INVESTIGAÇÃO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS PELA POPULAÇÃO QUE HABITA NAS PROXIMIDADES DAS HORTAS COMUNITÁRIAS NA CIDADE DE PALMAS TO.

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1 INVESTIGAÇÃO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS PELA POPULAÇÃO QUE HABITA NAS PROXIMIDADES DAS HORTAS COMUNITÁRIAS NA CIDADE DE PALMAS TO. Paulo Vitor de Sousa Silva 1 ; Guilherme Nobre Lima do Nascimento 2 ; 1 Aluno do Curso de Enfermagem; Campus de Palmas; pv.sousasilva@gmail.com PIBIC/CNPq 2 Orientador do Curso de Nutrição; Campus de Palmas; guilherme.nobre@uft.edu.br RESUMO: Este estudo teve por objetivo investigar o uso de plantas medicinais por moradores que vivem nas proximidades das hortas comunitárias da cidade de Palmas TO, com o intuito de valorizar e preservar este saber popular. Foi aplicado um questionário misto onde foram levantadas informações socioeconômicas e utilização de plantas pelos participantes. Os dados foram agrupados e analisados mediante estatística descritiva. Foram entrevistados 120 pessoas, onde 88,3% afirmaram fazer uso de plantas medicinais e/ou fitoterápicos. Mais de 75% dos participantes afirmam que o conhecimento adquirido sobre este tratamento vem dos pais ou familiares, ou seja, grande parte destes não possuem um conhecimento substancial sobre o uso de plantas medicinais, ainda 78,3% acreditam que as plantas medicinais não trazem dano algum, outro dado alarmante, pois como qualquer outro medicamento estas possuem efeitos colaterais e podem ser perigosas se não manipuladas e preparadas da maneira correta. Algumas das plantas mais citadas foram: Hortelã (Mentha sp.), Capim Santo (Cymbopogon citratus (DC) Stapf), Mastruz (Chenopodium ambrosioides L.) e Erva Cidreira (Melissa officinalis L.). É importante destacar que menos de 30% dos entrevistados utilizam as hortas comunitárias para aquisição de plantas medicinais, dessa forma, observamos que para esse fim o retorno destes espaços são ainda muito pequenos para a sociedade. Assim constatamos que na população estudada o uso de plantas ainda é muito frequente, porém há baixa procura pelas plantas medicinais nas hortas comunitárias pela população de sua proximidade. Palavras-chave: Plantas Medicinais; Etnobotânica; Hortas Comunitárias INTRODUÇÃO O uso de plantas para fins medicinais está intimamente ligado à história humana, por muito tempo este foi o principal meio terapêutico que o homem usufruiu (FRANÇA et al., 2008; VILA VERDE; PAULA; CANEIRO, 2003). Entretanto, desde o surgimento dos Página 1

2 medicamentos alopáticos o interesse por estas plantas foi diminuído (VEIGA-JUNIOR, 2008). Atualmente a utilização de plantas medicinais é difundida principalmente entre a população que vive longe dos centros de saúde ou que não possuem recursos para adquirirem os medicamentos convencionais (VEIGA-JUNIOR, 2008). Contudo, os que residem em zona urbana ainda retém algum entendimento sobre a terapêutica com plantas, porém esta prática tem-se perdido e vem se tornando gradualmente mais escassa (AMOROZO; GÉLY, 1988; AMOROZO, 2002). É importante salientar que o conhecimento popular é uma importante ferramenta para a descoberta de novos fármacos e tem crescido cada vez mais o interesse em se comprovar este saber (FRANÇA et al., 2008). Assim, com o desenvolvimento da tecnologia e ciência um maior número de pesquisas nessa área está sendo realizada, e as propriedades terapêuticas das plantas medicinais têm sido proporcionalmente reafirmadas (ARNOUS; SANTOS; BEINNER, 2005). Vale ressaltar que o consumo de plantas medicinais é interessante a sua eficácia, baixo custo e alta disponibilidade. Todavia, o uso de plantas para tratamento e prevenção de enfermidades deve ser orientado para que a planta seja aproveitada de uma melhor forma, sem que seus princípios ativos sejam perdidos (ARNOUS; SANTOS; BEINNER, 2005). Lembrando que como qualquer outro medicamento estas possuem efeitos colaterais e tóxicos e devem ser consumidas de forma consciente e moderada (VEIGA-JUNIOR, 2005). Poucos estudos desse caráter foram realizados nessa região, dessa forma é necessário que se investigue quais as plantas medicinais utilizadas pela população, suas indicações terapêuticas e como estas têm sido preparadas e administradas, com intuito de resgatar, incentivar e orientar o conhecimento popular sobre plantas medicinais. MATERIAL E MÉTODOS Na fase inicial deste projeto foram realizados levantamentos bibliográficos das plantas medicinais mais utilizadas na região, no intuito de conhecer seus possíveis efeitos farmacológicos, potenciais terapêuticos e estudos etnobotânicos das mesmas. Dessa forma foi possível coletar informações científicas pertinentes para a elaboração deste estudo. A coleta de dados foi realizada nas proximidades das hortas comunitárias da cidade de Palmas TO, onde através de um questionário misto foi possível estabelecer um perfil Página 2

3 socioeconômico dos indivíduos que habitam nas mediações, bem como o uso de plantas medicinais por estes motivos de utilização, modo de preparo e plantas mais consumidas. Os moradores foram abordados em suas residências que foram escolhidas previamente por meio de sorteio na região, em seguida foram convidados a participar da pesquisa, ao concordarem, os mesmos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, para assim serem entrevistados. Os dados levantados foram agrupados e analisados mediante estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo CEP/UFT, número de processo: 0106/2012. O tratamento estatístico foi realizado com o auxilio do Software GraphPad Prisma. RESULTADOS E DISCUSSÃO Este estudo foi realizado nas proximidades de oito hortas comunitárias da cidade de Palmas TO, estas foram escolhidas devido ao tamanho, localização e relevância para a comunidade. Foram aplicados 120 questionários, onde 88,3% dos entrevistados afirmaram fazer uso de plantas medicinais e/ou fitoterápicos, destes, 65,3% têm preferência pelo uso da planta in natura, sendo estas preparadas na forma de chá, infusão, sumo, xarope, cocção para banho e uso tópico (Tabela 1). Mais de 75% dos participantes afirmam que o conhecimento adquirido sobre este tratamento vem dos pais ou familiares, ou seja, grande parte destes não possuem um conhecimento substancial sobre o uso de plantas medicinais, ainda 78,3% acreditam que as plantas medicinais não trazem dano algum, outro dado alarmante, pois como qualquer outro medicamento estas possuem efeitos colaterais e podem ser perigosas se não manipuladas e preparadas da maneira correta. Contudo, apenas 2,8% dos participantes afirmam ter recebido alguma orientação profissional sobre o uso destas plantas. O que nos leva a questionar se a falta dessa informação por parte dos profissionais se dá devido ao pouco interesse ou se os mesmos estão despreparados para lidar com este assunto. Algumas das plantas mais citadas foram: Hortelã (Mentha L.), Capim Santo (Cymbopogon citratus (DC) Stapf), Mastruz (Chenopodium acuminatum Willd.) e Erva Cidreira (Melissa officinalis L.), apresentadas respectivamente de acordo com o número de citações (Tabela 1). Vale ressaltar que foram mencionadas diferentes espécies de hortelã, porém estas foram agrupadas, já que este trabalho não fez o uso de exsicata. Página 3

4 Tabela 1: Principais espécies de interesse medicinal da população que vive em torno das hortas comunitárias. Nome Popular e Científico Indicação terapêutica Partes utilizadas Preparo Hortelã (Mentha L.) Anti-inflamatório, descongestionante, antigripal e antipirético, cólicas infantis., raiz e caule. suco, xarope e infusão. Capim santo (Cymbopogon citratus (DC) Stapf) Anti-hipertensivo, calmante e antitérmico. Chá, sumo e infusão. Mastruz (Chenopodium acuminatum Willd.) Anti-inflamatório, antigripal, antiácido, cicatrizante, antivermífugo, antibiótico, anemias e traumas., raiz e caule. xarope e Erva cidreira (Melissa officinalis L.) Descongestionante, antigripal, antipirético, anti-hipertensivo e calmante. Chá, sumo e infusão. Algodão (Gossypium herbaceum L.) Anti-inflamatório, cicatrizante, antibiótico, antisséptico, gastrite, pós-operatório e traumas. Sumo, chá, xarope e Malva do Reino (Malva sylvestris L.) Anti-inflamatório, descongestionante, calmante, broncodilatador, antitérmico, má digestão, gastrite., raiz e caule. xarope, infusão e Boldo (Peumus boldus Molina) Indicado para gastrite, disfunção hepática e má digestão. Chá e sumo Alfavaca (Ocimum basilicum L.) Descongestionante, antigripal sinusite, dor de cabeça, tosse e pneumonia., caule e flores. Chá, cocção para banho e xarope Vick (Mentha arvensis L.) Antigripal, descongestionante, calmante e antipirético. e Caule. Chá, xarope e infusão É importante destacar que menos de 30% dos entrevistados utilizam as hortas comunitárias para aquisição de plantas medicinais, dessa forma, observamos que para esse fim o retorno destes espaços são ainda muito pequenos para a sociedade. Ao considerarmos os dados levantados neste estudo concluímos que uso de plantas medicinais ainda é frequente na população estudada, dessa forma é pertinente à orientação Página 4

5 quanto ao consumo preciso destas, pois essa terapêutica só pode ser realmente efetiva se usada de modo correto. Assim é importante que sejam feitos teste biológicos com as plantas da região, no intuito de conhecer as propriedades farmacológicas e fitoquímicas das mesmas, possibilitando ainda a produção de fitoterápicos e descoberta de novos fármacos. Assim, este estudo é eficaz em reafirmar que o saber popular é um instrumento de grande valia para gênese de medicamentos e produção de conhecimento, por isso este deve ser resgatado e preservado a fim de ser usado como referência para novas pesquisas. LITERATURA CITADA AMOROZO, M. C. M. ; GÉLY, A. L. Uso de plantas medicinais por caboclos do Baixo Amazonas. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, Série Botânica. v. 4, n.1, p , AMOROZO, M. C. M. Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antonio do Leverger, MT, Brasil. Acta Botanica Brasilica. v.16, n.2, p , ARNOUS, A. H.; SANTOS, A. S.; BEINNER, R. P. C. Plantas medicinais de uso caseiroconhecimento popular e interesse por cultivo comunitário. Revista espaço para a saúde, v. 6, n. 2, p. 1-6, FRANÇA, I. S. X.; SOUZA, J. A.; BAPTISTA, R. S.; BRITTO, V. R. S. Medicina popular: benefícios e malefícios das plantas medicinais. Revista Brasileira de Enfermagem. v.61, n.2, p , VEIGA-JUNIOR, V. F.; PINTO, A. C.; MACIEL, M. A. M. Plantas medicinais: cura segura. Química nova, v. 28, n. 3, p , VEIGA-JUNIOR, V. F. Estudo do consumo de plantas medicinais na Região Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro: aceitação pelos profissionais de saúde e modo de uso pela população. Rev bras farmacogn, v. 18, n. 2, p , VILA VERDE, G. M.; PAULA, J. R.; CANEIRO, D. M. Levantamento etnobotânico das plantas medicinais do cerrado utilizadas pela população de Mossâmedes (GO). Revista Brasileira de Farmacognosia. v. 13, supl., p , AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil. Página 5