ASMOVE ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DA VILA EMATER I COOPVILA COOPERATIVA DOS CATADORES DA VLA EMATER II
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- Felícia Benevides Escobar
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1 ASMOVE ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DA VILA EMATER I COOPVILA COOPERATIVA DOS CATADORES DA VLA EMATER II Dr. Flávio Gomes da Costa MD Promotor de Justiça dos Direitos Humanos NESTA Sr. Promotor, A ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DA VILA EMATER II (ASMOVE), pessoa jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ n o / devidamente constituída, por meio de seu representante legal abaixo consignado, com sede na Rua do Livramento, 50, Vila Emater II, e, a COOPERATIVA DOS CATADORES DA VILA EMATER (COOPVILA), igualmente, pessoa jurídica constituída, inscrita no CNPJ n o / , com representante abaixo subscrita, com sede a Rua Livramento, s/n o, Vila Emater II, Jacarecica, vem perante V.Exa., expor e requerer o que segue: DOS MORADORES Os moradores da Vila Emater II, com a condição jurídica de posseiros, ocupam parte do terreno denominado Campo das Palmáceas, pertencente ao Estado de Alagoas, localizado no Bairro de Jacarecica. Encontram-se ali cerca de 250 famílias, que há mais de 15 anos conferem função social ao terreno, outrora vazio e destituído de qualquer serventia econômica. São famílias marcadas pela excessiva pobreza, destituídas de acesso regular, sobretudo à água potável fornecida precariamente mediante poço clandestino ou chafariz e outras medidas de Saneamento Básico. Elas sobrevivem na sua maioria, da coleta e reciclagem de materiais recicláveis provenientes da cidade, cuja atividade é exercida nas ruas e no antigo lixão da cidade desativado em abril de O local, além de propiciar abrigo e moradia, possibilita acesso à renda e trabalho. Posteriormente, o espaço urbano, em questão, foi invadido por outros ocupantes que, diferentemente dos moradores iniciais, são representativos das classes sociais mais abastadas da cidade, dotadas de influência política e projeção econômica. A seu modo se organizaram, e, diferentemente dos ocupantes de baixa renda, conseguiram acesso à infraestrutura urbana e serviços públicos. Dessa forma, as mansões, expressão da presença física desta classe de moradores, convivem no mesmo território com casas de madeiras ou de pouca estruturação, em que pese de alvenaria.
2 DA ARTICULAÇÃO DOS MORADORES POR MORADIA Os moradores, com apoio das entidades acima qualificadas, vêm se articulando desde 1999 com a criação do Fórum Lixo e Cidadania de Alagoas no sentido de que Direitos e Pretensões sejam preservados. Nesse sentido a Urbanização da área, dotando-a de moradias dignas, o acesso à Água Potável e outras medidas de Saneamento, a criação de alternativas de trabalho e renda, a Regularização Fundiária, bem como o acesso das crianças e adolescentes em Creche e Escola de Tempo Integral constitui as reivindicações principais dos moradores. Para tanto, contam com o apoio de diversas instituições públicas e privadas, a exemplo do Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB), o UNICEF (órgão das Nações Unidas), o Conselho de Entidades no Combate à Fome (COEP). DA LUTA POR MORADIA E TRABALHO DIGNOS Em 07 de junho de 2004, por meio do Protocolo , a Associação dos Moradores da Vila Emater II, formalizou junto ao Gabinete do Governador do Estado um Requerimento de Legalização Administrativa do terreno ocupado, por meio da Concessão de Uso para Fins de Moradia CUEM, com fundamento o Estatuto da Cidade, Lei Federal /01 e a Medida Provisória 2.220/01. Com vistas à Legalização da Posse da Terra foi realizado nesse mesmo ano, pela Agência de Habitação do Estado, Cadastro dos Posseiros residentes, bem como, Levantamento Topográfico-Cadastral, realizadas pelo Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (ITERAL). Em 2006, a ASMOVE apresentou pleito à Secretaria Municipal de Habitação e à Prefeitura Municipal para a regulamentação do bairro como Zona Especial de Interesse Social, conforme as indicações contidas no Plano Diretor de Maceió e com base na lei n o de 6/12/2005. A petição, foi por duas vezes, recusada pelo município. O principal argumento para negar à comunidade a regularização fundiária e urbanização do bairro na última década foi a existência de penhoras tendo como garantia a terra pública, para pagamento de dívidas do Estado com a União. Sucessivas penhoras foram ofertadas pelo Estado dando esse terreno como garantia. Em 12 de fevereiro de 2010 o Campo das Palmáceas foi a leilão promovido pela Justiça Federal. O Estado arrematou a área pelo valor de R$ ,00 (hum milhão e novecentos mil reais). Uma Carta de Arrematação foi expedida por Juiz de Direito da 5ª Vara de Justiça e registrada em 7 de outubro de 2010, matricula n o. R , Livro 2, Ficha 6 e seu verso. Entretanto, o terreno foi dado novamente como garantia da dívida com a União, que foi parcelada, gerando nova hipoteca, posteriormente quitada. (anexo Certidão de Ônus).
3 DA DOAÇÃO DE TERRENO À ASSOCIAÇÃO DE MORADORES PELO ESTADO DE ALAGOAS Em Dezembro de 2012, o terreno reivindicado pelos moradores foi doado pelo Poder Público Estadual à Associação de Moradores. A Certidão PGE/\GAB n o 11/2012 que autoriza a transferência de parte do Bem Disponível do Estado de Alagoas com base na Lei Autorizativa n o de 28 de agosto de 2012, publicada em Diário Oficial datado de 24 de agosto de O terreno doado mede ,71m 2, de um total de m 2, que compõem o Campo das Palmáceas, conforme escritura e planta em anexo. Para tornar efetiva a doação, foram necessárias diversas manifestações para que o Estado de Alagoas procedesse à quitação da penhora junto à Justiça Federal, o que foi feito em julho de O processo de encerramento da penhora encontra-se tramitando na Justiça Federal, aguardando pronunciamento da Fazenda Nacional e parecer final do Juiz que examina o caso. DA URBANIZAÇÃO E INSERÇÃO DA VILA EMATER II NO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA Em 2011, o Estado anunciou a decisão de doar a área da Vila Emater II para os moradores. Foi articulada a parceria com o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), do CEASB e da Secretaria de Estado de Infraestrutura para a elaboração do Plano Urbanístico do Bairro (em anexo). Os moradores participaram ativamente da elaboração do Plano em reuniões por ruas e assembleia. Um novo cadastro para atualização dos moradores foi realizado em 2010 e atualizado em dezembro de 2013, pela SEINFRA, em parceria com a comunidade e o CEASB. O projeto executivo de urbanização do bairro e de construção de conjunto habitacional foi apresentado pela Associação de Moradores à Caixa Econômica Federal em janeiro de 2013, para fins de construção, pelo Programa Minha Casa Minha Vida e uma construtora foi credenciada pela Caixa Econômica Federal. DA AMEAÇA AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS MORADORES DA VILA EMATER Ao longo de dezoito anos de luta, os moradores da Vila Emater vem assistindo à ocupação do Campo das Palmáceas por cidadãos de alta renda e até mesmo empresas. Desde inicio do ano de 2013, após a doação do terreno à ASMOVE e enquanto aguardava a liberação da penhora pela Justiça Federal, a comunidade assiste à intensificação de invasões. Essas invasões ocorrem em toda a extensão de propriedade do Estado, mas a pressão se intensificou na área doada, ameaçando a conquista dos moradores.
4 Apesar das constantes denúncias junto aos órgãos da Prefeitura (SMCCU, SLUM e SEMPMA) e do Estado (SEINFRA e SEGESP), nenhuma medida efetiva foi até o momento tomada para coibir definitivamente as seguintes ameaças aos direitos dos moradores: (a) Grupo Empresarial Ferreira Hora, utilizando a empresa Alô Entulhos, dirigida pelo ex-candidato a vereador Ferreira Hora, vem aterrando, desmatando e ocupando a mata de encosta que separa o antigo lixão da área habitada pela comunidade, constituindo grave crime ambiental e contra o patrimônio público. Essa ocupação se dá abertamente e de forma intensa e constante, com impacto significativo na área. Após os protestos de julho de 2013, quando foi constatado em audiência conjunta da SEGESP e SEINFRA a inexistência de escritura, o grupo vem utilizando dos seguintes expedientes: - aliciamento de moradores de fora do bairro para ocupar faixa do terreno à frente da via principal do bairro; - intensificação de construção de equipamento para operar atividades da empresa, apesar da anulação de licença de operação irregular, emitida pela Secretaria Municipal de Proteção Ambiental (SEMPMA); - evento com a presença do proprietário e político Ferreira Hora (fotografias em anexo) para a distribuição de brinquedos e promessas de construção do poço da Companhia de Saneamento de Alagoas (CASAL), além da melhoria na creche da comunidade e na via principal do bairro, numa clara antecipação de campanha eleitoral. b) As ocupações atingem também outros espaços da área doada, sendo promovidas por particulares, Luis Fernando Costa de Carvalho, e outros, que alegam ser proprietários da terra, inclusive um deles tendo alugado parte do terreno à Vivo para instalação de torre de telefonia celular, o que foi denunciado pelos moradores à SMCCU, porém a torre continua operando no local. Um dos ocupantes, o Sr Adriano José de Albuquerque Prazeres promove processo de reintegração de posse contra as lideranças da ASMOVE, processo número , em tramitação na 4ª Vara Cível da Capital. No processo, o suposto proprietário do terreno localizado na área doada pelo Estado, apresenta escritura de área desmembrada da Fazenda Jacaré Serraria, registrada em Cartório de São Luis do Quitunde. Além de apresentar limites imprecisos, a escritura tem matrícula datada de 1997, posterior à escritura do terreno do Estado, que é de 1977 e não apresenta como confrontante o Estado, o que faz supor que não se refere à área pretendida pelo suposto proprietário. Nesse contexto de conflitos e grande insegurança jurídica as lideranças se sentem ameaçados em sua segurança pessoal.
5 INTEGRAL DA LUTA PELA CRECHE E ESCOLA DE TEMPO Por fim, Sr Promotor, a comunidade da Vila Emater II foi surpreendida com o anúncio, pela Prefeitura Municipal de Maceió, sobre o fechamento e transferência da Creche da comunidade para outro equipamento construído nas imediações da Vila Emater I, à beira da pista AL 101 Norte, distante das nossas moradias e sem vagas suficientes para atender todas as crianças de 0 a 6 anos existentes na comunidade. Lutamos durante anos para garantir educação e proteção às crianças, no entendimento de que as políticas públicas devem ser integradas e as soluções, duradouras e sustentáveis. Para isso, é importante que as condições de moradia e trabalho digno destinado às famílias sejam respeitadas. Ao longo desses anos, a Prefeitura Municipal de Maceió desenvolveu uma política de afastamento das crianças do bairro para estudar. As crianças eram transportadas muitas vezes em ônibus precários para escolas situadas em bairros distantes. A creche da comunidade foi construída em regime de mutirão e com o apoio de parceiros. É fundamental, para permitir o trabalho das mães, inclusive, para as que trabalham na COOPVILA e deveria ser ampliada para atender crianças em tempo integral. No projeto urbanístico da Vila Emater II, atendendo a exigência do Programa Minha Casa, Minha Vida, foi prevista a ampliação da creche, em atendimento à Lei modificada pela Lei de 16 de julho de 2011, que determina que deve existir o compromisso do poder público local de instalação ou de ampliação dos equipamentos e serviços relacionados à educação, saúde, lazer e transporte público. Na situação atual, não se justifica a perpetuação de uma política perversa, baseada em soluções paliativas, cujo único propósito era a remoção dos moradores, anunciada reiteradas vezes pela Prefeitura Municipal de Maceió em gestões passadas. DOS PEDIDOS Diante de tais fatos, solicitamos a intervenção do Ministério Público Estadual, no sentido de assegurar os Direitos Humanos Fundamentais aos moradores da Vila Emater II, conforme previsto na Carta Federal: 1. Que o Ministério Público instaure Procedimento Administrativo, por meio de Inquérito Civil, no sentido de apurar os casos aqui relatados, graves distorções aos Direitos Humanos em Maceió.
6 Civil Pública. 2. Que as conclusões do Inquérito Civil, fundamentem Ação 3. Que seja enviado o Mandado de Segurança com vistas a corrigir de imediato algumas distorções/lesões aos Direitos Humanos e reparação dos danos morais e ambientais identificados. 4. Que seja o Município de Maceió através da Secretaria Municipal de Habitação instado a efetivar todos os procedimentos e providências administrativas relativas à implantação da Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) da Vila Emater II. 5. Que seja, a juízo do representante do Ministério Público, tomado o depoimento de pessoas, posteriormente indicadas, como testemunhas do esforço e das iniciativas da Associação de Moradores, em ver implantado na Vila Emater II, todas as providências aqui solicitadas ao parquet. Nestes Termos, Pede Deferimento. Maceió 29 de Janeiro de Jadna Santos da Silva Presidenta da Associação de Moradores da Vila Emater II (ASMOVE) Eliene da Silva Presidenta da Cooperativa dos Catadores da Vila Emater (COOPVILA)
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