AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO RURAL DO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO, CEARÁ

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1 AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO RURAL DO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO, CEARÁ Francisco Washington Araújo Barros Nepomuceno¹, Jeferson Falcão do Amaral², Emanuella Silva de Melo³, Nicásio Urinque Mendes 4. 1 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto Ciências da Saúde, docente, barros@unilab.edu.br 2 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto Ciências da Saúde, docente, jfamaral@unilab.edu.br 32 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto Ciências da Saúde, discente, Emanuel-la2010@hotmail.com 42 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto Ciências da Saúde, discente, mendesnico@hotmail.com Resumo: A cultura da automedicação e a falta de controle sobre a dispensação desses produtos em farmácias e drogarias são fatores que comprometem toda a cadeia de vigilância sobre a produção e utilização de medicamentos no país. No município de Redenção, Estado do Ceará, Brasil, a realidade, com algumas especificidades, obedece ao padrão nacional brasileiro, necessitando de estudos e ações que possam contribuir com o uso racional de medicamentos numa integração universidade sociedade por meio de pesquisas e discussões científicas. A pesquisa teve como objetivos determinar a prevalência da automedicação na população rural redencionista, apontando o tipo, a indicação e a frequência desta prática. Constatou-se que 90% da população rural faz uso da automedicação, destes destacamos os seguintes valores mais significantes: 44,4% utilizaram analgésicos, 18,9% antipiréticos e 15,6% anti-inflamatórios. Sobre a indicação revelou-se que 34,4% afirmaram ter sido orientado por um profissional de saúde, 8,9% por amigos, 14,4% por familiares e 42,2% indicaram não ter influência de outra pessoa. No que diz respeito à frequência, verificamos que 9% afirmaram usar o medicamento todos os dias, 22,5%, usam semanalmente, 23,6% usam mensalmente, 2,2% usam anualmente e 42,7% relataram fazer uso de outras formas, como, só quando sente algo mais sem saber precisar o intervalo entre uma automedicação a outra. Concluímos que essa população deve ser acompanhada por uma equipe capacitada para que possa ter acesso ao uso racional de medicamentos no intuito de minimizar possíveis efeitos adversos que possam surgir futuramente. Palavras-chave: Automedicação; População Rural; Redenção.

2 INTRODUÇÃO A automedicação é uma prática bastante difundida não apenas no Brasil, mas também em outros países onde se encontram sistemas de saúde pouco estruturados; sendo a automedicação, muitas vezes, a primeira opção para se resolver um problema de saúde (REVISTA DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, 2001). Diante das enfermidades, os profissionais da área da saúde apresentam ações e reações traduzidas em práticas terapêuticas que buscam o restabelecimento e, posteriormente, a preservação da saúde. Dentre os diversos recursos utilizados, destaca-se a utilização de medicamentos como forma de reencontro do bem estar físico e mental do homem. No setor saúde, os medicamentos representam um instrumento essencial para a capacidade resolutiva dos serviços prestados, representando o segundo maior gasto dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), perdendo apenas para os recursos humanos (SOUSA; SILVA; NETO, 2008). O Brasil está longe de ser um país de primeiro mundo, onde o mesmo é rotulado como país em desenvolvimento. Contudo, teoria à parte, os números mostram a verdadeira realidade e são números alarmantes, quando comparados ao consumo de medicamentos da população de países de primeiro mundo. O alto índice de automedicação da população brasileira também tem forte relação com o mercado ocupado pela indústria farmacêutica, que não mede esforços através das ferramentas de marketing, das propagandas e das drogarias adaptadas a verdadeiros supermercados. Tudo para vender medicamentos e até criar uma cultura desenfreada de consumo excessivo dos mais variados medicamentos. Seria então, o sintoma na cultura. A automedicação no Brasil já é um problema grave de saúde pública. O medicamento é visto como mercadoria comum, os doentes são meros clientes e apenas um terço dos medicamentos vendidos por ano vem de prescrição médica (JESUS, 2007). A partir do exposto e considerando a grande utilização de medicamentos sem prescrição médica, bem como a falta de acompanhamento adequado por um profissional de saúde capacitado, objetivou-se, por meio desta pesquisa, construir o perfil da automedicação dos moradores da zona rural do município de Redenção, Ceará. METODOLOGIA A presente pesquisa consistiu-se em um estudo descritivo de corte transversal baseado na coleta de dados referentes à automedicação na zona rural do município de Redenção, Ceará. O trabalho foi desenvolvido no período de agosto de 2015 a agosto de O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, pelo sistema da Plataforma Brasil e aprovado com o número de protocolo Participaram do estudo 100 residências da zona rural do município de Redenção, Ceará, selecionadas aleatoriamente a partir do cadastro disponibilizado pela Secretaria de Saúde do município. O número de residências foi determinado por conveniência a partir das visitas estabelecidas pelos agentes comunitários de saúde do referido município. Assim, as visitas foram agendadas e o responsável por cada residência foi informado do conteúdo da pesquisa e, ao consentir a participação no estudo, assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Então, um instrumento de coleta de dados foi aplicado. Os dados foram organizados, tabulados e analisados por estatística descritiva, tratada em função de frequência simples (N), frequência relativa (%), média e desvio padrão com auxílio do Microsoft Office Excel 2010 e do Microsoft Word 2010.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente buscamos determinar a prevalência da automedição perguntando sobre o uso de algum medicamento nos últimos 12 meses (Figura 1). Os dados mostram que 90% das famílias faz uso de medicamentos sem prescrição médica e 10% faz uso apenas com prescrição médica. Isto evidencia um elevado percentual relacionado à prática da automedicação. Não fez uso Fez uso, exclusivamente, por prescrição médica Fez uso sem prescrição médica Fez uso sem prescrição médica Fez uso, exclusivamente, por prescrição Não fez uso 0% 10,0% 90,0% Figura 1. Uso de algum medicamento nos últimos 12 meses. Sobre a classe terapêutica dos medicamentos mais utilizados pela população (Figura 2), os dados indicam que 44,4% foram analgésicos, 5,6% relaxantes musculares, 5,6% antiulcerosos, 2,2% antiespasmódicos, 15,6% anti-inflamatórios, 18,9% antipiréticos, 1,1% antivertiginosos, 1,1% ansiolíticos, 2,2% antibióticos, 1,1% antigripais, 1,1% suplemento alimentar, 1,1% regulador de cálcio. Depois dos analgésicos, os mais relatados foram os antipiréticos. Vários trabalhos sobre automedicação, também, relatam os antipiréticos como um dos principais medicamentos consumidos (Bertoldi et al., 2004; Simões e Farache Filho, 1988; Arrais et al., 1997 e Lima et al., 1992). 44,4% 18,9% 15,6% 5,6% 5,6% 2,2% 1,1% 1,1% 2,2% 1,1% 1,1% 1,1% Figura 2. Classe terapêutica dos medicamentos utilizados nos últimos 12 meses.

4 Sobre quem orientou/influenciou o uso do medicamento mais utilizado nos últimos 12 meses sem prescrição médica (Figura 3), verificamos que 34,4% afirmaram ter sido orientado por um profissional de saúde, 8,9% por amigos, 14,4% por familiares e 42,2% indicaram não ter influência de outra pessoa. No estudo realizado por Celis e Nava (2004), foi verificado que os medicamentos são, majoritariamente, adquiridos pelo próprio (64%) usuário, revelando uma provável autonomia na prática da automedicação. Figura 3. Quem indicou e orientou sobre o uso desse medicamento? No que diz respeito à frequência do uso dos medicamentos (Figura 4), obtivemos os seguintes dados: 9% afirmaram usar o medicamento todos os dias, 22,5%, usam semanalmente, 23,6% usam mensalmente, 2,2% usam anualmente e 42,7% relataram fazer uso de outras formas, como, só quando sente algo mais sem saber precisar o intervalo entre uma automedicação a outra. Esses valores preocupam, pois um número significativo de famílias faz uso de medicamentos sem prescrição médica semanalmente e mensalmente revelando uma periodicidade elevada, isto é uso crônico de medicamentos. Segundo a literatura, este cenário é fator de risco para o adoecimento ou agravamento de condições patológicas. 22,5%23,6% 9,0% 2,2% 42,7% Figura 4. Qual a frequência de uso desse medicamento?

5 CONCLUSÕES A partir do exposto, é possível perceber que a maioria da população investigada realiza a prática da automedicação caracterizada pelo consumo crônico de analgésicos de maneira autônoma ou orientada/influenciada por um profissional da saúde. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao secretário de saúde de Redenção, Ceará, o sr. Jadson Ferreira Mota, pelo apoio à realização da pesquisa autorizando o apoio de sua equipe de saúde para facilitar o acesso às residências. Estendemos nosso agradecimento às agências de fomento à pesquisa do nosso país: Funcap, Capes e CNPq. REFERÊNCIAS ARRAIS, P.S.D.; BRITO, L.L.; BARRETO, M.L.; COELHO, H.L.L. Prevalência e fatores determinantes do consumo de medicamentos no Município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Cad. Saúde Pública, n.21, v.6, p , BRUNING, M.C.R.; MOSEGUI, G.B.G.; Melo VIANNA, C.M.M. A utilização da fitoterapia e de plantas medicinais em unidades básicas de saúde nos municípios de Cascavel e Foz do Iguaçu Paraná: a visão dos profissionais de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 17 (10): , LIMA, R.S.; RODRIGUES, M.J.R.; SILVA, T.R.; NOVAIS, C.; NAVES, P. Uso indiscriminado de diclofenaco de potássio pela população idosa na cidade de Anápolis, no estado de Goiás, Brasil em Rev. Colomb. Cienc. Quím. Farm., Vol. 44(2), , 2015.