidente quando se considera a origem do rendimento do agregado doméstico do produtor, verificando-se que em 84% das explorações este rendimento é principalmente originário do exterior da exploração. Desses 84%, verifica-se que 58% provém de pensões e reformas, 20% de salários do sector terciário e 12% de salários do sector secundário. O plurirrendimento é particularmente importante nas explorações de Pequena e Muito Pequena Dimensão Económica. AGRICULTURA PROFISSIONAL E AGRICULTURA FAMILIAR: DOIS PAPÉIS DISTINTOS Verifica-se dos pontos anteriores que a atividade agrícola portuguesa assenta, fundamentalmente, em dois modos principais de exploração: A Agricultura mais profissional, que recorre numa maior proporção à mão-de-obra assalariada, é essencialmente de Grande e Média Dimensão Económica e mais importante nas explorações especializadas em horto-indústria, horticultura e floricultura, suínos e aves; está mais presente nas regiões do Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo. É responsável pela maioria da produção e ocupa a grande parte da SAU mas representa uma minoria dos agricultores. A Agricultura familiar que tende a ser realizada em explorações de reduzida dimensão física e de Pequena e Muito Pequena Dimensão Económica, com explorações que tendem a ser pouco especializadas ou não especializadas, com frequente recurso ao plurirrendimento e à pluriatividade; está mais presente nas regiões Norte, Centro e Algarve. Corresponde à grande maioria dos agricultores mas é minoritária em termos de valor da produção e proporção da SAU. DUAS REALIDADES: PRODUTIVIDADE DO TRABALHO AGRÍCOLA EM FUNÇÃO DA DIMENSÃO DAS EXPLORAÇÕES O aumento sensível da produtividade parcial do trabalho agrícola em função da dimensão das explorações é confirmado pela análise do indicador MB 10 /UTA 11 por classes de dimensão 10 Margem Bruta - o valor monetário de uma produção (produção bruta) deduzida dos principais custos específicos proporcionais, correspondentes à produção em questão. Pág. 31

32 económica. É possível compreender que essa diferenciação se deve em boa medida, embora não só, ao facto de as quantidades de terra e capital mobilizadas por cada UTA serem fortemente crescentes à medida que aumenta a dimensão das explorações. Desta forma, a produtividade parcial do trabalho, cujo valor médio é bastante inferior ao total da Economia, 6,8 face aos 28,5 mil euros/unidade de trabalho, apresenta nas grandes explorações agrícolas um valor próximo da produtividade média da Economia. A apreciação da produtividade parcial do trabalho terá, assim, que atender à coexistência de tipos de agricultura muito distintos no tecido agrícola português. QUADRO II5: INDICADORES POR CLASSES DE DIMENSÃO ECONÓMICA DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS (2007) Nº Expl. UTA SAU MB SAU/Expl MB/ SAU MB/UTA % ha euros/ha euros MP 77,7 60,6 18,2 16,0 3, P 16,6 20,0 20,4 19,6 16, M 3,9 7,7 17,7 16,6 62, G 1,8 11,7 43,7 47,8 325, Total ,3 583, NOTA: Classificação por classe de DE com base na tipologia comunitária RICA Dimensão Económica MP (Muito Pequenas) < 4800 P (Pequenas) [4800,19200 [ M (Médias) [19200,48000 [ G (Grandes) >= Fonte: GPP, a partir de INE. EVOLUÇÃO NEGATIVA DA SUPERFÍCIE AGRÍCOLA UTILIZADA A SAU do território continental associada a explorações agrícolas recenseadas decresceu 5%, correspondendo a uma perda total de cerca de 186 mil ha. Este fenómeno, de perda de área agrícola, resulta de um conjunto de dinâmicas regionais distintas. Enquanto no Alentejo se verifica um aumento da SAU de 5,6%, em todas as outras regiões verifica-se uma quebra. Na Beira Litoral a SAU diminui perto de 46%, no Algarve 35,4 % e no Entre Douro e Minho cerca de 27%. A composição da superfície territorial disponibilizada pelo projeto Corine Land Cover em 1990 e 2006, verifica, também uma tendência para uma diminuição do território ocupado com agricultura e povoamentos florestais e um reforço das superfícies naturais, por um lado, e 11 MB/UTA é conceptualmente próximo mas menos rigoroso que o indicador de produtividade do trabalho que temos vindo a considerar (VABpm/UTA). Pág. 32

33 urbanas por outro. Neste último caso, junto aos grandes centros urbanos verifica-se uma grande pressão sobre os solos agrícolas para serem convertidos em utilizações urbanas GRÁFICO II1: SAU POR NUTSIII (HECTARES) Fonte: GPP, a partir de RA99 e 09. AUMENTO DA DIMENSÃO MÉDIA DAS EXPLORAÇÕES Tem-se verificado o aumento da dimensão média das explorações (12,7 ha/expl. em 2009 face aos 9,8 ha/expl. em 1999) em resultado da redução do número de explorações (-27% face a 1999), conjugada com a menor diminuição da Superfície Agrícola Utilizada (-5%). Estas reduções ocorreram, essencialmente, nas explorações de menor dimensão, verificando-se um aumento do número e SAU das explorações com mais de 50 hectares. Nas restantes classes de área verificaram-se reduções do n.º de explorações e na SAU que foram tanto maiores quanto menor a dimensão das explorações sendo a redução de 40% (em n.º de explorações e em SAU) no grupo das explorações com menos de 1 hectare. QUADRO II6: TAXA DE VARIAÇÃO2009 / 1999, DA SAU, Nº DE EXPLORAÇÕES DE DIMENSÃO MÉDIA POR CLASSE DE SAU (%) Classes de SAU SAU Expl SAU/Exp <1-42,8-44,4 2,9 [1,5[ -23,7-23,6-0,1 [5,20[ -19,3-19,8 0,6 [20,50[ -11,4-12,0 0,7 >50 3,9 4,5-0,6 Total -5,2-26,6 29,2 <20-22,3-27,9 7,8 >20 1,8-4,6 6,7 Fonte: GPP, a partir de RA89, 99 e 09 Pág. 33

34 Observando a SAU média por exploração nas regiões do Continente constata-se uma grande diferenciação, mas também que em todas as regiões esta média está a aumentar. GRÁFICO II2: EVOLUÇÃO DA DIMENSÃO MÉDIA DAS EXPLORAÇÕES NAS REGIÕES AGRÁRIAS Fonte: RGA 99 e 2009 REESTRUTURAÇÃO DO TECIDO PRODUTIVO: TRANSFERÊNCIA DE CULTURAS ARÁVEIS PARA PASTAGENS UMA AGRICULTURA MAIS EXTENSIVA Da análise da evolução, nos últimos anos, dos grandes agregados que constituem a SAU por explorações agrícolas observa-se igualmente um conjunto de tendências que indiciam uma reestruturação importante do tecido produtivo. Ou seja, não é apenas a perda de SAU mas também as profundas transformações nas superfícies que permanecem na função de produção. Quanto à composição da SAU observou-se uma significativa transferência na ocupação do solo entre as terras aráveis e os prados e pastagens, em particular as expontanêas pobres. As culturas permanentes mantiveram praticamente a mesma área. Os prados e pastagens permanentes são agora quase metade (47,4%) da SAU, as terras aráveis são 32,7% e as Culturas Permanentes 19,4%. Em 1999 eram respetivamente 34,4%; 46,8% e 18,9%. Pág. 34

35 GRÁFICO II3: COMPOSIÇÃO DA SAU DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS EM 1999 E Continente 1999 Continente 2009 Pastagens permanentes espontâneas pobres Pastagens permanentes semeadas ou melhoradas Culturas permanentes Terras aráveis Fonte: GPP, a partir de RA99 e 09. MANUTENÇÃO DA SAU NAS EXPLORAÇÕES DE MAIOR DIMENSÃO FISICA MAS COM ALTERAÇÃO NO USO DO SOLO A evolução verificada na SAU, contudo, apresentou uma divergência de comportamentos. Para as explorações agrícolas com menos de 20 hectares de SAU, ocorreu uma diminuição que foi consequência da redução, para metade, do número das respetivas explorações que passou de cerca de 576 para cerca de 283 mil e que foi particularmente significativo nas regiões agrárias de Entre Douro e Minho, Beira Litoral e Ribatejo e Oeste. Já para as explorações superior a 20 hectares, verificou-se um ligeiro aumento da SAU, mas com uma alteração significativa da sua composição: aumento de 53,7% das áreas ocupadas por prados e de pastagens e de 23% das culturas permanentes, em contrapartida de uma diminuição das terras aráveis que diminuíram 33%. Estas alterações indiciam uma forte alteração de uso do solo, resultante do ajustamento dos produtores a novas realidades, nomeadamente novas condições de mercado e novas orientações dadas pelas políticas públicas, nacionais e principalmente comunitárias. Houve um processo de extensificação agrícola ocorrido nestas últimas décadas, predominantemente, na região do Alentejo e que resultou da conversão das áreas ocupadas por sistemas de culturas arvenses de sequeiro por prados e pastagens permanentes. Pág. 35

36 QUADRO II7: TAXA DE VARIAÇÃO2009 / 1999, DAS COMPONENTES DA SAU, POR CLASSE DE SAU Classes de SAU SAU Terra Arável Cult. Past. Sem. e Past. Pobres Permanentes Melh. < [1,5[ [5,20[ [20,50[ [50,100[ > Total -5,2-32,9-2,9-10,2 47,9 <20-22,3-31,9-16,8-5,0-9,8 >20 1,8-33,2 23,1-11,2 53,7 Fonte: GPP, a partir de RA89, 99 e 09 QUADRO II8: VARIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DA SAU 2009/1999 POR REGIÃO AGRÁRIA Regiões SAU Terra Arável Cult. Permanent. Past. Sem. e Melh. Past. Pobres EDM TM BL BI RO ALE ALG Total Fonte: GPP, a partir de RA89, 99 e 09 MAIS DE 1/3 DA ÁREA DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS É FLORESTA A floresta ocupa, de acordo com estimativa GPP, mil hectares o que constitui 39% da superfície territorial do Continente. A floresta dentro das explorações agrícolas atinge mil hectares, o que corresponde a pouco mais de metade de toda a área florestal e, por outro lado, a 38% da superfície territorial ocupada pelas explorações agrícolas. Estas áreas florestais distribuem-se em dois grandes tipos de dimensão próxima: as sem SAU sob coberto com 837 mil hectares (predominantemente pinheiro bravo e eucalipto) e as com SAU sob coberto com 976 mil hectares (essencialmente montados de sobro e azinho). Analisando a distribuição destes dois tipos de área florestal segundo dimensão física das explorações agrícolas verifica-se variações bem distintas. Pág. 36

37 As áreas florestais com SAU sob coberto existe quase exclusivamente nas explorações de maior dimensão (98% estão nas explorações com mais de 20 ha). Sendo que as áreas florestais sem SAU sob coberto predominam nas pequenas explorações (embora também sejam importantes nas grandes explorações) Refira-se que a SAU das áreas florestais com sob coberto é predominantemente constituída por pastagens espontâneas pobres (isto é, não melhoradas) QUADRO II9: A IMPORTÂNCIA DA SUPERFICIE TERRITORIAL E DAS ÁREAS FLORESTAIS SEGUNDO A DIMENSÃO FÍSICA DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS Classes de SAU Superf. Territorial das Expl. Floresta nas explorações agrícolas Total Com SAU SobCob. Sem SAU sobcob. hectares % hectares % hectares % hectares % < , ,4 38 0, ,8 [1,5[ , , , ,4 [5,20[ , , , ,7 [20,50[ , , , ,6 [50,100[ , , , ,9 > , , , ,5 Total , , , ,0 < , , , ,0 > , , , ,0 Fonte: GPP, a partir de RA89, 99 e 09 Refira-se que as áreas florestais correspondem a uma maior proporção da área territorial ocupada pelas explorações agrícolas na explorações com menos de 1 ha (49%), com entre 1 e 5 ha (com 36%) e nas explorações com mais de 100 hectares (com 43%). As explorações situadas entre dois extremos tem uma menor proporção de áreas florestais. Pág. 37

38 QUADRO II10: PROPORÇÃO DAS ÁREAS FLORESTAIS NA ÁREA TERRITORIAL SEGUNDO A DIMENSÃO FÍSICA DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS Classes de SAU Floresta nas explorações agrícolas Total Com SAU SobCob. Sem SAU sobcob. <1 49,3 0,0 49,2 [1,5[ 36,4 0,5 36,0 [5,20[ 26,8 2,1 24,6 [20,50[ 27,0 6,0 21,0 [50,100[ 28,6 12,1 16,5 >100 43,5 32,9 10,6 Total 37,5 19,2 18,3 <20 32,5 1,2 31,3 >20 39,7 27,0 12,6 Fonte: GPP, a partir de RA89, 99 e 09 Analisando a distribuição destes dois tipos de área florestal regionalmente verifica-se variações bem distintas, com o Alentejo a reunir 80% da Floresta com SAU sob Coberto. Já a Floresta sem SAU sem sob coberto distribui-se por todo o território. QUADRO II11: A IMPORTÂNCIA DA SUPERFICIE TERRITORIAL E DAS ÁREAS FLORESTAIS SEGUNDO A REGIÃO AGRÁRIA Regiões Superf. Territorial Floresta das Expl. Total Com SAU SobCob. Sem SAU sobcob. hectares % hectares % hectares % hectares % EDM , , , ,9 TM , , , ,9 BL , , , ,4 BI , , , ,0 LVT , , , ,0 ALE , , , ,4 ALG , , , ,6 Total , , , ,0 Fonte: GPP, a partir de RA89, 99 e 09 A floresta com SAU sob coberto é 32% da superfície territorial das explorações do Alentejo. A floresta sem SAU sob coberto é 39% da superfície territorial da Beira Interior. Pág. 38

39 QUADRO II12: PROPORÇÃO DAS ÁREAS FLORESTAIS NA ÁREA TERRITORIAL SEGUNDO A REGIÃO AGRÁRIA Floresta Regiões Total Com SAU SobCob. Sem SAU sobcob. % % % EDM 37,3 8,2 29,1 TM 26,8 4,0 22,8 BL 39,7 0,5 39,2 BI 34,0 7,5 26,6 LVT 40,3 15,7 24,6 ALE 40,9 31,6 9,3 ALG 31,0 2,8 28,2 Total 37,5 19,2 18,3 Fonte: GPP, a partir de RA89, 99 e 09 PESO SIGNIFICATIVO DAS ZONAS DESFAVORECIDAS NA OCUPAÇÃO DA SAU Verifica-se que 81% do território português corresponde a zonas agrícolas desfavorecidas, sendo que 41,8% do território está em Zonas Desfavorecidas de Montanha ZDM, 37,8% do território está em Outras Zonas Desfavorecidas que não de Montanha OZD e 1,7% em outras zonas afetadas por condicionantes específicas ZDCE (zonas de solos calcários com afloramentos rochosos intensos). Em termos de SAU a importância das zonas desfavorecidas é ainda maior pois verifica-se que 26,2 está em ZDM, 61,1% em OZD e 0,6% em ZDCE, dando um total de 87,9% da SAU em Zonas desfavorecidas. Assim, apenas 12,1% da SAU está em Zonas Não Desfavorecidas. Note-se que a delimitação das zonas tem sido muito estável, assim permanecendo praticamente imutável desde a adesão de Portugal à CEE e assim continuará a ser para as ZDM e as ZDCE mas está em curso a nova delimitação das OZD, com recurso a indicadores comuns biofísicos. Pág. 39

40 A ÁGUA É UM FATOR LIMITANTE DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA FIGURA II3: CENÁRIOS DE EVOLUÇÃO DAS PRODUTIVIDADES AGRÍCOLAS MÉDIAS PARA A EUROPA PARA O FINAL DO SÉC. XXI, FACE AOS VALORES ATUAIS Fonte: Estudo PESETA/JRC com base em dados IPCC (COM Nas condições climáticas mediterrânicas, a água é o principal fator limitante da produção agrícola, não porque a precipitação anual seja insuficiente mas porque é mal distribuída no tempo face às necessidades hídricas das culturas: não chove quando a temperatura é mais favorável para produzir. Apesar do nível de incerteza, o conhecimento científico está hoje suficientemente consensualizado sobre as tendências de alteração do clima, pelo que a necessidade de adaptação para minimização dos seus efeitos se vem tornando incontornável. Tais efeitos terão consequências sobre a agricultura, tendo em conta a sua especial dependência das condições climáticas, e sobre o território, determinando novos padrões de distribuição do coberto vegetal e de ocupação do solo. Assim, na região mediterrânica, em que Portugal se insere, o regadio constitui um elemento estratégico para o desenvolvimento da agricultura e dos territórios rurais, promoção da coesão social e territorial, combate à desertificação e adaptação às alterações climáticas. O REGADIO: FATOR INDISPENSÁVEL NAS CONDIÇÕES EDAFO-CLIMÁTICAS DE PORTUGAL CONTINENTAL Neste quadro previsível de menores disponibilidades hídricas e maior variabilidade, o recurso ao regadio assume uma importância decisiva para reduzir a vulnerabilidade de alguns sistemas de produção, pois através do armazenamento da água promove-se a regularização da sua disponibilidade para as culturas. Pág. 40

41 APENAS 15% DA SAU É IRRIGÁVEL A superfície regada correspondeu em 2009 a 13% da SAU 12 (462 mil hectares), tendo vindoa diminuir nos últimos 20 anos, em resultado da redução da SAU em zonas de pequena agricultura com regadio. No entanto, verificou-se que a proporção de superfície irrigável que é efetivamente regada aumentou no mesmo período cerca de 21%, o que demonstra o aproveitamento crescente das infraestruturas de rega existentes. Em 2009, foi efetivamente regada 87% da área equipada. GRÁFICO II4: PESO DA SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL NA SAU (%) 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0, Fonte: Recenseamento Agrícola 1989 a INE A superfície irrigável é de 536 mil hectares, compreendendo 163 mil explorações com infraestruturas de rega instaladas, o que corresponde a cerca de 15% da superfície agrícola utilizada (SAU) e a cerca de 53% das explorações recenseadas 13. GRÁFICO II5: DISTRIBUIÇÃO DA SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL PORCLASSE DE DIMENSÃO FÍSICA NAS REGIÕES AGRÁRIAS EM % 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% EDM TM BL BI LVT ALT ALG Continente < 1 >=1 e < 5 >=5 e < 20 >=20 e < 50 >=50 Fonte: GPP, a partir de RA Recenseamento Agrícola Recenseamento Agrícola 2009 Pág. 41

42 A nível regional a superfície irrigável concentra-se, em regra, nas explorações de menor dimensão física no norte e centro do continente, e de maior dimensão física nas regiões do Alentejo e LVT. FORTE DIMINUIÇÃO DA SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL, EM PARTICULAR NAS CLASSES DE MENOR DIMENSÃO FÍSICA A evolução da superfície irrigável tem sido negativa, em todas as regiões do País, com particular incidência nas regiões onde predominam as pequenas explorações. Contudo, variou de forma distinta em função da classe de dimensão física. A classe com mais de 50 hectares contrariou a tendência, nas regiões da Beira Litoral e Alentejo, ao crescer respectivamente 14,3% e 2,8% face a O mesmo se verificou na classe dos 20 aos 50 hectares que cresceu 15,9% e 7,7% respectivamente nas regiões do Entre Douro e Minho e Beira Litoral. Regiões QUADRO II13: SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL POR REGIÃO AGRÁRIA Sup. Irrigável Peso na SAU Variação 2009/1999 hectare % % % EDM ,7 44,9-36,1 TM ,7 10,8-49,9 BL ,4 48,7-41,6 BI ,2 14,7-46,5 RO ,0 28,8-27,2 ALE ,9 7,9-5,4 ALG ,0 18,4-45,8 Total ,0 15,1-31,9 Fonte: GPP, a partir de RA 99 e 09 GRÁFICO II6: VARIAÇÃO DA SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL POR REGIÃO AGRÁRIA E CLASSE DE DIMENSÃO FÍSICA (HECTARES) 1999/2009 EDM TM BL BI LVT ALT ALG < 1 1 a 5 5 a a 50 > 50 Fonte: GPP, a partir de RA 09 e 1999 Pág. 42

43 METADE DOS AGRICULTORES TEM MAIS DE 65 ANOS Em 1999 a idade média dos produtores agrícolas era de 59 anos tendo passado para 63 anos em O número de produtores com menos de 35 anos era de apenas (5.327 no continente) ou 2,3% do total (2,0% do total no continente), o que representa a proporção mais baixa de todos os países membros da União Europeia e 1/3 do valor médio da Europa, que é de 6,1%. O número de produtores com mais de 65 anos atingia 48% do total, a percentagem mais alta da União Europeia e bastante superior à média europeia de 34% (os únicos países com mais de 40% de produtores com idade superior a 65 anos, para além de Portugal, são a Bulgária, Itália, Lituânia e Roménia). O rácio (produtores <35) /(produtores >=55) (2,7) é assim o mais baixo da União Europeia. GRÁFICO II7: ESTRUTURA ETÁRIA DOS PRODUTORES DO CONTINENTE E RESPECTIVA VARIAÇÃO FACE A 1999 <35 anos 2% >=55 anos anos 24% anos >=55 anos 74% <35 anos -70,0-60,0-50,0-40,0-30,0-20,0-10,0 0,0 Fonte: GPP, a partir de RA 99 e 09 PRODUTORES COM BAIXA ESCOLARIDADE E FORMAÇÃO PROFISSIONAL Em 2009 apenas 8% dos produtores detinham o ensino secundário ou superior, sendo que mais de metade dos produtores (52%) apenas completou o 1º ciclo do ensino básico e 22% não completaram esse nível de formação. Relativamenta à formação agrícola, apenas 1% dos produtores agrícolas do Continente tem formação agrícola completa e 10,1% profissional (38,8% de formação completa e profissional no caso dos produtores com menos de 35 anos), apresentando a grande maioria (88,8%) experiência exclusivamente prática. Entre 1999 e 2009, verificou-se uma evolução negativa dos produtores com formação profissional (-88%) e com formação completa (-65,7%) e crescimento do número de produtores com experiência exclusivamente prática (85,7%). Pág. 43

44 GRÁFICO II8: ESTRUTURA DA FORMAÇÃO AGRÍCOLA DOS PRODUTORES DO CONTINENTE E RESPECTIVA VARIAÇÃO FACE A 1999 Completa 1% Básica 10% Completa Exclusivamente prática 89% Básica Exclusivamente prática -100,0-50,0 0,0 50,0 100,0 Fonte: GPP, a partir de RA 99 e 09 UMA AGRICULTURA POUCO EMPRESARIAL Apenas 20% dos produtores trabalham a tempo inteiro na exploração e os hábitos de gestão são muito pouco desenvolvidos. Cerca de 94% das explorações não detinham contabilidade, nem qualquer registo sistemático de receitas e despesas, sendo que na Beira Litoral e no Entre Douro e Minho esse número atinge os 97% e 96% respetivamente. PREDOMINIO DOS AGRICULTORES SINGULARES Os dados estatísticos indicam que no Continente existem produtores singulares que exploram 66,9% da SAU e apenas sociedades que exploram 27,9% da SAU. Esta diferença permite desde logo concluir que a adoção de modelos associativos ao nível das explorações agrícolas é algo fundamental na agricultura portuguesa. Neste quadro estrutural de predomínio de micro e pequenas explorações, a adoção de formas associativas de gestão ou organização têm um papel muito importante na estruturação da produção (sociedades de agricultura de grupo, outro tipos de sociedades comerciais, de cooperativas ou de outras formas societárias). BAIXA ORGANIZAÇÃO DA OFERTA O setor agrícola, em particular em determinados subsetores, apresenta níveis de organização ainda reduzidos, pese embora uma tendência crescente do grau de organização. Saliente-se que mesmo um (sub)setor com apoios específicos para financiamento de Programas Operacionais das organizações de produtores (OP) e com organizações formalmente constituídas, como é o caso do setor hortofrutícola, possui um grau de organização (peso da produção resultante de organizações de produtores) de apenas 20% face aos 43% da média UE. Pág. 44

45 Com base em informação existente, apurada pelo GPP para o ano de 2011, o nível de organização da produção agrícola em termos setoriais, através de organizações de produtores reconhecidas ao abrigo de regimes comunitários (Hortofrutícolas) ou nacionais (restantes setores/produtos), é o seguinte: Setor Frutas e Legumes: 91 organizações de produtores, representando cerca de 12 mil produtores, com uma produção comercializada representando 20 % da produção total (face a um valor de 43% na UE); Restantes Setores: 44 organizações de produtores representando cerca de 6 mil produtores: setor dos cereais, exceto milho: produção comercializada representando 21,4% da produção total; setor do milho: produção comercializada representando 36,1 % da produção total; setor do arroz: produção comercializada representando 42,2 % da produção total; setor do azeite: produção comercializada sem expressão face à produção total; setor da carne de bovino: produção comercializada representando 14,5 % da produção total; setor da carne de ovino: produção comercializada representando 21,1 % da produção total; setor da carne de caprino: produção comercializada representando 12,4 % da produção total; AUMENTO DA PRODUÇÃO COMERCIALIZADA POR OPS Apesar de ainda se encontrar num grau de concentração de oferta através de OP reduzido, o setor hortofrutícola apresentou no período um aumento da taxa execução dos Programas Operacionais, do valor dos Fundos Operacionais globais e do valor da produção comercializada por OP, quer total quer médio, face a 2006, o que permite concluir pela eficácia das medidas incluídas nos PO executados. EVOLUÇÃO POSITIVA NA ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE CULTURAS ARVENSES, CARNE DE BOVINO E DE OVINO E CAPRINO Ainda no que respeita ao fomento da organização da produção, é de assinalar que o apoio à comercialização através destas organizações, aplicado em Portugal no âmbito das ajudas Pág. 45

46 religadas para os setores das culturas arvenses, carne de bovino e de ovino e caprino, estimulou o seu surgimento, com casos de evidente sucesso como o milho e o arroz (com cerca de 36% e 42% da produção nacional comercializada através de OP, respetivamente). SETOR COOPERATIVO ASSEGURA COBERTURA DOS TERRITÓRIOS RURAIS O setor cooperativo apresenta uma dispersão significativa a nível nacional. Este sector não se encontra obrigado ao processo de reconhecimento, de avaliação anual das respetivas condições que incluem dimensão mínima, objetivos definidos, sendo apenas aplicável se for solicitado o reconhecimento formal enquanto OP. GRÁFICO II9: NÚMERO DE COOPERATIVAS AGRÍCOLAS POR DISTRITO EM 2000 E Fonte: CASES Segundo dados INE e CASES, as cooperativas agrícolas em Portugal representam 28% do sector cooperativo, sendo cerca de 723: O setor do leite, organizado em cooperativas, sem estatuto de Organização de produtores, representa 62% da produção nacional; O sector do vinho organizado em cooperativas - segundo dados do IVV são 90 cooperativas ativas representa cerca de 45% do total de vinho produzido. No sector do azeite, as cooperativas representam 30% da produção nacional. FRAGILIDADE DAS COOPERATIVAS AGRÍCOLAS PERANTE A NOVA REALIDADE ECONÓMICO-FINANCEIRA INTERNA E MUNDIAL A globalização e o respetivo aumento da concorrência, o aumento do preço dos fatores e consumos intermédios, a crise financeira interna e internacional e a adoção de medidas estabelecidas na Política Ambiental Europeia, surgem como potenciais ameaças ao bom Pág. 46

47 funcionamento do sector cooperativo agrícola português. Perante este cenário, são potenciados os atuais estrangulamentos financeiros das cooperativas, motivados pela fraca estrutura de capitais, pelas dificuldades no acesso ao crédito e pela elevada taxa de abandono de cooperantes, o que associados a um desajustamento do atual modelo de governance das cooperativas agrícolas à lógica de mercado (baixa agressividade e assertividade na abordagem aos mercados e consumidores, a predominância de produtos de gama baixa e o fraco nível de integração na cadeia de valor), à baixa qualificação da mão-de-obra e capacidade técnica, poderão agravar a situação já fragilizada das cooperativas. QUEBRA NO NÚMERO DE COOPERATIVAS AGRÍCOLAS A PARTIR DE 2002 Em termos evolutivos nota-se uma perda do número de cooperativas, em particular a partir Esta quebra poderá dever-se às dificuldades impostas às cooperativas motivadas pelas mudanças estruturais do ambiente concorrencial e de políticas, o que se traduz em dificuldades financeiras, que se agravaram com o adensar da crise financeira, interna e internacional, mas também poderá ser explicada por um processo de estruturação no setor como forma de dar resposta aos novos condicionalismos do mercado e políticas. De facto, tem-se assistido a um crescimento da escala das cooperativas agrícolas nacionais, sobretudo no setor do leite, e de cooperativas de grau superior. PREDOMÍNIO DE INTERPROFISSIONAIS SEM RECONHECIMENTO FORMAL (APENAS DUAS FORMALMENTE RECONHECIDAS) Já em relação ao interprofissionalismo agroalimentar, com expressão muito marcada em alguns países da União como França ou Espanha, a nível nacional estas estruturas são ainda pouco significantes, sendo o arroz, depois do leite, o segundo setor a ter uma Organização Interprofissional reconhecida. Em Portugal existem algumas estruturas com carácter interprofissional, ainda que sem o respetivo reconhecimento formal, que têm colhido os benefícios de segmentos distintos da cadeia se juntarem, com interesses concorrentes, mas que conseguem partilhar objetivos e colher resultados. Por outro lado, está em curso o reconhecimento de interprofissões para o azeite (AIFO Associação Interprofissional da Fileira Oleícola), vinho (VINIPORTUGAL Associação Interprofissional para a Promoção dos Vinhos Portugueses), e mais recentemente para a carne de suíno (FILPORC Associação Interprofissional da Fileira da carne de porco). Pág. 47

48 Esta debilidade estrutural, aliada à dificuldade dos produtores em se organizarem para concentrar a oferta, para além de dificultar a capacidade de gerar rendimentos aceitáveis, torna os processos de sucessão e continuidade da exploração muito complicados. Pág. 48

49 FLORESTA A ÁREA DE POVOAMENTOS FLORESTAIS TEM AUMENTADO DESDE 1995, EMBORA TENHA DIMINUÍDO A ÁREA DE FLORESTA 14 A floresta ocupa, de acordo com estimativa GPP, mil hectares o que constitui 39% da superfície territorial do Continente, verificando-se, entre 1995 e 2010, uma diminuição da sua área (-4,6%) devido, sobretudo, à sua conversão para matos e pastagens. Já o aumento dos povoamentos deve-se, essencialmente, à diminuição das superfícies temporariamente desarborizadas (superfícies ardidas, cortadas e em regeneração). Apesar da diminuição da área de floresta, o facto de esta não ser acentuada demonstra a resiliência da floresta às perturbações a que esteve sujeita, designadamente os incêndios florestais (só em 2003 ardeu cerca de 8% da área de povoamentos) e a ocorrência de problemas sanitários, como a murchidão dos pinheiros causada pelo Nemátodo da Madeira do Pinheiro, ou a perda de vitalidade dos povoamentos de sobreiro e de azinheira. Saliente-se que a área de povoamentos florestais teve um aumento líquido de 5,6%, correspondente a cerca de 156 mil ha. Atualmente existem 812 mil ha eucalipto (26%), 737 mil ha de sobreiro (23%) e 714 mil ha pinheiro-bravo (23%), que representam 72% da área total de floresta. As espécies subsequentemente mais representativas são a azinheira, com 331 mil ha (11%) e o pinheiro-manso, com 176 mil ha (6%). Considerando a evolução dos sistemas de produção lenhosa no período compreendido entre 1995 e 2010, constata-se uma relativa estabilidade da sua expressão global, uma vez que a diminuição da área dos povoamentos de pinheiro-bravo em 93,7 mil hectares (menos 13%) foi compensada pelo aumento da área dos povoamentos de eucalipto em 102 mil hectares (mais 16%). Quanto à dinâmica dos sistemas de uso múltiplo, geralmente associados às regiões de maior influência mediterrânica, verificou-se um expressivo aumento da área de povoamentos de pinheiro-manso em 57,7 mil hectares (mais 52%), um aumento moderado da área de povoamentos de sobreiro em 30,8 mil hectares (mais 4%) e pela diminuição ligeira dos povoamentos de azinheira em 11 mil hectares (menos 3%). 14 Resultados preliminares do 6ºIFN. A classe de uso Floresta inclui os povoamentos florestais e superfícies temporariamente desarborizadas (superfícies ardidas, cortadas e em regeneração). Povoamentos Florestais incluem áreas arborizadas com ou sem sob coberto. A classe matos e pastagens são sempre sem sob coberto. Verifica-se sobreposição de áreas com o Recenseamento Agrícola as áreas florestais, agroflorestais e de matos e pastagens dentro da exploração agrícola. Pág. 49

50 Para as restantes espécies, destaca-se: o aumento significativo das áreas de povoamentos de castanheiro, com um acréscimo de 13,3 mil ha (+49%); o aumento da área de povoamentos de carvalho: mais 8 mil ha (+14%); a diminuição da área de alfarrobeiras em 550 ha, ou seja, menos 4%. GRÁFICO II10: EVOLUÇÃO DAS ÁREAS DE POVOAMENTOS POR ESPÉCIE Fonte: ICNF, Resultados preliminares do IFN6 Apesar do esforço na promoção de uma gestão ativa e na agregação da propriedade com esse objetivo, a análise comparada dos resultados obtidos nos últimos três inventários florestais nacionais evidenciam um desinvestimento na rearborização, fortemente significativo no pinhal bravo, e o crescimento da superfície ocupada por matos. FLORESTA PRIVADA E FRAGMENTADA A floresta portuguesa é maioritariamente detida por proprietários privados (cerca de 92%, sendo 6% geridas por empresas industriais). O Estado detém cerca de 2% da floresta e as autarquias e comunidades locais os 6% remanescentes. A propriedade florestal tem uma distribuição geográfica muito marcada quanto à sua dimensão. Uma parte significativa da superfície de povoamentos de pinheiro-bravo e de eucalipto distribui-se nas regiões de propriedade mais fragmentada, com uma dimensão média por prédio rústico inferior a 1 ha essencialmente na região norte e centro do país. A reduzida dimensão da propriedade, aliada a uma perceção de risco elevado, são fatores desfavoráveis ao investimento e a uma gestão adequada. Pág. 50

51 GESTÃO FLORESTAL ESTRUTURALMENTE IMPLANTADA NO TERRITÓRIO O movimento associativo de cariz florestal teve um impulso no início dos anos 90, existindo no início de 2013, 171 organizações de proprietários florestais (OPF) distribuídas por todo o território e abrangendo um universo de cerca de proprietários/produtores florestais. No início de 2013 estavam aprovados 1400 Planos de Gestão Florestal (PGF) de entidades privadas, abrangendo um superfície de 686 mil ha. Os PGF de entidades públicas e os Planos de Utilização dos Baldios, instrumento equivalente para os baldios, abrangem adicionalmente cerca de 342mil ha. Com a finalidade de promover a gestão e a proteção da floresta, particularmente nas zonas de minifúndio, estabeleceram-se em 2005, as zonas de intervenção florestal (ZIF), como um processo voluntário de agregação da propriedade para efeitos de gestão. No final de 2012 estavam constituídas 160 ZIF, que abrangiam uma área total superior a 846 mil ha, ocupando os espaços florestais cerca de 74% a sua superfície. A região mais dinâmica no processo de constituição de ZIF é a região Centro, seguida da do Norte e da de Lisboa e Vale do Tejo. A certificação da Gestão Florestal Sustentável em Portugal abrange, de acordo com a informação de janeiro de 2013, ha de áreas florestais certificada pelo PEFC e ha certificados pelo FSC, existindo áreas que se encontram certificadas pelos dois referenciais. A Estratégia Nacional para as Florestas estabeleceu a meta de 500 mil hectares de área florestal certificada em 2013, com o objetivo que as medidas de política concorram para a melhoria da qualidade de gestão e a competitividade dos produtos florestais ao nível internacional. Pág. 51

52 III. CAF: EVOLUÇÃO ECONÓMICA III.1 O COMPLEXO AGRO-FLORESTAL CAF : ESTAGNAÇÃO DO VAB E PERDA DE CAPACIDADE DE GERAR EMPREGO No período , o CAF 15 apresentou uma estabilização do VAB com uma taxa média anual de 0,1% face aos 0,2% do conjunto da Economia. No entanto, trata-se de uma evolução irregular ao longo do período: entre e , o produto do CAF apresentou uma taxa de crescimento negativa (-0,4%,média anual) enquanto no período , cresceu a uma taxa de 1,1%. O emprego gerado pelo CAF diminuiu 2% em média anual, com tendência negativa ao longo do período QUADRO III1: TAXA DE VARIAÇÃO ANUAL DO PRODUTO DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL E DE SUAS COMPONENTES P- Dados provisórios P 2012 E Taxa de crescimento médio anual (%) Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais, INE Data de versão dos dados: Março Taxa de variação em volume anual Agricultura -5,6 4,4-2,8-1,7 0,0-2,5-0,8-0,5-1,3-0,5 Ind. Alimentares, Bebidas e Tabaco 4,1-2,5 3,9 0,8-2,4-1,0 0,8 0,4 2,6-0,3 Silvicultura 0,2-3,4-2,5 2,9-0,7-0,5-1,9-5,6-0,5-0,9 Ind. Florestais 1,8-2,5-4,4 0,2 0,7 0,0 0,0 0,0 1,6-1,2 Complexo Agro-Florestal 0,7-0,5-0,3-0,3-0,4-0,4 0,1-0,4 1,1-0,4 PIB 2,4 0,0-2,9 1,9-1,6-3,2 0,2 4,1 4,2-1,2 QUADRO III2: TAXA DE VARIAÇÃO ANUAL DO EMPREGO DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL E DE SUAS COMPONENTES P Taxa de crescimento médio anual (%) Agricultura -1,9-0,7-1,5-7,2-8,7-2,2 0,5-1,9-4,6 Ind. Alimentares, Bebidas e Tabaco 0,5 0,2-2,2 0,3-1,6-0,4-1,0 0,5-0,8 Silvicultura 0,3 1,4-11,1-7,2-8,7-2,7-0,8-0,1-6,5 Ind. Florestais -3,3-4,6-9,0-4,4-1,6-3,0-1,8-1,9-5,0 Complexo Agro-Florestal -1,7-1,0-2,6-5,8-6,8-2,0 0,0-1,5-4,1 Economia 0,0 0,5-2,6-1,5-1,5-0,3 0,6 0,0-1,3 P- Dados provisórios Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais, INE Data de versão dos dados: Março Preços base; volume. Pág. 52

53 CRESCIMENTO DAS EXPORTAÇÕES SUPERIOR AO CONJUNTO DA ECONOMIA Crescimento das exportações tem aumentado em todas as componentes do CAF, acompanhando a tendência global da economia mas de um modo ainda mais acentuado. QUADRO III3: TAXA DE VARIAÇÃO ANUAL DO COMÉRCIO INTERNACIONAL DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL E SUAS COMPONENTES, PREÇOS CORRENTES (%) P 2012E Taxa crescimento médio anual Complexo Agroalimentar Exportações 17,0 15,1-4,7 9,0 14,2 7,0 8,7 6,5 11,5 7,9 Importações 13,1 10,2-9,2 7,9 14,3-2,7 4,4 2,4 6,9 3,7 Saldo comercial 9,9 5,8-13,5 6,8 14,5-13,3 0,9 0,0 3,5-0,6 Agricultura Exportações 8,9 21,0 5,8 10,9 12,0 12,7 12,4 17,0 9,2 12,4 Importações 22,3 12,5-18,5 13,4 17,0-1,6 4,1 1,2 6,7 3,7 saldo comercial 26,0 10,5-24,8 14,3 18,8-6,4 2,2-1,2 6,2 1,1 IABT Exportações 18,2 14,2-6,3 8,6 14,6 6,0 8,2 5,1 11,9 7,1 Importações 9,4 9,2-4,9 5,8 13,2-3,2 4,6 2,9 7,0 3,8 saldo comercial -1,5 1,7-2,5 1,2 10,9-19,5-0,2 0,9 1,4-2,2 Complexo Florestal Exportações 6,0-2,4-15,4 22,4 28,5 5,2 4,1 0,2 4,2 6,5 Importações 11,5-1,1-13,9 12,9 10,3-10,1 0,9-1,0 4,7-1,0 Saldo comercial -2,3-4,5-18,0 40,0 55,8 21,5 8,0 2,3 3,2 15,7 Silvicultura Exportações 18,6 17,2-56,1 37,3 21,3-14,4 3,9 16,0 8,5-6,0 Importações 34,6-4,2-33,5 50,6 50,0-15,4-1,0-8,5-1,4 4,0 saldo comercial 223,1-96,5 3178,0 76,0 92,8-16,3-3,9-22,3-20,5 27,0 IF Exportações 5,4-3,4-12,8 21,9 28,8 5,9 4,1-0,3 4,0 7,0 Importações 9,4-0,8-11,9 9,9 6,0-9,3 1,2 0,3 5,5-1,6 saldo comercial -0,2-7,3-14,3 41,6 57,9 18,9 6,8-1,1 1,8 16,1 Complexo Agro-Florestal Exportações 11,5 6,8-9,3 14,4 20,4 6,2 6,3 2,9 7,7 7,2 Importações 12,7 7,8-10,1 8,8 13,6-4,1 3,7 1,6 6,4 2,8 Saldo comercial 16,0 10,2-11,9-4,5-6,1-42,1-4,6-0,9 3,6-12,8 Economia - bens e serviços Exportações 9,6 2,4-15,4 14,6 13,0 4,7 4,7 2,5 8,3 3,3 Importações 6,8 7,5-18,3 12,9 1,7-5,4 2,1-1,0 8,3-0,9 P dados preliminares; E- estimativas Fonte: GPP, a partir de CN, INE. Pág. 53

54 SALDO COMERCIAL ALIMENTAR NEGATIVO E DO COMPLEXO FLORESTAL POSITIVO Conforme se pode verificar no gráfico III1, entre 2008 e 2012, o défice comercial do complexo agroflorestal tem vindo a diminuir, por efeito do aumento no excedente comercial florestal que mais que compensou o acréscimo verificado ao nível do défice agroalimentar. GRÁFICO III1: SALDO COMERCIAL DO COMPLEXO AGRO-FLORESTAL (MILHÕES DE EUROS) P 2012E Complexo Agro Florestal Complexo Alimentar Complexo Florestal P dados preliminares; E- Estimativas Fonte: GPP, a partir de CN (Base 2006), INE. As exportações agroalimentares assentam principalmente no vinho, produtos da pesca, hortícolas e frutícolas e azeite, para além do tabaco e do leite e lacticínios. Relativamente aos produtos florestais as exportações são mais significativas na fileira da pasta e do papel, na dos painéis de madeira, fibra e partículas e na fileira da cortiça, nomeadamente na rolha. Nas importações nacionais agroalimentares salientam-se a carne (12%), os cereais (9,5%) e o leite (7%). Pág. 54

55 QUADRO III4: REPARTIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES AGROALIMENTARES E PESCA POR PRODUTO, EM 2011 (%) Importações Cereais 10,9 Cereais 1,0 Milho 5,0 Trigo 4,0 Carne 10,7 Carne 2,8 Bovino 4,8 Suíno 3,2 Carne de suíno 1,2 Gorduras e Óleos Vegetais e Animais 8,1 Gorduras e Óleos Vegetais e Animais 9,6 Óleo de soja 2,7 Azeite 2,2 Azeite 4,8 Sementes e frutos oleaginosose culturas industriais 7,4 Soja 3,4 Exportações Sementes e frutos oleaginosose culturas industriais 1,0 Leite e Lacticínios 6,4 Leite e Lacticínios 6,4 Iogurte e quefir 2,1 Leite e nata 3,7 Frutos 6,2 Frutos 7,1 Banana 1,0 Pêra 1,9 Preparações à base de cereais 5,8 Preparações à base de cereais 5,6 Produtos de Padaria e Pastelaria 3,6 Produtos de Padaria e Pastelaria 3,6 Bebidas, líquidos alcoólicos 5,3 Bebidas, líquidos alcoólicos 25,2 Águas 1,8 Vinho e Mosto 16,0 Aguardentes, licores 1,5 Cervejas 5,1 Preparações Alimentícias 4,6 Preparações Alimentícias 2,8 Alimentos para Animais 4,6 Alimentos para Animais 1,3 Açúcares e Prod. Confeitaria 4,1 Açúcares e Produtos de Confeitaria 4,3 Produtos Hortícolas 3,9 Produtos Hortícolas 4,2 Batata (inc. batata semente) 1,2 Tomate Fresco 0,6 Conservas Produtos Horto-frutícolas 3,7 Conservas Produtos Horto-frutícolas 7,8 Tomate preparado ou conservado 3,8 Café, Chá, Especiarias 3,0 Café, Chá, Especiarias 1,5 Preparações de Carne e Peixe 2,8 Preparações de Carne e Peixe 6,2 Conservas de Peixe 3,7 Tabaco 2,8 Tabaco 9,6 Cigarros e Cigarrilhas 7,6 Animais Vivos 2,6 Animais vivos 1,4 Cacau e Chocolate 2,2 Plantas Vivas e Prod.da Floricultura 1,7 Outros 8,7 Outros 3,0 Agroalimentar e pesca 100,0 Agroalimentar e pesca 100,0 Fonte: GPP, a partir de Estatísticas do Comércio Internacional, INE. QUADRO III5: REPARTIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS FLORESTAIS, EM 2011 (%) Importações Exportações Papel e Cartão 56,0 43,0 Madeira e Carvão 29,2 16,3 Cortiça 6,9 21,7 Cortiça natural e suas obras 6,6 10,9 Pasta de Madeira 2,4 14,3 Outros 5,6 4,7 Fonte: GPP, a partir de Estatísticas do Comércio Internacional, INE. Pág. 55

56 MAIS DE METADE DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS É INCORPORADO NA INDÚSTRIA AGROALIMENTAR Dentro do complexo agroflorestal, é a agricultura que apresenta os valores mais baixos de orientação exportadora: as exportações diretas representaram, em 2010, 10% da produção agrícola. Tal deve-se, em certa medida, à especificidade de parte dos produtos agrícolas que requerem algum grau de transformação para poderem ser exportados. Note-se que cerca de metade dos produtos agrícolas nacionais é incorporada nas indústrias alimentares, bebidas e tabaco, enquanto consumo intermédio (ver caixa). Em 2010, segundo estimativas do GPP, as exportações das IABT incorporam 18% de bens agrícolas nacionais, o que corresponde a cerca de 11% da produção agrícola. Assim, a orientação exportadora direta e indireta duplicaria sendo aproximadamente 21%. Destino dos Produtos Agrícolas Nacionais Produtos Agrícolas (100%) Consumo Final (33,7%) Exportações (7,8%) Consumo Final Interno (25,9%) Consumo Intermédio (66,3%) 1 Estimativas GPP. Fonte: GPP, a partir das Matrizes Input-Output, INE, 2008 Consumo Outros (17,3%) Consumo IABT (48,9%) Exportações IABT 1 (10,4%) Consumo interno IABT 1 (38,9%) A partir dos dados fornecidos pela matriz de input-output, respeitantes a 2008 (último ano disponível), podemos identificar o destino dos produtos agrícolas nacionais e, por exemplo, concluir que 10,4% dos produtos agrícolas nacionais são exportados via IABT. GRAU DE APROVISIONAMENTO AGRO ALIMENTAR RONDA OS 70% O grau de autoaprovisionamento alimentar tem-se mantido estável na última década e é de cerca de 83%. Se for corrigido das produções alimentares que são dirigidas para consumos intermédios dos próprios ramos alimentares (deduzindo, portanto, as duplicações de custo ao longo da fileira, de que é exemplo a alimentação animal) apresenta um valor próximo dos 70%. Pág. 56

57 QUADRO III6: GRAU DE AUTOAPROVISIONAMENTO 1 DE BENS ALIMENTARES 2 (%) P 2012E Grau de autoaprovisionamento (%) 83,2 82,1 82,2 83,0 82,6 81,4 83,4 Grau de autoaprovisonamento corrigido 1 (%) 71,3 70,9 73,0 72,6 1 Com correção das produções alimentares que são dirigidas para consumos intermédios dos próprios ramos alimentares 2 Corresponde ao agregado agricultura (sem tabaco e algodão), pescas e indústrias alimentares e bebidas. P - dados provisórios, GPP. Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais (Base 2006) e Estatísticas do Comércio Internacional, INE. QUADRO III7: GRAU DE AUTOAPROVISIONAMENTO DE ALGUNS PRODUTOS ALIMENTARES Vinho 101,4 118,4 107,3 Açucar 0,3 18 1,0 Horticolas 154,1 146,2 155,3* Batata 81,8 64,2 54,9 Total de tomate ,5 175* Tomate fresco 100, ,7* Tomate industrializado ,9* Total de sementes e frutos oleaginosos 27,1 29,7 19,5** Girassol 22,8 9,8 9,8** Azeitona ,1 100,4** Total de carnes 89,5 74,2 74,2 Carne de bovinos 70,9 56,6 52,8 Carne de suínos 93,9 65,1 67,1 Carne de ovinos e caprinos 75,7 67,6 70,4 Carne de equídeos ,8 Carne de animais de capoeira 98,5 94,8 91,8 Total de Cereais 42 33,1 25,3 Trigo 26,6 19,9 11,3 Centeio 103,2 79,3 51,2 Aveia 87,8 98,2 95,8 Cevada 34, ,3 Milho 46,3 40,6 32,1 Total de gorduras e óleos vegetais 24,6 20,8 14** Girassol 27,3 8,8 12,1** Azeite ,2 51,4** Leites e produtos lácteos 101,6 102,4 93,6 Leite 101,6 110,6 105,6 Leites acidificados (iogurtes) ,5 49,8 Manteiga ,6 138,1 Queijo 98,4 78,3 70,4 Frutos 90,4 75,3 84,9 Maçã 88,7 68,5 75,7 Pêra 102,4 100,8 140,8 Pêssego fresco 97,5 68,7 63,4 Uva de Mesa 80,3 57,8 44,0 Laranja 87, ,9 Pescado 79 47,2 Fonte: Balanços de Aprovisionamento, INE. Pág. 57

58 FORTE CRESCIMENTO DO CONSUMO DE BENS ALIMENTARES NA ÚLTIMA DÉCADA Em Portugal, o consumo interno (final) de bens alimentares registou um crescimento médio anual de 3,1% em valor (1,1%, em volume) entre 2000 e 2012, equivalente a 43,6% em valor no período , ou seja, um valor superior ao crescimento da produção de bens alimentares (1,6% ao ano em valor; 20,6% no período ). Em parte, este crescimento do consumo deve-se a alteração de padrões de consumo, de que são exemplo o consumo de frutos exóticos e o aumento da capitação diária de proteínas e gorduras respetivamente, 15% e 17% face a 1990, que se traduz num aumento do consumo de carne, óleos e gorduras. GRÁFICO III2: EVOLUÇÃO DA CAPITAÇÃO DIÁRIA DE PROTEÍNAS, HIDRATOS DE CARBONO E GORDURAS ENTRE 1990 E 2008 (1990=100) E ORIGEM DAS PROTEÍNAS, GORDURAS E HIDRATOS DE CARBONO POR PRODUTO ALIMENTAR EM ,0 120,0 115,0 110,0 105,0 100,0 95,0 90, Proteínas Hidratos de carbono Gorduras 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Proteínas Hidratos de carbono Gorduras Cereais e arroz Carne e miudezas comestíveis Leite e derivados do leite Pescado óleos e gorduras outros Fonte: GPP, a partir de Estatísticas Agrícolas 2010, INE. Este forte crescimento do consumo interno agroalimentar constitui um fator fundamental explicativo da evolução do saldo da balança comercial alimentar, dado que este corresponde à diferença entre o valor total da produção interna de bens alimentares, consumidos internamente ou exportados, e a procura interna total dos mesmos bens, satisfeita quer pela produção interna, quer por importações. O mesmo é dizer que a evolução do saldo da balança comercial alimentar portuguesa no período em análise resulta da conjugação do forte crescimento do consumo interno com o menor dinamismo da produção interna e não apenas de um desses fatores. Pág. 58

59 GRAU DE APROVISIONAMENTO FLORESTAL SUPERIOR A 100% QUADRO III8: GRAU DE AUTOAPROVISIONAMENTODE BENS FLORESTAIS 2 (%) Grau de autoaprovisionamento florestal (%) 113,1 115,6 115,5 114,6 118,8 1 Corresponde ao agregado silvicultura e indústrias florestais (ramos 16, 17 e 18) Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais (Base 2006) e Estatísticas do Comércio Internacional, INE. QUADRO III9: GRAU DE AUTOAPROVISIONAMENTO DE ALGUNS PRODUTOS FLORESTAIS Silvicultura Toros de madeira 93,3 109,3 101,5 94,9 95,9 Fileira da madeira Madeira serrada 99,0 104,3 109,2 138,3 119,9 Painéis de madeira Folheados, contraplacados, lamelados e outros painéis 96,1 49,5 64,8 62,0 62,8 Painéis de fibras 175,9 222,5 77,9 85,6 116,5 Painéis de partículas 167,5 208,3 105,7 131,9 164,3 Painéis de madeira 163,4 188,5 92,2 103,0 129,0 Fileira da pasta, do papel e do cartão Pasta de madeira 198,4 152,8 168,4 162,7 167,3 Papel e cartão Papel de impressão e de escrita e de artigos de papelaria 153,5 265,5 169,9 290,5 310,5 Papel e cartão de embalagem 96,1 87,2 76,8 63,8 68,1 Papel e cartão de utilizações não especificadas e para construção 27,1 80,0 72,2 34,9 32,0 Fonte: GPP, a partir de Observatório para as Fileiras Florestais, ICNF. O grau de autoaprovisionamento florestal tem-se mantido estável na década de e corresponde a, aproximadamente, 115%. Contudo em 2010 passou a registar 119% com a produção a crecer 12,7% e o consumo de bens florestais 8,7%. Quanto ao grau de autoaprovisionamento de alguns produtos florestais destacam-se, em 2012, os toros de madeira com 96%, a madeira serrada com 120% e a pasta de madeira com 167%. 32% DO CONSUMO DE BENS SILVÍCOLAS PELAS INDÚSTRIAS FLORESTAIS SÃO IMPORTADOS Em 2008, 68% dos consumos intermédios silvícolas das indústrias florestais tinham origem nacional e 32% importada. Especificamente, a indústria do papel e cartão consume atualmente cerca de 39% de produtos silvícolas importados e 61% tem origem nacional. Pág. 59

60 Ao nível da fileira do eucalipto, devido ao aumento da capacidade industrial instalada associado a um decréscimo da produtividade dos investimentos do eucalipto, tem sido responsável por uma dependência crescente das importações de matéria-prima (madeira de eucalipto em estilha) as quais atingiram em 2011 o valor de 2,4 milhões de m3 eq. s/ casca, i.e., 6 vezes mais do que o verificado em 2002 e equivalente a cerca de 36% do consumo. Pág. 60

61 III.2 ECONOMIA AGRÍCOLA PRODUTO AGRÍCOLA: DECRÉSCIMO LIGEIRO EM VOLUME MAS PRONUNCIADO EM VALOR O produto agrícola em volume (a preços constantes) registou um decréscimo de 9% em 2012 face ao ano 2000, o que equivale uma redução média anual 0,8% no período. Contudo, analisando a evolução do VAB em valor (a preços correntes), esta tendência resulta muito mais acentuada, diminuindo 30% em 12 anos, o que equivale a uma variação média anual de -2,9% no período. GRÁFICO III3: EVOLUÇÃO DO VABPM AGRÍCOLA (2000=100) P 2012E Valor Volume P dados preliminares; E - estimativa Fonte: GPP, a partir de Contas Económicas da Agricultura (Base 2006), INE. QUADRO III10: TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO ANUAL DA PRODUÇÃO, DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS, DO VAB AGRÍCOLA E DO PIB (%) Volume Preço Valor Volume Preço Valor 2012 E / E /2011 P Produção agrícola pm -0,2 0,8 0,5-2,7 3,9 1,1 Consumos intermédios 0,1 2,6 2,7-2,8 4,6 1,7 VAB pm Agricultura -0,8-2,2-2,9-2,5 2,3-0,3 PIB pm 0,2 2,0 2,2-3,2-0,1-3,3 P- dados preliminares; E - estimativa Fonte: Resultados preliminares GPP, a partir de CN e CEA (Base 2006), INE. Data de versão dos dados: Fevereiro de 2013 Pág. 61

62 QUADRO III11: EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO, CONSUMOS INTERMÉDIOS E VABPM AGRÍCOLAS E PIBPM (VALOR, VOLUME E PREÇOS) Taxa de crescimento média anual Taxa de variação E Produção agrícola Preços correntes 100,0 104,2 109,3 103,2 106,4 105,2 106,3 0,5-0,6 1,5 0,4 6,3 1,1 Preços constantes ,0 99,8 102,4 101,9 101,4 99,8 97,1-0,2 0,2-0,2-0,5-2,9-2,7 IPI Produção 100,0 104,5 106,8 101,3 105,0 105,4 109,5 0,8-0,7 1,6 0,9 9,5 3,9 Consumos intermédios Preços correntes 100,0 122,7 131,5 121,9 128,6 135,9 138,2 2,7 2,0 3,7 2,4 38,2 1,7 Preços constantes ,0 104,5 105,9 107,1 107,4 104,6 101,7 0,1 0,7 0,6-0,6 1,7-2,8 IPI Consumos intermédios 100,0 117,3 124,2 113,9 119,7 130,0 136,0 2,6 1,4 3,0 3,0 36,0 4,6 VABpm agrícola Preços correntes 100,0 83,3 84,0 81,9 81,2 70,2 70,0-2,9-3,7-1,7-3,4-30,0-0,3 Preços constantes ,0 93,5 97,6 94,9 93,3 93,3 91,0-0,8-0,5-1,3-0,5-9,0-2,5 IPI VABpm 100,0 89,1 86,1 86,3 87,1 75,2 77,0-2,2-3,2-0,5-2,9-23,0 2,3 PIBpm Preços correntes 100,0 133,0 135,1 132,3 135,8 134,3 129,9 2,2 4,1 4,2-0,5 29,9-4,4 Preços constantes ,0 108,2 108,2 105,1 106,5 105,4 102,1 0,2 0,6 1,5-1,2 2,1-3,3 IPI PIB 100,0 122,9 124,8 126,0 127,4 127,4 127,2 2,0 3,4 2,7 0,7 27,2-0,2 Nota: O Índice de Preços Implícito (preços correntes /preços constantes *100) expressa a evolução dos preços ou de valorização de determinada variável. P - Dados provisórios; E - Estimativas Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais e Contas Económicas da Agricultura (Base 2006), INE. O VAB agrícola em valor teve um comportamento negativo ao longo de todo o período (-30%), o qual foi particularmente negativo no período (-3,7%, em média anual) e no período (-3,4%, em média anual). Quanto ao VAB em volume, embora também com comportamento negativo ao longo de todo o período (queda de 9%), verifica-se que não foi tão acentuado quanto o verificado quando avaliado em valor, sendo que o período corresponde ao de crescimento mais negativo (-1,3%). CRESCIMENTO DOS PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS E ESTABILIZAÇÃO DOS PREÇOS DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA. Um dos traços mais marcantes da evolução agregada da economia agrícola portuguesa na última década foi a forte degradação dos preços da produção agrícola face aos preços dos bens intermédios por ela utilizados. Esta degradação significa também um aumento do peso dos consumos intermédios no valor da produção de 53% em 2000 para 69% em 2011, ou seja, menor proporção de valor acrescentado por unidade produzida. Caso não tivesse ocorrido a degradação dos preços relativos, esse peso tinha-se mantido estável Peso dos Consumos Intermédios na produção em volume (preços constantes). Pág. 62

63 GRÁFICO III4: ÍNDICES DE PREÇOS IMPLÍCITOS NA PRODUÇÃO, CONSUMOS INTERMÉDIOS E VAB AGRÍCOLA (2000=100) P 2012E Produção Consumos intermédios VABpm P dados preliminares; E - estimativa Fonte: Resultados preliminares GPP, a partir de CN e CEA (Base 2006), INE. Data de versão dos dados: Março de 2013 Contudo, esta característica é relativamente recente já que, segundo Avillez (2013) a evolução dos preços dos produtos agrícolas, cresceu bastante acima dos preços dos consumos intermédios até meados dos anos 90, situação esta que se inverteu após a reforma da PAC de 2003, donde resultou uma evolução dos termos de troca agrícola que tendo sido globalmente positiva (+5% entre os triénios 1987 e 2011 ), apresentou três fases bem distintas: uma primeira bastante favorável, entre 1987 e 1995 (+23%); uma segunda neutra, entre 1995 e 2003 (-1%); e um final desfavorável, entre 2003 e 2011 (-14%). AUMENTO DOS PREÇOS IMPLÍCITOS NOS CONSUMOS INTERMÉDIOS DEVIDO AO CONTRIBUTO DA ENERGIA E LUBRIFICANTES E ALIMENTAÇÃO ANIMAL Os consumos intermédios agrícolas registaram, entre 2000 e 2012, uma tendência crescente em termos de valor (média anual 2,7%) e uma relativa estabilização em volume (média anual 0,1%). O contraste observado entre a série em valor e em volume, em particular no ano de 2008, deveu-se ao aumento dos preços implícitos da energia e lubrificantes (média anual 3,8%), alimentos para animais (média anual 2,9%) e adubos e corretivos do solo (média anual 6%). Pág. 63

64 Em 2009, a tendência evolutiva alterou-se com a descida dos preços dos fatores de produção com destaque para a energia e lubrificantes e alimentos para os animais. Contudo, em 2010 os preços voltam a crescer atingindo um novo máximo em A fraca concentração da oferta agrícola poderá contribuir, em parte, para a fragilidade do setor (ver cap. II.2.2). QUADRO III12: ESTRUTURA DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS E RESPETIVA VARIAÇÃO (%) Estrutura em Taxa de variação 2000/2011 Taxa de crescimento médio anual 2000/2011 (%) P volume volume preço valor Sementes e Plantas 4,2 2,7-2,7-0,2-1,0-1,2 Energia e Lubrificantes 7,9 10,5 19,7 1,6 3,8 5,5 Adubos e Corretivos do Solo 4,3 4,8-18,5-1,8 6,0 4,1 Produtos Fitossanitários 3,0 3,1 12,1 1,0 1,9 2,9 Despesas com Veterinários 0,7 0,7 10,0 0,9 2,6 3,5 Alimentos para Animais 55,1 51,9-7,0-0,7 2,9 2,3 Manutenção e Reparação de Material e Ferramentas Manutenção e Reparação de Edifícios Agrícolas e de Outras Obras 3,0 2,5-16,7-1,6 3,0 1,3 2,5 2,6 9,9 0,9 2,4 3,3 Serviços Agrícolas 3,3 4,3 36,8 2,9 2,4 5,3 Serviços de Intermediação Financeira Indiretamente Medidos (SIFIM) 1,0 1,4 28,5 2,3 3,2 5,5 Outros Bens e Serviços 15,1 15,4 51,5 3,9-0,8 3,1 Total 100,0 100,0 4,6 0,4 2,4 2,8 P dados preliminares Fonte: GPP, a partir de CEA (Base 2006), INE. GRÁFICO III5: EVOLUÇÃO DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS AGRÍCOLAS DE ENERGIA E LUBRIFICANTES E ALIMENTOS PARA ANIMAIS EM VOLUME, VALOR E PREÇO IMPLÍCITO (2000=100) ENERGIA E LUBRIFICANTES ALIMENTOS PARA ANIMAIS 200,0 180,0 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 200,0 180,0 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0, P 2011P P 2011P Volume Valor Preço Volume Valor Preço P dados preliminares; E - estimativa ELEVADA DEPENDÊNCIA ENERGÉTICA DO Fonte: EXTERIOR GPP, a partir de CEA (Base 2006), INE. Pág. 64

65 Portugal é um país com escassos recursos energéticos endógenos, nomeadamente, aqueles que asseguram a generalidade das necessidades energéticas da maioria dos países desenvolvidos (como o petróleo, o carvão e o gás). A escassez de recursos fósseis conduz a uma elevada dependência energética do exterior (79,3% em 2011), nomeadamente das importações de fontes primárias de origem fóssil. PREDOMÍNIO DE PRODUÇÕES ADAPTADAS ÀS CONDIÇÕES EDAFO-CLIMÁTICAS QUADRO III13: ESTRUTURA DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA E RESPETIVA VARIAÇÃO Estrutura em 2010 Taxa de variação 2010/2000 Taxa de variação 2010/2009 Volume Volume Preço Valor Cereais 2,8-47,7-6,4 28,0 19,8 Plantas industriais 0,8-34,1-5,7 0,5-5,2 Plantas forrageiras 3,5-19,5-5,5 7,7 1,8 Vegetais e Produtos hortícolas 20,5 7,9-2,4 10,5 7,9 Batatas 1,6-25,9-12,1 47,8 29,9 Frutos 12,2-3,8-9,2 2,9-6,6 Vinho 13,9-2,6 8,4 2,5 11,2 Azeite 2,1 22,2 13,2-2,5 10,4 Outros produtos vegetais 0,1 231,2 0,0-3,1-3,1 PRODUÇÃO VEGETAL 57,6-6,4-1,6 7,4 5,6 Bovinos 6,9 5,1-11,9 6,3-6,3 Suínos 8,7 18,4 3,2 3,3 6,6 Aves de capoeira 6,0 16,8 3,0 2,1 5,2 Leite 9,7-4,6-2,5-6,7-9,1 Outros produtos animais 5,8-3,5 PRODUÇÃO ANIMAL 37,1 5,0-1,4 1,3-0,2 PRODUÇÃO DE SERVIÇOS AGRÍCOLAS 4,8 20,9-1,3 5,6 4,3 ACTIVIDADES SECUNDÁRIAS 0,5 8,4-0,2-0,4-0,6 PRODUÇÃO 100,0 Fonte: GPP, a partir de Contas Económicas da Agricultura (Base 2000), INE. A análise da estrutura da produção agrícola portuguesa e da dinâmica de evolução nos períodos permite constatar a acentuada prevalência da produção vegetal (57,6%) sobre a produção animal (37,1%), nomeadamente a concentração da produção em quatro setores, três deles de produtos vegetais (hortícolas, frutos, vinho) e um de produção animal (leite), destacando-se a importância crescente dos hortícolas, com 20,5% da produção em 2010, imediatamente seguidos do vinho e dos frutos. CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA TEM DEPENDIDO PARCIALMENTE DE SETORES FORTEMENTE CONSUMIDORES DE CONSUMOS INTERMÉDIOS IMPORTADOS Considerada de modo agregado, a produção animal apresenta uma dinâmica positiva de crescimento no período em análise, contrastando com a variação negativa da produção Pág. 65

66 vegetal 17, contudo duas das componentes mais dinâmicas da produção animal, suínos e aves de capoeira, são fortemente subsidiárias de consumos intermédios de bens (cereais, alimentos para animais e energia) maioritariamente importados 18. O crescimento da produção agrícola tem dependido parcialmente de setores de produção animal fortemente consumidores de consumos intermédios importados, cujos preços têm tido um comportamento muito volátil e tendencialmente crescente. As repercussões deste facto ao nível dos custos de produção dos setores do leite e dos outros sectores animais, que representam 9,7% e 27,4%, respetivamente, da produção agrícola nacional, conjugadas com prováveis efeitos das políticas nestes subsetores, poderão vir a ter impactos muito relevantes. ESTABILIDADE DA PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES NA AGRICULTURA A produtividade do conjunto dos fatores de produção 19, medida através do rácio entre o índice de produção agrícola (a preços de mercado) e o índice agregado dos fatores (terra, trabalho, capital fixo e consumos intermédios) utilizados 20, manteve um crescimento médio anual relativamente estável (crescendo 6,4% no período em análise, ou seja, média anual 0,5%). Em resultado, da estabilidade do consumo de fatores agrícolas (-8,4%, ou seja, -0,7% média anual) associado à manutenção da produção agrícola (-0,2% ao ano). A análise do quadro permite constatar que o único fator cuja relação com a produção diminui foi a os consumos intermédios. 17 Se a análise da estrutura produtiva for realizada com base no VAB o peso do setor vegetal é ainda significativamente reforçado, pois o fato do setor animal ser fortemente utilizador de consumos intermédios o seu valor acrescentado representa uma parcela diminuta do valor da produção, pelo que o crescimento da sua produção tem um impacto muito inferior no valor acrescentado - o setor animal representa, em média no período , apenas 16% do VAB agrícola a preços base, isto é incluindo os subsídios ligados, e 11% do VAB agrícola a preços de mercado isto é sem subsídios, o que contrasta com o peso na produção agrícola (cerca de 44%), segundo estimativas GPP. 18 Na suinicultura e na avicultura o custo com alimentação animal, largamente dependente direta ou indiretamente de importações, ultrapassa 80% dos custos totais. 19 O indicador de produtividade total dos fatores na agricultura, indicador de contexto, correspondeu ao valor 107,6 (média para 2005=100) segundo os dados apresentados pela Comissão Europeia. A média calculada pelo GPP para o mesmo indicador correspondeu a 103,3. 20 Os índices são calculados como médias ponderadas das variações dos produtos e dos fatores. As ponderações de cada produto e fator são calculadas com base no peso na estrutura de produção e na estrutura de consumos, respetivamente. Pág. 66

67 GRÁFICO III6: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES* AGRÍCOLAS E RESPETIVAS COMPONENTES P 2012P Produçãopm Inputs PTF *Produtividade total de fatores= Produçãopm/inputs (preços constantes) Fonte: GPP, a partir de CEA, INE. GRÁFICO III7: TAXA DE VARIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES (PTF) E DOS RÁCIOS PRODUÇÃO-CONSUMOS INTERMÉDIOS, PRODUÇÃO-CONSUMO DE CAPITAL FIXO, PRODUÇÃO-TRABALHO E PRODUÇÃO-TERRA PTF Rácio produção/ci Rácio produção/capital Rácio produção/trabalho Rácio produção/terra -10,0-5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 Fonte: Resultados preliminares GPP, a partir CEA (Base 2006), INE. Data de versão dos dados: Março de 2013 Pág. 67

68 A PRODUTIVIDADE DA TERRA CRESCEU DE FORMA SIGNIFICATIVA A produtividade da terra apresentou um crescimento de 21%, no período ao que corresponde a crescimento médio anual de 2%. GRÁFICO III8: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DA TERRA Produçãopm Terra Produtividade Fonte: GPP, a partir de Eurostat DIMINUIÇÃO DA PRODUTIVIDADE DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS NA AGRICULTURA O volume de consumos intermédios aplicados na atividade agrícola tem-se mantido estável entre 2000 e 2012 (0,1% em média anual, -9% em 12 anos). A conjugação da estabilização do volume de consumos intermédios com uma diminuição do produto agrícola (-0,8% em média anual) conduziu a um decréscimo da produtividade dos consumos intermédios no conjunto do setor agrícola: -0,9% em média anual (-10,5% em 12 anos). Pág. 68

69 GRÁFICO III9: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS* AGRÍCOLAS E RESPETIVAS COMPONENTES P 2012P VABpm CI Produtividade dos CI P dados preliminares *Produtividade = VABpm (preços constantes)/ci Fonte: Resultados preliminares GPP, a partir de CEA (Base 2006), INE. GRÁFICO III10: EVOLUÇÃO, EM VOLUME, DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS AGRÍCOLAS COM MAIOR PESO NA ESTRUTURA P 2012P Energia e Lubrificantes Alimentos para Animais Consumos intermédios - Total P dados preliminares Fonte: Resultados preliminares GPP, a partir de CEA (Base 2006), INE. ACRÉSCIMO SIGNIFICATIVO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NA AGRICULTURA O emprego na agricultura, medido em volume de trabalho, tem vindo a diminuir continuamente na última década: redução de 29,1% de 2000 a 2012 ou seja 2,8% em média anual (cf. Quadro 8). A conjugação desta acentuada quebra do volume de trabalho agrícola no período com uma diminuição menor do produto agrícola (-0,8% em média anual) Pág. 69

70 revela um forte acréscimo da produtividade parcial do trabalho no conjunto do setor agrícola: 28,3% no período 2000 a 2012, ou seja, 2,1% em média anual (gráfico 6). GRÁFICO III11: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE PARCIAL DO TRABALHO* AGRÍCOLA E RESPETIVAS COMPONENTES P 2011P VABpm Produtividade do trabalho UTA P dados preliminares; E estimativa *Produtividade = VABpm (preços constantes)/uta Fonte: Resultados preliminares GPP, a partir de CEA (Base 2006), INE. Data de versão dos dados: Março de 2012 QUADRO III14: PRODUÇÃO, EMPREGO E PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA (%) E Taxa de crescimento médio anual Taxa de variação Produçãopm Preços correntes 100,0 104,2 109,3 103,2 106,4 105,2 106,3 0,5-0,6 1,5 0,4 6,3 1,1 Preços constantes ,0 99,8 102,4 101,9 101,4 99,8 97,1-0,2 0,2-0,2-0,5-2,9-2,7 VABpm Preços correntes 100,0 83,3 84,0 81,9 81,2 70,2 70,0-2,9-3,7-1,7-3,4-30,0-0,3 Preços constantes ,0 93,5 97,6 94,9 93,3 93,3 91,0-0,8-0,5-1,3-0,5-9,0-2,5 Emprego (UTA) 100,0 83,8 82,5 81,2 74,5 71,8 70,9-2,8-1,6-3,1-3,3-29,1-1,3 Produtividade* 100,0 111,6 118,3 116,9 125,3 129,9 128,3 2,1 1,1 1,9 2,8 28,3-1,3 *VABpm preços constantes/uta P preliminar; E - estimativa Fonte: Resultados preliminares GPP, a partir CEA (Base 2006), INE. Data de versão dos dados: Março de 2013 MANUTENÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO CAPITAL FIXO NOS ÚLTIMOS ANOS O volume de capital fixo utilizado na atividade agrícola manteve-se estável entre 2000 e No mesmo período, a estabilização do volume de capital fixo combinada com uma diminuição do produto agrícola implicou uma ligeira diminuição da produtividade do capital fixo, que Pág. 70

71 depende da utilização mais ou menos intensiva do equipamento e do grau de modernização e de automatização do mesmo, no conjunto do setor agrícola. Mas a partir de 2009, a tendência inverteu-se, o volume de capital fixo diminuiu e a produtividade aumentou até estabilizar em GRÁFICO III12: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO CAPITAL FIXO* AGRÍCOLA E RESPETIVAS COMPONENTES P 2012P VABpm CCF Produtividade do CCF P dados preliminares *Produtividade = VABpm (preços constantes)/ccf Fonte: Resultados preliminares GPP, a partir de CEA (Base 2006), INE. À semelhança do conjunto da Economia, o investimento na atividade agrícola sofreu uma queda no período : -2,8% em média anual, a preços constantes. Essa quebra tornouse mais clara nos anos mais recentes. Tal evolução dever-se-á quer à conjuntura económica (com dificuldade de acesso ao crédito, custos de crédito mais elevados e expectativas negativas), quer à descida do rendimento, ou seja, menor capacidade financeira dos agricultores. Sem se inverter a trajetória do rendimento, a manutenção de níveis de investimento indispensáveis para aumentar a competitividade será muito exigente para os agricultores. Em termos correntes, o investimento apresenta, ao longo dos subperíodos, uma evolução negativa 21, traduzindo-se numa taxa de crescimento média anual de -1%, entre QUADRO III15: O INVESTIMENTO NA ATIVIDADE AGRÍCOLA A PREÇOS CORRENTES P Taxa de crescimento médio anual FBCF (2000=100) 100,0 100,0 95,2 83,6 86,8 89,1-1,0 1,2-0,9-2,8 Os dados provisórios de 2011 apontam para 656,5 milhões de euros de FBCF para o continente e correspondendo a FBCF/VAB 20,3% do cf VAB do % sector. 23,2 24,6 22,5 21,7 21,8 24,9 0,6 2,8-0,5 0,2 Fonte: GPP, a partir de Contas Económicas da Agricultura (Base 2006), INE. Pág. 71

72 A POLÍTICA AGRÍCOLA É UM FATOR DETERMINANTE NA EVOLUÇÃO DO RENDIMENTO AGRÍCOLA Apesar do forte crescimento da produtividade real do trabalho 22 no período (28,3% ou seja 2,1% em média anual), o poder aquisitivo do rendimento unitário do trabalho agrícola 23 conheceu uma variação no mesmo período de -2,4 %, ou seja -0,2% em média anual (gráfico 7 e quadro 10). Este decréscimo, só não foi maior, devido ao considerável aumento do valor dos subsídios que cresceram, em média anual no período , 4% (3,9% líquidos de impostos) em termos nominais, o que corresponde a 2% 24 em termos de poder aquisitivo real. Os subsídios ao sector representam, atualmente, 35% do rendimento agrícola. 25 DIMINUIÇÃO DO RENDIMENTO DA ATIVIDADE AGRÍCOLA Em suma, apesar do contributo do aumento dos subsídios para o amortecimento da redução do rendimento da atividade agrícola, a forte degradação dos preços implícitos no produto agrícola relativamente aos preços implícitos no PIB da Economia exerceu uma influência muito negativa, de tal modo que prevaleceu sobre aquele fator positivo e conduziu a uma diminuição em valor e, ainda mais acentuada, em termos de poder aquisitivo real. 26 GRÁFICO III13: COMPOSIÇÃO E EVOLUÇÃO DO VABCF, PREÇOS CORRENTES (MILHÕES DE EUROS) P 2012E VABpm Subsídios aos produtos líquidos de impostos Subsídios desligados líquidos de impostos Fonte: GPP, a partir de Contas Económicas da Agricultura (Base 2006), INE. Subsídios aos produtos, englobam as ajudas ligadas a produções específicas, consideram-se, entre outros, os pagamentos aos produtores de cereais, os pagamentos aos ovinos e bovinos e as ajudas à produção de azeite. Subsídios desligados, consideram-se os subsídios de que as unidades produtoras beneficiam devido às suas atividades de produção, mas que não são ligados nem a produções específicas nem ao volume da produção. Incluem, por exemplo, o regime de pagamento único (RPU), as bonificações de juros, as ajudas às retiradas de terras, as indemnizações compensatórias e as medidas agroambientais. A introdução do RPU a partir de 2005, em substituição de ajudas diretas, foi o fator determinante do forte crescimento dos subsídios desligados e da redução dos subsídios aos produtos, com os correspondentes efeitos no aumento do peso dos primeiros e na redução do peso dos segundos no VABcf, bem visível neste Gráfico. 22 Produtividade do trabalho: VABpm a preços constantes por UTA. 23 VABcf por UTA deflacionado pelo Índices de Preços Implícitos no PIB (CN, INE). 24 Recorrendo ao deflator do PIB (GPP a partir de CN, INE). 25 O estudo Avillez (2013), analisa a evolução dos pagamentos diretos aos produtores desde a adesão á PAC e conclui que o seu valor total cresceu, a preços correntes, de 103 milhões de euros/ano em 1987 para 940 milhões de euros/ano em 2011, crescimento este que até à reforma da PAC de 2003 foi consequência, predominantemente, dos pagamentos ligados à produção e nestes últimos anos de pagamentos separados da produção. Como consequência deste aumento das transferências de rendimento geradas entre 1987 e 2011 pelos pagamentos diretos aos produtores: a taxa de suporte às explorações agrícolas portuguesas, cresceu de 3 para 15%;o nível de apoio ao rendimento dos produtores, aumentou de 7 para 42%; e o valor por unidade de trabalho ano agrícola dos PDP, cresceu de 125 para 261 euros/anos. 26 O rendimento dos factores na agricultura correspondeu a euros/uta, uma evolução estável relativamente a 2005 (1,1%) Pág. 72

73 QUADRO III16: PRODUTO, EMPREGO E RENDIMENTO DA ATIVIDADE AGRÍCOLA E Taxa de crescimento médio anual IPI VAB pm 89,1 86,1 86,3 87,1 75,2 77,0-2,2-3,2-0,5-2,9 IPI VAB cf 100,6 100,4 93,8 98,9 89,0 96,8-0,3-1,0 0,9-0,8 IPI PIB pm 122,9 124,8 126,0 127,4 127,4 127,2 2,0 3,4 2,7 0,7 IPI VAB cf / IPI PIBpm 81,8 80,5 74,5 77,6 69,9 76,1-2,3-4,3-1,7-1,4 Subsídios líquidos de impostos 138,5 156,3 125,5 148,3 136,7 158,9 3,9 6,7 3,3 2,8 VABcf em valor 94,0 98,0 89,1 92,2 83,1 88,1-1,1-1,5-0,4-1,3 VABcf real* 76,5 78,5 70,7 72,4 65,2 69,2-3,0-4,8-3,0-2,0 Emprego (UTA) 83,8 82,5 81,2 74,5 71,8 70,9-2,8-1,6-3,1-3,3 VABcf /UTA em valor 112,2 118,9 109,7 123,9 115,7 124,2 1,8 0,1 2,8 2,1 VABcf real*/uta 91,3 95,2 87,1 97,2 90,8 97,6-0,2-3,2 0,2 1,3 REA/UTA não assalariada 69,1 72,1 64,1 79,7 60,7 75,6-2,3-6,9-3,8 1,8 Fonte: GPP, a partir de Contas Económicas da Agricultura (Base 2006), INE. GRÁFICO III14: ÍNDICES DE PREÇOS IMPLÍCITOS NO VABCF AGRÍCOLA E NO PIB P 2012E IPI VABcf IPI PIBpm IPI VABcf / IPI PIBpm Fonte: GPP, a partir de CEA e Contas Nacionais (Base 2006), INE Pág. 73

74 GRÁFICO III15: COMPARAÇÃO NÍVEL DE VIDA NA AGRICULTURA COM ECONOMIA (%) 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0, Fonte: GPP, a partir Eurostat. NÍVEL DE VIDA DOS AGRICULTORES INFERIOR AO CONJUNTO DA ECONOMIA COM TENDÊNCIA DECRESCENTE Nos últimos 12 anos, o decréscimo do rendimento empresarial agrícola real (-47,8%) associado a um decréscimo do volume de trabalho não-assalariado (-31%), conduziu a uma evolução negativa do rendimento empresarial por unidade de trabalho (-24,4%). Comparando a evolução do nível de vida, medido pelo rendimento empresarial agrícola, do setor agrícola com a média da economia verificou-se uma tendência decrescente (40,9% da economia em 2000 face a 30,4% em 2012). MAIOR VOLATILIDADE DOS PREÇOS AGRÍCOLAS FACE AO RESTO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO ALIMENTAR Os preços agrícolas apresentam uma maior volatilidade 27, embora as tendências evolutivas não apresentem diferenças significativas ao longo do período, quer nos movimentos de subida de preços quer nos de descida. 27 De facto, a série dos índices de preços no produtor apresenta o maior coeficiente de variação da cadeia de abastecimento alimentar, 0,05 face a 0,04 e 0,03 da indústria e no consumidor, respetivamente. Pág. 74

75 GRÁFICO III16: ÍNDICES DE PREÇOS DOS BENS ALIMENTARES NO PRODUTOR, INDÚSTRIA E CONSUMIDOR Preço dos bens agrícolas no produtor Preço na indústria alimentar Preço dos produtos alimentares no consumidor Fonte: GPP, a partir de INE SISTEMA DE SEGUROS AGRÍCOLA EXISTENTE COM PROBLEMAS DE VIABILIDADE (FINANCEIRA E ADESÃO) A gestão do risco no âmbito da atividade agrícola assume uma importância crescente: por um lado, a atividade tem decorrido, nos últimos anos, num contexto económico adverso, com o aumento substancial da volatilidade dos preços, acompanhada de uma subida de preços dos consumos intermédios face aos preços implícitos na produção, traduzindo-se em perda de rendimento gerado e, por outro, surge a necessidade de adaptação da atividade às alterações climáticas. A crescente exposição do sector ao risco é um fator desincentivador ao investimento, que poderá ser atenuado através de instrumentos de gestão do risco que contribuam para a manutenção dos rendimentos na atividade. Em Portugal, o sistema de seguros agrícolas é operacionalizado através do Sistema Integrado de Proteção contra Aleatoriedades Climáticas (SIPAC) criado em O SIPAC é um sistema público-privado assente em três componentes: (1) seguro de colheitas: componente fundamental que visa assegurar a produção, através da bonificação de prémios aos tomadores de seguros; (2) resseguro, através do mecanismo de compensação da sinistralidade; (3) fundo de calamidades, complementar ao seguro agrícola, que atua em calamidades cujos riscos não estão cobertos pelo seguro. O SIPAC abrange o risco de incêndio e/ou explosão, queda de raio, granizo, tornado, tromba de água, geada, queda de neve, fendilhamento do fruto da cerejeira e chuvas persistentes no tomate para indústria. No entanto, não cobre o risco de seca, pragas e doenças, bem como todo o setor pecuário e florestal. Pág. 75

76 PROGRESSIVA EROSÃO DO SISTEMA DE SEGUROS AGRÍCOLAS O SIPAC tem apresentado algumas fragilidades das quais resultam, entre outros aspetos, uma progressiva erosão em termos de aderentes e de capital seguro e pesados encargos no orçamento de Estado. O número de segurados passou de cerca de 65 mil para 30 mil, e o capital seguro passou de cerca de 420 mil para 287 mil, entre 2003 e GRÁFICO III17: EVOLUÇÃO DO N.º DE SEGURADOS E DO CAPITAL SEGURO NO SIPAC ( ) N.º de agricultores Capital Seguro Fonte: IFAP Coexistem com o SIPAC, desde 2012, um sistema de seguro autónomo para o sector da vinha e um sistema de seguro de colheitas para apoio às organizações de produtores hortofrutícolas ao abrigo dos Programas Operacionais, ambos financiados no âmbito das respetivas OCMs. Pág. 76

77 III.3 ECONOMIA SILVÍCOLA PRODUTO SILVÍCOLA: DECRÉSCIMO EM VOLUME E MAIS PRONUNCIADO EM VALOR O produto silvícola em volume (a preços constantes) registou uma diminuição de 18% em 2011 face ao ano 2000 (média anual -1,8%). Analisando a evolução do VAB em valor (a preços correntes), esta tendência resulta ainda mais acentuada, diminuindo 24,2% na década (média anual de -2,5%). Não obstante este comportamento global, verifica-se uma evolução positiva no VAB, em valor e em volume, ao longo dos subperíodos. QUADRO III17: EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO, CONSUMOS INTERMÉDIOS E VAB SILVÍCOLAS E PIBPM (VALOR, VOLUME E PREÇOS) P Taxa de crescimento médio anual Nota: O Índice de Preços Implícito (preços correntes /preços constantes *100) expressa a evolução dos preços ou de valorização de determinada variável. P - Dados provisórios Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais e Contas Económicas da Silvicultura (Base 2006), INE. Taxa de variação Taxa de variação Produção silvícola Preços correntes ,9-8,8 1,3 0,4 2,8-18,7 Preços constantes ,9-7,0 0,4-0,1 0,0-18,9 IPI Produção ,0-1,9 0,9 0,6 2,9 0,2 Consumos intermédios Preços correntes ,3-9,2 10,6-2,2-4,8 2,8 Preços constantes ,1-10,0 6,4-4,1-7,8-21,1 IPI Consumos intermédios ,4 1,0 4,0 2,0 3,2 30,4 VABpb silvícola Preços correntes ,5-8,7-1,5 1,4 5,8-24,2 Preços constantes ,8-6,2-1,5 1,4 2,9-18,0 IPI VABpb ,7-2,6 0,0 0,0 2,8-7,7 PIBpm Preços correntes ,7 4,1 4,2 0,3-1,0 34,3 Preços constantes ,5 0,6 1,5-0,6-1,6 5,4 IPI PIBpm ,2 3,4 2,7 0,9 0,5 27,4 QUADRO III18: TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO ANUAL DA PRODUÇÃO, DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS, DO VAB SILVÍCOLA E DO PIB (%) Volume Preço Valor Volume Preço Valor 2000/2011P 2010/2011P Produção silvícolapb -1,9 0,0-1,9 0,0 2,9 2,8 Consumos intermédios -2,1 2,4 0,3-7,8 3,2-4,8 VABpb silvícola -1,8-0,7-2,5 2,9 2,8 5,8 PIBpm 0,5 2,2 2,7-1,6 0,5-1,0 P dados provisórios Fonte: GPP, a partir de CN e CES (Base 2006), INE. Pág. 77

78 GRÁFICO III18: EVOLUÇÃO DO VABPB SILVÍCOLA (2000=100) P volume valor P dados preliminares Fonte: Contas Económicas da Silvicultura (Base 2006), INE. CRESCIMENTO DOS PREÇOS DOS CONSUMOS INTERMÉDIOS E ESTABILIZAÇÃO DOS PREÇOS DA PRODUÇÃO SILVÍCOLA Um dos principais aspetos da evolução agregada da economia silvícola portuguesa nos últimos dez anos foi a estabilização dos preços da produção silvícola face aos preços dos bens intermédios (média anual 2,4%) por ela utilizados. Este contraste significa também um aumento do peso dos consumos intermédios no valor da produção de 20,3% em 2000 para 25,7% em , que se teria mantido estável caso não se tivesse verificado aquele comportamento dos preços. Os resultados deste indicador revelam um enquadramento desfavorável para a produção florestal nos últimos anos, devido aos custos com as despesas correntes da atividade serem superiores aos preços da produção. Em 2011, apesar dessa relação se manter desvantajosa, observou-se uma ligeira melhoria face a Peso dos CI na produção em volume (preços constantes). Pág. 78

79 GRÁFICO III19: ÍNDICES DE PREÇOS IMPLÍCITOS NA PRODUÇÃO, CONSUMOS INTERMÉDIOS E VAB SILVÍCOLA (2000=100) P IPI Produção IPI Consumos intermédios IPI VABpb P dados preliminares Fonte: GPP, a partir de CN e CES (Base 2006), INE. CONCENTRAÇÃO DA PRODUÇÃO SILVÍCOLA NA MADEIRA DE FOLHOSAS PARA FINS INDUSTRIAIS E NA CORTIÇA A madeira de folhosas para fins industriais (20,9%) e a cortiça (21%) destacam-se como os produtos silvícolas nacionais de maior peso relativo. NA ÚLTIMA DÉCADA VERIFICA-SE CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE MADEIRA DE FOLHOSAS PARA FINS INDUSTRIAIS E DIMINUIÇÃO DA PRODUÇÃO DE CORTIÇA Nos últimos dez anos, cresceu a produção de madeira de folhosas para fins industriais (aumento de 36,1%, ou seja, 2,8% ao ano) e diminuiu a produção de cortiça (decréscimo de - 48,3%, ou seja, -5,8% ao ano), devido quer à diminuição dos preços quer da produção (-24,5% no preço e -31,4% em volume). De facto, o estado de envelhecimento de alguns montados e a diminuição dos preços pagos ao produtor contribuiu para uma situação de redução da extração de cortiça no período de referência. Contudo, em 2011, a produção de cortiça, contrariando a tendência de evolução negativa verificada na década, cresce (8% em volume e 12,3% em valor), resultado nomeadamente do relançamento deste produto nos mercados nacional e internacional sob a forma de rolhas, material de isolamento acústico e térmico ou acessórios de moda. A madeira de folhosas para fins industriais, constituída fundamentalmente pelo eucalipto, o principal produto florestal em termos nominais, assume cada vez maior importância, em detrimento da Cortiça. Pág. 79

80 QUADRO III19: ESTRUTURA DA PRODUÇÃO SILVÍCOLA 2010 E RESPETIVA VARIAÇÃO FACE A 2009, A PREÇOS BASE (%) Estrutura Taxa de variação 2000/2011P Taxa de variação 2010/2011P P volume volume preço valor Produção de Bens Silvícolas 83,1 77,4-20,2 4,2 2,5 6,8 Crescimento das Florestas (variação de existências) 7,5 15,7-71,0 5,6 2,0 7,7 Madeira de Resinosas para Fins Industriais 22,5 12,7-27,2 2,3 1,8 4,2 Madeira de Folhosas para Fins Industriais 12,5 20,9 33,5 2,0 2,0 4,0 Lenha 4,8 3,3-5,7 0,0 4,0 4,0 Outros Produtos 35,8 24,8-26,2 6,9 3,5 10,7 Cortiça 33,0 21,0-31,4 8,0 4,0 12,3 Produção de Serviços Silvícolas 14,5 18,1-16,8-12,5 4,4-8,6 Actividades Secundárias Não Florestais (não separáveis) 2,4 4,4 15,3-12,5 3,1-9,8 Produção da Silvicultura (preços de base) 100,0 100,0-18,9 0,0 2,9 2,8 P dados provisórios; E - estimativa Fonte: GPP, a partir de CES (Base 2006), INE. GRÁFICO III20: ESTRUTURA DA PRODUÇÃO SILVÍCOLA 2011, A PREÇOS BASE (%) 22% 16% 4% 13% 21% 21% 3% Crescimento das Florestas (variação de existências) Madeira de Resinosas para Fins Industriais Madeira de Folhosas para Fins Industriais Lenha Cortiça outros Serviços e atividades secundárias Fonte: GPP, a partir de CES (Base 2006), INE. QUADRO III20: EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO, EMPREGO E PRODUTIVIDADE SILVÍCOLA P Taxa de crescimento médio anual Taxa de variação Taxa de variação Produção silvícola Preços correntes ,9-8,8 1,3 0,4 2,8-18,7 Preços constantes ,9-7,0 0,4-0,1 0,0-18,9 IPI Produção ,0-1,9 0,9 0,6 2,9 0,2 VABpb silvícola Preços correntes ,5-8,7-1,5 1,4 5,8-24,2 Preços constantes ,8-6,2-1,5 1,4 2,9-18,0 IPI VABpb ,7-2,6 0,0 0,0 2,8-7,7 Emprego (ETC) ,3 1,6-0,8-3,9-2,8-13,2 Produtividade* ,5-7,7-0,7 5,4 5,9-5,5 * VABpb/ETC P preliminar Fonte: GPP, a partir CES (Base 2006), INE. Data de versão dos dados: Março de 2012 Pág. 80

81 GRÁFICO III21: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE PARCIAL DO TRABALHO* SILVÍCOLA E RESPETIVAS COMPONENTES P VABpb ETC Produtividade parcial do trabalho P dados preliminares *Produtividade = VABpb (preços constantes)/etc Fonte: GPP, a partir de CES (Base 2006), INE. CONTÍNUA REDUÇÃO DO EMPREGO SILVÍCOLA E DA PRODUTIVIDADE NA ÚLTIMA DÉCADA. O emprego na silvicultura, medido em volume de trabalho, diminuiu na última década 13,2% (-1,3% em média anual), com especial incidência no último subperíodo (-3.9%, em média anual). De 2001 a 2008 nota-se uma relativa estabilização da produtividade. Contudo, a partir de 2008, a produtividade cresceu sobretudo devido à redução do volume de trabalho. GRÁFICO III22: RENDIMENTO EMPRESARIAL LÍQUIDO DA SILVICULTURA (MILHÕES DE EUROS) P P dados preliminares Fonte: GPP, a partir de CES (Base 2006), INE. Pág. 81

82 Refletindo o comportamento da Produção e do VAB, o rendimento do setor, medido pelo rendimento empresarial líquido, tem vindo a diminuir na última década: redução de 32,8% de 2000 a 2011 ou seja -3,5% em média anual. Em 2010, inverteu-se a tendência de descida. Pág. 82

83 III.4 ECONOMIA DAS INDÚSTRIAS (IABT E IF) IABT: REDUÇÃO DO EMPREGO; AUMENTO DO PRODUTO; AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO. 29 O emprego nas IABT, medido em equivalentes a tempo completo de trabalho (ETC), reduziu-se 3,7%, no período de Conforme ilustrado no Gráfico III20, a conjugação desta quebra do volume de trabalho agrícola com um acréscimo do produto das IABT (1,4%, em média anual) revela um importante acréscimo da produtividade parcial do trabalho no setor: 18,9%, no período (1,8%, em média anual). O período é o que representa, para o VAB, para o emprego e para a produtividade, o período de maior crescimento em termos médios anuais. Globalmente a produtividade do trabalho nas IABT tem vindo a crescer a um ritmo superior ao verificado no conjunto da economia, aproximando-se dos níveis de produtividade deste ao longo do período considerado. QUADRO III21: PRODUTO, EMPREGO E PRODUTIVIDADE NAS IABT Taxa de Taxa de crescimento média anual P variação VABpm Preços constantes ,1 109,3 113,6 114,5 1,4 0,4 2,6 0,7 14,5 ETC ,0 98,2 96,1 96,3-0,4-1,3 0,5-0,6-3,7 Produtividade do trabalho ,4 111,3 118,2 118,9 1,8 1,7 2,1 1,3 18,9 Fonte: GPP, a partir de Contas Económicas da Agricultura (Base 2006), INE. 29 Em 2012, as indústrias alimentares empregavam cerca de 93 mil pessoas (2% do emprego da economia), apresentando uma produtividade do trabalho de 23,5 mil euros por trabalhador em 2010, inferior à da economia (30 mil euros por trabalhador). Pág. 83

84 GRÁFICO III23: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE PARCIAL DO TRABALHO* NAS IABT e RESPETIVAS COMPONENTES P VABpm ETC Produtividade do trabalho *Produtividade = VABpm (preços constantes)/uta Fonte: GPP, a partir de CEA (Base 2006), INE P dados preliminares; E estimativa IF: REDUÇÃO DO EMPREGO; ESTABILIDADE DO PRODUTO; ELEVADO CRESCIMENTO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO O emprego nas IF, medido em ETC, reduziu-se 27,4%, no período de Conforme se pode visualizar no Gráfico III21, uma vez que o produto das IF apresenta estabilidade ao longo do período considerado (-0,1%, em média anual), a quebra acentuada e contínua do emprego neste setor ao logo dos anos (-3,2%, em média anual) resulta num forte acréscimo da produtividade parcial do trabalho: 36,9%, no período (3,2%, em média anual). Assim se constata que a produtividade do trabalho nas IF tem vindo a crescer a um ritmo bastante superior ao verificado nas IABT, ultrapassando, no ano 2009, o nível de produtividade média do trabalho registado no conjunto da economia. É ainda de assinalar que o produto a preços constantes das IF só apresentou um crescimento médio anual positivo no subperíodo QUADRO III22: PRODUTO, EMPREGO E PRODUTIVIDADE NAS IF Taxa de Taxa de crescimento média anual P variação VABpm Preços constantes ,4 103,7 99,2 99,4-0,1 0,0 1,6-2,2-0,6 ETC ,8 83,1 75,8 72,6-3,2-1,9-2,0-5,8-27,4 Produtividade do trabalho ,5 124,8 130,8 136,9 3,2 2,0 3,7 3,8 36,9 Fonte: GPP, a partir de Contas Económicas da Agricultura (Base 2006), INE. Pág. 84

85 GRÁFICO III24: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE PARCIAL DO TRABALHO* NAS IF E RESPETIVAS COMPONENTES P VABpm ETC Produtividade do trabalho *Produtividade = VABpm (preços constantes)/uta Fonte: GPP, a partir de CEA (Base 2006), INE PREÇOS IMPLÍCITOS NO PRODUTO DAS IABT CRESCERAM OS DAS IF ESTABILIZARAM. Os Gráficos III22 e III23 permitem-nos acompanhar a evolução dos preços implícitos no produto das indústrias, no PIB e o seu peso relativo, no período Constata-se que, enquanto os preços implícitos no produto das IABT cresceram, em média anual, a par dos preços implícitos no PIB da economia (2,1% e 2%, respetivamente), os preços implícitos no produto das IF registaram uma relativa estabilização (-0,4%, em média anual), resultando numa degradação destes face aos preços implícitos no PIB da Economia e consequente perda de valor para o setor florestal. GRÁFICO III25: ÍNDICE DE PREÇOS IMPLÍCITOS NO VAB DAS IABT E NO PIB P 2012P IPI VABpm IABT IPI PIBpm IPI VABpm IABT /IPI PIBpm Fonte: GPP, a partir de CEA e Contas Nacionais (Base 2006), INE Pág. 85

86 GRÁFICO III26: ÍNDICE DE PREÇOS IMPLÍCITOS NO VAB DAS IF E NO PIB P 2012P IPI VABpm IF IPI PIBpm IPI VABpm IF/IPI PIBpm Fonte: GPP, a partir de CEA e Contas Nacionais (Base 2006), INE ÍNDICE DE PREÇOS INDÚSTRIAS ALIMENTARES, BEBIDAS E TABACO CRESCEU E O DAS INDÚSTRIAS FLORESTAIS ESTABILIZOU. A evolução do índice de preços no conjunto das indústrias alimentares, bebidas e tabaco, e no conjunto que designamos, grosso modo, por indústrias florestais vem ilustrada nos gráficos III24 e III25. Constatamos, pois, que, no primeiro caso, os preços industriais das alimentares e bebidas assumiram uma tendência crescente a uma taxa média anual de 1,7%, no período , enquanto o índice de preços industriais do tabaco revela um fortíssimo crescimento, atingindo uma taxa de variação dos preços de 57,1% (dados disponíveis até 2007). Já no conjunto das chamadas indústrias florestais os preços caracterizam-se por uma certa estabilidade no período. GRÁFICO III27: ÍNDICE DE PREÇOS INDUSTRIAIS - INDÚSTRIAS ALIMENTARES, DAS BEBIDAS E DO TABACO Indústrias alimentares Indústria das bebidas Indústria do tabaco Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais, INE Pág. 86

87 GRÁFICO III28: ÍNDICE DE PREÇOS INDUSTRIAIS - INDÚSTRIAS FLORESTAIS Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário; Fabricação de obras de cestaria e de espartaria Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos Impressão e reprodução de suportes gravados Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais, INE VOLUME DE PRODUÇÃO NAS INDÚSTRIAS ALIMENTARES, BEBIDAS E TABACO CRESCEU. Os gráficos III26 e III27 revelam, com base na evolução do índice de produção industrial, as variações do volume da produção, ilustrando a tendência no valor acrescentado a custo de fatores das indústrias para o período Assim, o volume de produção nas indústrias alimentares, bebidas e tabaco assumiu no seu conjunto uma trajetória crescente, podendo destacar-se as indústrias alimentares com uma variação do volume de produção de 24% no período sob análise. GRÁFICO III29: ÍNDICES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL - INDÚSTRIAS ALIMENTARES, DAS BEBIDAS E 150 DO TABACO Indústrias alimentares Indústria das bebidas Indústria do tabaco Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais, INE Pág. 87

88 VOLUME DE PRODUÇÃO NAS INDÚSTRIAS DA FABRICAÇÃO DE PASTA E DE PAPEL CRESCEU E NAS INDÚSTRIAS DA MADEIRA E CORTIÇA DIMINUIU MUITO. Já no conjunto das chamadas indústrias florestais, a trajetória de evolução é bastante díspar. Se, por um lado, as indústrias da fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos se destacam ao registarem taxas médias de crescimento em volume de 4,7% ao ano, o volume de produção das restantes entrou em fortíssimo declínio. GRÁFICO III30: ÍNDICES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL - INDÚSTRIAS FLORESTAIS Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário; Fabricação de obras de cestaria e de espartaria Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos Impressão e reprodução de suportes gravados Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais, INE Pág. 88

89 IV. DESENVOLVIMENTO DAS ZONAS RURAIS O SETOR PRIMÁRIO TEM PAPEL IMPORTANTE NA FORMAÇÃO DO PRODUTO E GERAÇÃO DE EMPREGO DAS ZONAS RURAIS Analisando a estrutura setorial do VAB nas zonas rurais em 2000 e 2011, verifica-se uma diminuição da importância do setor primário e secundário em favor do setor terciário (66% em 2011), à semelhança do que se assistiu no conjunto da economia, muito embora os setores primário e secundário assumam na estrutura setorial do VAB das zonas rurais um peso de 5% e 29% respetivamente, superior ao verificado na economia nacional. O mesmo se verifica em relação ao emprego sendo, no entanto, de destacar que os setores primário e secundário concentram, em conjunto, perto de metade do emprego das zonas rurais, com 24% cada um. GRÁFICO IV1: ESTRUTURA SETORIAL DO VAB NAS ZONAS RURAIS EM 2000 E 2011 (%) P I 9% I 5% III 60% II 31% III 66% II 29% Fonte: GPP, a partir de Contas Regionais, INE. GRÁFICO IV2: ESTRUTURA SETORIAL DO EMPREGO NAS ZONAS RURAIS EM 2000 E I 26% I 24% III 44% III 52% II 30% II 24% Fonte: GPP, a partir de Contas Regionais, INE. Pág. 89

90 BAIXA DENSIDADE POPULACIONAL ACOMPANHADA DE PERDA DE POPULAÇÃO NA ÚLTIMA DÉCADA As zonas rurais do Continente 30 representam 81,4% da superfície e 33,3% da população residente, apresentando uma baixa densidade populacional quando comparadas com o continente (46,1 hab/km 2 face a 112,7 hab/km 2 ). Em termos evolutivos, como se pode ver no gráfico IV3, entre 2000 e 2012 ocorreu perda de população em quase todas as zonas rurais (- 1,7%) e ganho na maioria das zonas urbanas e intermédias (5,8%). GRÁFICO IV3: TAXA DE VARIAÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE ENTRE 2000 E 2012 (%) -15,0-10,0-5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 Minho-Lima Cávado Ave Grande Porto Tâmega Entre Douro e Vouga Douro Alto Trás-os-Montes Baixo Vouga Baixo-Mondego Pinhal Litoral Pinhal Interior Norte Dão-Lafões Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira Oeste Médio Tejo Grande Lisboa Península de Setúbal Alentejo Litoral Alto Alentejo Alentejo Central Baixo Alentejo Lezíria do Tejo Algarve rural intermédia e urbana rural intermédia e urbana Nota: população rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010) Fonte: GPP, a partir de Eurostat POPULAÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR PERDEU PESO NAS ZONAS RURAIS A população agrícola familiar perdeu importância na população em todas as regiões do continente (11,5% em 1999 face a 7,1% em 2009). Contudo, a perda foi superior nas zonas rurais (23,4% em 1999 face a 15,6% em 2009). 30 Segundo a tipologia urbano-rural das NUTS III (versão 2010). Pág. 90

91 QUADRO IV1: PESO DA POPULAÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR NA POPULAÇÃO RESIDENTE (%) Continente 11,5 7,1 Zonas rurais 23,4 15,6 Nota: População rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010) Fonte: GPP, a partir do INE. GRÁFICO IV4: TAXA DE VARIAÇÃO DA POPULAÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR EM PORTUGAL CONTINENTAL ENTRE 1999 E 2009 (%) Minho-Lima Cávado Ave Grande Porto Tâmega Entre Douro e Vouga Douro Alto Trás-os-Montes Baixo Vouga Baixo-Mondego Pinhal Litoral Pinhal Interior Norte Dão-Lafões Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira Oeste Médio Tejo Grande Lisboa Península de Setúbal Alentejo Litoral Alto Alentejo Alentejo Central Baixo Alentejo Lezíria do Tejo Algarve rural intermédia e urbana -60,0-50,0-40,0-30,0-20,0-10,0 0,0 Nota: População rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010) Fonte: GPP, a partir de CEA, INE ENVELHECIMENTO NAS ZONAS RURAIS QUADRO IV2: ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO Continente 104,5 130,6 Zonas rurais 141,8 177,2 Nota: população rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010) Fonte: GPP, a partir de Censos 2011 INE Pág. 91

92 O índice de envelhecimento, que corresponde à proporção entre a população com mais de 65 anos e a população mais jovem (0-14 anos), tem piorado nos últimos dez anos tanto no continente (104,5 em 2001 face a 130,6 em 2011) como nas zonas rurais (141,8 em 2001 face a 177,2 em 2011). Ainda assim o indicador é mais elevado nas zonas rurais. BAIXA FORMAÇÃO DA POPULAÇÃO RURAL Em 2011, aproximadamente 55,9% da população das zonas rurais detinha apenas o ensino básico. Apenas 9,7% da população rural tem ensino superior, valor inferior à média do continente (11,9%), e 7,1% da população das zonas rurais não sabe ler nem escrever, e pesa cerca de metade da população analfabeta do continente. QUADRO IV3: NÍVEL DE ESCOLARIDADE DA POPULAÇÃO RESIDENTE Classes Não sabe ler nem escrever 2011 Cont. (pessoas) % ZR (pessoas) % , ,1 Ensino básico , ,9 Ensino secundário , ,4 Ensino Superior , ,7 Outras , ,9 Total , ,0 Nota: população rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010) Fonte: GPP, a partir de Censos 2011, INE. GRAU DE POBREZA NAS ZONAS RURAIS TEM DECRESCIDO NOS ÚLTIMOS 7 ANOS MAS 2 EM CADA 7 HABITANTES PERMANECEM EM RISCO DE POBREZA Em 2011, 27,4% da população das zonas rurais encontrava-se em risco de pobreza, ou seja, com rendimentos inferiores a 60% da mediana do rendimento por adulto equivalente de Portugal (5.046 euros), ligeiramente superior ao risco de pobreza nacional (24,4% da população). Entre 2004 e 2011, diminuiu o grau de pobreza (33,7% em 2004 face a 27,4% em 2011), ainda assim aproximadamente 2 em cada 7 habitantes permanecem em risco de pobreza. Em 2010, o PIB per capita rural correspondeu a 65% da média da UE27, abaixo do PIB per capita nacional (77% da média UE27). Pág. 92

93 PEQUENA AGRICULTURA, PLURACTIVIDADE E PLURIRENDIMENTO CONFEREM CAPACIDADE DE RESILÊNCIA ECONÓMICA E COESÃO ECONÓMICA E SOCIAL As zonas rurais portuguesas apresentam um conjunto de fragilidades particulares vistas anteriormente, cuja principal ameaça à sua sobrevivência está ligada ao despovoamento e envelhecimento. Um aspecto particularmente importante é a ligação da população rural à actividade agrícola, verificando-se em 2009, que 7,5% da população residente em todo o território nacional desenvolvia trabalho nas explorações agrícolas da família, destacando-se as sub-regiões do Alto Trás-os-Montes, Pinhal Interior Sul e Douro com os maiores pesos da população agrícola familiar na população residente, onde respetivamente 40.9%, 31.8% e 31% da população destas sub-regiões faziam parte do agregado familiar e participavam nos trabalhos das explorações agrícolas. A existência de um tecido agrícola fragmentado em pequenas explorações permite em muitas situações uma resposta social ou de amortecimento da pobreza para muitas pessoas, muitas vezes idosas e com baixos níveis de educação, desempenhando um papel insubstituível no curto e médio prazos nesse domínio, dado o contexto de recessão económica e persistência de desemprego muito elevado, constituindo assim uma realidade a preservar no sentido de se contrariar a desertificação humana dos territórios com maior destaque para as áreas do interior de Portugal continental. O plurirendimento ou dependência de rendimentos exteriores à exploração agrícola por parte do agregado familiar dos produtores é especialmente importante nas explorações de muito pequena ou pequena dimensão económica a que corresponde a normalmente designada agricultura familiar. A importância da pequena agricultura, que em grande parte corresponderá ao modelo de agricultura familiar, é particularmente relevante se tivermos em conta que apesar das pequenas e muito pequenas explorações apenas representarem 38% da SAU e da MB, representam 94% do número de explorações e 80% das UTA, o que lhe confere obviamente um papel da maior importância na preservação das populações e na ocupação do território rural. PRODUTOS DO TERRITÓRIO DE QUALIDADE RECONHECIDA E CERTIFICADA A qualidade e a diversidade da produção agrícola contribui para o património cultural e gastronómico vivo, tal deve-se em grande parte às competências e à determinação dos agricultores na preservação das tradições tendo em conta a evolução dos novos métodos e Pág. 93

94 materiais de produção. Os cidadãos e consumidores exigem, também, cada vez mais produtos de qualidade e produtos tradicionais. O desenvolvimento de produtos diferenciados de qualidade são especialmente importantes nas economias rurais e locais. Isto é particularmente verdade para as zonas desfavorecidas, as zonas de montanha e as regiões ultraperiféricas, onde o setor agrícola representa uma parte significativa da economia e os custos de produção são elevados. Portugal possui produtos de qualidade com reconhecida e certificada. Contudo, a sua continuidade implica que esta actividade seja convenientemente valorizada por forma a ser viável. Nomeadamente, apoios a situações de óbvias falhas ou fraquezas de mercados de forma que possam promover as características dos seus produtos em condições de concorrência leal por forma a acederem aos mercados. QUADRO IV4: PRODUTOS COM NOMES PROTEGIDOS E A PRODUÇÃO NACIONAL Sectores Produção certificada (toneladas) Produção Nacional (toneladas) Produção certificada / Produção nacional (%) Queijo ,0 1,8 Carne de Bovino ,5 2,6 Carne de Ovino ,4 0,3 Carne de Caprino ,4 0,4 Carne de Suíno ,0 0,0 Produtos de Salsicharia Mel ,6 0,7 Azeite (1) ,8 3,7 Frutos ,3 12,1 Hortícolas e Cereais ,0 0,0 Nota: (1) produção em hectolitros (hl); Valores da Produção Nacional: Queijo: referem-se à produção nacional de queijos curados; Carne: referem-se às reses abatidas e aprovadas para consumo no Continente, abrangendo apenas, no caso dos ovinos a categoria dos borregos de < 10 kg de carcaça, no caso dos caprinos a categoria dos cabritos e para os suínos os porcos de engorda; Azeite: referem-se à produção de azeite virgem até 2º de acidez; Frutos: referem-se à produção de ameixa, amêndoa, anona, azeitona de mesa, castanha, cereja, citrinos, maçã, maracujá, pêra e pêssego em Portugal. Fonte: DGADR RECURSOS ENDOGENOS DIVERSIFICADOS - CINEGÉTICA A atividade cinegética desenvolve-se predominantemente em meio rural contribuindo para dinamizar a economia local, através da aquisição de bens (munições, alimentos para animais auxiliares, combustíveis); utilização de serviços (infraestruturas turísticas e restauração) e da realização de investimentos em infraestruturas (acessos, melhoria do habitat, campos de alimentação, comedouros, bebedouros, cercas, limpezas de matos). Pág. 94

95 Contribui, ainda, para fomentar o contacto com a natureza, a atividade desportiva/lúdica e, indiretamente, para a conservação de espécies com estatuto de conservação desfavorável (lobo, lince e as aves de rapina), ao aumentar a concentração das espécies-presa, através das medidas de ordenamento e melhoria do habitat, bem como de eventuais ações de repovoamento.estima-se que, em Portugal, o sector da caça movimente por ano mais de 80 milhões de Euros. Possuindo cerca de caçadores, mas só menos de metade tem vindo a exercer anualmente o ato venatório. O decréscimo no número de caçadores que se licenciam em cada época venatória tem vindo a reduzir significativamente, cerca de praticantes, em 10 anos. Paralelamente ao declínio da importância relativa da agricultura, a que só recentemente se está a voltar a dar a devida atenção, assiste-se ao crescimento do interesse pelo turismo, pela transformação agro-alimentar de pequena escala, pelos serviços e pelas actividades emergentes nas novas economias rurais como as tecnologias da informação e a produção de energia. Para além da atenção específica à preservação da atividade agrícola com o seu carater multifuncional económico, social e ambiental, é necessário diversificar a base da atividade económica das zonas rurais para fixar e atrair população. Esta diversificação da base económica poderá ligar-se a paradigmas de desenvolvimento rural associados à inovação em meio rural, ofertas alternativas ou novos produtos (consumidores), parcerias para o desenvolvimento de circuitos curtos agro-alimentares, sendo estas oportunidades facilitadas pelas novas tecnologias de informação, inclui também a nova cultura e valores alimentares como o consumo ético, as preocupações ambientais, a solidariedade para com os agricultores, e produtos locais de alta qualidade, saudáveis, naturais, etc.; b) as alternativas ligadas às tecnologias ambientais e o aproveitamento de biomassa e biogás, energias limpas, economia de recursos, energias renováveis, bioenergia; e c) desenvolvimento de novos serviços rurais ligados ao turismo e serviços de lazer em meio rural, e com o envelhecimento da população rural o desenvolvimento de serviços sociais privados. Pág. 95

96 34,8% DA CAPACIDADE DE ALOJAMENTO 31 DO CONTINENTE ENCONTRA-SE NAS ZONAS RURAIS Aproximadamente 34,8% da capacidade de alojamento do Continente concentra-se nas zonas rurais 32, predominando os estabelecimentos hoteleiros e parques de campismo. Entre 2005 e 2011, verifica-se um aumento de 25,7% na capacidade de alojamento, valor significativamente superior ao da variação nacional (10%). A classe outros inclui, entre outros o turismo no espaço rural, que por sua vez inclui "turismo de habitação", "turismo rural", agroturismo", "turismo de aldeia", "casas de campo", "hotéis rurais" e "parques de campismo rurais". QUADRO IV5: ESTRUTURA DOS ALOJAMENTOS TURÍSTICOS COLETIVOS Classes Taxa de variação Continente (nº) % ZR (nº) % Continente (nº) % ZR (nº) % Continente ZR Est. hoteleiros , , , ,5 10,5 15,5 Parques de Campismo , , , ,2 9,1 32,7 Outros* , , , ,3 8,6 31,0 Total , , , ,0 9,9 25,7 * pousadas da juventude, colónias de férias, turismo no espaço rural Nota: População rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010) Fonte: GPP, a partir de Eurostat. QUADRO IV6: IMPORTÂNCIA DAS ZONAS RURAIS NA CAPACIDADE DE ALOJAMENTO DO CONTINENTE (%) Classes % Est. hoteleiros 23,2 Parques de Campismo 49,9 Outros 43,5 Total 34,8 Nota: População rural, intermédia e urbana segundo tipologia urbano-rural da União Europeia baseada na metodologia OCDE (2010) Fonte: GPP, a partir de Eurostat. AUMENTO DO NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS E DE CAMAS EM ESPAÇO RURAL A evolução da procura refletiu-se no forte aumento da oferta de estabelecimentos e de número de camas em espaço rural (o número de estabelecimentos aumentou 78%, média 31 Alojamento turístico coletivo: estabelecimento destinado a proporcionar alojamento ao viajante num quarto ou em qualquer outra unidade, com a condição de que o número de lugares oferecido seja superior ao mínimo especificado para grupos de pessoas que ultrapassem uma unidade familiar, devendo todos os lugares do estabelecimento inserir-se numa gestão de tipo comercial comum, mesmo quando não têm fins lucrativos. O tipo de alojamento coletivo pode ser classificado numa das seguintes modalidades: "estabelecimentos hoteleiros", "parques de campismo", colónias de férias", "pousadas da juventude", "turismo no espaço rural". (Fonte: INE) 32 A capacidade de alojamento é de 36,6% nas zonas intermédias e 28,6% nas zonas urbanas. Pág. 96

97 anual 5,4% entre 2000 e 2011, e o número de camas cresceu 111%, ou seja 7% ao ano). Os estabelecimentos com maior peso no turismo em espaço rural são o turismo rural (34%), o turismo de habitação (22%) e agroturismo (16%). QUADRO IV7: CAPACIDADE DE ALOJAMENTO Turismo no Espaço Rural Alojamento Turístico Total % TER no Alojamento Turístico Total Taxa de crescimento médio anual (%) Taxa de variação (%) Nº de Estab ,4 77,8 Nº de Camas ,0 111,2 Nº de Estab ,3 28,3 Nº de Camas ,2-2,2 Nº de Estab. 24,6 30,4 30,8 34,2 33,8 34,1 Nº de Camas 1,3 2,4 2,4 2,8 2,7 2,8 Fonte: INE. GRÁFICO IV5: ESTRUTURA DA CAPACIDADE DE ALOJAMENTO POR MODALIDADE DE HOSPEDAGEM NO TURISMO DE ESPAÇO RURAL DO CONTINENTE % 2% 14% 34% Turismo Rural Turismo de Habitação Agroturismo Casas de Campo Hotel Rural Turismo de Aldeia 16% 22% Fonte: Estudo sobre a Internacionalização do turismo no meio rural, 2012 AUMENTO DO NÚMERO DE EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS COM TURISMO RURAL O número de explorações com turismo rural, no Continente, aumentou 37% entre os dois últimos recenseamentos (606 explorações em 2009 face a 444 em 1999), predominando nas regiões Norte (44% do total) e Alentejo (30%). Estas explorações representam apenas 0,2% do total das explorações do Continente. Pág. 97

98 A PROCURA DE TURISMO EM ESPAÇO RURAL 33 AUMENTOU MAIS QUE A MÉDIA NACIONAL 34 Especificamente o turismo em espaço rural registou uma procura de, aproximadamente, 950 mil dormidas em , tendo crescido a um ritmo superior ao da média nacional (7,4% face a 1,6% ao ano, entre 2002 e 2011). Contudo, o turismo em espaço rural continua a representar apenas 1,1% da procura turística do continente, destacando-se o turismo de habitação e turismo rural 36. GRÁFICO IV6: ESTRUTURA DAS DORMIDAS POR TIPO DE ALOJAMENTO TURÍSTICO NO CONTINENTE % 1% 1% 17% Estabelecimentos hoteleiros Pousadas de juventude Parques de campismo Colónias de férias 79% Turismo no espaço rural Fonte: INE 33 Turismo no espaço rural: atividades e serviços de alojamento e animação em empreendimentos de natureza familiar prestados no espaço rural, mediante pagamento. Os empreendimentos de turismo no espaço rural podem ser classificados numa das seguintes modalidades de hospedagem: "turismo de habitação", "turismo rural", agroturismo", "turismo de aldeia", "casas de campo", "hotéis rurais" e "parques de campismo rurais". (fonte: INE) 34 Estudo sobre a Internacionalização do turismo no meio rural, Anuário das Estatísticas do Turismo 2011, Turismo de Portugal I.P. 36 Turismo de habitação: Designa-se por turismo de habitação o serviço de hospedagem de natureza familiar prestado a turistas em casas antigas particulares que, pelo seu valor arquitectónico, histórico ou artístico, sejam representativas de uma determinada época, nomeadamente os solares e as casas apalaçadas. ; Turismo rural: Designa-se por turismo rural o serviço de hospedagem de natureza familiar prestado a turistas em casas rústicas particulares que, pela sua traça, materiais construtivos e demais características, se integrem na arquitectura típica regional. ; Agro-turismo: Designa-se por agro-turismo o serviço de hospedagem de natureza familiar prestado em casas particulares integradas em explorações agrícolas que permitam aos hóspedes o acompanhamento e conhecimento da actividade agrícola, ou a participação nos trabalhos aí desenvolvidos, de acordo com as regras estabelecidas pelo seu responsável. ; Turismo de aldeia: Designa-se por turismo de aldeia o serviço de hospedagem prestado num conjunto de, no mínimo, cinco casas particulares situadas numa aldeia e exploradas de forma integrada, quer sejam ou não utilizadas como habitação própria dos seus proprietários, possuidores ou legítimos detentores. ; Casas de campo: Designam-se por casas de campo as casas particulares situadas em zonas rurais que prestem um serviço de hospedagem, quer sejam ou não utilizadas como habitação própria dos seus proprietários, possuidores ou legítimos detentores ; Hotéis rurais: São hotéis rurais os estabelecimentos hoteleiros situados em zonas rurais e fora das sedes de concelho cuja população, de acordo com o último censo realizado, seja superior a habitantes, destinados a proporcionar, mediante remuneração, serviços de alojamento e outros serviços acessórios ou de apoio, com fornecimento de refeições (Fonte: Decreto-Lei nº 54/2002, de 11.03) Pág. 98

99 GRÁFICO IV7: ESTRUTURA DAS DORMIDAS POR MODALIDADE DE HOSPEDAGEM NO TURISMO DE ESPAÇO RURAL DO CONTINENTE % 21% Turismo de habitação Turismo rural Agro-turismo 13% 2% 14% 29% Turismo de aldeia Casas de campo Hotel rural Fonte: INE QUADRO IV8: CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE TURISMO EM ESPAÇO RURAL Taxa de variação (%) Alojamento (CAE 55) ,5 Nº de Empresas Turismo em Espaço Rural (CAE 55202) ,4 Peso do TER no total do Alojamento 20,4% 20,7% 21,3% 22,1% Alojamento (CAE 55) ,5 Pessoal ao Serviço (Nº) Turismo em Espaço Rural (CAE 55202) ,1 Peso do TER no total do Alojamento 3,7% 3,8% 4,1% 4,3% Alojamento (CAE 55) ,3 Volume de Negócios (M ) Turismo em Espaço Rural (CAE 55202) ,4 Peso do TER no total do Alojamento 1,7% 1,7% 2,3% 2,1% Fonte: INE - SCIE Entre 2007 e 2010, o número de empresas de turismo em espaço rural cresceu mais que a média do continente (12,4% face a 3,5%), passando a representar 22,1% do total do sector do alojamento. O número de empregados acompanhou a tendência de subida (12,1%) contrariando a evolução negativa sentida no continente (-3,5%). Em 2010, o turismo em espaço rural já representava 4,3% dos empregados no sector do alojamento. 37 O volume de negócios também registou uma evolução positiva em oposição à tendência de descida da média, mas representando 2,1% do total. 37 O número de empregados no sector do turismo a nível nacional (considerando alojamento e restauração CAE 55 e 56) são 288 mil em 2011, representando um crescimento de 22,7% face a 2000, correspondendo atualmente a 5,9% do emprego total. Pág. 99

100 V. TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS E INOVAÇÃO NA AGRICULTURA A importância em termos globais da inovação no setor agro-florestal, agroindustrial e primeira transformação dos produtos florestais é de difícil aferição, atendendo à informação disponível e à forma como se encontra organizada, não permitindo uma análise setorial aprofundada. A fonte de informação privilegiada foi o Diagnóstico do sistema de Investigação e Inovação Desafios, forças e fraquezas rumo a que servirá de base à estratégia para a inovação, condicionalidade ex-ante prevista no regulamento do Quadro Estratégico Comum , tendo também sido utilizados o Inquérito Comunitário à Inovação CIS , os Relatórios dos Programas com apoio comunitário à inovação, relativos ao período , do PRODER (FEADER) e do QREN Compete (FEDER). Tendo em conta a falta de abrangência do CIS 2010 em relação ao setor agrícola procurou-se, utilizar informação complementar, nomeadamente a que foi produzida no âmbito do projeto RUR@L INOV Inovar em Meio Rural.40 A abordagem aqui realizada é focada na caraterização dos principais agentes envolvidos no ciclo de inovação (empresas e sistema I&DT), nas relações entre estas entidades e na identificação da articulação entre os perfis de especialização científica e os de especialização económica. OS AGENTES ENVOLVIDOS NO CICLO DE INOVAÇÃO 1) EMPRESAS O diagnóstico elaborado pela FCT engloba, no conceito de inovação, a utilização e desenvolvimento do já conhecido e a procura do novo conhecimento designados, respetivamente, como inovação para a empresa e inovação para o mercado. ESTRUTURA PRODUTIVA ASSENTE EM PME COM FRACA CAPACIDADE DE INOVAÇÃO 38 Diagnóstico do sistema de Investigação e Inovação Desafios, forças e fraquezas rumo a 2020, FCT, Abril de 2013, tendo como fonte de informação o Inquérito Comunitário à Inovação CIS O Inquérito Comunitário à Inovação CIS 2010 exclui da população a inquirir o setor primário bem como todas as empresas com menos de 10 trabalhadores de qualquer setor, apresentando os seus resultados as limitações que decorrem desta fraca abrangência do tecido económico nacional e em particular do setor agrícola. 40 Este projeto, financiado pelo Programa de Apoio à Rede Rural Nacional, tem como objetivo o conhecimento das inovações que são desenvolvidas e implementadas por diferentes tipos de organizações nas áreas rurais. ( no âmbito do qual foi realizado um inquérito a 120 organizações identificadas como inovadoras, das quais 92 empresas, das quais 50% têm menos de 10 trabalhadores. Pág. 100

101 É estimado que apenas 20% das empresas nacionais realizam investimentos em inovação, das quais mais de 80% são PME, representando esta parcela do investimento menos de 40% do investimento total destas empresas. Tendo em conta a importância das PME em Portugal e as suas dificuldades em inovar, verificase que o peso da inovação para o mercado é muito menos expressivo do que o da inovação para a empresa. Os resultados do projeto RUR@L INOV corroboram este padrão, referindo contudo que, das empresas inquiridas, 1/3 desenvolveu inovação para o mercado. Conclui ainda que os padrões e dinâmicas de inovação das organizações inquiridas evidenciam um perfil robusto de inovação na generalidade dos casos, porém a pequena dimensão, a ausência de inputs e outputs de I&D e o carácter incremental das inovações (utilização e desenvolvimento do já conhecido )faz com que a inovação seja invisível e com que estas organizações não sejam reconhecidas como inovadoras à luz do referencial que é habitualmente utilizado para identificar, medir e promover a inovação. Cerca de 36% das empresas inquiridas, apresentam este padrão de inovação escondida associado normalmente a inovação de produto e marketing, relativamente à qual não estão contabilizadas atividades e despesas de inovação, ou seja inputs I&D e cooperação com unidades de I&D; são essencialmente microempresas mas também pequenas empresas. De acordo com este projeto este padrão consubstancia um comportamento de resiliência destas empresas que pode ser potenciado pela acessibilidade ao sistema de I&D Segundo o inquérito comunitário realizado em 2010 pelo Eurostat41, foram identificados pelas empresas inovadoras em Portugal os principais obstáculos à inovação: elevados custos (40%), indisponibilidade de capitais próprios (33%), problemas de acesso ao financiamento (30%), dificuldades de acesso aos mercados e incerteza quanto ao sucesso da inovação (24%), dificuldades de estabelecimento de parcerias (15%) e falta de pessoal qualificado (12%). Estes resultados são compatíveis com os que decorrem do projeto RUR@L INOV onde foram identificados como principais obstáculos à inovação a escassez de meios financeiros e de tempo para investir em inovação, seguidos dos custos de inovar e demora no retorno dos benefícios. Sobressai neste caso o fator tempo, diretamente relacionado com a tipologia de empresas inquiridas onde os leaders/promotores de inovação são também responsáveis pela gestão e liderança das mesmas. No que diz respeito aos fatores externos que limitam a 41 Inquérito Comunitário à Inovação 2010 Pág. 101

102 inovação foram identificados a burocracia, a desadequação dos incentivos públicos bem como as dificuldades de acesso ao crédito. REDUZIDA QUALIFICAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS No conjunto da EU, Portugal é o país em que o tecido produtivo regista a mais baixa proporção de recursos humanos altamente qualificados. Todavia, de acordo com o projeto RUR@L INOV existe no tecido empresarial português, em território rural, um conjunto de nano e microempresas, que se caraterizam pela alta qualificação dos seus recursos humanos e que apresentam grandes dinâmicas de inovação, viradas sobretudo para a exportação. UTILIZAÇÃO DE FUNDOS COMUNITÁRIOS PARA INTRODUZIR INOVAÇÃO No período , foram concedidos apoios diretos à inovação nas empresas, comparticipados pelos fundos comunitários, através dos Programas de Desenvolvimento Rural e do Programa Compete do QREN. A procura registada, pelas empresas do setor agroflorestal, que produzem bens agrícolas (Anexo I do Tratado) deu origem a 106 projetos, apoiados no valor de 11 Meuros no PRODER (FEADER)42 e a 389 projetos no QREN/Compete (FEDER)43 apoiados no valor de 157 Meuros); deste total, 495 projetos e 49 Meuros referem-se a PME e 88 projetos e 82 Meuros destinaram-se a apoiar Clusters e Polos de Competitividade setoriais44. As atividades que beneficiaram de maior apoio através destes programas foram sobretudo as florestais, mas também as bebidas (vinho), hortofrutícolas, café/chá e carne. Para além dos apoios dirigidos especificamente à inovação foi apoiada a reestruturação das empresas através de apoio ao investimento. No que diz respeito ao investimento nas explorações agrícolas, suportado pelo PRODER, 75% das explorações refere a introdução de novas técnicas ou novos produtos, num universo de pedidos de apoio contratados. 2) SISTEMA DE I&D TRAJETÓRIA DE CONVERGÊNCIA COM A UE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 42 Até 31 de Dezembro de Até 20 de Fevereiro de (Polo Agroindustrial, Polo Indústrias de Base Florestal, Cluster Agroindustrial do Centro, Cluster Agroindustrial do Ribatejo, Cluster da vinha ) Pág. 102

103 Na última década o Sistema de I&D em Portugal registou um ritmo de crescimento médio anual de 6,8%, confirmando a sua trajetória de convergência com a União Europeia. Durante este período o sistema de I&D alterou a sua estrutura, com a redução do peso dos laboratórios do estado e o crescimento das Universidades. Os setores mais dinâmicos, nomeadamente, as instituições semipúblicas do Sistema de I&DI alargaram a sua base científica e tecnológica e a importância da participação das empresas no sistema cresceu. A produção científica cresceu de forma significativa aumentando o nº de colaborações internacionais e, em particular, as publicações em ciências agrárias. De forma genérica o sistema de investigação e inovação tem atingido as metas definidas para os outputs em educação terciária, a nível das publicações e do aumento dos recursos humanos associados ao sistema. Contudo, não foram alcançadas as metas de intensificação tecnológica da economia. PERFIL DE I&D NA AGRICULTURA MUITO DEPENDENTE DO SETOR PÚBLICO Em 2010, a despesa total do país em I&D foi de Meuros, dos quais 101 Meuros na Agricultura (3,7%). Em relação ao perfil das entidades executoras verifica-se uma elevada dependência do Ensino Superior (50%) e do setor Estado (34%) ao contrário do que acontece a nível global em que as empresas representam 46% (no caso da agricultura 14%). A evolução da despesa em I&D no período 2003 a 2010 registou um decréscimo médio anual de 1,2% na agricultura. Este decréscimo resulta da redução da despesa do Estado (-6,7%) e das Instituições privadas sem fins lucrativos (-6,4%) pois as empresas e o Ensino Superior apresentam crescimento médio anual acima dos 3%. Ao longo deste período verifica-se que a despesa em I&D na agricultura se mantém em 0,1% do PIB. No setor estado, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) enquanto laboratório do estado, tem atuação num conjunto de áreas com relevância para o setor, nomeadamente: ambiente e recursos naturais; recursos genéticos, ecofisiologia e melhoramento de plantas; proteção das plantas; silvicultura e produtos florestais; produção animal, recursos genéticos, reprodução e melhoramento animal; sistemas agrários e desenvolvimento rural; tecnologia alimentar. OBSTÁCULOS À ORIENTAÇÃO DA I&D PARA AS NECESSIDADES DAS EMPRESAS E AGRICULTORES No contexto do quadro de debate europeu e nacional para a preparação do próximo quadro de apoio ao Desenvolvimento Rural, um dos principais problemas abordados em matéria de Pág. 103

104 Inovação é a deficiente orientação da resposta do sistema I&D às necessidades dos agricultores e das empresas. No âmbito deste debate são apresentadas algumas condicionalidades, que limitam esta orientação, nomeadamente os critérios de classificação e de progressão nas carreiras I&D, ao não valorizarem uma vertente mais aplicada de interação com o setor, tornando-a pouco interessante para o sistema I&D. Em termos nacionais, para além deste obstáculo relevante, são ainda identificadas restrições ao financiamento e de execução orçamental das entidades públicas do sistema I&DT. CONETIVIDADE ENTRE ENTIDADES DO SISTEMA DE INOVAÇÃO O inquérito à Inovação afere a conectividade no que se refere à procura, transferência, utilização e desenvolvimento do conhecimento através da avaliação do grau de utilização da internet banda larga, das fontes de informação procuradas e das redes estabelecidas. GENERALIZAÇÃO DO ACESSO ÀS TIC O grau de utilização da internet de banda larga pelas empresas é muito semelhante entre os EM, e muito elevada, apresentando valores próximos dos 90%. REDUZIDA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE I&D PELAS EMPRESAS AOS OUTROS SECTORES INSTITUCIONAIS Verifica-se ainda que, em média, as empresas portuguesas dão mais importância à informação proveniente de clientes e consumidores, empresas concorrentes e associações empresariais e profissionais bem como a que tem origem em conferências, feiras e exposições; os restantes EM privilegiam o conhecimento interno da empresa/grupo, dos fornecedores de equipamento e software, dos consultores, e do sistema I&D. Os resultados do inquérito sobre o grau de participação das empresas em parcerias para a inovação assumem o valor de 26% para a média dos EM e 20% para Portugal, sendo a inovação desenvolvida sobretudo de forma autónoma. As parcerias das empresas inovadoras em Portugal, são mais frequentemente estabelecidas com clientes e fornecedores do que com o sistema I&DT. EXPERIÊNCIA DE COOPERAÇÃO PARA A INOVAÇÃO ENTRE O SISTEMA I&DT E AS EMPRESAS DO SETOR Pág. 104

105 Desde 2000 que se tem vindo a verificar um aumento da experiencia de cooperação para a inovação, entre o sistema I&DT e as empresas do setor, promovida através da aplicação dos instrumentos de apoio cofinanciados pela EU (Fundos de Coesão, FEADER e 7º Programa Quadro para a Investigação). No caso do apoio do FEADER através do programa PRODER, dos 106 projetos contratados ao abrigo da medida Cooperação para a Inovação, 91% têm estrutura I&D. Da análise das operações apoiadas pelo QREN/Compete verifica-se, no âmbito do setor agroflorestal, que 75% dos projetos aprovados no sistema de incentivos às empresas à inovação e desenvolvimento tecnológico (56 projetos) são desenvolvidos em parcerias com o sistema I&DT. Relativamente ao sistema de incentivos à qualificação de PME, apesar do apoio também prever parcerias, mais de 50% dos projetos são desenvolvidos individualmente pelas empresas, existindo alguns enquadrados no âmbito das Estratégias de Eficiência Coletiva (pólos de competitividade e clusters). DEFICIENTE ARTICULAÇÃO NA APLICAÇÃO DOS DIFERENTES INSTRUMENTOS DE APOIO À INOVAÇÃO NÃO POTENCIANDO OS SEUS EFEITOS Estas estratégias de Eficiência Coletiva, nomeadamente as, que constituem um instrumento para o reforço da inter-conetividade no sistema de inovação, revelaram uma deficiente articulação na aplicação dos diferentes instrumentos de apoio à inovação, financiados pelos diferentes Fundos Comunitários, de acordo com as conclusões da avaliação das Estratégias de Eficiência Coletiva (QREN Compete). ARTICULAÇÃO DOS PERFIS DE ESPECIALIZAÇÃO ECONÓMICA E CIENTÍFICA ESPECIALIZAÇÃO PREDOMINANTE EM ATIVIDADES DE BAIXA OU MÉDIA/BAIXA INTENSIDADE DE TECNOLOGIA E/OU CONHECIMENTO COM POTENCIAL PARA A EXPLORAÇÃO DE ECONOMIAS DE ESCALA, DE GAMA E DE SINERGIAS E EXTERNALIDADES POSITIVAS, PRIVILEGIANDO A TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO E A MELHORIA TECNOLÓGICA De acordo com o Diagnóstico do sistema de Investigação e Inovação Desafios, forças e fraquezas rumo a 2020, a economia portuguesa apresenta um claro perfil de especialização em atividades económicas de baixa ou média baixa intensidade tecnológica particularmente concentrado no Norte e Centro do Pais. Enquadram-se neste perfil de especialização as atividades do setor agrícola classificadas nesse Diagnóstico, como Tipo II Reduzida produtividade (abate de aves, alimentos para animais e Pág. 105

106 vinho, madeira) e Tipo III - Alta produtividade (leite e derivados, café e chá, cerveja, fabricação de pasta, papel, indústria da cortiça). Estes tipos de atividades (I e II) são considerados como tendo elevado potencial para a exploração de economias de escala, de gama e de sinergias e externalidades positivas, privilegiando a transferência de conhecimento e a melhoria tecnológica. COINCIDÊNCIAS ENTRE O PERFIL DE ESPECIALIZAÇÃO CIENTÍFICA E ÁREAS DE ESPECIALIZAÇÃO ECONÓMICA DO SETOR AGRÍCOLA As coincidências verificadas entre o perfil de especialização científica e as áreas de especialização económica do setor agrícola, a nível nacional, potenciam a sua contribuição para a resiliência das suas atividades produtivas. É o caso da Ciência e Tecnologia Alimentar, e da Engenharia Agronómica nas atividades económicas associadas à Alimentação bem como da Ciência dos Materiais Papel e Madeira; Silvicultura; Floresta nas atividades económicas do Papel, Mobiliário, Madeira e Cortiça (indústrias de base florestal). ABERTURA DO ESPAÇO PARA COOPERAÇÃO E PARTILHA DE CONHECIMENTO A necessidade de reforçar e promover a cooperação e a partilha de conhecimento entre a investigação e desenvolvimento e o tecido produtivo levou a Comissão Europeia a lançar uma Parceria Europeia para a Inovação destinada a melhorar a Produtividade e Sustentabilidade Agrícolas, cujo modelo de implementação se baseia na criação de Grupos Operacionais e Redes que liguem a ciência, a extensão e a produção em torno de projetos concretos nacionais ou transnacionais bem como através de redes de conhecimento alargadas à escala europeia. Pág. 106

107 VI. AGRICULTURA, FLORESTA E AMBIENTE VI. RECURSOS NATURAIS: ÁGUA, SOLO, AR E BIODIVERSIDADE ELEVADO RISCO DE EROSÃO, PERDA DE MATÉRIA ORGÂNICA, E DESERTIFICAÇÃO DO SOLO A comunicação da Comissão Europeia "Para uma estratégia temática de protecção do solo" 45, identifica oito principais ameaças a que se encontram expostos os solos na UE. Esses processos, considerados como processos de degradação do solo, são a erosão, a diminuição da matéria orgânica, a contaminação, a salinização, a compactação, a perda de biodiversidade, a impermeabilização ou selagem, os deslizamentos de terras e as inundações. A degradação do solo tem um impacto direto na produtividade agrícola e florestal e compromete os serviços essenciais dos ecossistemas, sendo a sua minimização um fator importante na resiliência às alterações climáticas. De acordo com a proposta de diretiva-quadro do solo, apresentada pela Comissão Europeia em 2007, cerca de 45% dos solos europeus encontravam-se degradados e com baixos teores de matéria orgânica, acentuando-se este problema nas zonas mediterrânicas. Nas condições edfoclimáticas mediterrânicas de Portugal, a erosão hídrica do solo é o principal processo de degradação do solo, devendo-se quer às características do solo e ao declive, quer ao regime pluviométrico, com concentração das chuvas num período relativamente curto do ano e a rápida perda de matéria orgânica por mineralização, devido a temperaturas elevadas na época seca. Embora a quantificação daquele fenómeno seja incipiente a nível nacional, as estimativas apresentadas pela Comissão Europeia, com todas as limitações por ela referidas quanto à interpretação desta informação, apontam para uma taxa anual de perda de solo por erosão hídrica de 7,6 toneladas por hectare em 2006, um dos valores mais elevados ao nível da União Europeia. Aproximadamente 18,6% da superfície agrícola 46 encontra-se em risco moderado a elevado de erosão hídrica do solo (perdas superiores a 11 toneladas por hectare por ano). 45 CE, Towards a Thematic Strategy for Soil Protection - Communication from the Commission to the Council, the European Parliament, the Economic and Social Committee and the Committee of the Regions. Comissão das Comunidades Europeias, 16 de Abril de 2002 COM (2002) 179, Bruxelas. 46 Aproximadamente 811 mil hectares Pág. 107

108 FIGURA VI1: EROSÃO HÍDRICA DO SOLO (TONELADAS POR HA POR ANO), 2006, UE-27, NUTS 3 Fonte: Joint Research Centre, European Commission Além disso, a diminuição da matéria orgânica do solo é particularmente preocupante nas zonas mediterrânicas. Segundo o Gabinete Europeu do Solo, baseado nos poucos dados disponíveis, quase 75% da superfície analisada no sul da Europa têm solos com um teor de matéria orgânica baixo (3,4%) ou muito baixo (1,7%). Os agrónomos consideram que os solos com menos de 1,7% de matéria orgânica se encontram numa fase de pré-desertificação. 47 Para Portugal, em 2009, as estimativas apontaram para teores de 17,8 megatoneladas de carbono nos primeiros 30cm de camada superficial de terra arável e a um teor médio de matéria orgânica muito reduzido de 10,6 gramas de C por kg de solo. 47 CE, Towards a Thematic Strategy for Soil Protection - Communication from the Commission to the Council, the European Parliament, the Economic and Social Committee and the Committee of the Regions. Comissão das Comunidades Europeias, 16 de Abril de 2002 COM (2002) 179, Bruxelas. Pág. 108

109 SISTEMAS DE REGA MAIS EFICIENTES CONTRIBUÍRAM PARA A DIMINUIÇÃO DA ÁGUA UTILIZADA PELA AGRICULTURA A adoção crescente de métodos de rega mais eficientes, a par da redução da área regada 48, contribuiu para a diminuição do uso da água pelo sector, que se situa em aproximadamente 3,5 mil milhões de m 3 em 2009, passando a ter um peso no consumo nacional total substancialmente menor, de apenas 57% quando em 1990 era de 78%. A rega por aspersão predomina em mais de metade das terras aráveis e a rega das culturas permanentes é feita por gota a gota em 88% da área, o que significa que a tradicional rega por gravidade foi substituída por sistemas com maior eficiência de rega, sendo atualmente utilizada apenas em cerca de ¼ da área regada. GRÁFICO VI1: DISTRIBUIÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA POR SECTOR DE ATIVIDADE 100% 90% % 70% % 50% 40% 30% % 10% 0% Agricultura (%) Abastecimento Público de Água (%) Outros (%) Fonte: INAG Em 2009, a área regada do Continente correspondeu a 13% da SAU (aproximadamente 465 mil hectares). Contrariamente ao que aconteceu nos perímetros de rega, a área regada nacional teve um decréscimo significativo nas últimas décadas, bem como a área irrigável. Em 1989, o Recenseamento Geral Agrícola (RGA) apurou ha de área regada e ha irrigáveis, em 1999 apurou ha e ha irrigáveis, em 2005 diminuiu para ha regados e ha irrigáveis e em 2007 o valor caiu para os ha regados e irrigáveis. Em duas décadas regaram-se menos ha, ou seja, houve um decréscimo de 39% e em 2007 a área regada representava 72% da área equipada para regadio. (O uso da água na agricultura em INE 2009). Pág. 109

110 GRÁFICO VI2: EFICIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DA ÁGUA PELA AGRICULTURA Evolução do VABpm e do consumo de água (2000=100) euros/m VABpm / consumo de água (euros/m3) VABpm (2000=100) Consumo de água (2000=100) 0 Fonte: GPP, a partir de EUROSTAT e OCDE 9,0 GRÁFICO VI3: CONSUMO DE ÁGUA POR HECTARE DE SUPERFÍCIE IRRIGÁVEL (MIL M 3 /HA) 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0, Fonte: GPP, a partir de OCDE, RA 1999 e 2009 e Inquérito à estrutura das explorações 2007, INE O volume de água consumido por hectare de superfície irrigável diminuiu num espaço de dez anos ( ): à redução do consumo de água (-45,5%) associou-se uma menor diminuição da área potencialmente irrigável (-31,7%). Pág. 110

111 QUADRO VI1: QUADRO-SÍNTESE ÁGUA Taxa de variação (%) 2000/ / /2009 Consumo de água milhões de m ,4-21,7-45,5 2000= superfície irrigável (mil ha) 1) ,3-7,4-31,7 VABpm / consumo de água (euros/m 3 ) ,0 30,6 73,6 Consumo de água/superfície irrigável (mil m3/ha) 8,0 7,5 6,4-5,5-15,5-20,2 1-assumiu-se 1999=2000 Fonte: GPP, a partir de INAG 2010, INE e OCDE DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO DO USO DE FERTILIZANTES SOBRE A ÁGUA A pressão exercida pela utilização de fertilizantes sobre a qualidade da água e do solo mostra uma tendência para se reduzir a nível do continente, traduzida pela evolução do balanço do azoto e do fósforo em 71% e 85%, respetivamente, entre 1995 e REDUÇÃO DOS BALANÇOS DE AZOTO E FÓSFORO A tendência de redução do balanço de azoto, para lá da diminuição do efetivo pecuário, resulta, também, do menor consumo de fertilizantes azotados. A melhoria da capacitação técnica dos agricultores sobre o uso racional deste fator de produção simultaneamente com a pressão do mercado para ganhos de competitividade através da redução dos custos de produção serão fatores explicativos desta evolução. Reflete, também, uma maior integração de políticas de proteção ambiental pela PAC, nomeadamente pela pressão legislativa que promoveu a definição do Código das Boas Práticas Agrícolas, das Zonas Vulneráveis de Nitratos e da aplicação das regras de condicionalidade aos regimes de pagamentos diretos. GRÁFICO VI4: BALANÇO DO AZOTO À SUPERFÍCIE DO SOLO EM PORTUGAL ton N Inputs (ton N) Outputs (ton N) Balanço (Inputs-Outputs) (ton N) Fonte: EUROSTAT, 2011 Pág. 111

112 GRÁFICO VI5: BALANÇO DO AZOTO POR HECTARE (KG N/HA) Fonte: EUROSTAT, 2011 A redução do balanço do azoto nos últimos 14 anos foi de 65%, traduzindo potencialmente um menor risco em termos das perdas deste nutriente. Esta evolução resulta da menor incorporação de azoto no solo (-13%) e simultaneamente duma maior remoção de nutriente pelas culturas (+27%). A incorporação de estrume no solo representa o maior componente de incorporação de azoto no solo, 55% em 2009, seguindo-se a aplicação de fertilizantes azotados com 35%. Os bovinos são a espécie animal que mais contribuem para a incorporação de azoto pelo estrume (30%). GRÁFICO VI6: BALANÇO DO FÓSFORO À SUPERFÍCIE DO SOLO EM PORTUGAL Ton P Inputs (ton P) Outputs (ton P) Balanço (Inputs-Outputs) (ton P) Fonte: EUROSTAT, 2011 Pág. 112

113 GRÁFICO VI7: BALANÇO DO FÓSFORO POR HECTARE (KG P/HA) Fonte: EUROSTAT, 2011 A racionalização da utilização do fósforo traduziu-se numa redução do respetivo balanço de 74% entre 1995 e 2009, contabilizando em 2009 um excedente de cerca de 10,5 mil toneladas de fósforo no solo (cerca de 3 kg de P por hectare de SAU). À semelhança do azoto, a incorporação de estrume no solo representa também o maior componente de incorporação de fósforo no solo, 62% em 2009, seguindo-se a aplicação de fertilizantes fosfatados com 38%. Os bovinos são também a espécie animal que mais contribuem para a incorporação de fósforo pelo estrume (29%). INSUFICIENTE TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO DE EFLUENTES DA PECUÁRIA INTENSIVA Ao nível da poluição da água é de apontar situações localizadas no território associadas aos efluentes agropecuários e agroindustriais. Foi delineada uma Estratégia (ENEAPAI - Estratégia Nacional para os Efluentes Agropecuários) com um período de implementação previsto para com o objetivo de contribuir para a resolução dos problemas ambientais das explorações pecuárias e agrícolas em termos de recursos hídricos não tendo sido possível concretizar metas. Constatou-se ser necessário rever este tipo de abordagem de apoio a investimentos de infraestruturas coletivas de requalificação ambiental. EXISTÊNCIA DE SITUAÇÕES LOCALIZADAS DE POLUIÇÃO COM NITRATOS DE ORIGEM AGRÍCOLA As situações localizadas de poluição da água com nitratos de origem agrícola estão enquadradas nas 9 Zonas Vulneráveis designadas de acordo com a respetiva diretiva comunitária, devendo a atividade agrícola desenvolvida nessas zonas cumprir obrigatoriamente o conjunto de regras estabelecidas nos Programas de Ação em vigor para cada uma delas, bem como o Código das Boas Práticas Agrícolas. Pág. 113

114 Constatou -se que, decorridos mais de dois anos sobre a aprovação do Programa de Ação para Várias Zonas Vulneráveis de Portugal Continental em 2010, se afigurou essencial reforçar as medidas destinadas a reduzir a poluição das águas causada ou induzida por nitratos de origem agrícola e a impedir a propagação desta poluição, atentas a insuficiência das medidas atualmente em vigor e a necessidade de as articular com a legislação entretanto publicada aplicável às matérias abrangidas pelo Programa de Ação corrente., impondo-se a aprovação de um novo programa de ação em consonância com o alargamento das zonas vulneráveis anteriormente definidas (crescimento de 13,8% da área de zonas vulneráveis) e com identificação de novas zonas vulneráveis (Estarreja-Murtosa, Litoral Centro, Elvas e Estremoz- Cano). 49 QUADRO VI2: AREA DAS ZONAS VULNERÁVEIS A NITRATOS Portaria n.º 83/2010, de 10 de fevereiro Portaria n.º 259/2012 de 28 de agosto Taxa de variação (%) Zona vulnerável de Esposende -Vila do Conde 205,72 km 2 Zona vulnerável de Esposende -Vila do Conde 205,72 km 2 Zona vulnerável de Aveiro 45,86 km 2 Zona vulnerável de Faro 97,73 km 2 Zona vulnerável de Faro 97,73 km 2 Zona vulnerável de Mira 23,99 km 2 Zona vulnerável do Tejo 2.416,86 km 2 Zona vulnerável do Tejo 2.416,86 km 2 Zona vulnerável de Beja 328,60 km 2 Zona vulnerável de Beja 328,60 km 2 Zona vulnerável de Elvas-Vila Boim 186,21 km 2 Zona vulnerável de Luz -Tavira 31,86 km 2 Zona vulnerável de Luz -Tavira 31,86 km 2 Zona vulnerável de Estarreja -Murtosa 81,38 km 2 Zona vulnerável do Litoral Centro 23,36 km 2 Zona vulnerável de Elvas 404,49 km 2 Zona vulnerável de Estremoz -Cano 207,07 km 2 área total 3.336,83 km 2 área total 3.797,07 km 2 13,8 49 Adaptado de Portaria n.º 259/2012 de 28 de agosto, que estabelece o programa de ação para as zonas vulneráveis de Portugal Continental Pág. 114

115 FIGURA VI2: IDENTIFICAÇÃO DAS ZONAS VULNERÁVEIS DO CONTINENTE Fonte: DGADR Quanto à concentração de nitratos na água subterrânea em Portugal, os dados da AEA apontaram para um predomínio de estações de monitorização com água de elevada ou média qualidade (em 2010, 76,2% de estações apresentavam água de elevada qualidade, 14,1% de média qualidade e apenas 9,8% de baixa qualidade). Em relação à concentração de nitratos na água superficial, os dados revelam que todas as estações analisadas apresentaram água de elevada ou de média qualidade. REDUÇÃO DA PRESSÃO SOBRE OS RECURSOS NATURAIS EXERCIDA PELO USO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS Embora a utilização de produtos fitofarmacêuticos seja mais flutuante em função das condições climatéricas, regista-se uma tendência para a sua redução, contribuindo para diminuir a pressão do sector sobre os recursos naturais. Pág. 115

116 GRÁFICO VI8: EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS Evolução do VABpm e do consumo de pesticidas (2000=100) mil euros/kg VABpm / consumo de pesticidas VABpm Consumo de pesticidas Fonte: GPP, a partir de INE 0 GRÁFICO VI9: VENDA DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS DE 1999 A toneladas de substância ativa Insecticidas Fungicidas - enxofre Fungicidas - outros Herbicidas Outros Fonte: GPP, a partir de INE Os fungicidas, em particular, o enxofre (cuja toxicidade é relativamente mais baixa que a dos restantes produtos fitofarmacêuticos), são os mais representativos na estrutura de vendas dos produtos fitofarmacêuticos (aproximadamente metade do total de vendas no caso do enxofre). Em termos evolutivos, verificou-se uma contração de 10,8% na venda de produtos fitofarmacêuticos entre 2000 e 2010 (média anual -1,1%), destacando-se o ano de 2009 com uma quebra de 18% face a 2008 contribuindo para tal a diminuição de vendas de enxofre (- 32,7%), cuja venda se encontra relacionada com os tratamentos fitossanitários realizados à cultura da vinha. Pág. 116

117 CONTRIBUTO POSITIVO DA AGRICULTURA PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DO AR Em 2011, a agricultura foi responsável por, aproximadamente, 90% das emissões totais de NH 3 no nosso país 50, tendo as suas emissões registado um decréscimo de 19% desde 1990, situando-se cerca de 50% abaixo do teto de emissão estabelecido nos acordos internacionais sobre a matéria. GRÁFICO VI10: QUALIDADE DO AR - EMISSÕES DE NH 3 NACIONAIS E PELA AGRICULTURA Emissões de NH3 (mil toneladas) Agricultura Total Fonte: Eurostat As emissões de amoníaco da agricultura por superfície agrícola utilizada (SAU) em 2011 foram cerca de 11,5 kg/ha. Este indicador tem vindo a apresentar uma tendência de relativa estabilidade desde GRÁFICO VI11: QUALIDADE DO AR - EMISSÕES DE NH 3 POR FONTE AGRÍCOLA EM % 54% Efluentes pecuários Solos agrícolas Fonte: Nomenclature for Reporting (NFR). Versão de APA 50 41,4 mil toneladas de NH3 Pág. 117

118 REDUÇÃO DA PRESSÃO SOBRE OS RECURSOS NATURAIS EXERCIDA PELA PRESENÇA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO MAIS EXTENSIVOS A paisagem agrícola alterou-se para sistemas de produção mais extensivos, mais característicos dos países mediterrânicos, com as pastagens extensivas para produção animal a ocuparem 58,5% da superfície agrícola (57,9% no continente). A área agrícola, que tem vindo a registar um recuo, é ocupada predominantemente por agricultura que apresenta baixa utilização dos fatores de produção 51 (81,8% em Portugal e 83,8% no continente) e com tendência de ganho de importância (+2,5p.p. entre 2000 e 2007) face à agricultura de média e alta utilização dos fatores de produção, ou seja, a agricultura mais intensiva 52. GRÁFICO VI12: INTENSIFICAÇÃO/EXTENSIFICAÇÃO DA AGRICULTURA Agricultura com alta utilização de fatores de produção Agricultura com média utilização de fatores de produção Agricultura com baixa utilização de fatores de produção Fonte: Eurostat MELHORIA DO ÍNDICE DE AVES COMUNS 53 As aves comuns dependentes dos sistemas agrícolas apresentam situações estáveis ou em crescimento moderado. O Índice das Aves Comuns das Zonas Agrícolas (IACZA) apresenta uma tendência de aumento moderado desde 2004, cerca de 13%. 51 O indicador de intensificação/extensificação da agricultura mede a utilização dos inputs. 52 A agricultura praticada em 8,2% e 8,0% da SAU do Continente (8,9% e 9,3% em Portugal) é considerada, respectivamente, de média e de alta utilização dos factores de produção 53 O Índice de Aves Comuns de Zonas Agrícolas (IACZA) é um dos indicadores de acompanhamento e avaliação do PDR, utilizado para avaliar o impacto na biodiversidade da estratégia adotada Pág. 118

119 GRÁFICO VI13: ÍNDICE DAS AVES COMUNS DAS ZONAS AGRÍCOLAS (IACZA) PARA O PERÍODO DE 2004 A Fonte: Relatório SPEA, 2011 CONTRIBUTO POSITIVO DA AGRICULTURA PARA A PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DOMÉSTICA A agricultura também contribui ativamente para a preservação da biodiversidade doméstica através dos múltiplos sistemas de produção baseados em raças autóctones e variedades vegetais tradicionais designadamente de fruteiras. Portugal detém um património muito rico de recursos genéticos de interesse para a agricultura cuja preservação tem sido promovida pelos sistemas de produção extensivos animais e vegetais. DIFICULDADE DE REMUNERAÇÃO ABRANGENTE DOS VALORES LIGADOS À BIODIVERSIDADE Quanto às raças autóctones verificou-se, a partir de 2009, uma evolução negativa do número de efetivos, em particular dos suínos (-48,5%). Contudo, a tendência geral no período foi de uma relativa estabilização do crescimento, para a qual terá contribuido os apoios no âmbito da politica agrícola. GRÁFICO VI14: EVOLUÇÃO DO EFETIVO DE FÊMEAS DAS RAÇAS AUTÓCTONES DE BOVINOS, OVINOS, CAPRINOS, EQUÍDEOS E SUÍNOS DE 2000 A Bovinos Ovinos Caprinos Equídeos Suínos Fonte: Boletim Estatístico DGV 2009, Relatórios Anuais 2011 DGAV_PRODER, DRDA - Direcção Regional de Desenvolvimento Agrário Pág. 119

120 43,8% DAS FORMAÇÕES HERBÁCEAS ENCONTRAM-SE NUM ESTADO DE CONSERVAÇÃO FAVORÁVEL 54 E 56,3% INADEQUADO 55 No âmbito do Relatório Nacional da Directiva Habitats, a informação permite concluir que em Portugal, mais de 60% das avaliações do estado de conservação dos habitats revelou-se desfavorável, destacando-se as turfeiras, habitats dunares e habitats costeiros com as piores classificações. Apenas 30% das avaliações são favoráveis, dos quais os habitats rochosos apresentam o melhor estado de conservação favorável, seguidos das charnecas e matos e formações herbáceas, que incluem habitats agrícolas 56. Quanto às formações herbáceas verificouse que 43,8% das avaliações apresentaram um estado de conservação favorável e 56,3% inadequado. 100% GRÁFICO VI15: ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS HABITATS POR TIPO DE HABITAT % 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Florestas Habitats costeiros Habitats dunares Habitats de água doce Charnecas e matos Matos esclerófilos Formações herbáceas Turfeiras Habitats rochosos Favorável Desfavorável - Inadequado Desfavorável - má Desconhecido Global PT Fonte: Agência Europeia do Ambiente 54 Avaliação favorável: é expectável que a espécie ou o habitat prospere sem qualquer alteração às medidas de gestão existente (Fonte: ICNF) 55 Avaliação desfavorável inadequado: o habitat natural ou a espécie estão em perigo de extinção (pelo menos ao nível local), sendo necessária uma alteração das medidas de gestão praticadas (Fonte: ICNF) 56 O indicador sobre a conservação dos habitats agrícolas é essencial para o diagnóstico e análise SWOT do PDR. O indicador permitirá avaliar o nível de ambição das medidas Natura 2000 propostas pelos Estados-Membros no programa no domínio da biodiversidade. A informação é complementar ao indicador de evolução das aves comuns de zonas agrícolas. (Fonte: a partir de proposta de lista de indicadores comuns de contexto 16 de julho de 2013). A única referência disponível na Diretiva Habitats relativa à agricultura surge no conceito grasslands (formações herbáceas naturais e seminaturais, que incluem Prados naturais, Formações herbáceas secas seminaturais e fácies arbustivas, Florestas esclerófilas sujeitas a pastoreio (montados), Pradarias húmidas seminaturais de ervas altas, Prados mesófilos). Pág. 120

121 ÁREA VASTA DE CONCELHOS COM DENSIDADE FLORESTAL ELEVADA E SUSCEPTÍVEIS A INCÊNDIOS A proliferação no território do continente de zonas rurais ameaçadas de despovoamento e abandono da atividade agrícola e crescentemente ocupadas com povoamentos florestais, frequentemente de uma só espécie e de elevadas densidades, constitui um fator potenciador do aumento da gravidade dos fogos florestais. A manutenção de um mosaico agro-florestal, em que as áreas florestais sejam interrompidas por áreas suficientemente grandes de terra limpa, cultivada e/ou pastoreada, é da maior importância para estabelecer uma descontinuidade vegetal que seja uma barreira efetiva para a propagação dos fogos florestais. Pág. 121

122 VI.2 ENERGIA DIMINUIÇÃO DE METADE DO CONSUMO DE ENERGIA PELA AGRICULTURA E FLORESTA Nos últimos 11 anos, a agricultura e a floresta 57 reduziram em 55,7% o consumo de energia, representando atualmente 1,8% do consumo total (em 2000 a agricultura e floresta consumiam 4% do total). Já a indústria alimentar e tabaco 58, passou a consumir mais 7,4% de energia, contribuindo para 3,2% do total consumido (2,9% em 2000), contrariando a evolução do consumo de energia total que diminuiu 2,2%. GRÁFICO VI16: EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA PELA AGRICULTURA, FLORESTA E INDÚSTRIA ALIMENTAR 8, , , , , ,0 80 2,0 60 1,0 40 0, Alimentar e tabaco % Agricultura/Floresta Alimentar e tabaco Agricultura/Floresta Fonte: GPP, a partir de Eurostat O sector encontra-se fortemente dependente do petróleo (78%), seguindo-se a electricidade com um peso de 18%, o calor (3%) e o gás natural (0,8%). GRÁFICO VI17: CONSUMO FINAL DA AGRICULTURA POR TIPO DE ENERGIA PORTUGAL 2003 Fonte: DGE (Balanço Energético 2003) 57 Consumo de 316 ktoe em Consumo de 549 ktoe em 2011 Pág. 122

123 Especificamente o consumo de energias renováveis por parte do sector agrícola é baixo, não existindo informação quantificada. O consumo de energias renováveis encontra-se associado nomeadamente à utilização de energia eólica para acionar motores de bombagem em furos ou utilização de painéis solares para electrificação das explorações. DIMINUIÇÃO DA INTENSIDADE ENERGÉTICA AGRÍCOLA A energia consumida pela agricultura portuguesa por cada unidade de produto (intensidade energética 59 ) tem vindo a diminuir na última década: redução de 54% (6,8% ao ano) entre 2000 e 2011, o que sugere uma melhoria de eficiência energética no sector agrícola português. Salienta-se que o ritmo de crescimento tem sido superior em Portugal face à UE27 (-6,8% face a -2,2% ao ano). GRÁFICO VI18: EVOLUÇÃO DA INTENSIDADE ENERGÉTICA DA AGRICULTURA EM PORTUGAL E UE P UE27 Portugal Fonte: GPP, a partir de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável - INE O aproveitamento energético da biomassa residual, que se estima significativa, refere-se sobretudo à produção de energia eléctrica e/ou calor a partir de biogás, produzido nos processos de gestão de efluentes da pecuária intensiva, matadouros e agro-indústria, biomassa florestal resultante dos resíduos de explorações florestais (ramas e bicadas) e de medidas de silvicultura preventiva (podas, desrames e desbastes). 59 "Este indicador corresponde à relação entre o consumo interno bruto de energia e o Produto Interno Bruto (PIB) para um determinado ano civil. Mede o consumo de energia de uma economia e sua eficiência energética global. O consumo interno bruto de energia é calculado como a soma do consumo interno bruto de cinco tipos de energia: carvão, eletricidade, petróleo, gás natural e energias renováveis. O PIB é considerado encadeado, em volume, com o ano de referência O rácio da intensidade energética corresponde à divisão do consumo interno bruto pelo PIB. Como o consumo interno bruto é medido em kgoe (kg de petróleo equivalente) e o PIB em 1000 euros, este rácio é medido em kgoe por 1000 euros." (Fonte: Eurostat) Pág. 123

124 PERDA DE PESO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL A PARTIR DA FLORESTA A produção de energia renovável a partir da floresta 60 tem-se mantido estável desde 2000 contrariando a tendência de crescimento do total de energias renováveis (37,3% entre 2000 e 2011, ou seja, 3% ao ano). Ainda assim, a floresta contribui para a formação de 50,7% da produção de energia renovável nacional, tendo vindo a apresentar uma importância cada vez menor no total (69% em 2000 face a 50,7% em 2011). GRÁFICO VI19: EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL TOTAL E FLORESTAL ,0 mil toneladas de eq. de petróleo ,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 % 0 0, % prod energia renovável florestas no total Energias renováveis Biomassa florestal Fonte: GPP, a partir de Eurostat A agricultura foi responsável pela produção de 256,2 mil toneladas de equivalentes de petróleo de energia renovável em 2010, representando 4,7% do total. Relativamente a 2009 nota-se uma evolução positiva com um crescimento de 15,4%. Destaca-se ainda que, em 2007, a SAU dedicada à produção de culturas energéticas representava 0,2% do total, aproximadamente 7,6 mil hectares ktoe em 2011 Pág. 124

125 VI.4 MODOS DE PRODUÇÃO DE ELEVADA SUSTENTABILIDADE BAIXA REPRESENTATIVIDADE DA AGRICULTURA BIOLÓGICA NA SAU A adoção de modos de produção com um desempenho ambiental mais elevado também constitui um fator positivo para a melhoria da gestão sustentável das explorações agrícolas, é o caso dos modos de produção integrado (que representa cerca de 4,5% da SAU 61 ) e biológico. A área em modo de produção biológico (certificada e em conversão) representa aproximadamente 6,0% da SAU. Em termos evolutivos apresentou uma tendência de crescimento entre 2000 e 2005 (média anual 33,5%) tendo estabilizado a partir deste ano (média anual -0,9% entre 2005 e 2011) GRÁFICO VI20: ÁREA AGRÍCOLA EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO (HA) Nota: a área em modo de produção biológico (certificada + conversão) inclui as seguintes culturas: culturas arvenses, fruticultura, frutos secos, horticultura, olival,pastagens, pousio, vinha, plantas forrageiras Fonte: Estatísticas da Agricultura Biológica - GPP ELEVADA ÁREA SUJEITA A CONDICIONALIDADE (BCAA E RLG) A abrangência territorial das explorações agrícolas sujeitas às exigências ambientais da condicionalidade do regime de ajudas do pagamento único da PAC é, muito relevante. Estas explorações estão obrigadas ao cumprimento das Boas Condições Agrícolas e Ambientais 61 Peso da área de compromisso em Modo de Produção Integrada (PU 2009) na SAU 2009 Pág. 125

126 (BCAA) e das exigências ambientais da legislação em vigor decorrentes da Directiva Nitratos e daas directivas de conservação da natureza (RLG). FIGURA VI3: PESO DA SUPERFÍCIE TERRITORIAL SUJEITA A CONDICIONALIDADE EM 2011 Fonte: GPP, a partir de IFAP2011 /GPP baseado em dados IFAP2011 Pág. 126

127 VI.5 SERVIÇOS AMBIENTAIS E DOS ECOSSISTEMAS A AGRICULTURA E A FLORESTA PRODUZEM MÚLTIPLOS SERVIÇOS AMBIENTAIS INDISPENSÁVEIS Em termos globais, as atividades agrícolas e florestais têm tido um contributo positivo para o equilíbrio ecológico do território que importa potenciar, embora pontualmente existam pressões negativas que é necessário reduzir. Com efeito, os ecossistemas agrícolas e florestais proporcionam um vasto conjunto de serviços para além do fornecimento de bens transacionáveis que incluem, designadamente, a proteção dos solos, a regulação do regime hidrológico e da qualidade da água, a conservação da biodiversidade selvagem e dos recursos genéticos para a agricultura,a mitigação das alterações climáticas e sequestro de carbono, bem como a preservação da paisagem rural. O PAPEL DA AGRICULTURA E FLORESTA NA PROTEÇÃO DO SOLO NUM CONTEXTO DE AUMENTO DA SUSCETIBILIDADE À DESERTIFICAÇÃO As florestas têm um papel muito importante na proteção do solo contra a erosão hídrica que poderá ser posto em causa pelo impacto das alterações climáticas em virtude da degradação do coberto arbóreo, designadamente por efeito da ocorrência de incêndios e agentes bióticos. A agricultura também pode contribuir para proteger o solo contra o fenómeno de erosão, sobretudo através da cobertura do solo, em especial, no período das chuvas e do aumento do nível de matéria orgânica no solo. A utilização de práticas agrícolas para proteção do solo contra a erosão tem vindo a expandirse. Cerca de 1/4 da SAU com culturas temporárias, em que tradicionalmente era realizada mobilização convencional do solo, é hoje em dia objeto de práticas de mobilização específicas visando a sua proteção contra a erosão (mobilização na zona, na linha e reduzida) ou mesmo não mobilizada recorrendo à técnica da sementeira direta, concentrando-se no Alentejo. No caso das culturas temporárias, a instalação de culturas de Outono/Inverno e a manutenção no solo dos resíduos da cultura anterior são as técnicas mais utilizadas em Portugal, abrangendo em conjunto cerca de 90% das terras aráveis, pelo que apenas 10% se mantém como solo nu. Nas culturas permanentes pratica-se o enrelvamento da entrelinha com coberto herbáceo, espontâneo ou semeado, para prevenir a erosão do solo, embora seja ainda reduzida a utilização desta técnica que abrange apenas 10% das explorações. Pág. 127

128 O risco de degradação deste recurso natural estratégico aumentou uma vez que se tem vindo a acentuar a suscetibilidade à desertificação, tendo-se verificado um alargamento da área suscetível à desertificação, que passou a representar mais de metade da área do continente, sendo expectável que se agrave face aos cenários de alterações climáticas, designadamente com possível diminuição esperada da precipitação em particular nas regiões já mais suscetíveis. Assim, as explorações agrícolas e florestais enfrentarão, cada vez mais, o risco de condições restritivas de produção, nomeadamente por redução da fertilidade do solo e elevado risco de erosão hídrica. Neste contexto, a presença de coberto florestal e agrícola é determinante na proteção do solo contra a erosão hídrica e aumento da sua fertilidade, sendo indispensável a utilização de práticas/sistemas de produção adequadas. E o regadio tem uma contribuição muito positiva ao viabilizar a manutenção e desenvolvimento de sistemas agrícolas que concorrem para a preservação do solo. A avaliação do estado das terras disponível à escala da Península Ibérica reflete o contributo que a agricultura e as florestas têm tido, em Portugal, na última década, na prevenção da degradação do solo, designadamente, pela expansão dos povoamentos florestais e da reconversão de culturas anuais em pastagens permanentes. FIGURA VI4: AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO E TENDÊNCIA DAS TERRAS Fonte: del Barrio et al. (2011) Pág. 128

129 O PAPEL IMPORTANTE DA AGRICULTURA E FLORESTAS NA PROTEÇÃO DA BIODIVERSIDADE Cerca de 19,5% da área de povoamentos florestais e de 18,4% da SAU do Continente inserem-se em áreas classificadas para proteção da biodiversidade no âmbito da rede ecológica comunitária denominada Rede Natura 2000, a qual ocupa 21% do território 62. De acordo com o estudo A estratégia de gestão agrícola e Florestal para a Rede Natura 2000 (RN2000) 63, em 90% da superfície total da RN2000, os valores naturais a conservar encontram-se diretamente associados ao tipo de gestão agrícola e vegetal praticada. O referido trabalho especifica esta relação recorrendo à agregação das áreas classificadas da RN2000 em cinco tipos, de acordo com o tipo de valores de conservação, associando a cada tipo de zona, as práticas agrícolas e florestais mais adequadas à conservação dos valores: No tipo primeiro tipo - Serranos de Norte e Centro, constituído por manchas agrícolas e pastoris diminutas e em declínio, imersas numa matriz florestal de matos, os valores de conservação e a resistência aos incêndios estão associados a espaços agrícolas e pastoris diminutas e em declínio, pelo que a manutenção destes espaços abertos, numa paisagem em fechamento, (gestão do mosaico) constitui o objetivo central da gestão agrícola e florestal. No segundo tipo Floresta mediterrânica, em que os valores naturais estão mais associada a formações florestais autóctones do que a espaços abertos e depende diretamente da gestão florestal e agro-silvo-pastoril. No terceiro tipo Vale do Douro, em que o declínio agrícola, mas menos acentuado, constitui um problema devido à importância dos espaços abertos enquanto base da cadeia alimenta das grandes rapinas nidificantes. No quarto tipo Montados e Pseudoestepes em que a superfície agrícola é a matriz da paisagem à qual está associada boa parte dos valores naturais; as principais dinâmicas a gerir prendem-se com a intensificação, abandono dos cereais nas terras mais pobres, florestação de terras abertas e gestão dos montados. 62 De entre os habitats classificados com estatuto de conservação no âmbito da Rede Natura, os montados de sobro e azinho têm uma expressão territorial muito importante. Além disso, existem diversos outros habitats florestais da região biogeográfica mediterrânica que ocorrem de forma exclusiva na Península Ibérica, tais como certos carvalhais e amiais. Também ocorrem diversos habitats da região biogeográfica Atlântica com limitação ao espaço ibérico, tais como azevinhais e bosquetes de teixo, igualmente com estatuto de conservação. 63 ISA e ERENA Pág. 129

130 Por último - Estuários e Pauis Agrícolas em que a agricultura tem um peso significativo, mas grande parte dos valores ocorre fora (ou nos interstícios) do espaço agrícola, deste modo as grandes questões de conservação prendem-se com a gestão de fronteira entre o espaço agrícola e os habitats aquáticos vizinhos. Conclui que a eficácia da conservação dos valores naturais da RN2000 está fortemente dependente da gestão agrícola e florestal que se vier a efetuar nas áreas classificadas. FIGURA VI6: REDE NATURA FIGURA VI6: DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS TIPOS DE ÁREAS CLASSIFICADAS DA REDE NATURA 2000 EM PORTUGAL CONTINENTAL Fonte: ICN Fonte: Uma Estratégia de Gestão Agrícola e Florestal Para a Rede Natura 2000, ISA/ICN. Cerca de ¾ da SAU é ocupada por sistemas de agricultura extensiva, os quais se relacionam predominantemente, quer com culturas arvenses, quer com a produção de animais em regime de pastoreio, os quais têm à partida condições favoráveis para a preservação dos recursos naturais e a manutenção do importante património de biodiversidade selvagem existente no Pág. 130

131 país, constituindo, muitos delas áreas de elevado valor natural, que representam, aproximadamente, 51,8% da superfície agrícola 64. REGULAÇÃO DO REGIME HIDROLÓGICO E DA QUALIDADE DA ÁGUA As áreas de floresta desempenham um papel importante na regulação do regime hidrológico, diminuindo a velocidade da escorrência superficial, aumentando a capacidade de retenção hídrica dos solos e contribuindo para a recarga dos aquíferos subterrâneos. Tratam-se por isso de ecossistemas determinantes na produção de água, em quantidade e qualidade, com particular relevância nas cabeceiras das bacias hidrográficas submetidas ao regime florestal. 65 AS FLORESTAS E A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE No que concerne à conservação da biodiversidade, refira-se que cerca de 19% da área de povoamentos florestais do Continente inserem-se na Rede Natura A ocorrência na região mediterrânea dos habitats naturais 9230, 9240 (carvalhais de Quercus robur e/ou Q. pyrenaica e de Q. faginea subsp. broteroi) e 92B0 (amiais com adelfeiras), é exclusiva da península ibérica (região biogeográfica mediterrânea). De igual forma, na região biogeográfica Atlântica os habitats 9380 (azevinhais) e 9580* (bosquetes de teixo) estão limitados ao espaço ibérico. Particularmente expressivos em termos territoriais, incluindo na Rede natura 2000 e Rede Nacional de Áreas Protegidas, os montados de sobro e de azinho, para além da sua importância económica, são relevantes para a conservação da biodiversidade e serviços dos ecossistemas, constituindo, nas suas formas de gestão e condução mais extensivas, áreas de elevado valor natural agro-florestal (High Nature Value Areas) e habitats protegidos. Tendo por base o relatório de implementação da Diretiva Habitats em Portugal, no período , verifica-se que, embora nenhum habitat florestal apresente uma avaliação global "desfavorável/má", um número significativo destes habitats naturais (69 %, 11 habitats) encontra-se em situação "desfavorável/inadequada". Para este resultado concorrem as florestas esclerófilas mediterrânicas (9320, 9330, 9340, 9380), as florestas de coníferas das montanhas mediterrânicas (9560, 9580), os carvalhais (9160, 9230, 9240) e ainda os habitats 92D0 (Galerias e matos ribeirinhos meridionais da Neriotamaricetea e Securinegion tinctoriae) e 91B0 (Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia). Muitos destes habitats florestais encontram-se fragmentados ou acantonados e são pouco frequentes as situações em que 64 Associada ao Pedido Único 65 MAMAOT (2013). Estratégia de Adaptação da Agricultura e das Florestas às Alterações Climáticas 66 Fonte: IFN5 Pág. 131

132 exibem a maturidade e o estado de conservação que devem caracterizar comunidades climácicas ou paraclimácicas. 67 Em 2011, 6,7% da superfície de floresta e de outras superfícies florestais tinha como objetivo a proteção de paisagens e elementos naturais especiais (classe 2). MITIGAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E SEQUESTRO DE CARBONO Através do sequestro de carbono da biomassa, sobretudo florestal, e da matéria orgânica dos solos agrícolas e florestais, a agricultura e as florestas têm um potencial de compensação de emissões de GEE de outros setores de atividade. As práticas e sistemas agrícolas e florestais que potenciam o sequestro de carbono também concorrem para a proteção do solo contra a erosão, aumentando a sua fertilidade e, portanto, contribuindo para melhorar a resiliência dos ecossistemas agrícolas e florestais às alterações climáticas. Constituem, assim, simultaneamente, estratégias de adaptação e de mitigação das alterações climáticas, à semelhança do que acontece com as ações de prevenção e defesa contra incêndios e agentes bióticos nocivos. 67 De acordo com o relatório do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 Pág. 132

133 VII. ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E DESERTIFICAÇÃO UM TERRITÓRIO COM ELEVADA VULNERABILIDADE À DESERTIFICAÇÃO E ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Verificou-se um alargamento da área suscetível à desertificação (zonas semiáridas e subhúmidas secas), na última década, que correspondem atualmente a 58% do território continental localizando-se sobretudo no sul e interior centro e norte. É expectável que se agrave face aos cenários de alterações climáticas, designadamente com a diminuição esperada da precipitação em particular nas regiões já mais suscetíveis. 68 Mitigação FIGURA VII1: ÍNDICE DE ARIDEZ ( ) E EVOLUÇÃO EM RELAÇÃO A Fonte: CNCD, Não publicado O aumento esperado da temperatura e diminuição da precipitação, decorrentes do processo de alterações climáticas, criam condições para maior risco de erosão hídrica, pela degradação do coberto florestal e agrícola em resultado, nomeadamente, da ocorrência de incêndios e da menor produção de biomassa, situação preocupante, em particular, em zonas com maior 68 MAMAOT (2013). Estratégia de Adaptação da Agricultura e das Florestas às Alterações Climáticas Pág. 133

134 suscetibilidade à desertificação, como é o caso da quase totalidade da área dos povoamentos de azinheira, de sobreiro, e de pinheiro manso, bem como metade da de eucalipto 69. O desafio das alterações climáticas é especialmente relevante em Portugal uma vez que a região mediterrânica é uma das que se prevê serem mais afetadas, tal como reconhecido pela Comissão Europeia. 70 Os cenários de evolução climática apontam para um agravamento das condições em que a agricultura e as florestas se desenvolvem em resultado de uma diminuição da precipitação, aumento da temperatura e da frequência e intensidade dos eventos climáticos e meteorológicos extremos. FIGURA VII2: CENÁRIOS DE EVOLUÇÃO DE TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO MÉDIAS PARA A EUROPA PARA O FINAL DO SÉC. XXI, FACE AOS VALORES ATUAIS Fonte: Estudo PESETA/JRC com base em dados IPCC 69 Reconhecendo o importante papel das florestas nas zonas mais suscetíveis à desertificação, a proposta de revisão do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação define como objetivos estratégicos a promoção da gestão sustentável dos ecossistemas das áreas suscetíveis e a recuperação das áreas afetadas, em particular, a conservação dos montados e de outros sistemas agroflorestais mediterrânicos. 70 A gravidade dos impactos das alterações climáticas varia em função das regiões. As regiões europeias mais vulneráveis são a Europa meridional, a bacia mediterrânica, as regiões ultraperiféricas e o Ártico. (COM(2009) 147 final, LIVRO BRANCO Adaptação às alterações climáticas: para um quadro de Acão europeu, p 4) Pág. 134

135 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS COM EFEITOS NEGATIVOS EM PORTUGAL A agricultura e as florestas têm vindo a ser gravemente afetadas pelas alterações do clima nas últimas décadas em Portugal, especialmente pela ocorrência de secas e outros eventos climáticos e meteorológicos extremos. Os cenários de evolução climática, até ao final do século XXI, apontam para o agravamento das tendências climáticas verificadas: redução da precipitação, aumento da temperatura, agravamento da frequência e intensidade dos eventos climáticos e meteorológicos extremos, bem como, aumento da suscetibilidade à desertificação. Os cenários existentes, embora se revistam de incerteza, apontam para o aumento da irregularidade intra e interanual, com a redução da precipitação no Outono, Primavera e Verão e aumento da quantidade no Inverno. Com efeito, estima-se que os efeitos das alterações climáticas serão especialmente negativos em Portugal: no sector agrícola, estima-se que todas as culturas não regadas, com exceção das pastagens, sofram perdas de produtividade perdas estas que se podem traduzir mesmo na sua inviabilidade económica (Pinto, Braga, & Brandão, 2006); no âmbito da saúde (Calheiros & Casimiro, 2006) pode verificar-se um aumento das patologias ligadas ao desconforto provocado por ondas de calor e um agravamento das doenças que têm por base alguns mosquitos característicos de climas mais quentes (por exemplo a malária e a leishmaniose); no âmbito da floresta e biodiversidade (Pereira, et al., 2006) destacam-se como impactos potenciais mais prováveis e com efeitos mais imediatos, o aumento do risco meteorológico de incêndio e o agravamento das condições favoráveis aos agentes bióticos nocivos. Para além do aumento dos riscos é expectável, devido à diminuição da disponibilidade hídrica, a alteração dos ótimos territoriais das espécies florestais espontâneas ou cultivadas, assim como a diminuição das suas produtividades MEDIDAS DE ADAPTAÇÃO DA AGRICULTURA E DAS FLORESTAS ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS SÃO INDISPENSÁVEIS A Estratégia de Adaptação da Agricultura e das Florestas às Alterações Climáticas faz uma avaliação dos impactos das alterações climáticas sobre os sistemas agrícolas e florestais e as Pág. 135

136 suas múltiplas funções, concluindo pela necessidade de adopção de um conjunto alargado de medidas de adaptação para, prioritariamente, dar resposta às seguintes questões críticas: QUESTÕES TRANSVERSAIS Redução da precipitação e aumento da temperatura Agravamento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos Aumento da susceptibilidade à desertificação AGRICULTURA FLORESTA Disponibilidade de água e capacidade de rega Fertilidade do solo, prevenção da erosão Gestão de risco face aos eventos extremos e maior variabilidade climática Acréscimo de condições favoráveis a organismos prejudiciais às plantas e animais e adequação dos sistemas fitossanitário e de sanidade animal Disponibilidade de património genético animal e vegetal adaptado às novas condições climáticas Aumento do risco meteorológico de incêndio Aumento das condições favoráveis a agentes bióticos nocivos Diminuição da produtividade potencial Redução da capacidade de sequestro O PAPEL DO REGADIO NA ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Neste quadro previsível de menores disponibilidades hídricas e maior variabilidade, o recurso ao regadio assume uma importância decisiva para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas de produção, pois através do armazenamento da água promove-se a regularização da sua disponibilidade para as culturas. Tem, também, um papel relevante na prevenção dos incêndios cujo risco meteorológico se prevê que seja agravado com as alterações climáticas. Para Portugal e para o setor agrícola em particular a aposta no regadio constitui uma estratégia de adaptação às alterações climáticas na medida em que se pretende promover, designadamente o aumento da capacidade de retenção de água com a construção e reabilitação de albufeiras, acompanhado da instalação de sistemas e tecnologias de elevada eficiência e precisão e a substituição/ alternativa a sistemas menos eficientes (de que é exemplo o recurso a captações de águas subterrâneas), através em total alinhamento com a Pág. 136

137 legislação ambiental, designadamente no âmbito das avaliações de impacto ou de incidências ambientais. CONTRIBUTO POSITIVO PARA A MITIGAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS As emissões de gases com efeito de estufa por parte da agricultura (CH 4 - metano e N 2 O - óxido nitroso), que representam 11% do total nacional, reduziram-se desde 1990 (-6.65%) até 2009, sendo o único sector económico com emissões relevantes em que isso aconteceu, dando, assim, um contributo positivo para a mitigação das alterações climáticas e simultaneamente, para o cumprimento das metas de redução a que Portugal se obrigou no âmbito dos compromissos internacionais do Protocolo de Quioto. O contributo do sector da agricultura para o resultado global, no que se refere às emissões nacionais de GEE, foi muito significativo uma vez que o peso das emissões sectoriais passou de 13,5%, em 1990, para 10,5%, em Além da redução das emissões de GEE, o contributo positivo das explorações agrícolas também se exerceu através do aumento do sequestro de carbono no solo agrícola, promovido com base na utilização da prática da sementeira direta, reduzindo a mobilização do solo, e na instalação de pastagens permanentes biodiversas, prevendo-se um total de 2,5Mt no período de 2008/2012. Sublinhe-se que a agricultura e a floresta são os únicos sectores de atividade económica que têm capacidade para sequestrar carbono e, desta forma, compensarem as emissões de outras atividades. GRÁFICO VII1: EMISSÕES GEE DO SECTOR AGRÍCOLA DE 2000 A , , ,3 60 0, , , Relação VAB/GEE VABpm Emissões GEE 0,26 Fonte: APA 2012 (Inventário Nacional de Gases com Efeito de Estufa ) Pág. 137

138 Reconhecendo a importância das florestas portuguesas neste âmbito, Portugal foi dos poucos países que elegeu, no primeiro período de cumprimento do Protocolo de Quioto ( ), as atividades florestais como forma de compensar as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) com origem noutros sectores. De acordo com o National Inventory Report (APA, 2012), mesmo tendo em conta a consolidação em curso das metodologias de contabilização, o balanço entre o sequestro e as emissões de gases com efeito de estufa contabilizado no âmbito do sector ocupação do solo, alterações na ocupação do solo e da floresta (LULUFCF71) é positivo. A categoria Forest Land é um sumidouro líquido, com um balanço entre sequestro e emissões de GEE de cerca de 10,9 Mton CO2 e, o que corresponde a cerca de 15% do total das emissões nacionais, não considerando o sector LULUCF. Para além da promoção do sequestro, será importante promover a proteção dos stocks de carbono, destacando-se a necessidade de diminuir a área florestal ardida. De facto, as emissões de GEE resultantes da queima de biomassa, sobretudo em incêndios florestais, poderão mitigar o papel das florestas enquanto sumidouro líquido. INCÊNDIOS FLORESTAIS COM DIMENSÃO RELEVANTE Os incêndios florestais e os agentes bióticos nocivos constituem o principal obstáculo ao desenvolvimento e crescimento do sector florestal. Provocam o desequilíbrio da estrutura produtiva, com consequências graves no estado e vitalidade dos povoamentos, na produção sustentada de bens e serviços de natureza ambiental e ecológica e no abastecimento futuro à indústria. Entre 2003 e 2012, a média anual de área ardida de povoamentos florestais foi de ha (2,7% da área total de povoamentos), sendo esse valor de ha se extrairmos os anos atípicos de 2003 e A média anual da área total ardida nesse período foi de ha. Na década de 80, a média anual de área ardida não ultrapassa os ha. Nas duas décadas seguintes esse valor aumentou consecutivamente, verificando-se uma tendência decrescente acentuada a partir de 2006, ainda assim, para valores superiores aos registados nos anos 80. Existe alguma periodicidade na ocorrência de picos de áreas ardidas, geralmente em ciclos com um máximo de 5 anos. 71 LULUCF Land Use, Land use Change and Forests - Land Use, Land Use Change and Foresty. Refere-se ao sector que inclui o balanço das emissões e sequestro de GEE das florestas, agricultura e alterações de uso do solo, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas relativa às Alterações Climáticas. Pág. 138

139 GRÁFICO VII2: EVOLUÇÃO DA ÁREA ARDIDA ANUAL, ENTRE POVOAMENTOS E MATOS, E DO Nº DE OCORRÊNCIAS ENTRE 1980 E 2012 Desde 2006 que a percentagem de área ardida de matos anualmente tem superado a área ardida de povoamentos. Este facto teve início em meados da década de 90 e tem maior expressão a partir de AUMENTO DOS DANOS CAUSADOS PELOS AGENTES BIÓTICOS NOCIVOS Os agentes bióticos nocivos presentes nas nossas florestas têm aumentado nos últimos anos, sendo responsáveis por problemas fitossanitários na generalidade dos povoamentos florestais. O pinhal-bravo é desde 1999 alvo da doença da murchidão dos pinheiros, causada pelo nemátodo da madeira do pinheiro (Bursaphelenchus xylophilus), um dos principais problemas fitossanitários internacionalmente reconhecido. Atualmente, a doença está confinada a 337 freguesias, essencialmente localizadas nas regiões Centro e Lisboa e Vale do Tejo. O gorgulho do eucalipto é atualmente o agente biótico nocivo de maior relevância para os povoamentos de eucalipto, provocando perdas de produtividade (entre 40 a 90%) mais acentuadas nas zonas acima dos 500m de altitude e que correspondem sensivelmente a 20% da sua área de distribuição. 72 Em 2006 entrou em vigor o Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios (PNDFCI) que define a estratégia a seguir para a redução progressiva dos incêndios florestais e estabelece a redução da área ardida para valores inferiores a 100mil hectares/ano no período de Para o período pós 2012 e até 2018, o Plano preconiza: uma área ardida anual inferior a 0,8% da superfície florestal constituída por povoamento; menos de 75 incêndios com duração superior a 24h; diminuição, para menos de 0,5%, do número de reacendimentos Pág. 139

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